Nome do Projeto
O TRABALHO DOMÉSTICO ENTRE O PASSADO E O PRESENTE
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
01/06/2017 - 31/12/2017
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Eixo Temático (Principal - Afim)
Cultura / Trabalho
Linha de Extensão
Grupos sociais vulneráveis
Resumo
O presente projeto surgiu em 2014 a partir da implantação do MUARAN – Museu de Arqueologia e Antropologia da UFPel, em que algumas entidades de Pelotas foram selecionadas, por meio de sorteio, para estarem representadas neste Museu. Uma das entidades foi o Sindicato das/os Trabalhadoras/es Domésticas/os de Pelotas. Em 2015, este projeto passa a ser vinculado ao GEEUR – Grupo de Estudos Etnográficos Urbanos, do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFPel, e tem suas discussões ampliadas para questões do meio urbano. Desde sua criação, as atividades visam a parceria entre Sindicato e Universidade ( por meio do MUARAN e do GEEUR); A proposta do Museu é contemplar grupos que comumente não estão representados nas instituições tradicionais, de maneira participativa, utilizando os preceitos da sociomuseologia (MOUTINHO, 2007 e 2008; ALFONSO, 2012, CHAGAS, 1994 e 2009), a qual objetiva pensar as entidades em uma construção conjunta com diversos segmentos da sociedade (MATHIAS, et al, 2016). No entanto, a partir de 2016, os debates passaram a impulsionar discussões e estudos junto a trabalhadoras domésticas não-sindicalizadas, como forma de compreender problemáticas envolvendo a profissão, relações de afeto e, ainda, entender quais motivos levam as trabalhadoras a não estarem vinculadas ao Sindicato. Para 2017, o foco continua sendo os trabalhos junto a essas mulheres não-sindicalizadas, por meio de organizações fora do Sindicato e contato com trabalhadoras que não estão vinculadas a nenhuma entidade, oficial ou extra-oficial (como associações de mulheres em Igrejas, por exemplo). O projeto, portanto, pretende construir ações de participativas com essas mulheres, buscando aprofundar e entender essas relações de afeto que permeiam a profissão, continuar atividades que visem dar visibilidade e minimizar os estigmas do trabalho doméstico e compreender de que maneira a materialidade está envolvida nas relações – os objetos/artefatos, as edificações e os espaços físicos de circulação dessas mulheres, os trajetos de mobilidade urbana. Dessa forma, este projeto aproxima debates interdisciplinares, principalmente pautados na Antropologia e Arqueologia.

Objetivo Geral

Para o ano de 2017 o projeto pretende:
1) Ampliar as discussões sobre as fronteiras entre política-trabalho/afeto;
2) Compreender de que maneira a materialidade está envolvida no cotidiano dessas mulheres: tanto objetos/artefatos quanto os espaços de moradia, de trabalho e de circulação;
3) Articular os resultados desses debates com outros projetos de extensão em que muitas trabalhadoras domésticas também aparecem envolvidas;
4) Identificar novas redes de relações que ultrapassam a profissão propriamente dita;
6) Promover e ampliar a valorização da profissão, por meio de ações participativas, buscando minimizar os efeitos estigmatizados que esse trabalho carrega.

