Nome do Projeto
CONSTRUÇÃO DE ISOSCAPES MULTI-ISOTÓPICAS DE TECIDOS ANIMAIS NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL.
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/04/2022 - 01/04/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Multidisciplinar
Resumo
O comércio ilegal de animais de vida livre e seus respectivos produtos, segundo (BARBER-MEYER e SHANNON, 2010), ocupa a terceira posição entre as principais atividades ilícitas do mundo, encontrando-se apenas abaixo do tráfico de drogas e do tráfico de armas. (WYLER e SHEIKH, 2008) sugerem que a renda proveniente do tráfico de animais silvestres é bilionária, entretanto, (BARBER-MEYER e SHANNON, 2010) pontua que, devido à natureza clandestina desse tipo de comércio, não se têm precisão desses dados. Esse tipo de atividade ilegal possui impacto direto sobre a conservação da biodiversidade (COSTA et al., 2018). Estima-se que por ano 38 milhões de animais são capturados da natureza (DESTRO et al., 2012). Sendo que as aves estão dentre os animais mais traficados do Brasil, chegando a 80% do total apreendido pelo IBAMA entre 2005 a 2009 (DESTRO et al., 2012), por conta da enorme diversidade de avifauna brasileira (RENCTAS, 2001). De acordo com (ALVES et al., 2012) animais da família Emberizidae são os mais traficados, totalizando 16,3% das espécies pertencentes a essa família. Uma possível explicação para isso é o fato de que esses animais são pequenos, facilitando um grande número de indivíduos em gaiolas, e possuem plumagem colorida, o que atrai atenção das pessoas. No período entre o ano de 2008 e o mês de junho de 2010, Paroaria coronata foi a espécie de ave mais apreendida no estado do Rio Grande do Sul, totalizando 795 indivíduos (LEITE, 2012). A ciência forense vem sendo cada vez mais utilizada para o combate ao tráfico de animais selvagens. Determinar se um animal é originário de cativeiro ou foi capturado em vida livre, ou seja, definir a origem geográfica desse animal ou amostra de tecido biológico são alguns exemplos de uso de técnicas forenses envolvendo isótopos estáveis (ESPINOZA et al., 2012). Cada vez mais, os isótopos estáveis têm sido utilizados para determinar a origem e as rotas de animais silvestres para fins forenses (BOWEN et al., 2005). A análise de isótopos estáveis de elementos como carbono, nitrogênio e oxigênio é utilizada a fim de obter marcadores espaciais de ciclos biogeoquímicos e ecológicos; esses marcadores podem ser encontrados em amostras de tecidos dos animais capturados ou apreendidos (COSTA, 2019). Este estudo tem como objetivo verificar o potencial das isoscapes (isotope landscapes) para rastrear o comércio ilegal de animais silvestres na porção sul do estado do Rio Grande do Sul. Para isso, penas, sangue e garras de aves residentes de vida livre serão analisadas e as alterações na composição dos isótopos C, H, O, N e S em função do tempo e da localização geográfica serão mapeadas.

Objetivo Geral

O presente estudo tem como objetivo a criação de isoscapes na região sul do Rio Grande do Sul a fim de auxiliar o rastreamento de animais selvagens provenientes de tráfico.

Justificativa

De acordo com (COSTA, 2019), as rotas de tráfico de animais silvestres são pouco conhecidas, e portanto é necessário que novas medidas sejam tomadas a fim de detectar de forma mais rápida e eficaz a origem dos espécimes capturados ou apreendidos. Os resultados obtidos a partir dessas medidas também auxiliam no que diz respeito às atitudes que devem ser tomadas por parte dos órgãos responsáveis após a apreensão dos animais (COSTA, 2019).
Uma das técnicas que tem sido utilizada a fim de auxiliar no combate ao tráfico de animais silvestres é a análise de isótopos estáveis. A análise de isótopos estáveis possibilita a determinação de assinaturas isotópicas específicas que dizem respeito à origem e/ou às movimentações dos animais de vida livre com base na composição e na variação isotópica de seus tecidos (BEARHOP et al., 2003; BOWEN et al., 2005; CERLING et al., 2006; COSTA et al., 2018; MEIER-AUGENSTEIN, 2018).
Para o presente estudo optou-se por usar aves de vida livre recebidas pelo Núcleo de Reabilitação de Fauna Silvestre e Centro de Triagem de Animais Silvestres da Universidade Federal de Pelotas (NURFS/CETAS - UFPel), desta forma será possível obter diversos indivíduos da mesma espécie provenientes de vida livre sem ser necessário captura.
O foco do estudo será a análise da composição isotópica de P. coronata, tendo em vista que essa ave tem grande ocorrência na região (MASCARENHAS et al., 2009 apud SICK, 1997) e é uma espécie visada no tráfico de animais silvestres (LEITE, 2012). No entanto, a fim de aumentar o número de indivíduos e otimizar a acurácia dos isoscapes, será realizada a análise isotópica de pelo de mamíferos atropelados e de tecidos de outras espécies de passeriformes comumente encontradas na região.
Dentre as demais espécies de passeriformes que serão analisadas, todas provenientes de vida livre (no NURFS/CETAS - UFPel), estão Cyanoloxia brissonii, Pitangus sulphuratus, Saltator similis, Turdus rufiventris, Sporophila collaris e Cyanoloxia glaucocaerulea, essas espécies possuem grande ocorrência no NURFS/CETAS - UFPel e são visadas pelo tráfico de animais silvestres (COSTA et al., 2018).

Metodologia

Para o presente estudo serão realizadas análises da composição isotópica de C, H, O, N e S em amostras biológicas de diversas espécies. Será realizada a coleta de sangue, penas e garras de espécimes de P. coronata de vida livre que chegarem ao NURFS/CETAS - UFPel após avaliação veterinária. Para aumentar o número de amostras coletadas, se necessário, os mesmos tecidos serão coletados de outras espécies de passeriformes provenientes de vida livre que chegarem ao NURFS/CETAS - UFPel.
De acordo com a técnica descrita por COSTA (2019), será coletado, e disposto sobre uma lâmina de vidro para secar naturalmente, aproximadamente 0,1ml de sangue total de cada indivíduo de P. coronata.
A coleta de amostra de penas será feita pelo arrancamento da décima remige primária (P10), tendo em vista os resultados obtidos por COSTA (2019) e armazenada em um saco plástico identificado.
Uma amostra de aproximadamente 1-2mm de garra (COSTA, 2019) será cortada e também armazenada em um saco plástico identificado.

Indicadores, Metas e Resultados

Analisar a composição isotópica de C, H, O, N e S em material biológico (penas, sangue e garras) de aves de vida livre que chegam ao NURFS/CETAS - UFPel para construção de isoscapes da região sul do Rio Grande do Sul que possivelmente servirão de ferramenta para rastreamento de fauna traficada.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANA PAULA MOREL
BRUNA ZAFALON DA SILVA
CRISIELE JUNGES RAMGRAB
EDUARDA ALÉXIA NUNES LOUZADA DIAS CAVALCANTI
GREICI MAIA BEHLING2
KAREN CRISTINE DE ALBUQUERQUE FERREIRA PEREIRA
LARA SILVA DE PAULA
LUIZ FERNANDO MINELLO2
MARCELO DA SILVEIRA TORTOLERO ARAÚJO LOURENÇO
MAYANA LIMA SÁ
RAQUELI TERESINHA FRANCA2
THAÍS CRISTINA VANN

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 2.000,00Coordenador

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