Nome do Projeto
OS ESTILHAÇOS DO REAL NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: O MINICONTO E A LITERATURA MARGINAL
Ênfase
Ensino
Data inicial - Data final
02/07/2020 - 03/09/2020
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
O “retorno” do realismo na literatura brasileira, ou então a designação de “novo realismo” aplicada à produção de alguns escritores surgidos no final do século 20, exige alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, não se trata de compará-los estilisticamente aos escritores do século 19, pois não adotam a verossimilhança descritiva ou então a objetividade narrativa, procedimentos técnicos do passado. Encontramos neles, como assinala Schollhamer (2009), “a vontade ou o projeto explícito de retratar a realidade atual da sociedade brasileira, frequentemente pelos pontos de vista marginais ou periféricos. Não se trata, portanto, de um realismo tradicional e ingênuo em busca da ilusão de realidade. Nem se trata, tampouco, de um realismo propriamente representativo; a diferença que mais salta aos olhos é que os “novos realistas” querem provocar efeitos de realidade por outros meios” (p. 53-54). Não se configurando dentro padrões miméticos ou representativos, o “novo realismo” procura relacionar a literatura e a arte com a realidade social e cultural da qual as obras emergem. Esta realidade aparece dentro da obra, da própria produção como força transfiguradora. Trata-se, assim, de um realismo sem programa político (explícito) e sem conteúdo ideológico capaz de afirmar algum tipo de engajamento. As formas e/ou manifestações aqui escolhidas, o miniconto e a literatura marginal, integram o vasto conjunto da produção realista da literatura brasileira dos últimos anos, que abarca ainda um regionalismo de outra fatura, além do hiper-realismo ou ainda a chamada literatura brutalista (nos moldes da literatura dos anos 70 do século passado). As duas manifestações encenam modos especiais de enfrentamento da realidade. O miniconto, ao lado de outras manifestações das chamadas “formas mínimas” (a microficção), apresenta outro componente: ao se valer do instantâneo e da visualização, aproxima-se do universo hipertextual. Com isso, a realidade exposta produz um efeito contundente, a começar pela velocidade de transmissão e de recepção. A literatura marginal (ou então da periferia), por sua vez, estabelece intenso diálogo com as novas formas de realismo, e tem como foco central o contato direto com a realidade atual brasileira. Trata-se de uma literatura que, sem abrir mão do aspecto comercial (fator complexo hoje, como estudado por Walnice Galvão, ver referências), “procura refletir os aspectos mais inumanos e marginalizados da realidade social brasileira” (SCHOLLHAMMER, 2009, p. 98). Em síntese, as duas formas deixam claro a dominância de um “sentido de urgência”, de intervenção imediata, anulando mediadores (tradicionais) e fazendo chegar ao público o “retrato da realidade” de modo direto.

Objetivo Geral

Estudar o miniconto e a literatura marginal como manifestações focadas na realidade social do Brasil contemporâneo.
5.2 Específicos:
Estudar o miniconto brasileiro como experiência narrativa consolidada nos últimos anos e como manifestação relacionada ao universo hipertextual;
Estudar a literatura marginal como fenômeno em diálogo com o realismo, capaz de refletir sobre a realidade marginal brasileira do crime, das prisões, das periferias, dos excluídos etc.

Justificativa

Este Projeto de Ensino justifica-se, inicialmente, por oportunizar o conhecimento de duas manifestações da cultura brasileira consolidadas nos últimos anos. Se de um lado optamos por um gênero específico e, de outro, por um campo amplo de produções com vários gêneros, muitos são os aspectos passíveis de aproximação. Trata-se, como visto acima, de formas em que o real é o foco de atenção. Elas compartilham, ainda, de um esforço por presentificação, um esforço que manifesta a urgência em fazer chegar a “mensagem” até o leitor. De outra parte, pela proximidade com o universo hipertextual, de um lado, e pela produção coletiva de outro (que caracteriza em muito a literatura marginal), tocam em vários aspectos do momento político, cultural, social e artístico da atualidade brasileira: a hiperculturalidade, a globalização, a violência (das cidades, da vida urbana), a exclusão social, a emergência de novas vozes (da periferia), os limites entre texto ficcional e não ficcional, as sensibilidades e as subjetividades jovens (por meio do rap, hip-hop, canções, depoimentos etc) e muito mais. Esta mescla heterogênea, que vai desde questões de teoria da literatura até o campo do político, é intencionalmente exposta para justificar que as duas manifestações podem produzir um vasto campo de reflexões sobre o país.

