Nome do Projeto
Compostagem de resíduos sólidos de baixo custo como tecnologia social para segurança alimentar e geração de renda
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
18/05/2020 - 18/05/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Engenharias
Resumo
Em busca do desenvolvimento sustentável os ambientes urbanos precisam avançar em relação às premissas para atingir o almejado desenvolvimento sustentável. O presente projeto visa geração de renda e autonomia econômica das famílias participantes a partir do gerenciamento da fração orgânica dos resíduos e do cultivo de espécies vegetais. Através de um processo participativo com as famílias, será elucidado a importância da separação e tratamento dos resíduos sólidos orgânicos gerados no condomínio através de aulas, palestras e oficinas, capacitando esses moradores à transmitirem os conhecimentos obtidos. Os resíduos serão utilizados no sistema de compostagem de baixo custo para produção de adubo orgânico, que será usado em uma estufa de vegetação de baixo custo, para cultivo de plantas ornamentais e alimentares. Os alimentos serão destinados para o consumo próprio e o excedente da produção, juntamente com as plantas ornamentais serão comercializados, gerando uma fonte de renda. Dessa forma, espera-se o fomentar a segurança alimentar, melhorar as condições de saneamento, a prosperidade e o bem-estar da comunidade participante.

Objetivo Geral

Desenvolver com a comunidade uma solução efetiva para a transformação socioambiental através da produção e comercialização de plantas comestíveis e ornamentais, com o uso de substrato orgânico desenvolvido a partir da compostagem da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos gerados no condomínio residencial Montevideo, Pelotas - RS, visando a geração de renda e autonomia econômica das famílias participantes.

