Nome do Projeto
TRABALHO, POLÍTICA E COTIDIANIDADE ENTRE OS TRABALHADORES DO EXTREMO SUL BRASILEIRO.
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
12/05/2020 - 12/08/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O presente projeto de pesquisa, busca analisar a participação/militância dos trabalhadores das cidades de Rio Grande- RS e Pelotas_RS em uma perspectiva comparativa. O recorte temporal diz respeito à década de 1960, momento em o país esta ingressando em um estado autoritário, a ditadura civil-militar no Brasil. Pretende-se uma aproximação com a experiência dos trabalhadores portuários preferencialmente e de suas lideranças nesse contexto. A abordagem proposta privilegia a descrição e a análise da memória reavivada dos atores á luz do debate historiográfico. Palavras-Chave: Trabalhadores portuários. História Politica. Militância. Estado.

Objetivo Geral

Este projeto busca estudar comparativamente a trajetória dos trabalhadores das cidades de Rio Grande e Pelotas no Rio Grande do SUl-Br; no que tange ao seu trabalho e a participação política em diferentes momentos de sua trajetória na década de 1960.

Específicos
Ao longo desse arco-histórico buscaremos apreender outros objetivos de caráter mais específico:
• Examinar os discursos e as práticas dos trabalhadores na luta por direitos;
• Identificar e analisar os pontos de aproximação e conflito entre as lideranças que animavam o movimento sindical priorizando os do âmbito portuário;
• Receber, armazenar documentos e produzir um acervo oral sobre trabalho e política sindical comparando os dois segmentos de trabalhadores;
• Transcrever, organizar e disponibilizar esses acervos à pesquisadores e à comunidade em geral;
• Compreender como os desdobramentos do cenário político e social afetava a rede de sociabilidade desses trabalhadores.

Justificativa

As questões que nortearão a pesquisa abrangem as relações de trabalho, militância e política, esfera pública e privada, discursos, práticas, conflitos e negociações entre os diversos atores que povoam o mundo do trabalho nos portos de Rio Grande-RS e de Pelotas- RS. Pretende-se também analisar os “papéis” das lideranças sindicais frente às políticas levadas a cabo por governos autoritários, dentro das especificidades de cada estado da federação, ou seja, respeitando a historicidade dos respectivos processos políticos e as particularidades culturais de cada região. Dessa forma, compartimentamos a análise sobre a experiência desses trabalhadores em três enfoques, a saber: cultura política; relação Estado/ trabalhadores e cotidiano de trabalho.
Uma questão importante referente à cultura política desses trabalhadores diz respeito ao seu histórico de luta por direitos. Visto que o recorte temporal escolhido, para o estudo, situa essas agremiações de trabalhadores em períodos de governos autoritários em seus respectivos países, bem como, uma forte tendência corporativa em suas entidades de classe. Desse elemento também deriva a necessidade de interface entre o Estado e os portuários de ambos os países, visto que nesses casos era o poder constituído quem definia as relações de trabalho e vencimentos desses trabalhadores. Nesse sentido buscar-se, entre outras coisas, os elos que aproximavam os trabalhadores das lideranças, tais como: trajetórias, demandas, valores e representações que estabeleciam pontes entre ambos os agentes e com o Estado. Os sindicatos possuíam conexões com a política dos partidos e dos governos participando de suas ideologias, acolhendo, contribuindo ou sofrendo políticas construídas no âmbito do Estado. A proximidade ou o distanciamento, bem como, a exclusão do campo político, afetam sobre modo os sindicatos, legitimando-os ou esvaziando-os frente aos trabalhadores. Nesse ponto trata-se de avaliar o papel dos sindicatos para diferentes categorias de trabalhadores, em diferentes contextos históricos e, a partir daí, tentar explicar a dinâmica da atividade sindical nos dois portos estudados.

