Nome do Projeto
Impacto da COVID-19 na rotina da assistência odontológica: estudo com dentistas do Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
26/05/2020 - 18/12/2020
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O objetivo deste estudo será analisar, por meio de enquete online, o impacto da COVID-19 na rotina de assistência odontológica de dentistas do Brasil. O estudo será dividido em uma fase transversal (Fase 1) e uma fase longitudinal (Fase 2), ambas compreenderão amostra de conveniência envolvendo o envio do questionário online para dentistas atuantes no Brasil. Após pré-teste, um questionário online autoaplicado acerca do impacto da pandemia da COVID-19 na rotina da prática odontológica será enviado e-mail ou difundido por mídias sociais de forma a abranger o maior número de respondentes possível. Todos os dentistas que receberem convite para participar da enquete, por e-mail ou redes sociais, são elegíveis. Profissionais que não trabalham com cuidado direto de pacientes serão excluídos de análises que envolvem o impacto da pandemia na rotina de atendimento de pacientes. O questionário final será hospedado na plataforma online GoogleForms e compreenderá até 30 questões obrigatórias (26 escalas categóricas ou numéricas, 4 escalas analógicas visuais) e 1 não-obrigatória (pergunta aberta). O desfecho primário serão as condutas dos profissionais quanto a sua rotina clínica durante a pandemia. Estima-se que até 2000 pessoas podem participar do estudo. As perguntas serão divididas em três seções principais: questões relacionadas ao perfil profissional dos participantes, questões relacionadas à prática profissional durante a pandemia e questões relacionadas à estrutura do local de trabalho. A Fase 2 compreenderá o envio do mesmo questionário, 30-90 dias após finalizada a Fase 1, exclusivamente por e-mail aos participantes que indicarem concordar em participar dessa segunda fase. Estatísticas descritivas serão calculadas para identificar frequências absolutas e relativas das variáveis categóricas e as distribuições das variáveis numéricas. A significância será definida em α=0,05. Antecipa-se que este estudo poderá ajudar a identificar o impacto em curto e médio prazo da COVID-19 na rotina da assistência odontológica pública e privada no Brasil e a os principais pontos que merecem atenção na implementação de rotinas padronizadas para atendimento de pacientes odontológicos.

Objetivo Geral

O objetivo deste estudo será analisar, por meio de enquete online, o impacto da COVID-19 na rotina de assistência odontológica de dentistas do Brasil. A hipótese é que a pandemia tem grande impacto na rotina de atendimentos, envolvendo menor frequência de atendimento de pacientes e maior uso de EPIs pelos profissionais.

Justificativa

Em janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou o surto da COVID-19 como emergência internacional de saúde pública, enquanto o vírus SARS-CoV-2 se espalhava pelo mundo e exigia respostas coordenadas internacionais de múltiplos agentes. Até o início de maio de 2020, a doença já havia infectado mais de 3,7 milhões de pessoas (apenas casos confirmados) e ocasionado mais de 260 mil óbitos ao redor do planeta (1). Na mesma data, os casos confirmados passavam de 120 mil no Brasil, com mais de 8 mil mortes.
O SARS-CoV-2 é altamente infeccioso em humanos e transmitido principalmente por gotículas respiratórias e contato físico (2-4), colocando dentistas no topo da escala do risco de contágio. Procedimentos odontológicos envolvem comunicação presencial com pacientes, exposição frequente a saliva e sangue, além do uso de instrumentos perfurocortantes (3-6). O período de incubação assintomática de até 14 dias (7), a atual impossibilidade de testes rápidos que possam ser aplicados em escala global antes de atendimentos odontológicos e a persistência do vírus por até três dias em superfícies (8) agravam o cenário e risco de infecção direta ou cruzada em consultórios dentários. Um estudo indicou que a população na Espanha já evita atendimentos odontológicos, especialmente pessoas com mais 60 anos, pois se sente vulnerável ao contágio no consultório (9).
Um monitoramento preditivo do COVID-19 antecipa que o surto no Brasil deve se encerrar apenas em outubro de 2020 e, no mundo, apenas em dezembro de 2020 (10). Além disso, uma projeção da dinâmica de transmissão do vírus para o período pós-pandemia sugere que ressurgência de contágios pode ocorrer até 2024 (11). Dessa forma, o atendimento odontológico já sofre impacto significativo em termos de rotinas, procedimentos e uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), sem previsão plausível de retorno ao cenário pré-pandemia. Este impacto envolve a necessidade de seguir protocolos e guias de recomendações de associações e órgãos de saúde nacionais e internacionais, incluindo monitoramento da temperatura de pacientes e da equipe odontológica, uso de máscaras N95, medidas de descontaminação de superfícies, distanciamento do espaço de trabalho de profissionais e pacientes, implementação de tecnologias de comunicação em rede com pacientes, medidas de restrição de mobilidade, entre outros.
Dentistas, como profissionais de saúde, precisam realizar grandes esforços no cuidado preventivo de infecção por SARS-CoV-2, uma vez que podem afetar diretamente o achatamento da curva epidemiológica de contágio e impactar o sistema de saúde. O cenário pode se agravar no Brasil, país com maior número de dentistas do mundo. Dados atualizados do Conselho Federal de Odontologia (CFO) indicam mais de 360 mil dentistas, 199 mil técnicos ou auxiliares em saúde bucal e 46 mil entidades prestadoras de assistência odontológica cadastrados (12), o que dá ideia do potencial impacto do atendimento odontológico na transmissão do SARS-CoV-2 entre profissionais e pacientes.