Justificativa

Em busca da criação das bases de uma sociedade sustentável é necessário alcançar a saúde coletiva da população em congruência com o uso racional de recursos, cuidado com os resíduos e a preservação do meio ambiente (BOFF, 2009). Como reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, é importante ressaltar que a definição de saúde se estende as funções orgânicas regulares dos indivíduos, indo além da ausência de doenças, e sim resultante do equilíbrio do bem estar psicológico, das funções orgânicas e a satisfação econômica (FRANCO, 2006).
A expressão tecnologia social traz o sentido da utilização de conhecimentos por populações desfavorecidas que por muitas vezes não tem acesso ao conhecimento científico e também por perder as condições à reprodução de seu conhecimento tradicional. Ela promove a sustentabilidade econômica dessas comunidades que atende aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e geração de impacto social, esse tipo de tecnologia se origina de um processo de inovação resultante do conhecimento (GARCIA, 2014).
Por ter abrangência e impacto social, essa tecnologia busca reverter o quadro, colocando a economia a serviço da sociedade e na construção de alternativas de desenvolvimento e de organização social fundadas na solidariedade, inclusão social e abrangendo as áreas da educação, saneamento, energia, alimentação, habitação, saúde, renda, meio ambiente e justiça social, sendo necessário que a tecnologia social seja apropriada para a comunidade na geração de mudanças de comportamentos, atitudes e práticas que irá proporcionar transformações sociais, sendo a comunidade protagonista e não apenas a receptora da tecnologia (CALDAS et al,. 2007; RODRIGUES E BARBIERI, 2007).
Um ponto de grande importância social é o envolvimento das universidades em projetos que envolvam a tecnologia social, segundo o Artigo 52, da Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996, p. 1), “as universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano”. Portanto a função da universidade não é baseada somente na formação profissional científica de seus acadêmicos, mas, vai além, ao desenvolvimento humano e tendo a responsabilidade de desenvolver projetos voltados às demandas sociais, mediante a aplicação dos conhecimentos adquiridos em seu interior com projetos de pesquisa e extensão com o objetivo de aproximar a universidade da sociedade.
Um dos problemas enfrentados por comunidades urbanas é a questão do aumento da geração de resíduos sólidos. A destinação incorreta dos resíduos sólidos urbanos pode causar impactos de ordem social (ANKOSKI, 2014), como o acúmulo em vias públicas devido a falta de dispositivos ou coleta, e ainda, a informalidade de catadores expostos a condições insalubres. Além disso, o gerenciamento ineficiente leva ao desperdício de materiais que muitas vezes podem ser transformados em produtos com valor agregado, ao invés de apenas onerar custos com serviços de transporte, transbordo e aterramentos (CORRÊA et al, 2016).
Quanto aos aspectos no meio físico e biológico, os impactos podem ir além, podendo ocorrer poluição visual, proliferação de vetores, poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos (BRAGA et al, 2002). Gouveia (2012) reforça o potencial de impactos em relação ao gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos, tanto no meio ambiente quanto na saúde da população, incluindo inúmeras substâncias potencialmente tóxicas presentes nos resíduos com efeito de contaminar a água, solo e o ar e a exposição da população a essas áreas, assim como o potencial de geração de gases de efeito estufa (GEE).
Frente a esses riscos, é necessário uma gestão dos resíduos sólidos seja eficiente ao ponto de maximizar os impactos positivos. Para tanto, conta-se com um marco legal, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010) - que após vinte anos de tramitação no Congresso Nacional foi aprovada - onde foi estabelecida os princípios, objetivos e instrumentos necessários para possibilitar o avanço do país no que tange ao enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo dos resíduos sólidos.
Quanto à comunidade envolvida no presente projeto, foram identificados baixa eficiência na etapa de armazenamento em container externos, que estão depredados ou subdimensionados. Em relação ao serviço de coleta pública, é do tipo convencional e não oferece opção para segregação de materiais recicláveis, ou ainda, vem apresentando frequência insuficiente. Segundo relato de moradores, pesar dos esforços coletivos e solicitações do serviço público, poucos avanços foram alcançados.
Diante desse cenário, esse projeto propõe a aplicação melhorias nas etapas de gerenciamento de resíduos, reciclagem in loco de materiais orgânicos e do uso do composto produzido. Aliado a práticas de educação ambiental e capacitação das famílias envolvidas, é possível implementar um sistema que aproveita os restos e sobras de legumes, frutas e hortaliças, que por consequência produz um composto orgânico com boa qualidade agronômicas e diminui a quantidade de resíduos destinados os coletores externos e para coleta pública. A aplicação desse composto no cultivo de vegetais com pode auxiliar na produção de alimento e mudas de flores ornamentais, gerando produtos com valor agregado. Nesse sentido, o “lixo” que ocupa espaço e demanda serviços públicos, pode ser revertido em impacto positivo na renda familiar.
No entanto, é essencial o envolvimento de todos os residentes quanto as práticas de segregação na fonte de geração (domicílios), que através da estrutura de gerenciamento e dos instrumentos de conscientização ambiental, serão orientados para selecionar que será aproveitado pela compostagem. Além disso, o projeto contará com o envolvimento direto de residentes com os colaboradores para manejo das tecnologias implementadas, com o objetivo de capacitá-los para aplicação contínua da tecnologia e torná-los multiplicadores.
A identificação do local foi feito através do site Movimento de Desenvolvimento Social Progredir, neste site está listado todos os territórios prioritários dentro do território nacional. O critério para priorização segundo o MDS é que ao menos 60% da população inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal residem em uma determinada região.
No município de Pelotas (Rio Grande do Sul) há apenas um território cadastrado, que pertence ao bairro Três Vendas localizado na região Norte do município, às margens da BR- 116 que liga Pelotas a Porto Alegre (Figura 1). De acordo com o censo do IBGE de 2010, o bairro Três Vendas possui uma população de 60.190 habitantes que estão divididos em sub- bairros, onde se encontra um dos sub-bairros mais carentes de Pelotas, denominado Pestano.
Nessa área, o condomínio residencial Montevideo abrange 240 famílias de baixa renda que fazem parte do cadastro único através dos programas bolsa família, bolsa escola e minha casa minha, sendo essa comunidade participante do presente Projeto. Segundo o Sindicato da Indústria e construção (SINDUSCON), os apartamentos do Residencial Montevideo estão avaliados em R$ 44,7 mil, sendo a prestação do apartamento entre R$ 25 e R$ 80 reais.

Metodologia

O projeto será dividido em três etapas, onde os colaboradores realização práticas para orientação e envolvimento dos participantes no desenvolvimento do projeto, a instalação do sistema de compostagem e do sistema de cultivo de vegetais, e ainda, o monitoramento e acompanhamento do processo.
Etapa 1
Na primeira etapa do projeto será realizado 02 encontros com os moradores onde será apresentado o projeto com detalhes e, possibilitando a troca de experiências com os moradores e diálogos construtivos sobre as atividades posteriores. O contato com os moradores é fundamental porque é nesse momento que se demonstra a importância do projeto e da participação de todos os atores.
Em seguida serão fornecidas 03 oficinas com os interessados em atuar em todas as etapas do projeto, para abordar temas específicos sobre o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos, com ênfase na segregação seletiva, compostagem e cultivo de espécies vegetais.
Serão elaborado 01 cartilha em folha A4, com os objetivos do projeto e principais etapas entre para cada participantes, e um manual contendo as etapas e métodos aplicados disponível para consulta.