Metodologia

Esta pesquisa, conforme já citado, pretende ser construída a partir das fontes orais, aspecto que, dependendo da qualidade das entrevistas, pode representar o acesso a um material rico o suficiente para uma aproximação da experiência dos atores com vistas a fornecer uma descrição do modo de vida, das percepções, ações políticas e identidades dos trabalhadores. A importância atribuída a História Oral decorre das características da investigação proposta, já que as fontes escritas não são fartas, e a historiografia sobre a temática é pouco profícua. Um dos recursos possíveis para preencher as numerosas lacunas é o processo de converter em fonte escrita, através das entrevistas, as memórias de alguns trabalhadores de Rio Grande e de Pelotas. Contudo, mais importante que suprir lacunas documentais é o fato de que a metodologia da história oral permite escrever uma história mais próxima da leitura dos próprios atores e, nesse sentido, dando protagonismo/credibilidade aos atores sociais. Importante também salientar, que não pretendemos entrar na questão que aborda a discussão de credibilidade ou não da fonte oral enquanto documentação histórica, pois, neste sentido, optamos em seguir as afirmações de Aspásia Camargo: “[...] a história oral é legítima como fonte porque não induz a mais erros do que outras fontes documentais” (CAMARGO: 1995, p.10), ou seja, o documento oral é portador de subjetividade tanto quanto o escrito. É neste limite que se dá o trabalho do historiador. Dar voz as pessoas silenciadas por estruturas de dominação reconstruindo a memória dos esquecidos faz parte da vocação da História Oral que se manifesta no seu procedimento metodológico.
Nesse sentido, conversas e entrevistas realizadas com trabalhadores e sindicalistas devem dar ensejo a um processo de reavivamento da memória dos atores fornecendo as informações e representações que servirão de tomadas para análise do cotidiano e da ação política destes coletivos com destaque para as manifestações de resistência. Outrossim, na pesquisa será utilizada a entrevista temática semiestruturada de final aberto, que caracteriza-se pelo direcionamento a um tema especifico e, por outro lado, também abre possibilidades para que o entrevistado seja espontâneo e apresente temas e questões próprias. Os depoimentos serão transcritos com a maior fidelidade possível. Além do respeito aos entrevistados, tal como observa Verena Alberti “[...] a manutenção do discurso tal qual proferido é mais um dado para apreender o clima da entrevista e as especificidades dos estilos de cada entrevistado”.(ALBERTI: 1990, p. 127).
O foco desta pesquisa insere-se naquilo que os historiadores vêm nomeando de História Imediata ou História do Tempo Presente, uma vez que utilizamos o depoimento e a memória dos homens que viveram suas experiências num tempo ainda vivido em suas memórias. Para tal recorremos àquilo que Jean Lacouture escreve sobre história do temo presente: Esta corrente “[...] não se limita a querer atuar com rapidez de reflexos; quer construir-se a partir de arquivos vivos que são os homens.”(LACOUTURE: 1978. p. 316). Através dos depoimentos desses "arquivos vivos" localizados no contemporâneo do processo histórico, haverá reconstrução, em parte, de suas vidas diárias.
O estudo também deve contemplar o exame de documentos, atas, artigos de jornal, imagens cuja apropriação para fins de pesquisa, notadamente quando se tratar de testemunhos indiretos, exige uma atenção especial para “indícios” e “pistas” mediante a operacionalização de filtros dedutivos, elaborados in loco, inspirado no chamado método indiciário.
As informações e representações obtidas a partir do exame das fontes escritas serão confrontadas com as descrições, valorações e percepções obtidas mediante o exame das fontes orais. Contudo, apesar da centralidade das entrevistas obtidas junto aos antigos trabalhadores, deverá será dado atenção especial as Atas dos Sindicatos dos trabalhadores dos portos. Evidentemente, esse material apresenta um significado especial para a pesquisa. A escolha das Atas dos trabalhadores como material de análise deve-se ao fato que estas trazem um conjunto de informações importantes, principalmente em se tratando de questões de ordem jurídica legal e questões organizacionais, uma vez que as entidades eram cobradas pelos órgãos competentes quanto o estrito cumprimento da legislação vigente. Há de se considerar também que os registros ali encontrados trazem experiências e revelam, mesmo que subliminarmente, as lutas internas ocorridas entre integrantes de diretorias e militantes. Então, é no conjunto de fontes produzidas pelos trabalhadores, que encontramos o relato de suas posições frente aos aspectos de trabalho, vida e sobre suas lutas mesmo que internas, revelando-se então o caráter e a importância das mesmas para reconstrução, mesmo que parcial, de seus anseios e objetivos. A análise sobre as atas produzidas por esses trabalhadores, leva em consideração que tais documentos, trazem no seu texto as características indeléveis de grupos específicos, que apresentam um discurso próprio, procurando compreender, tanto a visão de mundo que estes possuíam, quanto os aspectos de subjetivações daqueles que escrevem e também daqueles que leem.
Além disso, um documento não pode ser tomado de forma descontextualizada, ou seja,necessita estar inserido no contexto da produção e da função geradora; sob pena de perder seu significado; daí então a preocupação com o estabelecimento de uma metodologia de estudo para cada tipo de material selecionado para a pesquisa. Digno de nota é o fato de que os portuários de Rio Grande, por exemplo, que por exigência legal, ou por questões de organização mantinham atas de suas reuniões para comprovar suas ações e atitudes, pois aspectos importantes do sindicato deveriam ser descritos nelas, sendo que, quando questionados em suas atitudes, tais documentos iriam legalmente justificar suas ações, e atos da diretoria do sindicato, que só eram válidos quando devidamente registrados em atas, dessa forma, credita-se haver semelhante importância nas atas dos trabalhadores de Pelotas-RS.

Indicadores, Metas e Resultados

Nossa pesquisa busca ampliar as fontes e a pesquisa sobre os trabalhadores do extremo sul brasileiro. envolver alunos dos diferentes níveis da universidade em uma pesquisa consolidada de reconstrução da trajetória histórica desses trabalhadores sulinos.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CHARLES PEREIRA PENNAFORTE6
EDGAR AVILA GANDRA12
ELVIS SILVEIRA SIMÕES
LEONARDO SILVA AMARAL
MARCOS CESAR BORGES DA SILVEIRA10
PATRÍCIA SCHNEID ALTENBURG
THIAGO CEDREZ DA SILVA
Thiago Silva de Amorim Jesus6

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