Nome do Projeto
Complexo Acinetobacter calcoaceticus-Acinetobacter baumannii (ACB) em amostras clínicas hospitalares: ocorrência e perfil de resistência aos carbapenêmicos e polimixina B durante pandemia de Sars-Cov-2
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
05/04/2021 - 30/06/2021
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
As bactérias do complexo Acinetobacter calcoaceticus-Acinetobacter baumannii (ACB) são recorrentes nas infecções nosocomiais. A. baumannii é principalmente descrita em surtos hospitalares, na maioria das vezes acomete o trato respiratório e está relacionada a uso de ventilação mecânica. Os casos de infecção estão relacionados a longos períodos de internação, e são mais frequentes em unidades de terapia intensiva. O aumento da resistência destas bactérias aos antimicrobianos é preocupante, os relatos de cepas resistentes aos carbapenêmicos são frequentes. A polimixina permanece como uma alternativa para tratamento de A. baumannii multirresistente, porém já se tem relatos de cepas resistentes a este antimicrobiano. As coinfecções em pandemias são recorrentes, e mais uma vez isso tem sido observado na pandemia de SARS-Cov-2, que impactou o sistema de saúde, existindo relatos do aumento de coinfecções em pacientes internados. Somado à isto, o uso empírico de antimicrobianos para o tratamento de COVID-19 tem agravado o quadro de resistência bacteriana.

Objetivo Geral

Determinar a incidência e o perfil de resistência aos carbapenêmicos e à polimixina B de isolados clínicos do complexo Acinetobacter calcoaceticus-Acinetobacter baumannii (ACB) em pacientes internados no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) durante a pandemia de COVID-19.

Objetivos específicos
● Coletar dados do equipamento BD Phoenix™, utilizado no Laboratório de Análises Clínicas do HE-UFPel, referente a isolados do complexo ACB em pacientes internados nas diferentes unidades hospitalares (UTI adulto, UTI COVID-19, clínica COVID-19, RUE I, RUE II, RUE III, UTI neonatal, clínica médica, clínica cirúrgica, cirurgia oncológica e clínica pediátrica);
● Obter o perfil de resistência destes isolados frente à diferentes antibacterianos, especialmente carbapenêmicos e polimixina B;
● Verificar o perfil de resistência para carbapenêmicos, por um período de 12 meses (janeiro-dezembro) e às polimixinas, por um período de 6 meses (outubro-março);
● Determinar a ocorrência de bactérias do complexo ACB multirresistentes, por sítio de infecção e unidade hospitalar;
● Verificar a coinfecção por bactérias do complexo ACB em pacientes internados com COVID-19.

Justificativa

Tendo em vista que bactérias pertencentes ao complexo ACB são recorrentes em infecções nosocomiais, e há a preocupação com a multirresistência destes agentes infecciosos no ambiente hospitalar, somado à atual situação da pandemia de COVID-19 e aumento no número de internações hospitalares, pacientes infectados com SARS-CoV-2 possuem risco elevado de coinfecções por bactérias multirresistentes do complexo ACB. Este tipo de estudo, faz-se necessário para que se possa analisar a ocorrência e perfil de resistência das bactérias do complexo ACB frente aos carbapenêmicos e polimixina B e verificar em qual unidade do hospital e sítio de infecção se concentram essas bactérias durante o período de pandemia.

