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01/08/2021 - 31/08/2022

Ciências Humanas

A pandemia Covid-19 poderia estar criando novos tipos de vínculos nas relações humanas? Viver em tempos de pandemia é como ter a Espada de Dâmocles pendurada no pescoço todos os dias. Esta situação conduziu a mudanças significativas no modus operandi das nossas relações familiares, profissionais, sociais e mesmo religiosas, uma vez que responder a questão acima requer a compreensão de que os elementos morais das nossas relações são variados. E embora uma ampla gama de discussões filosóficas tenha mapeado algumas questões morais relacionadas à pandemia, uma coisa que parece ter sido negligenciada é que as próprias relações humanas têm um lugar de destaque como objeto de estudo. Devemos estar preparados para desdobrar o que chamamos de relações pandêmicas para compreender em profundidade as implicações dessa nova (provisória ou não) dinâmica social em nossas vidas morais. Nossa intenção com este projeto é analisar como nossas relações durante tempos de pandemia molda nossas relações morais. Como o título sugere, o projeto se concentra em três pontos principais: emoções, racionalidade e traços de caráter. O primeiro e o segundo pontos podem ser vistos como um fenômeno de Janus-faced. No primeiro, exploramos as relações pandêmicas com base em contornos emocionais. Para começar, devemos os conceitos de egoísmo e altruísmo, a fim de compreender suas nuances e peculiaridades nas interações humanas atormentadas por Covid-19. E, por último, o medo e a raiva serão considerados como tendo uma valência negativa nas interações sociais. Eles serão examinados a partir das perspectivas das ciências políticas, psicológicas e biológicas com o único propósito de aumentar nossa compreensão da adesão dos indivíduos ao populismo no contexto do COVID-19. O segundo ponto trata da racionalidade de nossas ações em situações extremas. As condições de agência são destacadas a partir de processos de tomada de decisão racionais e não racionais. Os filósofos morais também precisam abordar algumas respostas ao negador racional, cuja existência não é mera ficção em tempos de ataques à ciência. Mesmo situações que antes poderiam ser consideradas comuns, como lavar as mãos antes de almoçar em um restaurante ou manter uma distância respeitosa dos outros, agora são pintadas com cores fortes em discussões filosóficas e morais. Como esse conjunto de circunstâncias oferece uma mudança na dinâmica natural de nossas considerações, parece pressionar a racionalidade (instrumental ou não) de nossas escolhas em situações de risco. Finalmente, nosso terceiro ponto considera o papel que os traços de caráter dos agentes desempenham na formação da qualidade moral de nossos relacionamentos em tempos de pandemia. O isolamento e a distância social causados pela pandemia podem afetar profundamente nossas convicções morais, políticas e jurídicas.