Nome do Projeto
Educação clássica e a tradição das Artes Liberais como metodologia para o ensino básico
Ênfase
Ensino
Data inicial - Data final
17/08/2022 - 17/08/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
O presente projeto de ensino, pesquisa e extensão propõe-se estudar, divulgar e ensinar os fundamentos do paradigma da Educação Clássica e o uso do método das Sete Artes Liberais( trivium e Quadrivium) na aprendizagem de ensino básico com ênfase na utilização da literatura clássica. As origens das Sete Artes( técnicas) remontam aos processos pedagógicos da antiguidade grega, aos pitagóricos e sofistas. Ao longo de dois mil anos as artes do conhecimento foram sendo moldadas pelas maiores mentes do pensamento como Platão e Aristóteles que darão fundamentos para o aprimoramento dado pelos pensadores cristãos como Santo Agostinho, Marciano Capella, Boécio, Cassiodoro, Alcuino de York, Hugo de São Vitor , Santo Tomás de Aquino e Pedro Abelardo, que abrem os caminhos do conhecimento, as chamadas humanitas, tanto da renascença com Erasmo de Roterdã ,do século XV como do iluminismo do Século XVIII até nossos dias. Essas formação integral do homem virtuoso/excelente é a finalidade da Educação Clássica. As premissas desse paradigma educacional milenar constituiram os fundamentos da educação ocidental. O presente projeto será dividido em três partes : 1) estudo dos fundamentos histórico e filosóficos da Educação clássica e das Artes Liberais(Trivium e Quadrivium; 2) realização de oficinas sobre ass matérias das Sete artes ( gramática, retórica lógica e Aritmética, geometria, astronomia e música; 3) a formação para a utilização da metodologia das sete artes no ensino propedeutico; 3) seleção de obras de autores clássicos para utilização em todo o currículo clásscio a partir de leitura comentada das obras.

Objetivo Geral

O presente projeto de pesquisa ensino e extenção propõ-se a divulgar e possibilitar o acesso da comunidade escolar à metodologia da Educação Clássica e da tradição das Artes Liberais a partir de cursos e oficinas de formação sobre as matérias das artes liberais constituídos pelo Trivium (gramática, retórica, lógica) e o Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música) com vistas acontribuir para a qualificação e eficácia dos processos de aprendizagem do ensino propedêutico na educação básica.

