Nome do Projeto
Antropofagias no Corpo e nas Artes da Cena
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
02/06/2021 - 01/06/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
Este projeto de pesquisa visa desenvolver ações que promovam estudos avançados sobre a antropofagia no corpo e na cena. Nesse sentido, vai se dedicar a pesquisar práticas espetaculares que operam através de mecanismos de incorporação e apropriação. O foco do trabalho serão espetáculos de dança, teatro e performance e processos de criação antropofágicos desenvolvidos por artistas tais como: Tamara Cubas, Jota Mombaça, e Teatro Oficina Uzyna Uzona. O projeto segue abordagem practice-led (pesquisa guiada pela prática), portanto irá se dedicar à produção de conhecimento por meio de estudos teóricos (revisão bibliográfica) em ressonância com a produção artística (criação de espetáculos, performances, workshops, palestra-performances). A pesquisa tem como base os estudos teóricos e práticos já iniciados na pesquisa de doutoramento intitulada "BITCH - The Solo-Cannibal Practice: An Anthropophagic Study to Solo Dance Making" desenvolvida na University of Roehampton (Reino Unido) pela proponente do projeto. Durante a pesquisa, pretende-se desenvolver a criação de grupo de estudos específico, a produção de pelo menos dois artigos inéditos, a realização de pelo menos dois espetáculos ou performances (presencial ou online), além de ações de compartilhamento da pesquisa que compreendem: realização de workshops, realização de evento artístico-científico, realização de palestras-performances.

Objetivo Geral

Promover estudos avançados sobre a antropofagia no corpo e na cena, a partir do estudo e criação de prática artística (espetáculos, workshops e palestras-performance), bem como a partir das teorias contextuais relevantes para o projeto (teoria queer, estudos descoloniais, perspectivas do Povo Indígena).

Justificativa

A proposta antropofágica, formulada por Oswald de Andrade (1928) a partir do antigo ritual do Povo Indígena, vem sendo regurgitada (MELAMED, 2011), e re-mastigada (NUNES, 2011. RINCÓN, 2011) por artistas da artes da cena desde que o grupo Teatro Oficina Uzyna Uzona, de José Celso Martinez Corrêa, ousou colocar em cena pela primeira vez o espetáculo "O Rei da Vela" (OSWALD DE ANDRADE, 1967) em 1967. A partir daquele momento, trabalhadores do teatro, da dança e da performance vem utilizando a antropofagia como poética e modo de composição dramatúrgica. Assim, artistas contemporâneos como Michel Melamed, Marcela Levi, Eduardo Severino, Tamara Cubas, João de Ricardo, Wagner Schwartz criam obras a partir da estratégia de incorporação de outros trabalhos/artistas, imprimindo traços característicos do que foi construído a partir do postulado antropófago: a irreverência, a jocosidade, o impudor e a audácia.
A antropofagia foi temática principal no desenvolvimento teórico e prático de meu estudo de doutoramento realizado na University of Roehampton (Reino Unido). A partir deste estudo, identifiquei a necessidade da pesquisa sobre o corpo antropofágico. Me dediquei em investigar o processo corpóreo necessário para ativar aquilo que denominei "animação antropofágica do corpo”, ou seja, como tornar um corpo apto à incorporação do outro. Nesse sentido, a antropofagia no corpo vai além de uma proposta dramatúrgica (que, muitas vezes, se confunde com a paródia), pois se instaura primeiramente no corpo do artista. O corpo-antropofágico, tal como formulei, é esburacado, aberto por todos seus buracos numa perspectiva que visa tirar da boca, e portanto da palavra, o lugar de protagonista do enunciado corpóreo antropófago. Essa perspectiva tem como base a proposta des(CU)lonial formulada por Jota Mombaça (2016) que, por sua vez, traz como referências as obras de Kilomba (2010) e Rolnik (2013; 1998).
Nesta nova fase da pesquisa, a partir deste projeto formulado na UFPel, desejo aprofundar este estudo, avançando na pesquisa sobre o corpo antropofágico, a partir da investigação dos modos de operação criados por artistas que se dedicam à ventura antropófaga em suas obras.
Existem três justificativas para a realização deste estudo. A primeira reside em pesquisar a antropofagia como uma prática das artes da cena que é relativamente difundida, porém que é, muitas vezes, compreendida dentro dos limites da formulação teórica. Nesse sentido, quer-se investigar como a metáfora da antropofagia age (ou pode pode agir) nos corpos dos artistas que a praticam. O segundo motivo se relaciona com a retomada da apropriação da antropofagia como uma prática ancestral Indígena dentro do contexto das artes. Ao propor avançar a proposta originária de Oswald de Andrade, é necessário considerar a antropofagia a partir do contexto atual no qual o lugar do Povo Indígena não pode ser coadjuvante. Assim, o projeto se justifica na tentativa de, a partir de estudos de referência (VIVEIROS DE CASTRO, 1992; 1998 ;2002; 2014. KRENAK, 2020. MUNDURUCU, 2009. VALLIAS, 2013) trazer a perspectiva Indígena como protagonista da formulação teórica e da prática antropofágica na cena. A terceira justificativa se refere a proposta metodológica do projeto que compreende a necessidade da investigação com base na prática. Apesar de haver projetos já bastante difundidos na área no Brasil (FERNANDES, 2018. da ROSA, 2016), a pesquisa baseada na prática artística ainda busca legitimação dentro da academia, assim, a proposta deseja contribuir nesse sentido, oferecendo um percurso metodológico de referência.

