Nome do Projeto
A memória do doce pelotense e a organização do Museu do Doce da UFPel
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
10/06/2021 - 10/06/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Este projeto é a continuação da pesquisa que destinou-se ao desenvolvimento de tese neste se procura compreender as motivações que levam a musealização do doce de Pelotas, e da escolha da Casa do Conselheiro Maciel – Casarão nº 08 da praça Cel. Pedro Osório em Pelotas - como sua sede. Propõem indicar as forças e interesses institucionais e políticos, que manejaram o processo e definiram as condições deste Museu. Analisar esse movimento de institucionalização da memória é de grande importância para entender como acontecem estes processos conduzidos por grupos locais e com atuação do IPHAN, na consolidação das escolhas locais como patrimônio nacional. Para tanto é necessária uma visão crítica deste processo, mostrar a trajetória das decisões e práticas em relação ao patrimônio material e imaterial e os discursos inerentes a estas ações.

Objetivo Geral

Entender as motivações para a criação do Museu do Doce da UFPele sua instalação na casa 08 da Pça Cel Pedro Osório

Justificativa

A análise aqui proposta pretende dar continuidade a analise das permanências e os silêncios nos processos de tombamento e de musealização realizados pelo IPHAN, usando como objeto de análise o processo ocorrido com a Casa do Conselheiro Maciel - bem tombado como patrimônio nacional na década de 70 e, depois, nos primeiros anos do século XXI, passou por um processo de musealização instigado pelo Instituto. Com este trabalho, buscamos entender como ocorrem algumas regularidades e atributos que perpassam um processo de patrimonialização.
Através de pesquisa exploratória com levantamento de fontes documentais e depoimentos de pessoas envolvidas no planejamento da construção do Museu Brasileiro do Doce, percebemos que a escolha dessa Casa não é um ato aleatório da Associação de Amigos do Museu Brasileiro do Doce e da Prefeitura, mas, sim, resultado de uma política de valorização do patrimônio cultural local como forma de desenvolvimento social e econômico.
Acreditamos que analisar esse movimento de institucionalização da memória é de grande importância para entender como acontecem estes processos conduzidos por grupos locais e com a atuação do IPHAN, na consolidação das escolhas locais como patrimônio nacional. Para tanto, é necessária uma visão crítica deste processo, mostrar a trajetória das decisões e práticas em relação ao patrimônio material e imaterial e os discursos inerentes a estas ações.
No caso específico do Museu do Doce, foram associados os dois patrimônios da cidade: o material, representado pela casa, o imóvel que é um dos primeiros exemplares de arquitetura eclética a ser tombado no Brasil, com um importante conjunto de bens integrados que representam um modo de vida das famílias ligadas à produção de charque no século XIX na cidade; e o imaterial, pela tradição doceira que, no momento de escolha da sede ainda não tinha o seu registro como patrimônio imaterial brasileiro, mas já começavam os primeiros passos para o trabalho de inventário.
Ao longo da revisão sobre a política de preservação de patrimônio no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, podemos perceber um predomínio do conteúdo da materialidade nos discursos com finalidade protetiva. Apesar do Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, que institui o registro e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e da Resolução nº 1, de 3 de agosto de 2006, que complementa o Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, opera-se uma definição processual do Patrimônio Cultural Imaterial que avança oscilante quando se depara com a inerência que o longo tempo de luta pela preservação dos bens materiais, sobretudo, do edificado, parece ter consolidado.
No Rio Grande do Sul, a superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN - no estado continua valorizando em larga escala o patrimônio material. Até o ano de 2006 , foram abertos setenta e dois (72) processos de pedidos de tombamento federal no Rio Grande do Sul. Todos eles de patrimônio material: sessenta e três (63) são de prédios, conjuntos arquitetônicos e/ou monumentos, os que se diferenciam são dois (02) monumentos naturais, que não foram tombados, e seis (06) coleções museológicas, das quais apenas três (03) foram tombadas e um calçamento de rua. Após o ano de 2006, foram encaminhados pelo IPHAN os processos referentes às culturas indígenas e negras, que se referiam aos índios Mibiá-Guaranis, junto às ruínas de São Miguel e ao de Porongos, sendo o primeiro já reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro. Com parceria da UFPel, foram organizados os inventários das lidas campeiras em Bagé e dos doces de Pelotas. Este último foi considerado patrimônio cultural brasileiro, no dia 15 de maio de 2018, em conjunto com o patrimônio material referente ao centro histórico da cidade e à área charqueadora.
Entre os setenta e dois processos iniciais, está o de tombamento da Casa do Conselheiro Maciel, em 1977, que em conjunto com a Casa do Barão de São Luiz e do Barão de Butuí - constitui um dos primeiros conjuntos ecléticos a ter proteção federal no país, segundo Fonseca (2005, p.184), a partir da mobilização da comunidade local. Do conjunto, destaca-se pela relevância estética, a casa do Conselheiro, em especial pelos exemplares de estuque esculpido que o diferenciam de outros exemplares decorativos no Estado. Não há um estudo mais profundo a respeito da história dos usos da casa desde a sua construção até o seu restauro para uso universitário. Sua condição atual como sede do Museu Brasileiro do Doce foi determinado pelo IPHAN, em parceria com o gestor do município e com pessoas ligadas à comunidade doceira. Este processo de musealização apontava a possibilidade de vir a desligar o prédio da história da sua origem.
No entanto, quando trabalhamos com patrimônio e, também, com museus, mais do que analisar os aspectos técnicos, precisamos entender que estes são resultado de sonhos, vontades, ideias e imagens de mundo, ligados à formação de seus organizadores ou àqueles que almejam a preservação do bem, muitas vezes para além das teorias utilizadas pelos estudiosos. Entender como foram engendradas as políticas de patrimônio não só nos permite entender as ações de preservação da memória, mas buscar entender os esquecimentos.
Como nos salienta Candau (2012), os museus são excelentes sociotransmissores, isto é são elementos atuantes na construção de discursos memoriais e na sua transmissão, que nos levam a pensar nas políticas de memória e em todos os dispositivos e mecanismos ativados por elas. (Ferreira e Michelon, 2015, p. 81)
O discurso memorial representado nos museus e espaços públicos leva a todos o que os grupos representados acreditam ser o seu discurso e que buscam consolidar no meio social em que interagem. Como nos diz Candau, a memória funciona como um elemento de coesão social e de identidade.
Por fim, como já citado, os museus, memoriais e monumentos são importantes sociotransmissores que fortalecem os discursos e as narrativas sobre determinado período, acontecimento. O que é preciso entender é o que está colocado por trás desta narrativa, os meandros que a engendraram.
Segundo Ruoso (2009), precisamos decifrar as nossas fontes com os olhos e com o coração para entendermos o visível e o invisível e chegar aos indícios por meio dos questionamentos e da comparação com as diversas fontes.
Compreender as motivações que levam à patrimonialização e à musealização de um bem permite a emergência de uma visão crítica deste processo. Entender estas ações, carregadas de subjetividade e de intenções, é instigante. Analisar esse movimento de criação da memória é fundamental para a comunidade; esse é um trabalho feito em sentido contrário, visto a partir da organização da instituição e de seus jogos de poder, a procurar nela os elementos de sua constituição. O trabalho meticuloso do investigador revela a trajetória das políticas que permitem as decisões em relação ao patrimônio e às referências inerentes a elas.