Metodologia

Tipo de estudo e aspectos éticos
Este estudo será dividido em uma fase transversal (Fase 1) e uma fase longitudinal (Fase 2) e será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFPel por meio da Plataforma Brasil, sendo sua execução iniciada somente após aprovação. Urgência na análise é solicitada em função da importância temporal da temática e considerando o II Informe aos CEPs emitidos pela CONEP em 14 de abril de 2020 solicitando esforço para que o parecer seja emitido em até 7 dias corridos. As duas fases do estudo compreenderão amostra de conveniência envolvendo o envio do questionário online para dentistas atuantes no Brasil, sendo envolvidos na Fase 2 (longitudinal) apenas os profissionais que registrarem seu interesse em participar novamente do estudo. Neste caso, os profissionais indicarão esta opção durante o preenchimento do questionário online na Fase 1 (detalhes adiante no texto).

Desenvolvimento do questionário e pré-teste
Um questionário online autoaplicado acerca do impacto da pandemia da COVID-19 na rotina da prática odontológica será desenvolvido e enviado a dentistas por e-mail ou difundido por mídias sociais de forma a abranger o maior número de respondentes possível. Em estudo-piloto, o questionário será pré-testado por ao menos 20 discentes do PPG em Odontologia da UFPel para avaliação de redação e sequência das perguntas, consistência interna e avaliação da validade do conteúdo para geração de respostas importantes sobre o impacto da COVID-19 na rotina da assistência odontológica. Para cada pergunta, os participantes do pré-teste serão solicitados a responder, numa escala de 1 (pouco) a 5 (muito), se a pergunta está clara quanto a seu entendimento ao respondê-la. Questões que forem classificadas com escore 3 ou inferior por ao menos 3 participantes serão editadas até atingir consenso entre os pesquisadores participantes sobre a validade/clareza do conteúdo. Os discentes participantes do pré-teste serão solicitados a não responder o questionário posteriormente.

Recrutamento de participantes
O questionário final será hospedado na plataforma online GoogleForms e compreenderá até 30 questões obrigatórias (26 escalas categóricas ou numéricas, 4 escalas analógicas visuais) e 1 não-obrigatória (pergunta aberta). Dentistas serão convidados a responder o questionário, sendo três estratégias utilizadas para difusão dos convite para participação no estudo: i) será solicitado ao Ministério da Saúde que envie o e-mail a todos os profissionais da rede pública; ii) será solicitado ao CFO que envie e-mail aos dentistas registrados; e iii) será solicitado a dentistas com perfis profissionais nas redes sociais Facebook e Instagram que divulguem o convite para participação na pesquisa, tentando abranger profissionais que se enquadrem ao menos nas escalas nano (até 10K seguidores), micro (até 50K) e mid-tier (até 500K) de seguidores (13).
Ao clicar no convite para participar da enquete, a primeira página do formulário apresentará o propósito do estudo e o tempo estimado para respondê-lo (estimado no estudo-piloto), informações dos(as) pesquisadores(as) responsáveis pelo estudo, além da possibilidade de não haver identificação do entrevistado se assim desejarem. Destaque será dado à solicitação de que apenas cirurgiões(ãs)-dentistas respondem ao questionário e somente enviem uma resposta. A primeira página informará ainda de que forma os resultados da pesquisa serão disponibilizados na literatura: por meio de artigos científicos. Para ter acesso ao questionário, o respondente precisará concordar em participar do estudo (primeira pergunta). Assim, a primeira página do questionário servirá como Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e registrará a concordância em participação do estudo (Apêndice A).
Na Fase 1 (transversal), não será possível calcular o número total de dentistas que receberão o convite nem estimar precisamente taxas de resposta, perda ou recusa. Entretanto, poderá ser estimado o total de respostas frente ao total de dentistas cadastrados no CFO. Na Fase 2 (longitudinal), um sistema online de envio de e-mails será utilizado e será possível calcular taxa de respostas e estimar taxas de perdas e recusas. Em nenhuma das fases será possível evitar que o mesmo participante responda mais de uma vez o questionário nem impedir que apenas dentistas respondam, embora estas solicitações sejam destacadas claramente no formulário.

