Nome do Projeto
Efeitos de um programa de exercício supervisionado remotamente sobre a percepção de fadiga de sobreviventes do câncer de mama: uma análise nos tempos da COVID-19
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
04/06/2020 - 30/09/2021
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O objetivo do estudo é verificar os efeitos de um programa de exercício supervisionado remotamente sobre a percepção de fadiga de sobreviventes do câncer de mama. Para tanto, será oferecido para 15 mulheres participantes do Projeto ERICA (projeto de extensão com exercícios físico presencial para sobreviventes do câncer de mama) uma supervisão, através de videochamada, de exercícios de força, aeróbios e de equilíbrio, com uma frequência de duas vezes na semana. A sessão de treinamento terá a duração de 40 min e a cada duas semanas a mesma será modificada. Além disso, para todas as mulheres serão disponibilizados vídeos das sessões de treinamento, caso não seja possível aderir ao programa por videochamada. A percepção de fadiga será coletada, através de entrevista pelo telefone, antes do início do programa de exercício supervisionado e a cada mês até o período em que o Projeto ERICA volte a ser presencial. Os dados serão analisados através de estatística descritiva (média e desvio-padrão) e ANOVA para medidas repetidas, com post-hoc de Bonferroni.

Objetivo Geral

Verificar os efeitos de um programa de exercício supervisionado remotamente sobre a percepção de fadiga de sobreviventes do câncer de mama.

