Nome do Projeto
Evolução da prevalência de infecção por COVID-19 no Brasil: estudo de base populacional
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
06/04/2020 - 06/04/2021
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A COVID-19 é uma doença produzida pelo vírus SARS-CoV-2 que faz parte de uma ampla família de vírus que pode causar enfermidade em humanos e animais. Esse vírus tem se espalhado rapidamente pelo mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a classificar essa doença como uma emergência de saúde internacional e, posteriormente, declarar uma pandemia de COVID-19. O número de casos, no dia 05 de abril de 2020, já passa de 1.200.000, porém esses dados não refletem a real prevalência de COVID-19 na população, visto que estão suscetíveis a uma série de limitações, tendo em vista que pessoas com sintomas mais graves apresentam uma maior probabilidade de realizar o teste. Para identificar a magnitude do problema, é necessário que se tenha dados que permitam ter uma boa estimativa da prevalência da infecção na população, e não prevalência de infecção baseada apenas em pessoas sintomáticas que são mais prováveis de testar positivo para o vírus. Os objetivos principais desse estudo são estimar a prevalência de indivíduos infectados com SARS-CoV-2 no Brasil, avaliar sintomas e analisar a velocidade de expansão da infecção em uma amostra que cubra parte significativa da população brasileira. Serão realizados três inquéritos transversais repetidos, com amostragem estratificada por sub-regiões de cada unidade da Federação. Os testes serão realizados em 33.250 indivíduos em cada inquérito, totalizando 99.750 entrevistas. As entrevistas e testes ocorrerão no âmbito domiciliar.

Objetivo Geral

Realizar um estudo de base populacional sobre a evolução da prevalência de infecção por COVID-19 no Brasil.

Justificativa

O SARS-CoV-2 faz parte de uma ampla família de vírus que pode causar enfermidade em humanos e animais. Desde a detecção do primeiro caso na China, no final de 2019, o vírus tem se espalhado rapidamente no mundo. No dia 30 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a doença produzida pelo vírus, COVID-19, como uma emergência de saúde internacional. No dia 11 de março, a OMS declarou haver uma pandemia de COVID-19, com aproximadamente 118.000 casos em 114 países e territórios. Em 05 de abril, o número de casos já passava de 1.200.000 em 199 países e territórios, havendo ainda a confirmação de mais de 65.000 mortes.1,2

No entanto, é necessário considerar que as estatísticas oficiais disponíveis sobre a evolução do vírus são suscetíveis a uma série de limitações, sendo a maior delas a ausência de informação sobre a prevalência de infecção pelo vírus na população. Por exemplo, no relatório situacional da OMS de 23 de março de 2020,3 havia a confirmação de 59.138 pessoas com testes positivos para COVID-19 na Itália, um país com 60,5 milhões de habitantes. Dividindo-se o número de infectados oficiais pelo tamanho da população, a prevalência de infecção pelo COVID-19 seria de 0,10%. Contudo, a testagem para o COVID-19 não é feita aleatoriamente na população italiana, sendo que as pessoas com sintomas têm muito maior probabilidade de realizarem o teste do que pessoas sem sintomas. Na pequena cidade de Vo, no norte da Itália, todos os 3.300 habitantes foram testados, sendo que 3% tiveram resultado positivo para a infecção, e a maioria deles não apresentou sintomas de COVID-19.4

Na Islândia, que estimulou a testagem da população em geral, independente da ocorrência de sintomas, até o dia 18 de março 3.787 pessoas haviam sido testadas, sendo que 218 (5,8%) tiveram resultado positivo.5 Mesmo essa estimativa deve ser interpretada com cautela, tendo em vista o conhecido fenômeno do viés de diagnóstico,6 que faz com que pessoas com sintomas possam ter optado por fazer o teste com maior frequência do que pessoas sem sintomas. Ao analisar-se especificamente os 1.800 testes realizados com voluntários, sem sintomas, apenas 19 (1,1%) apresentaram resultado positivo.5 A prevalência também depende do estágio da epidemia e tende a aumentar com o tempo.