Metodologia

A metodologia vai seguir a abordagem practice-led ou PaR - practice as research (NELSON, 2013). Desta forma, a pesquisa será conduzida pela prática artística, realizada durante todo o processo de estudo. A investigação envolverá as seguintes ações:
1) Prática artística em estúdio (2 vezes por semana com grupo de pesquisa - a prática realizada online até o fim do período de isolamento devido a pandemia COVID-19, após serão realizados encontros presenciais);
2) Revisão bibliográfica a partir de literatura de referência (indicada na justificativa e bibliografia);
3) Escrita reflexiva (registrada em diário de processo e/ou cadernos de artista);
4) Planejamento e aplicação de workshops (para alunos, professores, profissionais da área) e palestras-performance (apresentação em eventos científicos);
5) Produção e apresentação de trabalhos de teatro, dança e performance;
6) Pesquisa sobre a prática artística. Incialmente os artistas a serem pesquisados serão as artistas da dança: Marcela Levi e Tamara Cubas. Após, a pesquisa aumentará seu escopo contemplando artistas da performance e teatro. A pesquisa sobre essas práticas será realizada a partir de encontros com artistas e também a partir do material produzidos pelos artistas: escritas, audiovisual, websites;
7) Realização de evento de cunho artístico-científico;
8) Produção de escrita acadêmica (produção de artigos, ensaios, traduções de material de referência).
Estas ações atuarão de forma cíclica (MESSIAS, 2011), na qual prática e teoria se alimentam na composição do trabalho de investigação. A escolha pela abordagem baseada na prática objetiva evidenciar a importância do método para a área, marcando também minha posição como artista-professora-pesquisadora. Além disso, a produção de trabalhos artísticos, workshops e palestras-performance visam produzir dados e elaborar formas de compartilhamento da pesquisa que ainda são pouco explorados, mas que oferecem modos originais de divulgação que objetivam gerar impacto significativo na área.

Indicadores, Metas e Resultados

Cronograma:
Ano 1 (de 2 de junho de 2021 a 2 de junho de 2022)
Ações-foco:
Prática artística em estúdio (2 vezes por semana com grupo de pesquisa - a prática realizada online até o fim do período de isolamento devido a pandemia COVID-19, após serão realizados encontros presenciais);
Revisão bibliográfica a partir de literatura de referência (indicada na justificativa e bibliografia);
Escrita reflexiva (registrada em diário de processo e/ou cadernos de artista);
Produção e apresentação de trabalhos de teatro, dança e performance;
Pesquisa sobre a prática artística de artistas de referência.

