Nome do Projeto
“Com aquela calma que no Brasil costumam fazer todas as coisas”: A construção das identidades brasileiras pelas autoridades coloniais portuguesas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
16/03/2020 - 31/12/2021
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Nesta pesquisa buscaremos o estudo da construção das ideias sobre os brasileiros criadas a partir do estranhamento das autoridades metropolitanas com relação aos povos que governavam. Além da identidade brasileira, também trabalharemos com as identidades regionais, muito mais fortes no período colonial do que uma identidade mais ampla como a brasileira ou a americana. Para finalizar, cabe aqui reforçar a ideia de que identidade que buscamos não é aquela com que os moradores do Brasil tinham de si no século XVIII, mas a que os que os administravam tinham deles.

Objetivo Geral

Entender como se deu a construção de uma identidade brasileira oposta à portuguesa na percepção das autoridades coloniais.

Justificativa

A identidade brasileira foi forjada ainda antes da independência do Brasil pela diferenciação entre portugueses europeus e americanos, particularmente através do preconceito dos primeiros sobre os nascidos na América. Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasílica”. Ocasionalmente o termo “brasileiro” lhes era aplicado, porém os termos mais usados eram: “negro da terra” e “índio”.
Mesmo com o desenvolvimento da colonização, para os funcionários coloniais, o Brasil tinha uma população, mas não tinha um “povo” que devesse ser representado na metrópole. O modelo do Terceiro Estado na sociedade de ordens do Antigo Regime não se estabeleceu na colônia. Os membros da elite se consideravam leais vassalos do rei, enquanto os mestiços, mamelucos e pardos, se sentiam pouco ligados a Portugal. Embora seu status fosse diferente do dos negros, havia a tendência de os mestiços terem um status comum, qualquer que fosse a sua origem. Frequentemente o preconceito era maior contra os mulatos que contra os mamelucos, mas à medida que avançava o século XVIII todos os mestiços passaram a ser vistos como iguais, salientando-se porém suas características negativas, pois eram considerados como menos capazes que os brancos.
Se não havia um povo brasileiro, também não existia um Brasil enquanto espaço unificado, pois cada capitania dirigia-se de preferência diretamente ao governo de Lisboa que ao governo-geral, sediado em Salvador e posteriormente no Rio de Janeiro. O governo português incentivava a correspondência das capitanias com a metrópole com o objetivo de limitar o poder dos governadores-gerais e, mais tarde, dos vice-reis. O Estado do Maranhão (1621-1772) era uma colônia à parte, com seu governador e bispo respondendo diretamente às autoridades de Lisboa, sem qualquer tipo de subordinação ao governador-geral do Brasil. Embora tentativas de criar uma colônia à parte no sul tivessem fracassado (1573-1578 e 1608-1612), os governadores-gerais residentes na Bahia tinham pouco controle sobre as capitanias do sul

Metodologia

As principais fontes, impressas e manuscritas, que possibilitarão esse estudo são de origem administrativa, em sua grande maioria composta por cartas trocadas entre as autoridades na colônia e na metrópole. A maioria das fontes foram digitalizadas no Arquivo Histórico Ultramarino pela equipe responsável pelo Projeto Resgate de Documentação Histórica “Barão do Rio Branco”. Também contamos com várias cartas já transcritas e publicadas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e outras dos institutos estaduais.
Num primeiro momento faremos a seleção das autoridades cuja correspondência vamos analisar. Uma vez escolhidas as autoridades buscaremos saber mais sobre cada uma delas elaborando uma breve biografia de cada personalidade. Trabalharemos com a documentação referente às capitanias do sul que, na época, correspondiam as capitanias do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e o governo da Colônia do Sacramento, subordinado ao Rio de Janeiro.
Depois se escolhidas nossas fontes de pesquisa iniciaremos o trabalho de leitura e transcrição das cartas que ainda se encontram manuscritas. A documentação já impressa vai ser lida com mais facilidade e agilidade uma vez que não precisa passar pelo processo de transcrição paleográfica.
Uma vez escolhidas as personalidades e lida a sua correspondência analisaremos onde e em que circunstância aparece os termos “brasileiro”, “americano” ou outros na documentação. Já sabemos que o preconceito racial e o preconceito contra o clima tropical foram os principais fatores que levaram a diferenciar os súditos portugueses da Europa dos da América. Porém buscaremos mais elementos que levaram a essa postura das autoridades e quais os motivos que as levaram a apoiar-se nela para descrever as pessoas nascidas no sul do Brasil.

Indicadores, Metas e Resultados

A meta é ler e transcrever os manuscritos, através das técnicas da paleografia, das autoridades coloniais coloniais portuguesas sobre os brasileiros.
Dentre os resultados esperados estão a produção de textos científicos pelo professor e pelos alunos a ser apresentados em congressos e publicados em revistas e periódicos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
MARIA IDA HELLEBRANDT DA SILVA
PAULO CESAR POSSAMAI12
RUAN DA SILVEIRA ISNARDI

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