Nome do Projeto
Desenvolvimento do Capim-Sudão por meio de análise numérica em diferentes épocas de semeadura
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
09/10/2020 - 31/12/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
O Capim-Sudão é uma forrageira anual que vem sendo utilizada pelos produtores no período de verão como alternativa para alimentação dos animais. Contudo, ainda são escassas as informações encontradas na literatura sobre o Capim-Sudão BRS Estribo. A temperatura é um dos principais fatores que influenciam nos processos de crescimento e desenvolvimento vegetal, que pode ser representado pelo método de soma térmica, expressa em graus-dia (ºC d-1). A soma térmica é um método relevante para reduzir riscos climáticos, visto que o conhecimento das condições térmicas de uma cultura contribui para a previsão da duração dos subperíodos e do ciclo total. Assim, este projeto se propõe-se realizar um estudo com simulações de diferentes épocas de semeadura utilizando o método de soma térmica para analisar o desenvolvimento e número de cortes do Capim-Sudão, com base numa longa série histórica de dados meteorológicos (de 1971 a 2019, totalizando 48 anos) para a região de Pelotas-RS (latitude 31º52’00’’S, longitude de 52º21’24’’W e altitude de 13 m). Os cálculos serão realizados a partir do desenvolvimento de algoritmos escritos no software R. Adicionalmente, neste estudo a duração dos subperíodos, número de cortes e intervalo de cortes serão associados a ocorrência dos eventos de fenômenos ENOS (El Niño Oscilação Sul).

Objetivo Geral

Determinar a duração dos subperíodos do desenvolvimento do Capim-Sudão por meio de simulações em diferentes épocas de semeadura para as condições de Pelotas a partir de uma série histórica de dados climatológicos.

Justificativa

A agricultura familiar no Brasil apresenta grande importância econômica, representando 84% das propriedades rurais. Destacando-se no setor agropecuário pelo desenvolvimento sustentável, geração de renda e segurança alimentar. A pecuária na agricultura familiar é responsável por cerca de 30% da produção de bovinos e 58% da produção de leite, sendo assim, uma importante fonte de renda para os produtores, tanto na produção de carne quanto na produção de leite (IBGE- Senso agropecuário 2006).
A atividade leiteira no Rio Grande do Sul representa cerca de 441 mil estabelecimentos rurais, sendo que destes 378 mil são compostos por unidades familiares (EMBRAPA, 2014). Isso corrobora a importância da agricultura familiar para o estado, tanto na produção de alimentos como no desenvolvimento econômico (ZOCCAL et al., 2005).
Na pecuária um dos fatores mais importantes é a produção de forragens, devido ser a fonte de alimento com menor custo no sistema de produção (HOFFMANN et al., 2014). Deste modo, uma boa oferta forrageira permite tornar os sistemas produtivos mais competitivos e viáveis economicamente, tendo em vista o aumento da produtividade pecuária (RESTLE et al., 2002).
O Capim-Sudão é uma forrageira anual que vem sendo utilizada pelos produtores no período de verão como alternativa para alimentação dos animais, destacando-se as suas vantagens quando comparadas com outras gramíneas de verão, como o ciclo de produção mais longo e não ocorrência de intoxicação quando comparado com o milheto e o sorgo, respectivamente (SILVEIRA et al., 2015).
O Capim-Sudão BRS Estribo é uma cultivar lançada pela Embrapa Pecuária Sul em parceria com a Sulpasto no ano de 2013, possuindo uma abrangência territorial de 600 mil hectares (EMBRAPA, 2018), tendo em vista o crescente aumento da implantação desta forrageira, devido as suas características como boa produtividade, alto perfilhamento, rusticidade e tolerância à deficiência hídrica. O adequado manejo da cultura visa proporcionar máximo acúmulo de folhas vivas por hectare e garantir a qualidade da forragem, sendo recomendado que o pastejo seja realizado quando as plantas atingirem de 50-60 cm de altura, sendo rebaixadas para 10-15 cm de altura (SILVEIRA et al., 2015).
A época de semeadura deve ser realizada no período adequado para expor as plantas às condições meteorológicas ideais para seu crescimento, desenvolvimento, ciclo e produção de matéria verde. Sendo esta recomendada para o Capim-Sudão compreendendo entre o período de outubro a fevereiro. As condições térmicas para o crescimento e o desenvolvimento do Capim-Sudão são entre 11°C a 34°C, sendo a temperatura ótima em torno de 30°C (SILVEIRA et al., 2015).
O fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) é a interação oceano-atmosfera, que ocorre no Oceano Pacífico tropical, sendo considerado como principal fator da variabilidade climática em diversas regiões do mundo. Onde apresenta duas fases extremas: a fase quente denominada como El Niño e a fase fria denominada La Niña (BERLATO et al., 2005). No Rio Grande do Sul, o fenômeno El Niño provoca anomalias positivas de precipitação pluvial, enquanto o fenômeno La Niña causa anomalias negativas, principalmente na primavera ao início do verão no ano de início do fenômeno (BERLATO & FONTANA, 2003). Sendo assim, este fenômeno influência no regime pluviométrico anual, podendo ou não interferir nas condições térmicas do ambiente.
A temperatura é um dos principais fatores que influenciam nos processos de crescimento e desenvolvimento vegetal, que pode ser representado pelo método de soma térmica, expressa em graus-dia (ºC d-1), sendo um melhor descritor de tempo biológico do que dias do calendário civil (GILMORE e ROGERS, 1958). O desenvolvimento vegetal pode ser identificado pelo surgimento de um órgão vegetal, à medida que o intervalo de tempo entre as fases de desenvolvimento pode ser denominado como subperíodo de desenvolvimento (STRECK et al., 2003a, b). Os estádios de desenvolvimento e tempo necessário para completar cada fase são importantes ferramentas para auxiliar no manejo das culturas.
A soma térmica é uma forma de relacionar o crescimento e desenvolvimento vegetal com a temperatura do ar, onde o total de graus-dia acumulado corresponde ao que o vegetal necessita para completar um subperíodo ou todo o seu ciclo, ou seja, a quantidade de energia acumulada acima da temperatura base abaixo da qual os processos metabólicos paralisam ou são tão lentos que podem ser desprezados (BRUNINI et al.,1976; MCMASTER e WILHERM, 1997).
Desta forma, a soma térmica é um método relevante para reduzir riscos climáticos, visto que o conhecimento das condições térmicas de uma cultura contribui para a previsão da duração dos subperíodos e do ciclo total (TRENTIN, R. et al, 2008).
A soma térmica necessária para o subperíodo de semeadura a emergência para o Capim-Sudão BRS Estribo é de 56 ºC dia-1, enquanto, para o subperíodo de emergência ao primeiro corte é de 358 ºC dia-1 e 281 ºC dia-1 para o intervalo entre os cortes consecutivos (REINOSO et al., 2015; MALCORRA et al., 2017).
Desta forma propõem-se realizar um estudo com simulações de diferentes épocas de semeadura utilizando o método de soma térmica para analisar o desenvolvimento e número de cortes do Capim-Sudão, com base numa longa série histórica de dados meteorológicos para a região de Pelotas-RS.

