Nome do Projeto
O caso da JOSAPAR e a violação de direitos humanos de camponeses e camponesas na região do Guamá, Pará (1981-1985)
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
22/02/2022 - 31/12/2023
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O presente Projeto de Pesquisa busca investigar as denúncias sobre a cumplicidade e a responsabilidade da empresa Joaquim Oliveira S.A. Participações – JOSAPAR, sediada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na violação de direitos humanos contra camponeses e camponesas em uma disputa por terras na microrregião do Guamá, nordeste do Pará, na Amazônia brasileira, entre 1981 e 1985. O conflito ficou conhecido como “Conflito da Gleba CIDAPAR”, “Guerrilha do Quintino” ou “Guerrilha Camponesa do Guamá” e resultou na morte de dezenas de camponeses/as nos anos finais da ditadura civil-militar brasileira. A JOSAPAR, uma das maiores empresas de produtos alimentícios do Brasil, passou a adquirir grandes áreas de terra a partir dos anos 1970, tanto no Rio Grande do Sul quanto nos estados de Mato Grosso, Pará e Goiás. No Pará, se envolveu em inúmeros conflitos agrários, especialmente em uma grande área de terras conhecida como Gleba Cidapar, sobre a qual pairavam denúncias de grilagem. Neste processo de disputas pela área da Gleba Cidapar, eclodiu uma forte resistência camponesa, especialmente a partir de 1983, momento em que o conflito ganhou maior visibilidade e radicalidade. A investigação objetiva, assim, compreender as formas de violência política que atingiram as populações do campo na região do Guamá durante o conflito, buscando apurar as denúncias que apontam a responsabilidade da JOSAPAR e sua cumplicidade com o aparato estatal na violação de direitos humanos no referido episódio.
O Projeto é um desdobramento dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão Camponesa da Verdade (CCV), criada em 2012 com o objetivo de subsidiar os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade em relação às violações de direitos humanos no campo. Com este Projeto, objetiva-se investigar as denúncias sobre a responsabilidade da JOSAPAR e das empresas a ela vinculada em violações de direitos humanos, bem como contribuir para potencializar os estudos acerca de outros casos de violações no campo brasileiro e a identificação dos agentes patronais e estatais responsáveis por tais ações.
O projeto foi contemplado no Edital do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Universidade Federal de São Paulo para "Auxílio à Pesquisa do Projeto 'A responsabilidade de empresas por violações de direitos durante a Ditadura'", que trata sobre a cumplicidade e a responsabilidade de empresas, nacionais ou estrangeiras, nas graves violações de direitos ocorridas durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Neste sentido, integra uma investigação mais ampla, desenvolvida por equipes de pesquisa de todo o país, que se insere no campo de estudos da chamada “justiça de transição corporativa”. Cabe destacar que, no que se refere à cumplicidade de empresas com a violação de direitos humanos durante nossa última ditadura, ainda há muitas lacunas e silêncios, o que evidencia a relevância deste e de outros projetos focados em tal temática.
Objetivo Geral
Investigar as denúncias de responsabilidade e cumplicidade da empresa Joaquim Oliveira S.A. Participações – JOSAPAR, na violação de direitos humanos contra camponeses e camponesas em um conflito agrário na microrregião do Guamá, nordeste do Pará, na Amazônia brasileira, nos anos finais da ditadura civil-militar brasileira (1981-1985).