Nome do Projeto
Prevalência de Infecções oportunistas em pacientes vivendo com HIV/AIDS, em um Serviço de Referência no Sul do Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/11/2020 - 30/07/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
A infecção pelo HIV é um importante problema de saúde pública, causa destruição sistêmica das células T, reduzindo a imunidade do individuo que fica predisposto a infecções oportunistas. A terapia antirretroviral (TARV) proporciona aumento da sobrevida e diminui a mortalidade dessas pessoas. Este estudo visa verificar a prevalência de infecções oportunistas em pacientes vivendo com HIV atendidos no Serviço de Assistência Especializado (SAE) localizado no Ambulatório da Faculdade de Medicina da UFPel. Os participantes da pesquisa serão pacientes que vivem com HIV, com mais de 18 anos atendidos no SAE FAMED/UFPel. A coleta dos dados será realizada através do preenchimento de um formulário elaborado pelos pesquisadores de acordo com o os prontuários médicos, no período de 2009 a 2019. As características analisadas serão: sexo, idade, raça, escolaridade, profissão, modo de contaminação, ano do diagnóstico, exame CD4, tratamento com antirretrovirais, coinfecções, profilaxia e uso de drogas. Apesar de um declínio na mortalidade relacionada ao HIV, é de grande importância melhorar a compreensão dos fatores prognósticos que afetam a sobrevida e podem aumentar a expectativa de vida desses indivíduos

Objetivo Geral

Verificar a prevalência de infecções oportunistas em pacientes vivendo com HIV atendidos no SAE FAMED/UFPel, no período de 2009 até 2019