Metodologia

existentes, no arquivo da Biblioteca Publica Pelotense, onde são encontrados documentos avulsos, jornais, relatórios entre outros; documentos administrativos do Museu do Doce e da Associação de Amigos do Museu do Doce. Para analisar a forma como o público visitante e receptor deste discurso sobre o passado se posiciona diante do acervo, um questionário dirigido ao publico visitante da instituição.Será utilizada, também, a metodologia da história devida , com os depoimentos de funcionários do IPHAN,secretária de cultura, pessoas ligadas a associação de amigos, doceiras entre outros.
Ao se falar de histórias de vida estamos nos reportando á questão da experiência, traduzida aqui como essas vivências individuais,mas necessariamente vinculadas a um contexto social. Na narrativa o sujeito dá a ver essa forma como traduz e interpreta a realidade.A história oral e mais precisamente a história de vida tem possibilitado um avanço significativo na análise da experiência histórica através da introdução de temas fundamentais como as migrações, o mundo do trabalho, as questões de gênero, a construção de identidade étnicas, a violência nas sociedades contemporâneas, dentre outros.A busca e registro por testemunhos orais traz ao domínio do conhecimento acadêmico as vozes dos meios populares e subalternos. Assim a entrevista joga um papel importante na produção dessas fontes orais levando-se em conta a questão da interação pesquisador-pesquisado, uma vez que se trata de encontros de subjetividades; a memória não como uma recriação perfeita do passado,mas como uma reconstrução sempre problemática do mesmo e a forma de interpretar os dados advindos dessas fontes orais.

Indicadores, Metas e Resultados

Mapeamento dos possíveis entrevistados
-Sensibilização dos colaboradores
-Formação de colaboradores
-Realizaçãodas entrevistas
-Análise do material e formulação de dados
-Transcrição das entrevistas
-Catalogação de Documentos
-Pesquisa Documental
Indicadores de resultados ao final do projeto:
-Identificação de pessoas ligadas a produção do doce
-Organização e sistematização das entrevistas
-Organização de um Banco de Dados com o material coletado durante a pesquisa

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALINE REGIANE DE JESUS MOTA
CLÁUDIA ABRAÃO DOS SANTOS CELENTE
Camilo Cechinel Fontana
NORIS MARA PACHECO MARTINS LEAL3
RENAN MARQUES AZEVEDO DA MATA

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