Em epidemiologia, identificar a magnitude do problema de saúde na população inteira, e não em subgrupos específicos de pessoas com suspeita da doença,7 é o primeiro passo para o desenvolvimento de estratégias efetivas de saúde pública, baseadas em evidências. Estimar o percentual de infectados na população em geral é especialmente relevante no caso do COVID-19 pelo fato de que se estima que mais de 60% das pessoas infectadas pelo COVID-19 apresentem sintomas leves ou até nenhum sintoma,8 mas podem transmitir a doença. Além disso, dentro do quatro atual de políticas bastante restritivas quanto ao contato social, conhecer a prevalência de infecção na população, e, em consequência, o número de suscetíveis, será essencial para planejar a volta gradativa às atividades normais da população.

Metodologia

Serão realizados três inquéritos transversais repetidos, de base populacional, com amostragem realizada em municípios sentinela. Em cada estado, a área urbana dos municípios sede de cada sub-região intermediária (de acordo com o IBGE), será estudada através de uma amostra de base populacional. Esta seleção de municípios sentinela se justifica pela exiguidade de tempo e disponibilidade limitada de testes. O desenho é baseado em recomendações da OMS.9 Os três inquéritos serão realizados a cada 15 dias.

Serão 133 os municípios estudados no país. Em cada município, setores censitários serão selecionados com probabilidade proporcional ao tamanho. Dentro dos setores se fará uma seleção aleatória de domicílios, onde um morador será selecionado também de forma aleatória. Em cada inquérito, serão realizadas 250 entrevistas em cada município, totalizando 33.250 entrevistas por inquérito e 99.750 entrevistas no total do estudo.

A coleta de dados se dará no âmbito domiciliar. Em cada domicílio sorteado para a amostra, será anotada a lista de moradores, e um deles será sorteado para participar do inquérito. A cada novo inquérito, a amostragem incluirá os mesmos setores censitários, mas domicílios diferentes daqueles incluídos nos inquéritos anteriores. A detecção do COVID-19 será feita utilizando-se o WONDFO SARS-CoV-2 Antibody Test. O One Step COVID-2019 Test (cromatografia) é baseado no princípio do imunoensaio de captura para a determinação dos anticorpos SARS-CoV-2 IgG/IgM no sangue total, soro e plasma humanos. Os entrevistadores serão treinados na execução do exame que será realizado com amostra de sangue obtida através de punção digital. O estudo de validação apresentado pelo fabricante incluiu 596 participantes, e identificou uma sensibilidade de 86,4% e especificidade de 99,6%.

Além da testagem para COVID-19, serão coletadas as seguintes informações sobre os participantes: sexo, idade, escolaridade do respondente, escolaridade da pessoa com maior grau de instrução no domicílio, cor da pele autorreferida, sintomas de COVID-19 (tosse, febre, cansaço, dores no corpo, dificuldade para respirar, alterações no paladar e olfato) nos 15 dias anteriores à entrevista e diagnóstico médico de enfermidades relacionadas ao prognóstico de pacientes com COVID-19.

Indicadores, Metas e Resultados

O percentual de indivíduos infectados com SARS-CoV-2 aumentará ao longo dos três inquéritos, sendo que a maioria dos infectados não relatará sintomas, ou apresentará apenas sintomatologia leve. Com dados populacionais, esperamos encontrar estimativa da taxa de letalidade por COVID-19 bastante abaixo do que calcula hoje, com dados dos casos confirmados.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALUISIO JARDIM DORNELLAS DE BARROS20
ANA MARIA BAPTISTA MENEZES
BERNARDO LESSA HORTA40
CESAR GOMES VICTORA
Claudio Jose Struchiner
FERNANDO CELSO LOPES FERNANDES DE BARROS
FERNANDO PIRES HARTWIG20
Lucia Campos Pellanda
MARIANE DA SILVA DIAS
MARIANGELA FREITAS DA SILVEIRA
MARILIA ARNDT MESENBURG
Marcelo Nascimento Burattini
NADÈGE JACQUES
ODIR ANTONIO DELLAGOSTIN20
PEDRO RODRIGUES CURI HALLAL20

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
MS / Ministério da SaúdeR$ 12.000.000,00Fundação Delfim Mendes da Silveira

Plano de Aplicação de Despesas

DescriçãoValor
Material de expedienteR$ 247.939,62
BolsasR$ 1.088.400,00
Despesa administrativa da fundação de apoioR$ 663.660,38
Outros serviçosR$ 10.000.000,00

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