Justificativa

O início dos anos 80 foi marcado pelo reconhecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) sendo em 1984 isolado o agente causador, um retrovírus chamado Human Immunodeficiency Vírus (HIV) (GALLO; MONTAGNIER, 2003).
AIDS atualmente é uma doença epidêmica que afeta a população em geral, independentemente de gênero ou sexo (Le Loup et al., 2009). Considerada um importante problema de saúde pública, nas últimas décadas, poucas doenças geraram tanto interesse da comunidade científica e dos profissionais de saúde (Lucas, 2015). De acordo com UNAIDS (Joint United Nations Programme on HIV/AIDS), 37,9 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com HIV até o final de 2018 (UNAIDS, 2019). No Brasil 900 mil pessoas vivem com HIV, dessas 594 mil estão em terapia com os antirretrovirais (Ministério da Saúde - Departamento DST/AIDS e Hepatites Virais, 2019).
A terapia antirretroviral (TARV) é o tratamento que proporciona aumento da sobrevida e diminuição da mortalidade desses pacientes (Mugisha et al., 2016). No entanto esse tratamento pode ser complicado por vários fatores associados à imunodeficiência como patologias crônicas, infecções virais, fúngicas e bacterianas (MIRZAEI et al., 2013). Também questões de não adesão, resistência aos medicamentos ARV e falha no tratamento podem não serem capazes de prevenir ou evitar totalmente as infecções oportunistas entre os infectados pelo HIV (COREY et al., 2007). Por isso a prevenção de infecções como o uso da terapia profilática é um fator importante no cuidado de pessoas vivendo com HIV (IRIBARREN et al., 2016).
A infecção pelo HIV causa destruição sistêmica dos linfócitos TCD4+ que reduz a imunidade mediada por células, levando a uma ampla gama de infecções oportunistas e comorbidades (Lucas, 2015). A baixa contagem de CD4 é o preditor mais importante de morbimortalidade e tempo de internação entre pacientes infectados pelo HIV (SCHALKWYK et al., 2020). A incidência de infecções oportunistas aumenta de acordo com o grau de imunossupressão, resultante da progressão da doença (YAZDANPANAH et al., 2001; SALAMI et al., 2006).
A tuberculose é sem dúvida a Infecção oportunista mais comum e causa a maioria das mortes em indivíduos infectados pelo HIV no mundo (RAMESH et al., 2015; PATIL, V. C.; PATIL, H. V., 2016; MACLEAN, et al., 2019; World Health Organization, 2020).
Vários autores observaram que na Índia a tuberculose (TB) é a infecção oportunista mais comum entre os indivíduos infectados pelo HIV (SINGH et al., 2003; ARORA et al., 2004; CHAKRAVARTY et al., 2006). Nete País indivíduos co-infectados com HIV-TB são considerados prioridade e existe uma orientação para melhorar a informação, educação, conscientização, atendimento, diagnóstico precoce e tratamento dessas duas doenças infecciosas importantes, bem como a prevenção de recaídas, diminuindo a mortalidade entre esses pacientes (TIEWSOH, et al., 2020).
Um estudo de coorte retrospectivo de centro único baseado em extração estruturada de dados, conduzido no Hospital de Referência Ayder, localizado no norte da Etiópia, avaliou todos os adolescentes e adultos HIV positivos que iniciaram a HAART (Highly Active Antiretroviral Therapy) entre janeiro de 2009 e maio de 2012, com o objetivo de determinar a incidência e os fatores de risco para as infecções oportunistas após o início da HAART. Foram analisados 317 prontuários de pacientes que iniciaram a HAART, sendo a maioria do sexo feminino com idade entre 30 e 40, na sua maioria (76,1%) apresentavam estágio avançado da doença. O estudo revelou que a presença de infecções oportunistas no início da HAART estava associada a risco aumentado de infecções oportunistas após a HAART. Também foi observado que a tuberculose (TB) é responsável por cerca de metade das infecções oportunistas que ocorrem antes da HAART (AREFAINE et al., 2020).
A tuberculose, meningite criptocócica, pneumonia por Pneumocystis jirovecii e outras micoses invasivas se manifestam como doenças definidoras de AIDS. Essas doenças estão entre as principais causas de hospitalização e mortalidade entre esses indivíduos (World Health Organization, 2017 and 2019).
Na África do Sul, estudo transversal realizado em um grande hospital acadêmico, no período de 2015 a 2016, com pacientes adultos (≥ 18 anos) internados com doença avançada pelo HIV e com suspeita de infecção fúngica invasiva observou que a prevalência de doença fúngica invasiva e co-infecções com múltiplas infecções oportunistas pode ser subestimada, devido à clínica inespecífica e à falta de testes de diagnóstico disponíveis para os médicos (SCHALKWYK, et al., 2020).
Outro estudo de coorte prospectivo entre os meses de fevereiro a novembro de 2016 avaliou 142 adultos com suspeita de sepse que compareceram a um serviço de emergência terciário em Harare, Zimbábue. Os autores concluíram que, os pacientes HIV positivos (68%) apresentavam um aumento de mortalidade, revelando que infecções oportunistas, especialmente TB e criptocócica, dominavam o diagnóstico e foram associados a alta mortalidade (CHAKA et al, 2020).
No Brasil, estudo transversal realizado no período de agosto de 2015 até dezembro de 2016, examinou mulheres sexualmente ativas, com 18 anos ou mais, que frequentavam a unidade de atendimento ginecológico e obstétrico da Universidade Federal de Pelotas (Rio Grande do Sul) com o objetivo de avaliar a frequência de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Foram avaliadas 498 mulheres, sendo que 129 (25,9%) das participantes eram HIV positivo, encontraram uma associação significativa entre infecção por Mycoplasma genitalium (MG) e HIV (SILVEIRA et al, 2020).
Outros estudos com mulheres africanas mostraram que a infecção por Mycoplasma genitalium e DSTs inflamatórias por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, pode ser um fator que aumente o risco para aquisição do HIV (MAVEDZENGE et al, 2012; VANDEPITTE et al, 2014).
Diante da realidade é de grande importância melhorar a compreensão dos fatores prognósticos que afetam a sobrevida e alteram a expectativa de vida desses indivíduos, evitando complicações, sequelas, redução de encargos com a saúde e custos para a população, principalmente nos países em desenvolvimento.
A pesquisa torna-se relevante à medida que serve para realizar um levantamento das infecções e conhecer o perfil destes pacientes, visto que não se conhecem os índices de infecções em pacientes vivendo com HIV/AIDS atendidos desde 2009 no centro de referência em Pelotas (SAE).

