Nome do Projeto
Uso de telas, duração e qualidade do sono noturno de adolescentes aos 15 anos na Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
25/11/2021 - 28/02/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O sono é uma forma de homeostase cerebral, estando ligado a várias funções corporais (BRINKMAN; SHARMA, 2018). Distúrbios do sono na adolescência estão associados a problemas psicossociais, como ansiedade e depressão, baixo desempenho escolar e comportamentos de risco, como uso de álcool e drogas (PIN ARBOLEDAS et al., 2011; SHOCHAT; COHEN-ZION; TZISCHINSKY, 2014). Uma metanálise de estudos com crianças e adolescentes mostrou que problemas de sono (duração insuficiente, distúrbios do sono e sono de má qualidade) estão negativamente associados a funções cerebrais, como memória e humor, e a saúde em geral (DUTIL et al., 2018). Com o decorrer da vida, diminui o tempo necessário de sono para que se atinja um adequado descanso. Para adolescentes de 14-17 anos, a National Sleep Fundation recomenda 8 a 10 horas de sono por dia e destaca que, embora durações de 7 a 11 horas/dia possam ser consideradas apropriadas, durações < 7 horas ou maiores que 11 horas não são recomendadas (HIRSHKOWITZ et al., 2015). Distúrbios do sono são comuns em adolescentes do mundo inteiro (GRADISAR; GARDNER; DOHNT, 2011). A pesquisa Sleep in America 2011 encontrou que 77% dos adolescentes americanos, entre 13 e 18 anos de idade, têm problemas de sono. Muitos são os fatores que interferem na quantidade e qualidade do sono na adolescência, entre eles a depressão, turno escolar (manhã e noturno), trabalho, sedentarismo e uso de drogas lícitas e de cafeína. Mais recentemente, o uso de telas tem sido identificado como um fator associado a diminuição da duração e à piora da qualidade do sono noturno (KOKKA et al., 2021). Revisão sistemática realizada por Malheiros et al encontrou prevalência de sono insuficiente (< 8horas/dia) variando de 10,8% a 17,8%, entre adolescentes brasileiros (MALHEIROS et al., 2021). Em revisão sistemática de estudos com crianças e adolescentes foi encontrada associação positiva entre uso de telas e má qualidade do sono (LUND et al., 2021). O uso de telas foi introduzido no cotidiano humano ao final do século passado, em meados de 1980, com o advento dos computadores e, logo após, da internet. Os computadores foram gradativamente aperfeiçoados, assim surgindo os laptops, smartphones e tablets. O mercado tecnológico cresceu e se expandiu, oferecendo desde jogos com realidade virtual até home offices. O público consumidor é diverso, desde crianças até idosos. O mais popular dos meios de acesso a internet tem sido o smartphone, ferramenta de uso diário e sempre ao alcance da mão (TEENS AND TECH SURVEY 2018 | PEW RESEARCH CENTER, [s. d.]) A Organização Mundial de Saúde e a American Academy of Pediatrics não estabelecem um limite máximo de tempo de uso de telas, específico para adolescentes. A maioria dos estudos na literatura, porém, utiliza o ponto de corte menor que duas horas por dia como limite saudável. (ORGANIZATION, 2019; SINGH; BALHARA, 2021).

Objetivo Geral

Avaliar a associação entre a intensidade do uso de telas e a duração e qualidade do sono de adolescentes, aos 15 anos de idade, na Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004.

Justificativa

O papel do sono na saúde e desenvolvimento dos adolescentes está bem estabelecido na literatura (GRANDNER, 2017). Metanálises e estudos populacionais realizados em países de alta renda demonstraram efeito prejudicial do uso de telas, tanto sobre a quantidade como sobre a qualidade do sono (HALE; GUAN, 2014), (BAIDEN; TADEO; PETERS, 2019). No entanto, como evidenciado na revisão de literatura, os estudos até então realizados para investigar essa associação foram conduzidos predominantemente nos Estados Unidos e em países europeus. Não foi localizado nenhum estudo brasileiro, que tenha investigado essa associação. Como o padrão de sono varia em diferentes culturas (OLDS et al., 2010), os resultados de estudos em países ricos não necessariamente refletem a realidade dos adolescentes que vivem em países de média e baixa renda. Além disso, estudos indicam que o acesso a internet e o uso de telas está aumentando entre os adolescentes brasileiros (CETIC.BR, 2019). Esse será o primeiro estudo de base populacional realizado no Brasil para investigar a associação do uso de telas com a quantidade e qualidade do sono noturno entre adolescentes, e o segundo no mundo a ser realizado em país de média ou baixa renda. Os resultados deste estudo poderão contribuir para diminuir este déficit de informação que separa os países ricos e os de renda média, quanto à associação entre uso de telas e sono noturno na adolescência. Os resultados deste estudo poderão auxiliar na formulação de recomendações quanto ao tempo adequado de uso de telas, de forma a não prejudicar a quantidade e qualidade do sono, que são características fundamentais para a memória, aprendizado e saúde mental dos adolescentes.

Metodologia

O estudo será uma análise transversal de dados coletados no acompanhamento de 15 anos de idade, na Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004.
A linha de base da Coorte de 2004 foi realizada de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2004, quando foram incluídas 4.231 recém-nascidos vivos. Após o nascimento, os participantes da coorte foram reavaliados aos 3, 12, 24 e 48 meses e aos 6 e 11 anos de idade com taxas de acompanhamento respectivamente de 99,2%, 95,7%, 94,3%, 93,5%, 92%, 90,2% e 86,6% (SANTOS et al., 2011, 2014).
O acompanhamento dos 15 anos foi realizado de maneira presencial entre 20/11/2019 e 17/03/2020, no Centro de Pesquisas Epidemiológicas (CPE) Dr. Amilcar Gigante, da Universidade Federal de Pelotas, quando foi interrompido pela pandemia de COVID-19. De 31/03/2020 a 22/10/2020, em vigência da pandemia, 79 adolescentes foram entrevistados via telefone. Ao todo, foram entrevistados 2.029 adolescentes, correspondendo a uma taxa de acompanhamento de 50,4%.

Indicadores, Metas e Resultados

6. HIPÓTESES

1) O tipo de tela mais utilizado pelos adolescentes serão os smartphones (CETIC.BR, 2019)
2) O tempo médio diário de uso de telas será maior que 2 horas por dia (PATTE et al., 2019).
3) A duração média do sono noturno será de aproximadamente 8 horas (FAUGHT et al., 2019).
4) A prevalência de uso excessivo de telas será em torno de 70%
(SCHAAN et al., 2019b)
5) A prevalência de sono noturno insuficiente será em torno de 50%
(KOCEVSKA et al., 2021)
6) O uso excessivo de telas (≥ 2 horas/dia) estará positivamente associado
a duração insuficiente do sono noturno (< 8 horas/dia) (YOO, 2020)
7) O uso excessivo de telas (≥ 2 horas/dia) estará positivamente associado
a pior qualidade auto referida do sono (YOO, 2020)

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BIANCA DEL PONTE DA SILVA
INA DA SILVA DOS SANTOS1
Priscila da Silva Echevarria

Página gerada em 21/12/2024 15:37:19 (consulta levou 0.075048s)