Justificativa

Ao longo da história do trabalho doméstico no Brasil (e nas Américas), desde o perído escravista, essa profissão esteve comumente entendida como inferior, quando comparada a outras. Este projeto possibilitou a ampliação de discussões junto à comunidade sobre tal profissão e tem realizado atividades, junto às trabalhadoras, que promovem a valorização desse trabalho e dessas mulheres. Oficinas, exposições itinerantes e participações em eventos têm sido um meio não-usual de apresentar o trabalho doméstico através da visão das próprias trabalhadoras em locais em que não há debates a cerca dessa profissão em Pelotas. É necessário que ocorra a continuidade de outras atividades de extensão para que seja possível integrar, ainda mais, a profissão no rol de trabalhos considerados "dignos". Quando se trata de situações de afeto, percebe-se que as trabalhadoras acabam, muitas vezes, envolvidas com a família para a qual prestam serviço (MATHIAS, et al, 2016); no entanto, em alguns casos, as trabalhadoras necessitam de afastamento do serviço por problemas de saúde ou há a exigência da extensão do horário de trabalho para além das 8 horas de jornada – sendo assim, essas relações de afeto acabam por criar barreiras de efetivação dos direitos trabalhistas. O afeto é usado como ferramenta de intermediação. Também, há casos de afastamento da trabalhadora de sua própria família, em função da jornada de trabalho, o que pode fazê-la se aproximar, ainda mais, da família para qual presta serviço. Além disso, alguns objetos e artefatos envolvidos no cotidiano podem ser motivos de afastamentos ou aproximações entre contratantes e contratadas – é possível observar casos em que espaços para refeições e higiene sejam separados para contratantes e trabalhadora; mesmo alimentos podem ser diferentes: o almoço de "patrões/patroas" é um, enquanto das trabalhadoras, é outro, inferior, ou elaborado a aprtir de restos da família. Outro aspecto importante diz respeito ao aparecimento de várias trabalhadoras em outros projetos de extensão vinculados ao GEEUR. Algumas são mães, filhas ou parentes de interlocutoras/es e de participantes de outros gurpos comunitários, outras fazem parte do próprio grupo com quem esses outros projetos de extensão estão trabalhando. Por todos esses aspectos, para compreensão de outrso ainda não visíveis, há a necessidade de continuidade e aprofundamento do presente trabalho construído conjuntamente entre Universidade e Comunidades de trabalhadoras domésticas. Reafirma-se a importância de trabalhos de extensão na tentativa de reduzir as características negativas atribuídas a essa profissão ao longo do tempo, desde o período escravista, até a atualidade. A aproximação entre pesquisa e extensão é um caminho para que ocorram as mudanças necessárias na visibilização e na minimização dos estigmas do trabalho doméstico e a exposição itinerante, fruto das oficinas, foi um dos elementos que auxiliaram nesse processo. Sem os diálogos de pesquisadoras/es e comunidade não seria possível compreender as demandas das trabalhadoras domésticas e suas percepções a partir de suas próprias experiências (MATHIAS, et al, 2017). Cabe salientar que uma estudante participante do projeto é trabalhadora doméstica e outras duas, são filhas de trabalhadoras.

participante do projeto é trabalhadora doméstica e outras duas, são filhas de trabalhadoras.

REF. BIBLIOGRÁFICAS:

ALFONSO, L. P. Arqueologia e Turismo: sustentabilidade e inclusão social. Tese (Doutorado em Arqueologia) – MAE, USP, São Paulo, 2012.
BRITES, J.; FONSECA, C. Cuidados profesionales en el espacio doméstico: algunas reflexiones desde Brasil - Diálogo entre J. Brites y C. Fonseca. R. de C. Sociales. Facultad Latinoam. de C. Sociales. n. 50, Quito, sep/2014, pp.163-174.
BRITES, J. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu (29), jul-dez/2007. pp. 91-109.
CHAGAS, M. Novos Rumos da Museologia. Cadernos de Sociomuseologia, n.2. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas. 1994.
CHAGAS, M. O Campo de Atuação da Museologia. Cad. de Sociomuseologia: C. de E. de Sociomuseologia, América do Norte, 2, Maio/2009. Disponível em: http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/533/436>. Acesso em 14/02/2012.
COSTA, Ana Paula do A. Criados de servir: estratégias de sobrevivência na cidade do Rio Grande (1880 – 1894). Pelotas: UFPEL – Programa de Pós- Graduação em História (Dissertação de Mestrado), 2013.
MATHIAS, Simone F.; RODRIGUES, Marta B.; ALFONSO, Louise P.; RIETH, Flávia M. S. Trabalho Doméstico em Pelotas: construindo ações participativas para visibilizar a profissão. Anais do III Congresso de Extensão e Cultura da UFPel - CULTURA. Pelotas: Ed. da UFPel, 2016, pp. 326-329.
MOUTINHO, M. Definição evolutiva de Sociomuseologia. XIII Atelier Internacional do MINOM, Setembro. Lisboa: Lisboa Setúbal, 2007.
MOUTINHO, M. Os Museus como instituições prestadoras de serviços. Revista Lusófona de Humanidades e Tecnologias, n.12, 2008.
RODRIGUES, Marta B. “A vida é um jogo para quem tem ancas”: uma arqueologia documental sobre mulheres escravas domésticas em Pelotas/RS no século XIX. Dissertação (Mestrado em Antropologia). Pelotas, UFPEL, 2015.
RODRIGUES, Marta B.; RIETH, Flávia M. S.; ALFONSO, Louise, P. Trabalhadoras domésticas em Pelotas: ações participativas fomentando debates para visibilizar a profissão - do passado escravista à atualidade. UFPel, 2016. (NO PRELO).
SILVA, Maysa L.; RODRIGUES, Marta B.; ALFONSO, Louise P.; RIETH, Flávia M. S. Novas configurações sobre afeto no Trabalho Doméstico Sindicato, desvinculações e reaproximações familiares. Anais do III Congresso de Extensão e Cultura da UFPel - TRABALHO. Pelotas: Ed. da UFPel, 2016, pp. 98-101.
THOMAS, Julian. A materialidade e o social. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia.São Paulo, suplemento 3, 1999. pp. 15-20.