Metodologia

Este estudo será realizado por meio de simulação do desenvolvimento da cultura do Capim-Sudão utilizando o método de soma térmica com base nos resultados publicado na literatura e dados meteorológicos, coletados na Estação Agroclimatológica de Pelotas (EAP), localizada no município de Capão do Leão-RS (latitude 31º52’00’’S, longitude de 52º21’24’’W e altitude de 13 m), compreendendo o período de 1971 a 2019, totalizando 48 anos. O clima da região é do tipo Cfa (subtropical úmido, sem estação seca definida, com verões quentes) de acordo com a classificação de Köppen.
Serão utilizadas as variáveis meteorológicas diárias do banco de dados da EAP necessárias para a realização da simulação de desenvolvimento da cultura do Capim-Sudão BRS Estribo, sendo elas a temperatura máxima do ar (Tmax, °C) e a temperatura mínima do ar (Tmin, °C).
A simulação do desenvolvimento da cultura será realizada para seis épocas de semeadura, no dia 15 de cada mês (setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro) durante todo o período considerado (1971-2019).
Para estimar a data de emergência será utilizado o cálculo da soma térmica, em graus-dia (°C d-1), adotando-se o valor acumulado de 56 °C dia a partir da temperatura base de 11 °C (REINOSO et al., 2015), para o subperíodo de emergência ao primeiro corte a soma térmica acumulada será 358 °C d-1 e para o restante dos cortes consecutivos será utilizado 281 °C d-1 (MALCORRA et al., 2017).
Os dados sobre anos de ocorrência dos eventos El Niño (EN), La Niña (LN) e Neutros (N), que serão utilizados neste estudo, foram obtidos na página eletrônica do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA, 2012). A caracterização das fases do ENOS, adotada pela Agência Japonesa de Meteorologia (AJM) consiste na seleção de períodos, cuja média móvel de cinco meses da anomalia da temperatura da superfície do mar (TSM) da região equatorial do Oceano Pacífico (aproximadamente a região do chamado Niño 3) seja ≥0,5°C (El Niño) ou ≤-0,5°C (La Niña) por, no mínimo, seis meses consecutivos.
Os cálculos serão realizados a partir do desenvolvimento de algoritmos escritos no software R versão 3.1.3 para Windows®. A análise de variância e teste de Scott-Knott, em nível de 5% de significância, serão aplicados aos dados de duração dos subperíodos do ciclo, duração total do ciclo e intervalo de cortes considerando as datas de semeadura como fonte de variação.

Indicadores, Metas e Resultados

Os resultados obtidos, através da execução do presente projeto serão publicados em congressos, reuniões técnico-científicas e revistas científicas de estudo, assim como farão parte de uma dissertação de mestrado apresentada pela Universidade Federal de Pelotas/ Curso de Pós-graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
MICHELE PEREIRA MALCORRA
ROBERTO TRENTIN2

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