Nome do Projeto
Modelos e instrumentos de dinâmicas territoriais aplicadas ao patrimônio industrial: o caso de Pelotas/RS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
15/06/2020 - 16/09/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Sociais Aplicadas
Resumo
Este projeto dá continuidade a estudos já desenvolvidos anteriormente e agora, atendendo a inserção da coordenadora na Red de Investigación y Gestión de Paisajes Históricos de la Producción, aos conteúdos atinentes ao grupo. Vincula-se às linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural, mestrado e doutorado, na Linha de Pesquisa Memória e Identidade e na Linha de Pesquisa Instituições de memória e gestão de acervos. Em ambas se desenvolvem estudos sobre o patrimônio industrial. O projeto vincula uma orientação de tese de doutorado “Ativação patrimonial na
extinta fábrica Laneira Brasileira S.A”. É resultado do livro intitulado “Patrimônio Industrial da UFPel”, e a uma proposta sendo desenvolvida sobre o patrimônio industrial nas cidades da tradição doceira da Antiga Pelotas, vinculada ao Pólo da Cátedra UNESCO Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território do Instituto Politécnico de Tomar na cidade de Morro Redondo, em parceria com a Universidade Católica de Pelotas e a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Morro Redondo. Os estudos observam a funcionalidade dos espólios remanescentes das fábricas do século XX dentro da qual a literatura reflete o crescente interesse na interpretação enquanto resultado da gestão integrada do território dos patrimônios fabris. Observa os processos de musealização dos acervos fabris, como vão se constituindo fora das instituições, como são operacionalizados pelo turismo e como é possível aplicar o conceito de desenvolvimento sustentável a sua proteção e manutenção.
Objetivo Geral
Dentro do campo do patrimônio industrial, partindo dos estudos já realizados, promover instâncias de reflexão e propostas de inventário e cartografia dos territórios fabris do espólio das antigas fábricas de Pelotas e região. Especial atenção com aquelas vinculadas à produção alimentícia ou decorrentes dessas, direta ou indiretamente relacionadas com o patrimônio material e imaterial relacionado-os às tradições doceiras da região.
Justificativa
As relações entre memória e patrimônio fundamentam os estudos sobre acervos e musealização, que se inscrevem em um campo com numerosas vertentes para as quais a interpretação é uma ferramenta recorrente. Segundo Gomes (2010, p.328) a interpretação do patrimônio configura-se como área de conhecimento, transcendendo a funcionalidade da condição metodológica para afirmar-se com, de acordo com o que enuncia a autora, “significado próprio”. Assim, a interpretação, igualmente método e essência, desdobra-se nos enlaces que os objetos, as fontes e as temporalidades estabelecem no presente para referir o passado. A citada autora observa uma trajetória linear, de 1957 ao final do século XX dentro da qual a literatura reflete o crescente interesse na interpretação enquanto resultado da interação entre público e objeto musealizado. Assim, a emergência dos arquivos, na sua acepção mais ampla, vem resultando na proliferação de instituições de memória, que surgem, mesmo sem acervos. Por outro lado, os acervos vão se constituindo fora das instituições, colocando em cheque os limites entre o público e o privado e, consequentemente, os conceitos de memória coletiva e individual.
Acentua o âmbito das interrogações a emergência de novos suportes, impactantes como veículos de informação e meios de disponibilização de acervos. Stocker (2014, p.53) atribui à internet a razão pela qual “os arquivos se tornaram tão atraentes e tantas instituições estão, agora, lidando com questões relacionadas”. Ora, entende este autor que a figura que designa esta condição contemporânea da informação arquivística pode ser definida pelo surgimento de “camadas de arquivo”, conceito advindo da empiria de como a virtualidade “da nuvem de computadores e redes” não dispensa a infraestrutura física.
No âmbito destas questões inscreve-se o principal problema deste projeto: a verificação dos modelos e instrumentos possíveis para gestão integrada do território dos patrimônios fabris de Pelotas e Região. O objeto da investigação é construído no campo dos conceitos que circunscrevem a empiria do patrimônio industrial e relaciona as camadas de tempo nas quais as fábricas agregam-se à paisagem. Considera o fluxo de interferências e modificações que ocorrem nestes territórios, busca delimitá-los e caracterizar seus momentos: implantação, funcionamento, declínio e fechamento e reutilização. Identifica os hiatos de silêncios decorrentes da fragmentação dos referenciais e marcas que suportavam as memórias deste local.