Metodologia

A abordagem metodológica é interdisciplinar, pautada principalmente no método etnográfico, com inserção em campo e observação participante. Atenta-se, como anteriormente mencionado, para as relações humanas e com a materialidade que envolvem o cotidiano das trabalhadoras. São realizadas, também, entrevistas e registros fotográficos. Ainda, são utilizados registros fotográficos de acervos pessoais das trabalhadoras e outros documentos que são importantes para o entendimento do cotidiano dessas mulheres, como contratos trabalhistas, mapas da cidade, plantas baixas de casas em que elas trabalham ou trabalharam. Uma forma de reproduzir algumas casas é através do desenho antropológico, em que as trabalhadoras produzem imagens da maneira como se lembram ou como elas veem o espaço físico em que atuam (tanto profissionalmente, como em outros aspectos da vida diária). Toda a metodologia é voltada para compreensão das vidas dessas mulheres e para a posterior produção conjunta de ações como exposições, oficinas, acervos.

Indicadores, Metas e Resultados

INDICADORES:
1) Continuação das atividades e entrevistas sobre relaçõess de trabalho e afeto;
2) Finalização parcial de trabalho sobre edificações, espaços físicos, mapeamento e materialidade;
3) Oficinas com trabalhadoras domésticas não-sindicalizadas e produção de nova exposição itinerante com outras entidades fora do Sindicato;
4) Entrevistas com pessoas das redes de relações dessas trabalhadoras;
5) Acompanhamento e participação de atividades com trabalhadoras domésticas junto a eventos da classe;
6) Produção de textos para publicações e participações de eventos acadêmicos.

AÇÕES:
Grupo de estudos sobre trabalho doméstico – 01/05 a 15/12
2 Oficinas intermediadas pela Dona Eva Castro – outubro e novembro
1 Exposição itinerante idealizada, organizada e realizada através dos contatos da D. Eva - dezembro
1 Mostra de filmes sobre trabalho doméstico (pensei que pode ser junto com as oficinas) – ver quantos dias.- inventei s[o pra ser diferente, mas podemos deixar isso pra pensar mais adiante. - outubro e novembro

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DAIANA OLIVEIRA FELIX DE OLIVEIRA
FLAVIA MARIA SILVA RIETH3
LOUISE PRADO ALFONSO2
MARTA BONOW RODRIGUES
MARTHA RODRIGUES FERREIRA
MAYSA LUANA SILVA
NATHALIA KETLEN DIAS OLIVEIRA
SIMONE FERNANDES MATHIAS
Wagner Ferreira Previtali

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