Nome do Projeto
Avaliação intergeracional do peso ao nascer e composição corporal na Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas/RS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
20/01/2021 - 28/02/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O aumento da proporção de indivíduos com excesso de peso e obesidade é considerado um problema de saúde pública. Estudos sugerem que as medidas corporais dos pais estão associadas com o aumento do risco de excesso de peso nos filhos da infância até a vida adulta. A associação da adiposidade entre pais e filhos envolve a predisposição genética, estado nutricional dos pais e fatores associados ao ambiente compartilhado. Além disso, o peso ao nascer dos pais tem sido considerado como um indicador antropométrico preditor do peso ao nascer dos descendentes, tendo uma maior tendência na influência da linhagem materna no peso ao nascer dos filhos. Nesse contexto, o presente projeto tem como objetivo avaliar a transmissão intergeracional de medidas de composição corporal em duas gerações da Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas/RS, Brasil. Conforme os artigos propostos, pretende-se realizar uma revisão sistemática e metanálise dos estudos que avaliaram a transmissão intergeracional do peso ao nascer. Também avaliar o efeito do peso ao nascer dos membros da coorte sobre o peso ao nascer da segunda geração, testando a mediação do efeito pelas medidas corporais dos membros da coorte durante a infância e a adolescência. Além disso, avaliar as associações das características antropométricas e composição corporal de mães dos membros da coorte com as medidas corporais dos membros da coorte, tais como o índice de massa corporal, perímetro da cintura, percentual de gordura corporal e o índice de massa gorda. As análises dos dados serão conduzidas levando-se em conta potenciais fatores de confusão, bem como possíveis mediadores das associações. Os estudos propostos fornecerão evidências sobre a influência das medidas corporais entre gerações, compreendendo a transmissão intergeracional do excesso de peso que está relacionada ao risco de doenças.

Objetivo Geral

Avaliar a transmissão intergeracional de medidas de composição corporal em duas gerações.

Justificativa

O excesso de peso e a obesidade podem afetar de diversas formas a saúde dos indivíduos, causando, por exemplo, as doenças crônicas não transmissíveis2. Nas últimas quatro décadas, as prevalências de excesso de peso têm aumentado, tanto em adultos como em crianças. A obesidade infantil pode prejudicar a saúde imediata da criança, bem como sua qualidade de vida. Além disso, as crianças obesas apresentam maior chance de se tornarem adultos obesos4.
O risco de obesidade pode ser transmitido de uma geração para a próxima, como resultado de fatores biológicos e também comportamentais, como alimentação e atividade física5. Dessa forma, a família pode influenciar o desenvolvimento da obesidade e o processo de transmissão dessa morbidade entre pais e filhos sugere interação entre o ambiente familiar, os hábitos de vida e as preferências alimentares compartilhadas que são aspectos importantes na relação intergeracional da obesidade87.
Na transmissão intergeracional do peso ao nascer, a literatura sugere que um aumento de 100 g no peso materno ao nascer leva a um ganho de 10 a 20 g no peso ao nascer dos filhos. O peso ao nascer paterno também tem sido associado aos peso ao nascer dos filhos, mas essa associação não é tão forte quanto para peso ao nascer materno88. Essa diferença na força de associação, possivelmente é ocasionada ao peso ao nascer estar relacionado a fatores antropométricos maternos, como altura e IMC pré-gestacional, bem como o ganho de peso materno durante a gestação. Além disso, o peso ao nascer é resultante de fatores como fumo, diabetes e hipertensão durante o período gestacional89,90. Ainda, os recém-nascidos grandes para idade gestacional tem maior prevalência de excesso de peso na adolescência e um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 1 e tipo 2, câncer de próstata e câncer de mama mais tarde na vida91–96.
De acordo com a revisão de literatura, a maioria dos estudos avaliou a transmissão da obesidade entre pais e filhos pela medida do IMC, sendo este o indicador da estimativa de gordura corporal mais utilizado para classificar indivíduos com excesso de peso. No entanto, essa medida apresenta como limitação não diferenciar massa gorda de MLG97. Nesse sentido, a utilização de métodos de maior precisão para avaliação da composição corporal, como Bod Pod® e DXA, permite
quantificar a gordura e sua distribuição corporal. Além disso, os participantes da Coorte de Nascimentos de 1993 tiveram avaliadas medidas de pregas cutâneas nos acompanhamentos dos 11 e 15 anos. Dessa forma, podemos avaliar as medidas antropométricas (peso, altura, circunferência da cintura e pregas cutâneas) e composição corporal, por meio da avaliação pelo Bod Pod® e DXA.
Em seu último acompanhamento, ocorrido entre 2015 e 2016 aos 22-23 anos dos participantes, a Coorte de Nascimentos de 1993, de Pelotas/RS, incluiu os filhos dos membros para a obtenção de dados de uma nova geração. Ainda, em 1998, foram realizadas medidas antropométricas e de composição corporal em uma subamostra de mães dos membros da Coorte de Nascimentos de 199315. Portanto, esse estudo pretende avaliar dados de três gerações, investigando o efeito do peso ao nascer de uma geração para a próxima e as associações das medidas corporais entre mães e filhos.
Ressalta-se que a maioria dos estudos que avaliaram as associações entre a composição corporal entre gerações foram realizados em países de renda alta, sendo que os resultados encontrados podem ser diferentes em indivíduos de um país de renda média, como o Brasil. A prevalência de baixo peso ao nascer, por exemplo, pode ser mais elevada do que em países alta, sendo condicionado pelo tempo de gestação e crescimento intrauterino. Pode ainda, em parte, ser resultado da situação socioeconômica que inclui a renda familiar e o nível de escolaridade, sendo mais frequente em população mais vulnerável57,58. Além disso, em países de renda baixa e média são observadas, ao mesmo tempo, a ocorrência de desnutrição e obesidade, com uma dupla carga de má nutrição resultante de sistemas alimentares que não fornecem alimentação saudável, segura e acessível, e ambas as condições causam efeitos através de gerações98,99.
Além disso, a relação do peso ao nascer dos membros da Coorte de Nascimentos de 1993 com o peso ao nascer da segunda geração ainda não foi investigada. Destaca-se também que será avaliada a associação de medidas antropométricas e composição corporal (IMC, circunferência de cintura e gordura corporal) de uma subamostra de mães dos participantes da coorte com as medidas dos participantes da infância até idade adulta (22-23 anos). Neste contexto, a realização do presente estudo pretende avaliar a transmissão intergeracional do peso
ao nascer e composição corporal através de dados longitudinais da Coorte de Nascimentos de 1993 de Pelotas/RS.