Metodologia

O Projeto será realizado por meios eletrônicos, considerando as limitações de contato social impostas pela atual pandemia. Assim, fará uso de estratégias do chamado ensino à distância. Por trata-se de uma experiência nova para os participantes, a própria execução consistirá em rico aprendizado pedagógico (cognitivo) para todos os envolvidos. Deste modo, estratégias de discussão e debates por meios eletrônicos serão utilizadas. Além disso, a preparação de material para ser enviado por-mail também será um desafio, pois necessita de elaboração própria. A escolha das duas manifestações justifica-se também pela facilidade de acesso a materiais diversos, disponíveis na rede mundial de computadores. Assim, cabe levar em conta os seguintes procedimentos: apresentação da proposta, que pode ser por e-mail; contextualização histórica e social dos temas propostos; indicação de textos; realização de leituras; estudo da biografia dos autores (tema, inclusive, para pesquisa na Internet que, hoje, apresenta rico material iconográfico inclusive) ; proposta de participação dos envolvidos em todas as etapas, com autonomia e protagonismo – ou seja, os participantes podem contribuir com a indicação de outros textos e materiais, elaboração de novas propostas de estudo – encontros síncronos para debate e discussão (momento “aberto” para os envolvidos apresentar suas impressões e com as informações que tenham buscado por conta própria); produção de materiais contendo opinião, impressão e questionamento. Todo este construto será sequencializado de acordo com a organização do material didático sob responsabilidade do coordenador, que receberá reformulação de acordo com o andamento do projeto (atendendo ao tópico supra citado, ou seja, o do protagonismo dos participantes). O registro de todas as atividades ficará sob a responsabilidade do coordenador e da equipe de trabalho e execução da proposta de ensino.
O Projeto de Ensino será “ministrado”, quando síncrono, no seguinte dia da semana e horário:
Dia: quinta-feira
Turno: Tarde
Horário: das 14hs às 16hs
Estendido: até às 17hs (mesmo que o participante não se encontre ativo, cabe hora de leitura “extraclasse”
Obs: quando o encontro não for síncrono, o coordenador e ministrantes estarão disponíveis no horário e dia acima estabelecidos. A resposta aos e-mails ocorrerá na mesma semana de cada encontro.
Os materiais serão distribuídos/repassados diretamente aos/entre participantes. Materiais disponíveis na Internet são, como é sabido, de livre acesso.

Indicadores, Metas e Resultados

Os resultados esperados com este Projeto de Ensino, ofertado num momento excepcional na vida de todos os brasileiros, são os seguintes:
a) ampliação do repertório de leituras literárias, de gêneros diversos, sobre o “momento” da literatura brasileira recortado, ou seja, o do final do século passado até os dias atuais;
b) conhecimento da modalidade narrativa denominada de miniconto, uma das modalidades narrativas de sucesso nos últimos anos e fundamentalmente ligada ao universo hipertextual, o que assegura sua atualidade e, com isso, a inserção num mundo globalizado;
c) conhecimento da literatura marginal produzida no mesmo período e seu profundo vínculo com a realidade, além dos desafios que lança sobre as bases tradicionais de mediação dos produtos literários e culturais: os críticos, a universidade etc e suas (da lit. marginal) estratégias de existência: autoria coletiva, utilização de editoras pequenas, utilização de “coletivos!” etc; além disso, pensar sobre a realidade brasileira em aspectos como violência, periferia, marginalização, desigualdade social etc;
d) o conhecimento, via participação, de um modelo de ensino diferenciado, com estratégias didáticas e metodológicas “distintas” daquelas utilizadas no ensino presencial; espera-se que todos, por este mecanismo, desenvolvam conhecimentos que impliquem em autonomia nos estudos – mas não menos o compartilhamento solidário de conhecimentos, vale dizer, a importância do outro nos processos de aprendizagem – e que por este caminho também posso se iniciar na pesquisa.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALFEU SPAREMBERGER6
Ana Beatriz Reinoso Rosse
BIANCA DA ROSA RADISKE
BRENDA PEREIRA DA SILVA
LAVÍNIA COSTA CÉSAR
LISIÂNI COELHO
LISSANDRA FERREIRA TURNES
MARCOS VINICIUS RODRIGUES BRIZOLA
MARIANA SOARES DA FONSECA
RAÍSSA CARDOSO AMARAL
ROBERTA TAVARES DA SILVA
VICTOR DE OLIVEIRA CAVALCANTE LIMA

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