Nome do Projeto
Ecovivências em Saúde
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
14/01/2022 - 30/10/2022
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Eixo Temático (Principal - Afim)
Saúde / Meio ambiente
Linha de Extensão
Segurança alimentar e nutricional
Resumo
O projeto “Ecovivências em Saúde” emerge da idealização de uma experiência integrativa entre saúde e ecologia. Compreendendo a saúde no seu conceito ampliado que nos provoca a estar atentos aos momentos do processo saúde-doença, a história natural das doenças e aos aspectos biopsicossociais do adoecimento, e ecologia como ciência que nos provoca estar atentos ao cuidado ampliado com o meio-ambiente e neste, com a produção de alimentos, percebemos a necessidade de aprofundar a inter-relação saúde e ecologia no espaço acadêmico em que atuamos. Considerando-se o consumo alimentar como ato social e político e que a necessidade de ampliar o hábito de alimentação saudável exige uma mudança cultural, este projeto propõe as “Ecovivências em saúde”. Os estudantes terão a oportunidade de viver e conviver com a produção ecológica por um final de semana na propriedade de um agricultor que tem uma agrofloresta reconhecida. A troca que se propõe são agricultores oferecendo sua propriedade e conhecimento e estudantes oferecendo força de trabalho e promovendo discussão crítica do conhecimento. Espera-se oportunizar convivências, vivências ecológicas, despertar perguntas de pesquisa e fortalecer o compromisso profissional com a saúde no seu conceito ampliado.

Objetivo Geral

Vivenciar a atividade e o ambiente dos trabalhadores de uma propriedade agroflorestal na comunidade rural de Canguçu, compreendendo os processos envolvidos na produção local de alimentos e as especificidades das condições de vida dessa população, bem como permutando conhecimento sobre saúde nesse contexto.

Justificativa

O projeto tem a inspiração dos estágios de vivências promovidos pela Direção Executiva Nacional de Estudantes de Medicina - DENEM e Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB na década de 90(1). As ecovivências visam oportunizar mais um momento de aproximação entre estudantes da UFPel e comunidade, com enfoque em agricultores em processo de trabalho agroecológico. Apesar da crescente sensibilização da sociedade para os problemas ligados ao meio-ambiente, da simpatia pela aquisição de alimentos orgânicos, do conhecimento sobre a necessidade do consumo de alimentos menos industrializados possível, dos conhecimentos sobre os malefícios dos agrotóxicos para produtores e consumidores, ainda assim, a produção agroecológica continua periférica no Brasil. Estudiosos do IPEA calculam que 0,4% da área agricultável no Brasil estava ocupada pela produção orgânica em 2017 e que o aumento do consumo dos produtos orgânicos no Brasil vem ocorrendo em velocidade menor do que em países da Europa, América do Norte e China (2). Sendo assim, é relevante que a formação profissional da área da saúde também contemple conhecimentos sobre meio-ambiente visando formar um profissional crítico, com visão ampliada sobre os processos sociais de adoecimento e de comportamento alimentar, crítico em relação às ideias de culpabilização do indivíduo quanto ao seu adoecimento. A produção, armazenamento, distribuição e consumo de alimentos são atos sociais e, portanto, atos políticos que derivam de um determinado tipo de organização social e política. Outras formas de organização da sociedade são necessárias para construir ambientes saudáveis no campo, na floresta e na cidade. Por isso, pode ser interessante motivar estudantes e professores para produzir e divulgar novos conhecimentos que respondam a perguntas em aberto como “porque a produção com uso de agrotóxicos persiste alta mesmo após a descoberta de agrotóxicos no leite materno e a associação deste com aumento no risco de câncer, informações estas largamente difundidas?”(3,4), “o quanto é presente a orientação sobre alimentos orgânicos nos diálogos entre médicos e nutricionistas com seus pacientes?”, “o enfrentamento que a ciência fez à indústria de alimentos, especialmente a Nestlé, para consolidar no senso comum o conhecimento de que o leite materno é melhor para a saúde dos bebês do que o leite em pó (5), poderia ser repetido em relação aos alimentos orgânicos? O que poderia motivar mais cientistas e profissionais de saúde para assumir esta tarefa?”. Na mesma linha, construir novas questões de pesquisa a partir das reflexões suscitadas na vivência do contexto da produção agroecológica poderá ser um elemento a contribuir com a construção de novos conhecimentos para uma sociedade mais saudável.
Os documentos orientadores do fazer pedagógico nas universidades brasileiras destacam repetidas vezes as necessidades de ensino, pesquisa e extensão contextualizados e ligados às necessidades das pessoas e comunidades. Nesta linha, este projeto aspira ser coerente com os direcionamentos do Projeto Pedagógico Institucional da UFPel que destacam o compromisso da universidade pública com interesses coletivos.
“A universidade pública, como diz o nome, é um patrimônio da comunidade na qual está inserida e tem, como obrigação, zelar pela qualidade de vida do povo brasileiro em geral e do povo da região em especial, concentrando seus esforços no sentido do coletivo. A formação do profissional, papel desta Universidade, deve visar um cidadão crítico, pensador, compromissado com a transformação da sociedade, no sentido de uma melhor qualidade de vida para o povo. Para isso, é importante que os currículos dos cursos de nível médio, de graduação e de pós-graduação contemplem aspectos humanitários, filosóficos e sociológicos, que, junto com a construção do conhecimento necessário a um bom profissional, completem os estudos de um cidadão autônomo e responsável” (6).

Da mesma forma, está presente nas motivações do projeto a aspiração de ser coerente com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Medicina e Nutrição contribuindo com o conhecimento sobre determinantes sociais em saúde do trabalhador rural.
“Os conteúdos essenciais para o Curso de Medicina (e Nutrição) devem estar relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão, família e comunidade...inclui-se a compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais, nos níveis individual e coletivo, do processo saúde-doença”(7,8).

Além disso, a justificativa deste projeto contempla:


a. A necessidade de despertar interesse pelo estudo das relações entre produção e consumo de alimentos e a qualidade de vida da população.

b. A necessidade de sensibilizar futuros profissionais quanto a contribuição possível de cada categoria profissional quanto a uma postura profissional protetora do meio-ambiente.

c. A adesão dos autores do projeto a uma pedagogia da libertação entendendo, conforme Paulo Freire, que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, e que a leitura da palavra da ciência amplia seu interesse sempre que facilitar a visualização dos processos sociais, históricos, políticos que determinam que a sociedade seja como ela é, para que, desta compreensão, brotem forças para produzir uma sociedade mais próxima ao que ela deveria ser (9).

Metodologia

O projeto pretende oferecer possibilidade de convívio dos estudantes com agricultores por um final de semana onde ocorrerão debates e atividades laborais.
A comissão organizadora está formada por uma professora de medicina, uma professora de nutrição, uma médica egressa da UFPel e 13 estudantes convidados pelo DCE. A comissão organizadora dividiu-se em 9 sub COMISSÕES
a. Diálogo com agricultor e cronograma de atividades
b. Redação do projeto
c. Divulgação
d. Ficha de inscrição com questão sobre o que o estudante acha de trabalhar com o agricultor
e. Logística de transporte
f. Logística de hospedagem
g. Logística de alimentação
h. Segurança e Primeiros socorros
i. Cultura
Serão selecionados por entrevista e currículo 15 estudantes dos cursos das áreas de saúde, educação, humanas e agrárias. Na entrevista, o estudante será orientado quanto aos objetivos do projeto, as questões éticas no trato com os agricultores, os cuidados imprescindíveis, materiais obrigatórios e será informado que precisará apresentar um tema para a coletivo durante a execução do projeto.
Os 15 estudantes selecionados e as professoras Ângela Moreira Vitória e Juliana dos Santos Vaz formarão o coletivo da primeira etapa do projeto. Nos dias 25, 26 e 27 de março de 2022, o coletivo se deslocará até a propriedade do agricultor Cléu de Aquino Ferreira no município de Canguçu e permanecerá na propriedade pelos 3 dias, alojados em barracas e participando do cotidiano da propriedade. As atividades desenvolvidas seguirão o seguinte roteiro:
• · Sexta, dia 25, 15h: saída do micro-ônibus da UFPel da frente da Faculdade de Medicina.