Metodologia

Coleta de dados: pretende-se obter dados retrospectivos através do banco de dados do software BD Epicenter™ do equipamento BD Phoenix™, utilizado no Laboratório de Análises Clínicas do HE-UFPel. Os relatórios emitidos pelo software fornecerão a identificação bacteriana e o perfil de resistência aos antibacterianos, incluindo carbapenêmicos. Estes dados serão categorizados por unidades do hospital, pelo sítio de infecção, e serão liberados pelo equipamento na forma de gráfico de barras em expresso em percentual para análise do perfil de resistência aos carbapenêmicos. Para a análise do perfil de resistência a polimixina os resultados serão expressos, em primeiro momento, através de estatística descritiva, sendo tabulados e analisados no Programa Microsoft Excel®. Os relatórios emitidos pelo software não terão a identificação nominal do paciente e nem serão coletados exclusivamente para a realização da pesquisa, e será assinado o termo de confidencialidade dos dados, sendo dispensado dessa forma o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e somente serão informados dados como: data, tipo de amostra (aspirado traqueal, hemocultura, urocultura, entre outras), o antibiograma realizado pela instituição e o local de internação do paciente (UTI adulto, UTI COVID-19, clínica COVID-19, RUE I, RUE II, RUE III, UTI neonatal, clínica médica, clínica cirúrgica e clínica pediátrica). Exemplo: Data/Paciente 01 (anônimo)/Amostra 01/Aspirado traqueal/UTI.
A população deste estudo será constituída por todos os pacientes que tiveram culturas positivas para bactérias do complexo ACB, no período de janeiro a dezembro de 2020 para avaliar o perfil de resistência aos carbapenêmicos, e de outubro de 2020 a março de 2021 para avaliar o perfil de resistência a polimixina no referido hospital. Foram excluídos pacientes que não tiveram exame microbiológico solicitado, em que não houve crescimento bacteriano em culturas solicitadas ou com resultado positivo para outros micro-organismos.

Identificação bacteriana e testes de sensibilidade: a identificação bacteriana é feita por meio dos testes bioquímicos convencionais cromogênicos e fluorogênicos que estão presentes na porção ID do painel do sistema automatizado BD Phoenix™. Para identificação e testes de sensibilidade da maioria das bactérias gram-negativas, como as bactérias do complexo ACB, em amostras de urina é utilizado o painel UNMIC/ID-407 e para as demais amostras é utilizado o painel NMIC/ID-406, conforme tabelas em anexo.

Perfil de sensibilidade a polimixina B: o perfil de sensibilidade frente a polimixina B não é fornecido pelo equipamento BD Phoenix™. No Laboratório de Análises Clínicas do HE-UFPel é utilizado o painel de microdiluição CIM POLIMIXINA B da Laborclin, destinado à determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) de polimixina B para bacilos gram-negativos, sendo assim, para as bactérias do complexo ACB. Para este teste será preparado o inóculo em uma concentração final de 5x105 UFC/ml da bactéria a ser testada, essa suspensão é transferida na quantidade de 100 microlitros para cada cavidade do painel, primeiramente para o controle, e depois sempre da menor concentração (0,125 μg/mL) para maior concentração (32 μg/mL) para evitar a contaminação do antimicrobiano. A incubação é feita a 35ºC em câmara úmida por 18h á 20 horas. Após esse período, o painel é retirado da estufa, a leitura é realizada contra a luz, pela observação de precipitado de bactérias no fundo da cavidade e/ou da turvação do meio. O resultado é liberado em μg/mL, conforme metodologia preconizada pelo CLSI (Clinical & Laboratory Standards Institute) BRcast/EUCAST. A técnica de microdiluição é padrão ouro para disponibilizar resultados quantitativos, fornecendo a mínima concentração necessária do antibacteriano in vitro para inibir o crescimento da bactéria.

Indicadores, Metas e Resultados

A determinação da frequência de bactérias do complexo ACB é primordial durante a pandemia de COVID-19, para avaliar se houve aumento do número de casos com relação ao aumento das internações por COVID-19. Da mesma forma, o perfil de resistência é um importante fator a ser analisado, observando se houve alguma alteração no perfil de sensibilidade aos carbapenêmicos e polimixinas nesse período. Outro aspecto importante é verificar qual o sítio de infecção e em qual unidade hospitalar se concentram as infecções por estas bactérias, avaliando quais as medidas de controle e prevenção de infecção podem ser aplicadas.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CAMILA DE DAVID TESSELE MARTINI
DAIANE DRAWANZ HARTWIG1
LUIZA DE SOUZA KERN
LUIZA OLIVEIRA LEMOS MILLER
RÓGER GIUSTI MILLER2

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