Justificativa

A pandemia da COVID-19 é uma crise de saúde sem precedentes, visto que é solicitado a populações inteiras que se autoisolem e vivam em confinamento doméstico por várias semanas ou meses. Esse isolamento por si só representa um desafio fisiológico, que pode representar riscos significativos à saúde (NARICI et al., 2020). A redução da atividade física durante a “quarentena” (na prática de saúde pública, “quarentena” refere-se à separação de pessoas ou comunidades expostas a uma doença infecciosa) pode contribuir para o ganho de peso. Além disso, a atividade física regular é indicada para manter o estado de saúde e está associada à redução do risco cardiovascular (NASI et al., 2019). A OMS sugere a realização de atividade física, como caminhadas, ciclismo, esportes, dança e ioga, de maneira a prevenir doenças não transmissíveis (WHO, 2018). Todavia, durante a quarentena, a grande maioria das atividades sociais e ao ar livre (por exemplo, ir à academia) são desaconselhadas, resultando em uma redução da atividade física. Apesar de existirem diretrizes para o treino em casa, apenas alguns sujeitos cumprem (MATTIOLI et al., 2020).
Dentro desse contexto, o câncer de mama é o tipo de câncer mais prevalente, mesmo quando os dados de ambos os sexos são incluídos (WORLD CANCER REPORT, 2014). No Brasil, representa 25% dos casos novos de câncer a cada ano (INCA, 2019). Devido aos avanços alcançados nas últimas décadas, relacionados ao protocolo de rastreio, ao diagnóstico e ao tratamento, a taxa de mortalidade do câncer de mama tem reduzido de forma progressiva (JEMAL et al., 2010; SIEGEL et al., 2012). No entanto, o câncer de mama e o seu tratamento promovem efeitos colaterais fisiológicos e psicológicos negativos nos pacientes (DIMEO et al., 1999) que podem alterar a sua qualidade de vida (ARNDT et al., 2006).
A abordagem tradicional dos médicos, que recomendava descanso e desaconselhava atividade física, tem mudado nos últimos anos (EYIGOR e KANYILMAZ, 2014), visto que o exercício físico tem sido amplamente reconhecido como uma terapia não-farmacológica efetiva para pacientes com câncer (BROWN et al., 2011; MISHRA et al., 2012). Existem evidências demonstrando que o aumento da atividade física proporciona benefícios físicos e psicológicos importantes nos pacientes com câncer (RAJARAJESWARAN e VISHNUPRIYA, 2009; SZYMLEK-GAY et al., 2011; CARAYOL et al., 2013; MENESES-ECHAVEZ et al., 2015). Além disso, a prática de atividade física é inversamente relacionada a comorbidades em pacientes diagnosticados com câncer de mama (ELME et al., 2013). Estudos com sobreviventes de câncer de mama têm demonstrado que tornar-se fisicamente ativo após o diagnóstico leva a uma redução de 24-67% no risco total de mortes e 50-53% de redução do risco de morte por câncer de mama quando comparado ao comportamento sedentário (HOLMES et al., 2005; IRWIN et al., 2008; PEEL et al., 2009; IBRAHIM e AL-HOMAIDH, 2011).
A American Cancer Society e as diretrizes do National Comprehensive Cancer Network (NCCN) recomendam que os sobreviventes do câncer de mama devem estar engajados em pelo menos 150 minutos por semana de atividade física em intensidade moderada (ROCK et al., 2012). No entanto, Blanchard et al. (2008) relataram que apenas 30% a 47% dos sobreviventes do câncer atingem os níveis de atividade física recomendados e 15% a 18% realizam atividade física pelo menos cinco vezes na semana. Adicionalmente a esse fato, por volta de 24 a 50% dos pacientes com câncer de mama reduzem os níveis de atividade física após o diagnóstico (IRWIN et al., 2003; IBRAHIM e AL-HOMAIDH, 2011).
Revisões de literatura, revisões sistemáticas e metanálises, que incluíram estudos que investigaram os efeitos de intervenções baseadas em programas de exercício físico em diferentes desfechos relacionados a saúde em sobreviventes do câncer de mama, apresentaram resultados benéficos do exercício nessa população (MCNEELY et al., 2006; SCHMITZ e SPECK, 2010; ZENG et al., 2014; MENESES-ECHAVEZ et al., 2015; ZHU et al., 2016). Além disso, um sintoma importante e frequente em sobreviventes do câncer de mama, que causa impacto negativo sobre a qualidade de vida é a fadiga, que é uma experiência multidimensional altamente subjetiva (CAMP et al., 2012). Em pacientes com câncer em geral sua prevalência é de 96% (STASI et al., 2003). Em um estudo que investigou sobreviventes do câncer de mama após um ano de tratamento adjuvante demonstrou que a fadiga tem um impacto substancial na qualidade de vida, explicando 30-50% da variabilidade dos escores funcionais e geral da qualidade de vida (ARNDT et al., 2006). A fadiga relacionada ao câncer é multifatorial e provavelmente está relacionada a desregulação de fatores psicológicos e bioquímicos (RYAN et al., 2007). O processo inflamatório e as citosinas também estão associados (DENNETT et al., 2016). Contudo, pouco se sabe sobre a etiologia da fadiga relacionada ao câncer (FLECHTNER e BOTTOMLEY, 2003). Uma revisão sistemática demonstrou que intervenções com exercícios físicos são capazes de melhorar a qualidade de vida e reduzir a fadiga em pacientes com câncer durante o tratamento (MISHRA et al., 2012).
Sendo assim, perante ao momento que estamos vivendo faz-se necessário a criação de meios alternativos para manter a população de mulheres sobreviventes do câncer de mama ativas. Dessa forma, elaborou-se o seguinte problema de pesquisa: “Quais são os efeitos de um programa de exercício supervisionado remotamente sobre a percepção de fadiga de sobreviventes do câncer de mama?”

Metodologia

MATERIAIS E MÉTODOS
Desenho experimental
Essa pesquisa caracteriza-se como pré-experimental, com observações realizadas pré e pós o tratamento. Nesse sentido, o desfecho percepção de fadiga será coletado antes do programa de exercício supervisionado remotamente por videochamada e a cada mês até o término do distanciamento social da COVID-19.

Amostra
Serão recrutadas mulheres que completaram o tratamento primário para o câncer de mama (cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia) há pelo menos seis meses e que poderão estar em tratamento hormonal. Essas mulheres com diagnóstico confirmado de câncer de mama em estágios I a III serão recrutadas do Projeto Exercise Research in Cancer (ERICA), realizado na Escola Superior de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O Projeto de extensão ERICA atende atualmente 15 mulheres que finalizaram o tratamento primário para o câncer de mama. Essas mulheres realizam duas vezes na semana (dias não consecutivos) treinamento combinado, composto de exercícios de força e aeróbico. Todavia, o projeto está com suas atividades presenciais suspensas por 55 dias em função do distanciamento social da COVID-19.
Assim, primeiramente será feito um contato telefônico para verificar a o interesse dessas pacientes em participar do estudo. Como critérios de exclusão, essas mulheres não poderão apresentar histórico de doença cardiovascular (à exceção de hipertensão sob uso de medicação), doença metastática ou loco-regional ativo, impedimentos físicos ou psiquiátricos graves, náusea severa, anorexia ou outra condição que impossibilite sua participação em exercício. Ao longo da intervenção haverá controle da assiduidade e será realizado contato com as participantes para, quando ocorrer faltas, saber qual o motivo da não realização da sessão de exercício.
O projeto de pesquisa será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da ESEF-UFPel e todas as voluntárias selecionadas serão informadas sobre os procedimentos da pesquisa e concordando em participar, gravarão um vídeo, o qual ficará armazenado sob a responsabilidade dos pesquisadores, lendo e dando o consentimento livre esclarecido para participar da pesquisa (TCLE), devido a impossibilidade de assinatura presencial e a dificuldade das participantes ou ausência de condições de fornecer o documento assinado de forma digital (APÊNDICE A).