A conceituação mais recente de patrimônio industrial está na carta de Nizhny Tagil, documento produzido na reunião do Comitê Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial (TICCIH) em 2003, na Rússia e na Carta de Sevilha de 2018. Afirma-se que 'não só os bens tangíveis são de fundamental importância como também os intangíveis'. A carta enuncia que o valor do patrimônio industrial estrapola o edifício a abarca seu entorno, compondo com esse a paisagem industrial'. Segundo a carta de Nizhny Tagil, 'O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de tratamento e de refino, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação'.
Leva-se em conta que cartografia das relações espaciais da fábrica com o bairro e com a cidade e que se desenhe esta no tempo de sua existencia (da fundação ao presente) revelam a própria cidade, nos seus ciclos econômicos dentro dos quais os territórios foram se modificando. Observam-se os processos de preservação a partir de narrativas museográficas que busca integrar conteúdos diversos em uma unidade formada por um sistema de leituras relacionais entre setores diversos que passam a compor, portanto, um espaço de integração, conceitual, prático e de conhecimento.
Acentua o âmbito das interrogações a emergência de novos suportes, impactantes como veículos de informação e meios de disponibilização de acervos. Stocker (2014, p.53) atribui à internet a razão pela qual “os arquivos se tornaram tão atraentes e tantas instituições estão, agora, lidando com questões relacionadas”. Ora, entende este autor que a figura que designa esta condição contemporânea da informação arquivística pode ser definida pelo surgimento de “camadas de arquivo”, conceito advindo da empiria de como a virtualidade “da nuvem de computadores e redes” não dispensa a infraestrutura física.
No âmbito destas questões inscreve-se o principal problema deste projeto: a verificação dos modelos e instrumentos possíveis para gestão integrada do território dos patrimônios fabris de Pelotas e Região. O objeto da investigação é construído no campo dos conceitos que circunscrevem a empiria do patrimônio industrial e relaciona as camadas de tempo nas quais as fábricas agregam-se à paisagem. Considera o fluxo de interferências e modificações que ocorrem nestes territórios, busca delimitá-los e caracterizar seus momentos: implantação, funcionamento, declínio e fechamento e reutilização. Identifica os hiatos de silêncios decorrentes da fragmentação dos referenciais e marcas que suportavam as memórias deste local.
A conceituação mais recente de patrimônio industrial está na carta de Nizhny Tagil, documento produzido na reunião do Comitê Internacional para a Conservação do Patrimônio Industrial (TICCIH) em 2003, na Rússia e na Carta de Sevilha de 2018. Afirma-se que 'não só os bens tangíveis são de fundamental importância como também os intangíveis'. A carta enuncia que o valor do patrimônio industrial estrapola o edifício a abarca seu entorno, compondo com esse a paisagem industrial'. Segundo a carta de Nizhny Tagil, 'O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de tratamento e de refino, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação'.
Leva-se em conta que cartografia das relações espaciais da fábrica com o bairro e com a cidade e que se desenhe esta no tempo de sua existencia (da fundação ao presente) revelam a própria cidade, nos seus ciclos econômicos dentro dos quais os territórios foram se modificando. Observam-se os processos de preservação a partir de narrativas museográficas que busca integrar conteúdos diversos em uma unidade formada por um sistema de leituras relacionais entre setores diversos que passam a compor, portanto, um espaço de integração, conceitual, prático e de conhecimento.
Metodologia
1) Inventário das memórias das comunidades do entorno da fábrica; 2) Cartografia patrimônio industrial-cidade; 3) Qualificação do patrimônio industrial em território- lugar e 4) Estudo e verificação dos processos de musealização do patrimônio industrial.
Indicadores, Metas e Resultados
Qualificação do patrimônio industrial em território-lugar - Neste projeto se fará o estudo sobre a história do bairro e se desenvolverá a cartografia dos ciclos econômicos e sociais do bairro para a compreensão do zoneamento do espaço ao longo da sua existência, as interferências na natureza (como o desvio do percurso do arroio Santa Bárbara), os impactos ambientais da instalação desta fábrica e os modos de ocupação que se foram dando no entorno. A metodologia empregada neste estudo será aquela desenvolvida por Sobrino (2013) para o inventário do patrimônio industrial de Sevilha (Espanha).
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
CLÁUDIA DA SILVA NOGUEIRA | |||
Enrique Larive López | |||
FRANCISCA FERREIRA MICHELON | 3 | ||
Giane Trovo Belmonte | |||
HEITOR FELIPE MATOZO DOS SANTOS | |||
JOAO FERNANDO IGANSI NUNES | 2 | ||
JOSSANA PEIL COELHO | |||
RAYZA ROVEDA ATAIDES | |||
Vicente Julián Sobrino Simal | |||
WAGNER HALMENSCHLAGER |