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Sabe-se que o comprometimento do estado nutricional é frequente em pacientes com câncer, resultando em perda de peso, perda de massa muscular e diminuição da força muscular, e consequentemente redução da QV e da sobrevida desses pacientes (NORMAN et al., 2010).
A BE é um método, não invasivo e seguro, de avaliação da composição corporal, que tem demonstrado grande relevância prognóstica, em relação à morbimortalidade, especialmente em doenças como o câncer (MIURA et al., 2019; NORMAN et al., 2010). O AF é um parâmetro obtido a partir da análise da BE, se relaciona com a integridade e vitalidade da membrana celular, expressa a quantidade e qualidade de tecidos moles e indica, deste modo, a saúde celular (NORMAN et al., 2015). O AF é afetado pela doença, pelo estado nutricional (desnutrição), inflamação, entre outros fatores. Um maior AF sugere melhor função celular (NORMAN et al., 2010).
Essa medida tem sido muito utilizada como um indicador do estado nutricional, saúde geral e prognóstico em pacientes com câncer e outras doenças graves (NORMAN et al., 2010). Além disso, os dados encontrados na literatura, sugerem que os menores valores de AF estão relacionados aos piores resultados de QV nesses pacientes (MIURA et al., 2019; NORMAN et al., 2010, 2015; SCHULZ et al., 2017).
Diante do exposto, faz-se importante a identificação de técnicas não invasivas para avaliação de composição corporal e identificação de estado nutricional em pacientes com câncer e que possam estar relacionados com a QV nesses pacientes, visto que os dados são limitados e poucos estudos avaliaram especificamente a relação entre AF e QV, não concentrando as análises somente nessa associação.
É relevante que estudos avaliem e identifiquem fatores que possam estar relacionados com a evolução da diminuição da QV, da piora clínica e do prognóstico no paciente com câncer, para que os pacientes em risco de desfechos clínicos desfavoráveis, sejam identificados precocemente e tenham uma intervenção direcionada e adequada com objetivo de prevenir piores prognósticos (NORMAN et al., 2015).

Estudo transversal, recorte de uma pesquisa longitudinal realizada no período de março a dezembro de 2004, com pacientes com câncer no serviço de quimioterapia do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Foram incluídos para este estudo todos os pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, recém diagnosticados e submetidos pela primeira vez a quimioterapia e foram excluídos aqueles pacientes que apresentavam alguma limitação que comprometesse a coleta adequada dos dados.
O AF foi estimado através da análise da BE, realizada com o instrumento BIA (RJL Systems® Quantum 101, utilizando o software VCORP®), com frequência de 50 kHz.
A avaliação da QV foi realizada através do instrumento WHOQOL-bref, validado para população brasileira. Este instrumento contém 26 questões divididas em quatro domínios: físico, psicológico, meio ambiente e relações sociais e duas questões gerais, qualidade de vida geral e saúde geral. As respostas foram obtidas através de uma escala tipo Likert de cinco pontos, de 1 a 5, após foram transformadas em escores de 0 a 100, sendo que quanto mais próxima de 100 a pontuação, melhor é a QV (WHOQOL Group, 1998).
Os dados foram duplamente digitados em um banco para análise estatística. Para as variáveis contínuas, serão apresentadas as médias e os desvios padrão ou medianas e intervalos interquartis, conforme sua distribuição e, para variáveis categóricas, serão apresentadas as devidas proporções e intervalos de confiança.
Serão aplicados ainda testes paramétricos e não paramétricos para testar associações. A variável QV, bem como seus respectivos domínios, serão consideradas desfechos e o AF exposição, para análise de regressão linear com ajuste para possíveis fatores de confusão. A análise será realizada no pacote estatístico Stata 15.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPel (OF. 076/2003). Todos os indivíduos que aceitaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Espera-se encontrar os seguintes resultados:

- Baixos valores de AF nos pacientes;
- Os pacientes com câncer apresentarão baixa QV em relação ao domínio físico, qualidade de vida geral e saúde geral do WHOQOL-bref;
- Os pacientes apresentarão baixos resultados na avaliação da capacidade funcional pela ASG-PPP;
- O menor AF está associado aos menores valores de QV no domínio físico, qualidade de vida geral e saúde geral nos pacientes com câncer em tratamento quimioterápico;
- O menor AF está associado a pior capacidade funcional em pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico.