Nome do Projeto
Jornalismo e finanças: produção do site Superávit Caseiro
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
01/03/2022 - 20/12/2024
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Sociais Aplicadas
Eixo Temático (Principal - Afim)
Comunicação / Educação
Linha de Extensão
Jornalismo
Resumo
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada em novembro de 2021, mostra que há cerca de 12 milhões de famílias endividadas no Brasil, o maior índice em onze anos. Isso representa 74% dos lares familiares possuindo dívidas com vencimento nos próximos meses ou atrasadas. O índice não surpreende, tendo em vista que, conforme avaliação do instituto de pesquisa americano Gallup Poll, o Brasil tem o 68° pior índice de alfabetização financeira do mundo. Com esses dados, o projeto de extensão consta na criação e produção de um site voltado principalmente para o público da Zona Sul do Rio Grande do Sul, onde está localizada a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), com textos jornalísticos dos mais diversos gêneros sobre economia e finanças. Além de alunos e professores, também haverá a participação de convidados externos para contribuir com a alfabetização financeira da sociedade através da circulação de informação e conteúdo.

Objetivo Geral

- Desenvolver o site Superávit Caseiro com conteúdos voltados para economia e finanças com ênfase no jornalismo econômico de serviços.

Objetivos específicos:
- Produzir textos dos mais variados gêneros jornalísticos (notícia, nota, reportagem, artigos, colunas de opinião, entrevistas, etc.) que se caracterizam como jornalismo econômico.
- Contribuir com o desenvolvimento regional através da produção de textos jornalísticos que não apenas informem, mas também que auxiliem na alfabetização financeira da população.
- Levantar e promover a circulação de informações relacionadas ao âmbito econômico e financeiro, com prioridade para pautas de serviço (finanças pessoais).
- Propiciar um espaço para a prática jornalística dos estudantes contribuindo para o desenvolvimento social e regional.

Justificativa

São inúmeras as pesquisas que apontam o analfabetismo financeiro da população brasileira. Em novembro de 2021, a Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou pesquisa que mostra que há cerca de 12 milhões de famílias endividadas no Brasil. Já ranking desenvolvido pelo instituto de pesquisa americano Gallup Poll em 2015, apontava o Brasil com o 68° pior resultado global, quando o assunto é finanças e economia. E regionalmente, o Instituto e Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS) divulgou em dezembro de 2021 que 44% dos gaúchos vão encerrar o ano endividados. Claro que a pandemia do Coronavírus ajudou a agravar essa situação, no entanto, pesquisas anteriores a pandemia confirmam o desconhecimento dos brasileiros sobre questões básicas de finanças e economia. Um exemplo disso é que, com a própria pandemia, muitas famílias brasileiras foram pegas de surpresa sem nunca terem ouvido falar de reserva de emergência, que consiste em conservar um valor investido com taxas de rendimento pelo menos iguais às da inflação, sendo o valor total dessa reserva a renda familiar mensal do sujeito multiplicada por seis. Ou seja, em uma situação de perda de emprego ou fechamento de negócio, o indivíduo teria uma renda para se manter com o mesmo padrão de vida por pelo menos seis meses, podendo nesse período procurar outra forma de renda.
Todo esse contexto coloca o jornalismo em um lugar protagonista para auxiliar a população. Geralmente esses conteúdos são divulgados por consultoras de investimentos ou especialistas que trabalham para alguma empresa e que, portanto, tem algum tipo de interesse financeiro nas orientações prestadas ao público em geral, almejando conquistar novos clientes. O jornalismo, no entanto, vale-se do conceito de interesse público e levanta, apresenta e interpreta dados sem ter um interesse financeiro por trás dessa informação quando não está ligado ao setor privado, como é o caso do presente projeto. É com esse objetivo, de promover a informação sobre economia e finanças e, ao mesmo tempo, auxiliar na alfabetização financeira da população – com ênfase na região Sul do estado do Rio Grande do Sul – é que foi planejado o site Superávit Caseiro. Trata-se de um site alocado nos domínios da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), que pode ser acessado pelo endereço eletrônico: https://wp.ufpel.edu.br/superavit/. Nele serão publicados textos produzidos pelos participantes do projeto e convidados externos, tendo como foco principal o jornalismo econômico, com ênfase em finanças pessoais e serviços.
Assim, vale lembrar que localizamos a temática “finanças pessoais” dentro do campo microeconômico, afinal, como explica Gitman (2010), as finanças pessoais se referem à tomada de decisões do sujeito, podendo ser ele produtor ou consumidor. Ademais, a pesquisa sobre o tema se preocupa com o impacto que as decisões financeiras desses atores econômicos têm na vida pessoal ou familiar. O autor complementa que para elaborar as suas finanças pessoais, o sujeito deve levantar as próprias necessidades e, então, fazer o planejamento financeiro e o orçamento familiar, tendo como objetivo melhorar o controle de gastos e a qualidade da aquisição de bens ou serviços que possam satisfazer a necessidade do indivíduo ou de uma pequena coletividade gerida por ele. “Independentemente de quanto você tem para investir, o conhecimento de finanças pode ajuda-lo a decidir em que tipo de investimento financeiro investir seu dinheiro, quanto deve ser investido e como os recursos investidos devem ser distribuídos entre diferentes investimentos” (GITMAN, 2010, p.2).
Já sob a perspectiva do jornalismo, ressalta-se a combinação entre o conhecimento da profissão, estudada pelos graduando de jornalismo com a supervisão do professor e coordenador do projeto, prof. Dr. Eduardo Ritter, com os conhecimentos específicos da área de finanças e economia, que são repassados pelas fontes consultadas para prestar informações, contextualizações e esclarecimentos. Basile (2002), inclusive, referindo-se ao jornalismo econômico destaca que “não há notícias chatas. Há matérias chatas, feitas por repórteres e editores chatos, para publicações chatas” (BASILE, 2002, p.7). Ou seja, o jornalista deve saber como passar a informação de forma interessante ao público. E como não cair na armadilha de apenas repetir o que é dito pelas fontes e escrever um texto chato? O autor sugere que para isso é preciso um olhar criativo e curioso sobre a realidade. “É preciso, às vezes, lembrar-se de quando você era criança e tinha a leveza de fazer as perguntas que ninguém fazia, de ir atrás das respostas onde ninguém tinha procurado” (BASILE, 2002, p.9). Essa perspectiva corrobora com a de autores e consultores financeiros consagrados, como o americano Robert Kiyosaki (2000) ou o brasileiro Gustavo Cerbasi (2016 e 2019). O segundo acrescenta que a cultura ocidental em que estamos inseridos faz forte incentivo ao consumo, sem contrabalancear com investimento em educação financeira da população, gerando uma grande massa que gasta mais do que ganha e que se endivida para ostentar bens materiais. “Somos pressionados a construir um patrimônio incompatível com nossa renda” (CERBASI, 2016, p.31).
Esse cenário vai ao encontro da formação de uma sociedade baseada na dominação econômica, explicitada por Weber (2009), ao destacar que os poucos que têm a informação sobre o assunto de maneira mais profunda são os que se mantém no poder.. Afinal, mantendo a maioria da população sem um conhecimento básico sobre finanças é mais fácil manter uma estrutura em que um pequeno número concentra tanto esse conhecimento quanto a maioria do capital monetário de uma sociedade. O autor explica que toda dominação que pretende ter continuidade acaba se tornando uma dominação baseada na informação não compartilhada. “Mas os dispositivos específicos da dominação, baseados numa relação associativa, consistem, de modo geral, no fato de que determinado círculo de pessoas, habituadas a obedecer às ordens de líderes e interessadas pessoalmente na conservação da dominação, por participarem desta e de suas vantagens, se mantêm permanentemente disponíveis e repartem internamente aqueles poderes de mando e de coação que servem para conservar a dominação (“organização”)” (WEBER, 2009, p.196).

Metodologia

Os integrantes do projeto vão participar de reuniões de pautas quinzenais e, quando necessário, semanais, para discutir o conteúdo a ser publicado durante os períodos seguintes. O foco principal é o texto mais explicativo e didático, no entanto, não estão descartas a publicação de notícias mais factuais. Para tanto, o grande tema, que é finanças pessoais, conforme é possível deduzir pelo nome do projeto (Superávit Caseiro) será dividido em editorias, inicialmente classificadas como: Dicas de orçamento pessoal, entrevistas, notícias, reportagens, perfil, investimentos, livros e opinião. No entanto, assim que o site for se desenvolvendo, não se descarta a expansão com a criação de mais editorias que possam incluir, por exemplo, temas voltados para a macroeconomia, até porque esses temas influenciam na microeconomia e nas decisões financeiras que devem ser tomadas pelas pessoas e grupos.
Sobre as editorias, pode-se especificar:
1) Dicas: nesse espaço entram textos jornalísticos voltados para orientações diretas ao público sobre temas relacionado às finanças pessoais. Para elucidar melhor, vale lembrar a narrativa de Caldas (2008), que vai apresentar um conceito de jornalismo econômico de serviços. A autora conta que com o aumento da inflação brasileira nos anos 1980, o jornalista Celso Ming idealizou a primeira coluna de serviços do jornalismo econômico brasileiro. “Ali o leitor encontrava as informações que precisava para organizar o seu orçamento doméstico. Ou seja, como a inflação afetava seu salário, o aluguel, a prestação da casa própria, a luz, o gás, o telefone, a aposentadoria, a saúde, a alimentação, a escola das crianças, o vestuário, os juros, o emprego, o dólar, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o crédito, a gasolina, a caderneta de poupança, a bolsa de valores, o outro, etc” (CALDAS, 2011, p.55). No entanto, no caso do projeto, essa editoria não vai ser uma coluna de opinião, mas sim textos jornalísticos produzidos pelos participantes do projeto que possam ser interpretados como dicas no que se refere à vida financeira pessoal ou familiar do sujeito.
2) Entrevistas: conforme apresenta Pinto (2009), há diversos tipos de entrevistas. Nesse espaço elas serão feitas com especialistas ou pessoas que possam contar suas histórias sobre como conseguem manter um “superávit caseiro”, considerando que, na Economia, o termo superávit significa um resultado positivo a partir da diferença entre aquilo que se ganha (receita) e aquilo que se gasta (despesa). “Uma boa entrevista depende também de pesquisa, observação e documentação que se fazem antes dela, e da observação que faz durante” (PINTO, 2009, p.108). Ou seja, a ideia é que as entrevistas tenham mais profundidade, apesar de que também poderão ser publicadas entrevistas rápidas (pingue-pongue) ou entrevistas oriundas de coletivas de imprensa, quando for de interesse público no que se refere ao tema do projeto.
3) Notícias: as notícias, como leciona Pinto (2009), vem do inglês News, que quer dizer novo, novidade. Assim, nesse espaço entra aquelas pautas com temas mais factuais, ou seja, informações do momento que possam influenciar diretamente o orçamento doméstico e pessoal. Pautas macroeconômicas podem entrar aqui, como por exemplo, aumento no preço do combustível, alta na inflação, etc.
4) Reportagens: Nesse espaço serão publicadas reportagens maiores, que aprofundam mais as pautas, podendo ser sobre qualquer assunto que se relacione diretamente com economia e finanças. “A reportagem é o relato jornalístico mais elaborado, com texto minucioso e envolvente, que aprofunda o conhecimento sobre determinado assunto” (BOFF, 2021, p.115).
5) Perfil: “Perfis são retratos de uma pessoa (ou, mais raramente, de um lugar ou evento) em forma de texto” (PINTO, 2009, p.123). Nesse espaço, serão escritos perfis de especialistas ou de pessoas que se destacam pela criatividade com que conseguem manter uma vida financeira saudável. Pode entrar, também, perfis de pessoas que conseguem administrar projetos sociais ou empresas com recursos limitados e que se destacam pela sua capacidade de administração e gestão.
6) Investimentos: Aqui entram as pautas que se relacionam diretamente com investimentos de renda fixa ou variável, conforme a classificação de Cerbasi (2019). Por renda fixa se entende o investimento que tem regras de rendimento definidas antes de investir. Ou seja, quando é feito o investimento, o sujeito já sabe o prazo, a taxa de rendimento ou o índice que será usado para valorizado dinheiro. A renda variável, por sua vez, é todo tipo de investimento que não garante nem um ganho fixo nem a devolução do total que foi aplicado, podendo variar para mais ou para menos. Ou seja, o investidor pode ganhar ou perder dinheiro.
7) Livros: serão escritas resenhas sobre livros que tratem de temas relacionados à economia e finanças. Podem ser escritos tanto pelos participantes quanto por convidados externos, com a mediação dos participantes do projeto.
8) Opinião: aqui entram colunas de opinião, que se caracterizam por terem periodicidade, e também os artigos de opinião, que podem ser escritos por colaboradores externos de maneira esporádica, com a intermediação dos participantes do projeto.
Conforme ressaltado, podem surgir outras editorias assim que o projeto começar a se desenvolver mais. As postagens, inicialmente, serão feitas pelo coordenador do projeto, professor Eduardo Ritter, que vai orientar os participantes na apuração e produção de conteúdo bem como fazer eventuais correções, quando for o necessário. Inicialmente o foco principal é o texto, no entanto, conforme o andamento das atividades, podem ser incluídos vídeos e áudios (podcasts).
Em um primeiro momento a estrutura do projeto prevê a participação de até 10 estudantes do curso de Jornalismo e áreas afins. Com a supervisão geral do coordenador, haverá um revezamento por parte dos alunos na participação de cada editoria. A ideia é promover uma integração e uma movimentação dos alunos pelas variadas editorias e funções que podem ocupar no projeto. Futuramente, convidados externos também podem integrar o projeto com colaborações fixas, o que os caracterizaria como colunistas.
Durante o período de pandemi as reuniões serão desenvolvidas à distância, com reuniões sendo realizadas pelo Webconf da Ufpel. Já as reportagens e demais textos serão enviadas por e-mail para o professor publicar no site, exatamente como já é feito nas disciplinas. Sendo assim, a pandemia não afetará na publicação dos textos, mas sim, na apuração, tendo em vista que, nesse momento, o contato com as fontes será feito exclusivamente com intermediação das tecnologias, como e-mail, chamadas de áudio ou vídeo e outros recursos disponiblizados nas plataformas digitais.

Indicadores, Metas e Resultados

O objetivo é expandir o acesso aos poucos, com divulgação e criação de perfis nas redes sociais, como Instagram, Twitter e Facebook, no entanto, o foco principal inicialmente é o acesso ao conteúdo disponibilizado no site. Através das ferramentas disponibilizadas pelo setor de Tecnologia da Informação da Pró-Reitoria de Gestão da Informação e Comunicação da Universidade de Pelotas (UFPEL) será feito acompanhamento e mapeamento dos acessos à página. Assim, a meta inicial é atingir uma média de acessos mensais de 1.000 pessoas. Após o encerramento do primeiro ano de projeto será feito uma reavaliação para fazer nova projeção e meta, para mais ou para menos. Também espera-se manter interação com o público, com comentários, sugestões de pautas, críticas e sugestões.
Quanto a produção, estima-se no início uma publicação diária na editoria de notícias, uma semanal na de opinião e uma quinzenal em cada uma das demais editorias. Em um primeiro momento, serão disponibilizadas as editorias de dicas, notícias e opinião. Depois, gradativamente, assim que as produções ocorrerem, serão abertas ao público as demais.
Para tanto, foi estabelecido o seguinte cronograma:
Dezembro de 2021 até fevereiro de 2022: criação da página no sistema da UFPEL, inscrições e cadastro do projeto.
Março: primeira reunião de pauta e início das produções. Primeira publicação das editorias dicas, notícias e opinião.
Abril-junho: período para todas as editorias estarem ativas e com produção conforme a periodicidade indicada anteriormente.
Julho-novembro de 2022: produções periódicas de todas as editorias.
Dezembro: continuidade das produções, avaliação do ano e projeções para 2023.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CAIO NOGUEIRA DE LIMA GONCALVES RIBEIRO
CAMILA SILVA DOS SANTOS
EDUARDO RITTER4
ESTER DO NASCIMENTO CAETANO
EVERSON GABRIEL MESQUITA DA MARTHA
FÁTIMA MARLI TAUIL NDIAYE BERNARDO
ISABELLA CARDOSO BARCELLOS
JOAO VICTOR DA SILVEIRA RODRIGUES
KAIQUE CANGIRANA TROVAO
LARA NASI4
MARIA RITA DA COSTA ROLIM
MELISSA LARA CARVALHO
NAIANE FURTADO KONRADT
PEDRO BITTENCOURT DE OLIVEIRA
PEDRO DE ALMEIDA FIGUEIREDO
SAMIRA LUCAS SILVEIRA
THIAGO MORALES LEHN
VITORIA GABRIELE ALVES DOS SANTOS
WILSON CESAR VIANA DE SOUZA

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