Nome do Projeto
ESTIMATIVA DE HORAS DE FRIO NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
07/10/2020 - 30/12/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A aptidão de uma região para cultivo de frutíferas de clima temperado depende, entre outros fatores, da disponibilidade de frio para a superação natural da dormência fisiológica das plantas, no período hibernal, com o atendimento ao número mínimo de horas de frio de cada espécie e cultivar. Alguns dos métodos de estimativa de horas de frio e unidades de frio não conseguem ser efetivos nestes apontamentos. A pesquisa objetiva estimar a disponibilidade de horas de frio e de unidades de frio para a Metade Sul do Rio Grande do Sul, considerando diferentes metodologias de estimativa de frio hibernal para a superação da dormência em frutíferas de clima temperado, e suas possíveis correlações com o fenômeno El niño e La niña, em última análise identificar quais espécies e cultivares de frutíferas de clima temperado se adaptam às regiões pertencentes à Metade Sul do Estado. Serão usados dados de estações meteorológicas convencionais dos municípios de Bagé, Encruzilhada do Sul, Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Santana do Livramento e Uruguaiana, considerando o período de 1970 até 2020. O somatório do número de horas e de unidades de frio compreenderá dados diários da temperatura do ar entre os meses de maio a setembro. Para cada ano e cada estação meteorológica será calculado e estimado o número de horas de frio (NHF) com temperaturas iguais ou inferiores a 7,2º C e 13 °C, assim como a sua estimativa pelo modelo de proposto por Angelocciet al. (1979). Além disso, se estimará as unidades de frio (UF) por meio de quatro diferentes metodologias: Modelo Utah, Modelo Utah Modificado, Modelo Carolina do Norte e Modelo Carolina do Norte Modificado. Para verificar a influência do ENOS no acúmulo de horas e de unidades de frio, cada ano será distribuído em uma das três categorias conforme os anos considerados como anos Neutros (N), e anos com eventos do fenômeno El Niño (EN) e La Niña (LN). A identificação dos anos de ocorrência do fenômeno ENSO será obtido por meio das medições realizadas pela National Oceanic and Atmospheric Administration. Depois de identificados os anos com EN, LN e N na série histórica serão avaliados a interferência destes eventos no acúmulo de frio para a quebra de dormência de frutíferas de clima temperado.

Objetivo Geral

A pesquisa objetiva estimar a disponibilidade de horas de frio e de unidades de frio para a Metade Sul do Rio Grande do Sul, considerando diferentes metodologias de estimativa de frio hibernal para a superação da dormência em frutíferas de clima temperado, e suas possíveis correlações com o fenômeno El niño e La niña, em última análise identificar quais espécies e cultivares de frutíferas de clima temperado se adaptam às regiões pertencentes à Metade Sul do Estado.