• · Sexta, dia 25, 17h: chegada na propriedade, montagem das barracas, organização da cozinha e jantar.
• · Sexta, dia 25, 21h: primeira reunião com apresentação de todos, estudantes, professores e agricultores, socialização de expectativas com a vivência.
• · No sábado e domingo as atividades terão a seguinte sequência:
I. Refeição.
II. Escuta do agricultor sobre a agrofloresta, história da propriedade e necessidades dos produtores.
III. Apresentação de duplas ou trios de estudantes sobre temas para reflexão encomendados pelos professores.
IV. Vivência do trabalho na propriedade.
V. Atividade cultural ao fim do dia.

Observações: os temas para reflexão serão escolhidos de comum acordo entre coordenadores do projeto e agricultores, buscando atender a pedidos dos agricultores. Possivelmente contemplarão a justificativa do próprio projeto abordando o projeto pedagógico da ufpel, a pedagogia da libertação, participação da ciência e dos profissionais de saúde no debate do leite materno versus leite em pó, os malefícios dos agrotóxicos, os benefícios dos alimentos orgânicos, saúde do trabalhador e movimentos repetitivos. A vivência de trabalho na propriedade envolverá a colheita de butiá e araçá, por ser o trabalho necessário para a propriedade nesta época do ano, por não ser trabalho extenuante, por propiciar a vivência da atividade laboral da agrofloresta.

Cuidados com a pandemia: os estudantes serão orientados a manter uso de máscaras cirúrgicas, álcool gel e distanciamento de 1,5m durante todos os momentos do projeto. As barracas deverão ser individuais ou para pessoas que já residem no mesmo domicílio. O local de refeição será um galpão amplo que poderá ser amplamente ventilado durante todo o uso. A maior parte do tempo as atividades serão desenvolvidas ao ar livre. Todos os participantes deverão mostrar comprovante de vacinação para participar do projeto. A situação da pandemia será avaliada pelos coordenadores por meio dos dados do GDISPEN da UFPel acessível pelo link: https://wp.ufpel.edu.br/fentransporte/covid-19-pelotas/#pel-cd. Se necessário, a visita a propriedade será adiada para período em que o número de casos novos diários e média móvel semanal de casos em Pelotas seja menor do que 50.

Indicadores, Metas e Resultados

Atingir 15 estudantes, contemplar necessidades dos agricultores quanto a acesso a conhecimento científico, sensibilizar quanto a produção de conhecimento e atuação profissional ligada à alimentação saudável.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANGELA MOREIRA VITORIA43
GABRIELLE ALONCO FORTES
GENEVA SOUZA COSTA
GEORGE FURTADO DE BORBA
GIORGIA BASTOS BIAZUS
INGRID MIRIAM OLIVEIRA
ISABELA BARREIRO AGOSTINI
ISABELA BARREIRO AGOSTINI
JULIANA DOS SANTOS VAZ43
JÚLIA PORTO HEPP
KAUANE PEREIRA AZAMBUJA
Kellen Crizel da Rocha
LIVIA SARAIVA CARRICONDE
PEDRO HENRIQUE DOS SANTOS DE REZENDE
RAFAEL DA CUNHA RIBEIRO
RAYSSA BRUNA MARTINS
VALENTINA SIQUEIRA RODRIGUES

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