Conteúdo do questionário
O questionário a ser aplicado é apresentado no Apêndice B. O desfecho primário serão as condutas dos profissionais quanto a sua rotina clínica durante a pandemia. Estima-se que até 2000 pessoas podem participar do estudo. As perguntas serão divididas em três seções principais:
• Seção 1: 8 questões relacionadas ao perfil profissional dos participantes – sexo, idade, instituição e ano de graduação, tipo de serviço de atuação atual, conclusão de cursos de pós-graduação, em que UF do país atua e número médio de pacientes que atendia por semana antes da pandemia;
• Seção 2: 10 questões relacionadas à prática profissional durante a pandemia – status dos atendimentos e número médio de pacientes atuais por semana, participação na decisão da rotina de trabalho, treinamento sobre medidas preventivas, nível de preparo para atender pacientes com COVID-19 e EPIs utilizados;
• Seção 3: 12 questões relacionadas à estrutura do local de trabalho – adaptação para a pandemia, impacto da mudança de rotina no preço dos tratamentos, órgãos/associações consultadas para as adaptações, procedimentos na triagem de pacientes e descontaminação de superfícies, percepção sobre contração do vírus e atendimento de pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19, percepção sobre medidas de distanciamento social e a única pergunta não-obrigatória, em que o(a) participante poderá incluir seu e-mail caso deseje participar da fase longitudinal do estudo.

A Fase 2 compreenderá o envio do mesmo questionário, 30-90 dias após finalizada a Fase 1, aos participantes que indicaram seu e-mail. Neste caso, teoricamente seria possível associar o respondente a suas respostas, entretanto novamente será reforçado o compromisso de confidencialidade dos(as) pesquisadores(as) em não divulgar de informações e respostas dos participantes.


Critérios de inclusão, exclusão, TCLE, riscos e benefícios
Todos os dentistas que receberam convite para participar da enquete, por e-mail ou redes sociais, são elegíveis. Profissionais que não trabalham com cuidado direto de pacientes serão excluídos de análises que envolvem o impacto da pandemia na rotina de atendimento de pacientes. Os benefícios associados a este estudo envolvem identificar o impacto da pandemia na prática odontológica e prospectar soluções para ajudar na melhoria das rotinas clínicas. Potenciais riscos aos participantes são quase inexistentes ou muito baixos, relacionados apenas a algum possível desconforto de voluntários ao responder alguma questão da enquete. Neste caso, a opção “prefiro não responder” pode ser selecionada.
Os participantes serão informados que sua participação é voluntária na pesquisa, esclarecidos quanto ao objetivo e justificativa do estudo, potenciais riscos e benefícios associados, além do direito de desistirem de participar e retirarem seu consentimento a qualquer momento. Será informado aos dentistas que receberam o convite, via primeira página da enquete, que podem não concordar com sua participação e, neste caso poderão não começar ou não finalizar o preenchimento das respostas. Além disso, serão informados que uma via do TCLE, de igual conteúdo, ficará com o(a) participante por meio da impressão da primeira página do questionário (Apêndice A). Como o estudo envolverá recrutamento de participantes por e-mails enviados por órgãos, ou via redes sociais, não há como disponibilizar o TCLE de outra forma. Entretanto, a impressão da primeira página do questionário é uma maneira de permitir que os(as) participantes possam manter uma cópia de igual conteúdo do TCLE. Sobre a retirada do consentimento de participação do(a) voluntário(a) a qualquer momento, há dois possíveis cenários. O primeiro é quando participantes que tenham informado seu e-mail de forma voluntária ao fim do questionário, concordando em participar da Fase 2, solicitam retirada de seu consentimento. Neste caso, a solicitação será registrada e as respostas/e-mail do participante excluídas por completo do estudo (Fases 1 e 2). A segunda opção é quando o participante respondeu ao questionário, porém não informou seu e-mail, participando apenas da Fase 1. Neste caso, a solicitação de retirada de seu consentimento será registrada, porém suas respostas não poderão ser excluídas em função da inviabilidade de identificação. Não haverá prejuízo a(o) participante em nenhuma das situações.

Análise de dados
Estatísticas descritivas serão calculadas para identificar frequências absolutas e relativas das variáveis categóricas e as distribuições das variáveis numéricas. A significância será definida em α = 0,05, e todas as análises foram realizadas utilizando o software Stata 11.0 (StataCorp, College Station, TX, EUA).

Indicadores, Metas e Resultados

Antecipa-se que este estudo poderá ajudar a avaliar o impacto em curto e médio prazo da COVID-19 na rotina da assistência odontológica pública e privada no Brasil e identificar os principais pontos e temas que merecem atenção na implementação de rotinas padronizadas para atendimento de pacientes odontológicos no Brasil.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA BEATRIZ LIMA DE QUEIROZ
FLAVIO FERNANDO DEMARCO1
GIANA DA SILVEIRA LIMA1
JOÃO PEDRO ALMEIDA LOPES
MARCOS BRITTO CORREA1
MAXIMILIANO SERGIO CENCI1
OTAVIO PEREIRA D AVILA1
RAFAEL RATTO DE MORAES1
TATIANA PEREIRA CENCI1
ÂNDREA PIRES DANERIS

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