Justificativa

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, ficando atrás somente da Índia e da China, com uma produção de 43,7 milhões de toneladas por ano, em uma área plantada com frutíferas no país de aproximadamente 2,4 milhão de hectares (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 2017; 2018). Nesse cenário participam as frutíferas de clima temperado e estas estão distribuídas em 11 dos 26 estados, onde o Rio Grande do Sul atua com aproximadamente 49,3 % do total produzido no País (FACHINELLO et al., 2011).
A temperatura do ar é um dos fatores que influencia diretamente no crescimento vegetal, onde algumas espécies frutíferas de clima temperado, como as caducifólias apresentam um período de repouso no qual as plantas paralisam o crescimento, chamado de dormência. A dormência em frutíferas de clima temperado é uma fase do desenvolvimento que permite a sobrevivência da planta em um período de condições não favoráveis durante o inverno. As oscilações de temperatura influenciam nos processos fisiológicos internos envolvidos na entrada e saída da dormência e podem estar relacionados com fatores diversos ligados à anatomia, fisiologia ou metabolismo da planta (HAWERROT et al., 2010).
A necessidade de maior ou menor acúmulo de frio hibernal é variável de acordo com a espécie, estado nutricional, do tipo e localização da gema na planta. Para que seja possível o início de um novo ciclo vegetativo na primavera, é necessária a exposição das plantas a um período de baixas temperaturas (abaixo de 7,2ºC) para assim ocorrer a superação da dormência e a brotação seja efetiva (ANZANELLO, 2012).
Em algumas regiões pode haver temperatura insuficiente para atender as necessidades das espécies, ou seja, o frio pode ser insuficiente para provocar a quebra natural da dormência de algumas cultivares de espécies criófilas, e isso pode acarretar em anomalias fenológicas e fisiológicas nas plantas, como a redução de crescimento, diminuição da qualidade e produção de frutos e na diminuição do vigor e da longevidade da planta. Quando ocorre a de falta de frio, é necessário a utilização de produtos indutores para a superação da dormência para que a planta possa iniciar um novo ciclo vegetativo e reprodutivo (CARBONIERI; MORAIS, 2015).
Nessa condição, é recomendado a escolha de cultivares adaptadas, sendo que os fatores determinantes para essa seleção estão relacionados aos locais de cultivo e necessidade de frio hibernal, e relacionados fisiologicamente pelo balanço hormonal controlado por vários genes e pelo ambiente (WAGNER JUNIOR et al., 2010).
O conhecimento do regime de horas de frio em diversas regiões, é de grande importância na avaliação da aptidão agrícola dos diferentes climas. Sendo o zoneamento agroclimático para fruteiras de clima temperado um excelente instrumento para escolha de espécies e cultivares para cultivos, nesses levantamentos são necessários considerar a informação da quantidade de frio acumulado, precipitação, temperatura e umidade do ar em locais com distintos microclimas, possibilitando otimizar o momento e a quantidade na aplicação de indutores de superação de dormência (CARBONIERI; MORAIS, 2015).
Para mensurar a quantidade de frio necessária para superar a dormência das gemas, o modelo mais utilizado é a soma diária das horas com temperaturas iguais ou inferiores a 7,2º C, durante o período de maio a setembro. As dificuldades para determinar uma temperatura-padrão para estimar o frio acumulado e as limitações do próprio método de cálculo de horas de frio abaixo de 7,2°C fizeram com que fossem desenvolvidos modelos (CARDOSO et al., 2015).
Indicadores, como o de Carolina do Norte e Utah, podem ser tão ou mais eficientes que as horas de frio, já que temperaturas acima de 10 °C a 12 °C também têm efeito favorável na superação da dormência, assim como, temperaturas acima de 21 °C, durante o inverno, anulam o efeito do frio previamente acumulado (MINUZZI, 2018).
Todos estes modelos se baseiam no acúmulo de unidades de frio (UF), em que uma certa temperatura exposta por uma hora equivale a uma determinada quantidade de UF. Para regiões de clima ameno, em que é frequente a interrupção do inverno por altas temperaturas e que resultam em um efeito negativo sobre o frio acumulado, novos modelos foram desenvolvidos, como o modelo Dinâmico, o Utah Modificado e o Carolina do Norte Modificado. Os modelos de Utah Modificado e Carolina do Norte Modificado, diferente dos demais, baseiam-se em medidas de temperaturas máximas e mínimas diárias para o cálculo do acúmulo de frio ANZANELLO, 2015).
Um fator que é de grande importância e que gera alterações no regime térmico e hídrico em diversas regiões do mundo é atribuída ao El Niño Oscilação Sul – ENOS é um fenômeno de grande escala que resulta da interação entre oceano e atmosfera, caracterizado por anomalias na temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacifico Equatorial e que envolve duas fases extremas: fase quente, também conhecida como El Niño e fase fria, referida como La Niña (MATZENAUER et al., 2017).

Metodologia

Serão usados dados de estações meteorológicas convencionais dos municípios de Bagé, Encruzilhada do Sul, Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Santana do Livramento e Uruguaiana, considerando o período de 1980 até 2019. O somatório do número de horas e de unidades de frio compreenderá dados diários da temperatura do ar entre os meses de maio a setembro. Para cada ano e cada estação meteorológica será calculado e estimado o número de horas de frio (NHF) com temperaturas iguais ou inferiores a 7,2º C e 13 °C, assim como a sua estimativa pelo modelo de proposto por Angelocci et al. (1979). As unidades de frio (UF) serão estimadas por meio de quatro diferentes metodologias: Modelo Utah, Modelo Utah Modificado, Modelo Carolina do Norte e Modelo Carolina do Norte Modificado. Para verificar a influência do El Niño e da La Niña no acúmulo de horas e de unidades de frio, cada ano será distribuído em uma das três categorias conforme os anos considerados como anos Neutros (N), e anos com eventos do fenômeno El Niño (EN) e La Niña (LN). A identificação dos anos de ocorrência destes fenômenos de ocorrência sobre o Oceano Pacífico Sul será obtido por meio das medições realizadas pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration). Depois de identificados os anos com EN, LN e N na série histórica serão avaliados a interferência destes eventos no acúmulo de frio para a quebra de dormência de frutíferas de clima temperado. Os dados serão analisados a partir da análise de regressão, correlação e pelo teste t, ao nível de 5% de erro.

Indicadores, Metas e Resultados

Produção de uma dissertação de mestrado; publicação de dois artigos científicos

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA PAULA KNAPP
DAIANE ROSCHILDT SPERLING
EDGAR RICARDO SCHOFFEL4
JONATAS DA SILVA DE OLIVEIRA
MICHELE PEREIRA MALCORRA
PATRÍCIA MARQUES DOS SANTOS
ROBERTO TRENTIN2
Valeria Pohlmann

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 10.000,00Coordenador

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