Metodologia

- Local da pesquisa: O trabalho será desenvolvido em parceria com o Laboratório de Micologia do Instituto de Biologia da UFPel e o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do Ambulatório da Faculdade de Medicina da UFPel, na cidade de Pelotas/RS, Brasil.
- População alvo: Pacientes vivendo com HIV com mais de 18 anos cadastrados no SAE.
- Coleta dos dados: Será realizada análise dos prontuários médicos no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2019, com a intenção de preencher um formulário elaborado pelos próprios pesquisadores com as variáveis de interesse para o estudo. As características analisadas serão: sexo, idade (contínua), cor da pele (branca, parda, indígena, preta, amarela), anos de estudo (contínua em anos completos), situação conjugal (mora sozinho, com companheiro/amigo, com outros familiares), profissão, fumante, uso de álcool ou drogas (nunca usou, já usou, usa), formas de transmissão (drogas injetáveis, transfusão de sangue, relação sexual), ano do diagnóstico, resultados laboratoriais de hemoglobina, colesterol, HDL, triglicerídeos, glicose, CD4, carga viral, tratamento antirretroviral, trocas de esquemas terapêuticos, presença de infecções, tratamento profilático, número de hospitalizações e óbito. Esses dados serão coletados pelos pesquisadores.

- Análise estatística: Os dados serão duplamente digitados no programa Epi-Info 6.0. A análise será feita por meio do pacote estatístico Stata 12 (StataCorp LP, College Station, Estados Unidos). Inicialmente será realizada análise descritiva da amostra entre as diversas categorias das variáveis estudadas, com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Para verificar diferença estatística entre os grupos será realizado teste Qui-quadrado para as variáveis dicotômicas, ANOVA para as categóricas e tendência linear para as continuas sendo considerado estatisticamente significativo valores de p<0,05. Para verificar associação entre o desfecho e as variáveis independentes as análises bruta e ajustada serão conduzidas por meio de Regressão de Poisson com variância robusta, sendo incluídas na análise multivariada as variáveis com p<0,2 na análise bruta.

Indicadores, Metas e Resultados

O desenvolvimento do projeto gerará informações no que diz respeito ao conhecimento das infecções existentes nos pacientes vivendo com HIV atendidos no SAE. Os dados obtidos serão uteis para o SAE no conhecimento do perfil dos pacientes em relação às infecções. Os resultados serão diretamente aplicados ao serviço contribuindo para ajudar os profissionais nas estratégias de tratamento e prevenção das infecções resultando na melhora da sobrevida dos pacientes.
Será realizada divulgação dos resultados em periódicos e encontros científicos, possibilitando trocas de conhecimentos. Os resultados finais serão publicados na forma de artigos em revistas indexadas.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DAIANE DRAWANZ HARTWIG1
DANIELA ISABEL BRAYER PEREIRA1
FELIPE BARBOSA BUTZE
GERALDO USTARROZ DA SILVA TAVARES
GUSTAVO BASÍLIO CARDOSO
LAURIEN ALANA ESCOBAR EHLERS
MARIA EDUARDA CICHOWSKI RIEGER
MARIANE D´AVILA VECCHI20
MARIO CARLOS ARAUJO MEIRELES
MARYSABEL PINTO TELIS SILVEIRA1
MATEUS DIÔNATAN GOBETTI LOPES
MATHEUS WINCK WILLERS
PEDRO CRESPO GARCIA VARGAS
RAYSSA BRUNA MARTINS

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