Ano 2 (de 3 de junho de 2022 a 3 de junho de 2023)
Ações-foco:
Prática artística em estúdio (2 vezes por semana com grupo de pesquisa - a prática realizada online até o fim do período de isolamento devido a pandemia COVID-19, após serão realizados encontros presenciais);
Revisão bibliográfica a partir de literatura de referência (indicada na justificativa e bibliografia);
Escrita reflexiva (registrada em diário de processo e/ou cadernos de artista);
Planejamento e aplicação de workshops (para alunos, professores, profissionais da área) e palestras-performance (apresentação em eventos científicos);
Produção e apresentação de trabalhos de teatro, dança e performance;
Realização de evento artístico-científico;
Produção de escrita acadêmica (produção de artigos).

Ano 3 (de 4 de junho de 2023 a 1 de junho de 2024)
Ações-foco:
Aplicação de workshops (para alunos, professores, profissionais da área) e palestras-performance (apresentação em eventos científicos);
Apresentação de trabalhos de teatro, dança e performance;
Produção de escrita acadêmica (produção de artigos e anais do evento artístico-científico).

Total 36 meses de pesquisa.

Metas:
- Criação de grupo de estudos específico: Antropofagias no Corpo e na Cena.
- Produção e publicação de pelo menos dois artigos inéditos.
- Realização de pelo menos dois espetáculos ou performances (presencial ou online).
- Realização de pelo menos quatro workshops e/ou palestras-performances, como forma de compartilhar, divulgar o trabalho realizado.
-Realização de evento científico.
-Organização e publicação de anais do evento.

Resultados esperados:
Produção e divulgação de material (teórico e prático) original sobre a antropofagia no corpo e na cena e realização de evento artístico-científico.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ADLER MACIEL CORREA
AGATHA FRANCINE NERY PERES
ALEXANDRA GONCALVES DIAS20
ALLISON LOURENCO DOS SANTOS
ANA CAROLINA FREITAS SILVA
ANA LAURA BIANCHINI
ANDERSON ROBERTO CRUZ DA SILVEIRA
Alêxander Christopher Pereira Garcia
Ane Adade Ferreira Prado
BEATRIZ DE OLIVEIRA BRUM
BEATRIZ LARA BUCHWISER SILVA PEDRASSANI
BIANCA MENDES ASCARI
BRENDA ARAUJO VULCANI
BRENDON TORRES DE MIRANDA
Bárbara Scola Lopes da Cunha
CAMILA SOARES COUTO
CANDIDA REIS CANIELAS
CAUA DE ABREU COIMBRA
Carlos Bento Freitas Barcellos Junior
DENILSON COSSERES FERREIRA
ERIKA LOPES DUARTE
FERNANDA GARCIA LUCAS
GABRIEL HENRIQUE DE ALMEIDA
GABRYEL PIONER
HAYNA HELYDA HELEIA ORDONE
ISABELLA MARIA MARTINS DE AMORIM
IZADORA SOUTO LAMAS
JAQUELINE RODRIGUES MARQUES
JENIS ROBERTA FERREIRA DE AZEVEDO
JESSICA FERNANDES DA PORCIUNCULA
JOÃO VITOR DA COSTA REIS
JÚLIA GARAGORRY GARCIA
LAIS GOULARTE RUSCH
LUCIANA RASSWEILER DE CAMPOS
LUIS OTAVIO COSTA NOYA PENNA
LUNA AURORA ANTUNES MAKSUDE
MARIA FONSECA FALKEMBACH5
MATHEUS REGATO NUNES SOARES
MAURÍCIO LEAL PONS
MILTON RICARDO DOS SANTOS OLIVEIRA JUNIOR
Matar Coume
NATALI SANTOS TASCHETTI
NATALIA ALVES BAHR
NATHANAEL PERES MARTINS
NAYARA GOMES PEREIRA
PAULO JUNIOR ANTUNES DEWES
REBECA PEREIRA SAN MARTINS
REJANETE VIEIRA
RENATA BOM REIS DE SOUZA
ROGERIO REUS GONCALVES DA ROSA4
TATIANA DOS SANTOS DUARTE
TAÍS CHAVES PRESTES2
THAYNA GERALDO DO NASCIMENTO CAETANO
THIAGO PIRAJIRA CONCEICAO4
Tatiana Nunes da Rosa
Tiago Siliprandi Giordani
VICTORIA CASSIA LUCERO DIAS
YAGO JOSE VIEIRA RODRIGUES
ÍTALO BORGES RIBEIRO

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