Metodologia

Delineamento

Trata-se de um estudo com delineamento longitudinal, utilizando dados da Coorte de Nascimentos de 1993, na cidade de Pelotas/RS.

Coorte de Nascimentos de 1993

Todos nascimentos hospitalares durante o ano de 1993, cujas mães residiam na zona urbana de Pelotas/RS, foram considerados elegíveis para o estudo. No período de 01 de janeiro e 31 de dezembro de 1993 foram realizadas diariamente visitas as cinco maternidades hospitalares da cidade. Foram registrados 5.265 nascimentos de crianças cujas mães moravam na zona urbana da cidade, destes, 5.249 concordaram em participar do estudo compondo a coorte original de 1993. Após o nascimento dos filhos, as mães foram entrevistadas através de questionário padronizado com perguntas sobre temas socioeconômicos, demográficos, reprodutivos, comportamentais, assistenciais e de saúde. Os recém-nascidos foram examinados quanto ao peso, comprimento e de perímetro cefálico. Posteriormente, foram realizados acompanhamentos com subamostras dos participantes com um, três e seis meses de vida, e com um e quatro anos de idade. Nos acompanhamentos aos 11, 15, 18 e 22-23 anos foram rastreados todos os participantes da coorte original. A Figura 4 apresenta o resumo dos acompanhamentos da coorte até o momento.

Indicadores, Metas e Resultados

Artigos planejados

Artigo 1: Transmissão intergeracional do peso ao nascer: revisão sistemática e metanálise.
Artigo 2: Influência do peso nascer dos pais sobre peso ao nascer dos filhos: Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas/RS.
Artigo 3: Características antropométricas e composição corporal entre duas gerações: Coorte de Nascimentos de 1993, Pelotas/RS.

Hipóteses

• A média de peso ao nascer da segunda geração será em torno de 3.400 gramas, sendo em média 200 gramas maior do que o peso ao nascer dos pais, de acordo com a revisão de literatura.
• O peso ao nascer materno terá mais influência no peso ao nascer dos filhos do que o peso ao nascer paterno.
• Participantes cujas mães apresentaram maiores medidas de adiposidade terão maior risco de excesso de peso até os 22 anos.
• A associação entre as medidas antropométricas e de composição corporal da mãe e dos membros da coorte será mais forte entre as mulheres do que entre os homens que pertencem à coorte de 1993.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DENISE PETRUCCI GIGANTE2
RICELI RODEGHIERO OLIVEIRA
THAYNÃ RAMOS FLORES

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