Procedimentos experimentais
Primeiramente, por contato telefônico, será aplicado o “Questionário de Triagem Pré-Exercício telepresencial” para identificar pessoas que estão aptas para começar a se exercitar durante a pandemia da COVID-19 (Neto et al., 2020) (ANEXO A). Caso a participante esteja apta para começar o programa de exercício por videochamada, será coletada, nesse mesmo contato telefônico, a percepção de fadiga através da Piper Fatigue Scale (ANEXO B). Sua versão traduzida para o português é considerada válida e reprodutível (MOTA et al., 2009) e é uma das escalas de fadiga mais utilizadas em estudos com câncer. A Piper Fatigue Scale consiste em 22 itens numerados de 0 a 10 que medem as quatro dimensões da fadiga subjetiva, bem como a fadiga total. A subescala de fadiga comportamental inclui seis perguntas e é usada para avaliar o impacto da fadiga na escola ou no trabalho, interação com os amigos e a interferência geral em atividades agradáveis. A subescala de fadiga afetiva inclui cinco questões e é utilizada para avaliar o significado emocional atribuído à fadiga. A subescala de fadiga sensorial incluiu também cinco perguntas e é usada para avaliar os sintomas mentais, físicos e emocionais da fadiga. A subescala de fadiga cognitiva/ emocional inclui seis perguntas e é usada para avaliar o impacto da fadiga na concentração, na memória e na capacidade de pensar com clareza. A pontuação média nas 22 questões fornecerá a pontuação da fadiga total. Esses desfechos serão coletados antes, a cada mês e após (quando acabar o distanciamento social da COVID-19) o programa de exercício supervisionado remotamente.
As sessões de exercício por videochamada serão realizadas duas vezes na semana, em dias não consecutivos e serão supervisionadas por alunas do curso de graduação da ESEF da UFPel, já vinculadas ao Projeto de extensão ERICA. A estrutura da sessão será composta por aquecimento, parte principal e alongamento, totalizando 40 min de duração. As sessões serão realizadas com exercícios de força (usando peso do próprio corpo ou material alternativo como garrafa cheia de água), aeróbios e de equilíbrio e serão modificados a cada duas semanas. Um dia antes do primeiro treino da semana por videochamada serão disponibilizados, para todas as participantes, vídeos explicativos dos exercícios que irão compor a sessão de treinamento, bem como o vídeo completo da sessão de treinamento. Dessa forma, aquelas que não tiverem interesse ou estiverem impossibilitadas de realizar o treino por videochamada, terão a possibilidade de treinarem com esse apoio dos vídeos no momento que quiserem.

Análise dos dados
Para analisar os dados coletados será utilizada estatística descritiva através da média e desvio-padrão. A normalidade dos dados será verificada através do teste de Shapiro-Wilk. Para a comparação entre os diferentes tempos em que a percepção de fadiga será coletada será utilizado o ANOVA para medidas repetidas, com post-hoc de Bonferroni. O nível de significância adotado nesse estudo será de 5%. Será utilizado o pacote estatístico SPSS 22.0 para a realização de todos os testes.

Indicadores, Metas e Resultados

Melhora da percepção de fadiga após o programa de exercício supervisionado remotamente para sobreviventes do câncer de mama.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CHAIANE CALONEGO
CRISTINE LIMA ALBERTON1
ESTHER GONÇALVES MEIRELES
LAURA DOS REIS NANINI
LUANA SIQUEIRA ANDRADE
MARINDIA LACERDA FONSECA
STEPHANIE SANTANA PINTO1

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