A Universidade Federal de Pelotas, por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Cognição e Aprendizagem (NEPCA), desenvolve ações nas temáticas da Educação Especial desde 2009, não apenas através de programas em âmbito nacional, como por meio de ações de pesquisa, ensino e extensão, realização de eventos, publicações, cursos e disciplinas, que tratam das temáticas da inclusão, dos processos de aprendizagem de pessoas com deficiência, atendimento educacional especializado, formação de professores, entre outros relacionados.
A partir de 2012, após aprovação do edital 2011\SECADI\MEC, desenvolveu o curso “Gestão da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva”, inicialmente como extensão e, a partir de 2014, como aperfeiçoamento. O curso, ofertado na modalidade semipresencial, oportunizou a formação de professores de diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul, contando com polos em Pelotas, Canoas, Santa Vitória do Palmar, entre outros municípios. Com duração de um ano, contou com 7 módulos e dois seminários, sendo desenvolvido de forma presencial uma vez ao mês e o restante a distância através do ambiente virtual de aprendizagem da UFPEL. Estes módulos compreendiam as temáticas da educação especial, especificidades de cada deficiência, organização da prática pedagógica, fundamentos da gestão educacional inclusiva, entre outros, sendo que os professores cursistas assumiam o compromisso de atuarem como multiplicadores em suas escolas, elaborando e apresentando ao final do curso, em seminário aberto, os resultados destas ações, estudos, elaboração dos PP das escolas inserindo os mecanismos de inclusão e práticas organizadas viabilizadoras da inclusão.
Aos sistemas parceiros, em sua maioria, secretarias municipais de educação, cabia o compromisso de viabilizar as ações internas nas escolas, acompanhar e apoiar os cursistas em seus deslocamentos e ações, além de colaborar efetivamente com a gestão do curso pela Universidade.
Tal modalidade se mostrou extremamente positiva, comprovada em pesquisas realizadas no decurso e após o curso, onde foram constatados os avanços possibilitados, sem que estes se configurem somente em tarefas do curso, mas em mudanças efetivas no interior das escolas e na prática do professor da sala de aula inclusiva e dos serviços oferecidos.
Entretanto, em que pese estes avanços verificados e analisados, sentiu-se a urgência de formação mais específica e aprofundada para além desta perspectiva de gestão, considerada importante, mas percebida como insuficiente para dar conta das especificidades do atendimento ao público-alvo da Educação Especial.
Em 2017 pactua-se novamente com a SECADI o oferecimento de formações continuadas, oportunizando nos anos de 2017 e 2018 os cursos de aperfeiçoamento em AEE-DI e aperfeiçoamento em AEE-DV, respectivamente. Os cursos foram ofertados na modalidade EAD com abrangência nacional.
Assim, pelo processo vivenciado no oferecimento das formações oportunizadas pela SECADI, pelas vivências do próprio grupo de pesquisa da UFPEL e, ainda, pelas demandas que são requeridas, entende-se que o oferecimento destas novas formações, além de estarem inseridas nas ações em desenvolvimento pelo grupo, atenderá as necessidades percebidas e solicitadas pela comunidade escolar e em geral.
Pretende-se oferecer a formação continuada para a rede de educação básica, numa perspectiva dialógica, emancipatória e reflexiva, na construção dos saberes necessários para atuação qualificada. Como afirma Silva (2009):
A Educação especial na perspectiva da educação inclusiva, problematiza as práticas educacionais hegemônicas e passa a utilizar conceitos interligados a diferença como possibilidade de compreender a relação e/outro na constituição da identidade e subjetividade do sujeito. Tal concepção defende o conhecimento e a convivência com as diferenças como promotoras de uma ultrapassagem das práticas rotuladoras, classificatórias da aprendizagem e dos preconceitos historicamente construídos em relação à pessoa com deficiência. O que requer uma revisão na definição e na conceituação da função da escola, da concepção de conhecimento, do ensino e da aprendizagem, uma vez que a nova concepção define as ações educacionais que interferem diretamente no percurso escolar do aluno e na sua constituição como sujeito. A Educação Especial, quando presente no ensino regular, de acordo com essa nova concepção, atinge necessariamente a escola comum em seus fundamentos e práticas (p. 14).
Desta forma, justifica-se o presente projeto de extensão, na medida em que visa atender a Política Nacional de Educação Especial e sua concretização nas escolas, possibilitando a formação continuada de professores da educação básica numa perspectiva de atendimento à diversidade e atendimento educacional especializado em Tempos de Pandemia.
Atendendo o proposto pela Diretoria de Educação Especial, do Ministério da Educação, propomos o curso de "Curso de Extensão em Serviço de Atendimento Educacional Especializado e a utilização das tecnologias como acesso à aprendizagem" desenvolvido em três módulos, a fim de que a discussão dos aspectos que envolvem o Atendimento Educacional Especializado e o uso de tecnologias.
Assim, o curso propõe, em toda a sua extensão, a realização de atividades teórico-práticas como relações entre os conceitos trabalhados nos módulos.
Neste curso, são propostos revisão de conceitos e práticas para o Atendimento Educacional Especializado, as singularidades e desafios para o ensino remoto, o desenho universal da aprendizagem e o trabalho colaborativo para inclusão na sala de aula, a identificação, avaliação e planejamento das intervenções pedagógicas no AEE, assim como a criação de materiais e recursos adaptados.
Salienta-se que estes diferentes módulos se dão em consonância com as demais atividades específicas dos módulos propostas pelos professores formadores, quais sejam, estudos teóricos, atividades a distância, chats e bate-papos sobre as temáticas trabalhadas. Entende-se que, assim, o curso não se resumirá a oferecer subsídios informativos, mas a estabelecer relações teórico-práticas que se traduzam nos cotidianos das escolas.
Por fim, é perceptível em meio a esta pandemia que estamos vivenciando uma mudança brusca, tanto por parte dos professores, assim como para os estudantes, pois agora eles têm como ferramenta de trabalho os celulares e os computadores e com isso o enfrentamento dos desafios técnicos e emocionais.
Considerando as dificuldades já enfrentadas pelos alunos público-alvo da Educação Especial, dos professores das salas e professores de AEE em organizar os serviços de apoio, estas questões se ampliam nos tempos de ensino remoto, em que a aproximação se dará também através de tecnologias da informação, recursos adaptados, entre outros, que viabilizarão as aprendizagens e desenvolvimentos demandados pelos alunos e turmas onde estão incluídos.
Assim, o curso pretende oportunizar a reflexão sobre a realidade vivenciada neste momento, mas também fornecer elementos que qualifiquem as práticas e atendimentos de todos envolvidos no SAEE através da acessibilidade por meio do uso de ferramentas e tecnologias que evidenciam a inclusão significativa.