Etapa 2
Nessa etapa o enfoque será na instalação da infraestrutura necessária para que cada etapa do processo funcione. Iniciando com a distribuição dos dispositivos de acondicionamento (baldes de 5 L), contendo, cor, rótulo e identificação específica para os resíduos orgânicos compostáveis.
Em seguida, a instalação do sistema de compostagem, que através de microrganismos em condições aeróbias controladas, transforma o resíduo em composto orgânico rico em nutrientes e odor agradável. O sistema de baixo custo é realizado com processos simplificados, buscando a viabilidade de uma técnica simples e eficiente (PEREIRA NETO, 2007). No presente projeto o sistema será adotado é adaptado para as práticas em ambientes urbanos, com atenção técnicas para controlar e evitar vetores, geração de chorume ou maus odores (GUIDONI et al, 2018). Com capacidade de 6.200 l, o sistema consta com cobertura pluvial, aeração passiva e manual, ocupando no total uma área de aproximadamente de 50 m².
Etapa 3
Na terceira etapa será construído uma estufa de vegetação de baixo custo em módulos, para o cultivo protegido de plantas ornamentais e de espécies comestíveis que necessitem de condições adaptadas (EMBRAPA, 2006). Ao total, serão delimitados 60 m² para implantação de horta e cultivo de flores (Figura 3) com o composto obtido onde, serão cultivados:
Plantas ornamentais
- Chirysanthemun - Crisântemos
- RhododendronSimsii - Azaléia;
- Saintpauliaionantha - Violeta.

Espécies alimentares(não consumidos in natura)
- Curcubita- abóbora;
- Solanumtuberosum - batata;
- Ipomoea batatas - batata doce;
- Solanummelongena - berinjela;
- Brassicaoleracea - brócolis;
- Allium cepa - cebola;
- Sechium edule - chuchu;
- Brassicaoleracea var. botrytis- couve - Flor;
- Manihotesculenta - mandioca;

O propósito desses cultivos de baixo custo é para que os moradores tenham acesso a esses alimentos sem nenhum custo monetário, reduzindo assim os gastos com alimentação, bem como a comercialização floriculturas da região, gerando assim renda para os moradores (na forma de redução do valor do condomínio) e indo ao encontro das premissas para sustentabilidade da agricultura urbana (AQUINO E ASSIS, 2005).

Indicadores, Metas e Resultados

Com o projeto esperam-se a capacitação das famílias em relação ao gerenciamento, operação e comercialização os resíduos orgânicos gerando assim renda e autonomia para as famílias atendidas através da comercialização das plantas ornamentais que serão cultivadas no próprio condomínio.
O projeto visa trazer a questão da inclusão social ao envolver os moradores em todas as fases do projeto aproximando-os do meio acadêmico com os alunos e professores que estarão envolvidos no projeto.
Outro ponto que o projeto busca é apresentar soluções que harmonizem o crescimento tecnológico na proteção ao meio ambiental através da ferramenta educação ambiental que será aplicada em todas as fases do projeto atuando no campo da sustentabilidade. Dessa forma, espera-se, em linhas gerais, o aumento do processo educativo em relação ao cuidado dos resíduos; diminui a quantidade de material enviada para coleta pública; produz um composto com valor agregado; proporciona o cultivo de espécies vegetais.
Com os dados coletados e resultados encontrados será elaborado dois artigos para divulgação em revista científica, um trabalho de conclusão no Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária e uma dissertação no Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais da UFPel.
Espera-se com este projeto a elaboração de um TCC e uma dissertação de mestrado.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANDREA SOUZA CASTRO4
ARLENE FEHRENBACH
BRUNO MULLER VIEIRA4
Bruno Alexander Machado de Freitas
DIULIANA LEANDRO4
ERICO KUNDE CORREA8
GABRIEL AFONSO MARTINS8
GIUSEPE STEFANELLO8
LEANDRO SANZI AQUINO4
LICIANE OLIVEIRA DA ROSA
LICIANE OLIVEIRA DA ROSA
LUCAS LOURENÇO CASTIGLIONI GUIDONI
LUCIARA BILHALVA CORREA6
MAIARA MORAES COSTA
MAURIZIO SILVEIRA QUADRO4
RAFAEL EICHOLZ RUTZ4
ROBSON ANDREAZZA4
ROGER VASQUES MARQUES12
RUBIANE BUCHWEITZ FICK
TATIANA PORTO DE SOUZA
TIFANY MANOELA DE SOUZA
VANESSA FARIA DE OLIVEIRA
WILLIAN CEZAR NADALETI4
ZILDA DIANI DA ROSA LEAL

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
FAPERGS / Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado Rio Grande do SulR$ 4.600,00Coordenador
CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 2.750,00Coordenador
CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 1.963,00Coordenador

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