Justificativa

É de conhecimento público a dramática situação do ensino fundamental e médio no Brasil, bem como é inequívo onde se localiza o grande déficit da educação brasileira, que é no ensino (do) básico, no conhecimento propedeutico das ciências da linguagem: arte de ler bem, escrever corretamente e entender o que se escreve e o que se lê, assim como o domínio das ciências exatas (matemáticas) e naturais( química, física). Ou seja, a base para qualquer outro conhecimento. Na última edição do PISA , realizada com escolas de 70 países, Brasil foi o 59º colocado em Leitura e figurou entre os dez últimos nas categorias matemática e ciências. Estamos entre os dez últimos do ranking em ciências (63º) e matemática (65º); em leitura, a modesta 59ª posição. No total, 841 escolas brasileiras e 23.141 dos nossos alunos foram avaliados. Destes, cabe destacar que mais de 80% estão matriculados em escolas públicas. Os dados apontam que o Brasil está muito aquém das grandes potências educacionais, como Cingapura, China e Finlândia. Segundo estudo do Banco Mundial —LEARNING to Realize Education’s Promises, se o País manter esse ritmo o país levará 75 anos para que nossos alunos de 15 anos atinjam a média de desempenho em matemática dos alunos de 15 anos de países ricos. Para atingir a média em leitura, o prazo é de 260 anos.
É a partir desses dados que colocamos a questão da necessidade de aprofundar as reflexões sobre o que é o básico e o fundamental no processo do conhecimento, ou seja, o propedêutico
Nesse sentido, a resposta pode estar no resgate do paradigma Educacional Clássico e seus caminhos(artes) para o conhecimento, que se caracterizaram, fundamentalmente pela busca da excelencia.
Na Educação baseada na tradição das Artes Liberais a atividade essencial do estudante é relacionar os fatos aprendidos num todo unificado e orgânico, assimilando-os tal como um corpo assimila alimento, ou ainda, como uma flor assimila nutrientes do solo e daí cresce em tamanho, vitalidade e beleza. Um aprendiz deve usar algo como colchetes mentais, com os quais ligue os fatos entre si de modo a formar um todo significativo. Isso torna o aprendizado mais fácil, mais interessante e muito mais valioso. O acúmulo de fatos é mera informação e não merece ser chamado de educação, pois sobrecarrega a mente e a estupidifica, em vez de desenvolvê-la, iluminá-la e aperfeiçoá-la.
Dessa forma, cada uma das Artes Liberais veio a ser entendida não no sentido restrito de uma disciplina em separado, mas mais propriamente no sentido de um grupo de disciplinas relacionadas. O Trívium em si mesmo uma ferramenta ou uma habilidade, ficou associado às suas matérias de estudo mais apropriadas – línguas, oratória, literatura, história e filosofia. Cumpre notar que as disciplinas do Trivium não consistem num “conteúdo” definido, pois são artes. Seu propósito não é fazer da criança um especialista; é desenvolver as faculdades básicas do espírito, dentre as quais a primeira é o domínio da interpretação de textos e da expressão linguística, sem o qual nada mais é possível. O ensino tradicional do latim, que resistiu até o século passado nos currículos escolares, era resquício dessa concepção, pois não tinha como objetivo apenas ensinar uma língua, mas também desenvolver as potências intelectuais da antiga gramática. O Quadrivium compreende não apenas a matemática, mas muitos ramos da ciência. A teoria dos número inclui não apenas a aritmética, mas também a algebra, cálculo, teoria das equações e outros ramos da matemática superior.
A Educação Clássica, nessa perspectiva de formação integral do ser humano é a mais elevada forma de ensino/aprendizado. Ela não se limita a nos permitir produzir objetos externos, mas sobretudo a aperfeiçoar a mente, o que nos tornaria mais humanos e, consequentemente, mais “felizes”, no sentido dado por Aristóteles de Eudaimonia , ou seja “florescimento humano”.
Uma Educação baseada nas Artes Liberais é obviamente diferente de uma educação de formação profissional. A primeira é especializada naqueles tópicos com os quais é necessário ou conveniente ter alguma familiaridade em qualquer situação da vida; a última, naqueles que qualificam o indivíduo para um determinado posto, negócio ou emprego. A primeira é antecedente no tempo; a última depende da primeira como seu alicerce mais adequado. Uma educação clássica presta-se a ocupar a mente, na medida em que tem o poder de abrir e alargar; uma educação de formação profissional exige um entendimento já cultivado pelo estudo e preparado pela prática para esforços metódicos e perseverantes. Para ser uma Educação Clássica, uma educação deveria dizer respeito às principais áreas do conhecimento e, como o conhecimento é variável, a educação deveria modificar-se com ele.
Para filiar-se à tradição clássica é preciso cumprir três exigências: uma diz respeito às disciplinas e autores obrigatórios ou recomendáveis, e pode chamar-se curricular; a segunda reside no método de ensino e na concepção geral de educação, e é, portanto, pedagógica; a terceira é de natureza espiritual, e se manifesta no amor entre quem ensina e quem aprende, regulado por um modelo de perfeição que, tradicionalmente, recebe o nome de sabedoria ou filosofia. Das três exigências, a última é a mais importante: com tempo e dedicação, ela conduz à posse das outras – as quais, por sua vez, se isoladas da terceira, vão ruindo e dando lugar a coisas muito diversas. Isso porque a exigência espiritual é, como sugere seu nome, a alma da educação clássica, sem a qual o corpo se desintegra e corrompe.
A aprendizagem através da Literatura Clássica pode ser defendido não só como necessária para enfrentar as deficiências da educação moderna, na atual configuração mundial, mas em razão de seus óbvios méritos próprios. A familiaridade com os escritores gregos e romanos é especialmente adequada para formar o refinamento e disciplinar a mente, tanto com relação ao pensamento como ao estilo de linguagem, para a apreciação do que é elevado, austero e simples. As obras que tais escritores nos deixaram, em prosa e em verso, quer consideradas em relação à sua estrutura, seu estilo, seus métodos de exemplificação, ou sua execução em geral, aproxima-se mais que quaisquer outras do que a mente human, quando dotada de disciplina e conhecimentos meticulosos, certamente aprova, e constituem o que é muitíssimo desejável possuir: um padrão para a determinação do mérito literário. De fato, duvida-se ou nega-se a excelência dos antigos autores clássicos; e, portanto, , torna-se necessário citar provas disso na medida em que o assunto admita.
O Estudo dos Clássicos é útil não só na medida em que lança os alicerces de um refinamento correto e proporciona ao estudante aquelas ideias elementares que são encontradas na literatura modena, as quais em nenhum outro lugar ele aprende tão bem como em suas fontes iniciais; mas também porque esse estudo em si cria a mais efetiva disciplina das faculdades mentais. Deve ser evidente até ao observador mais superficial que os clássicos oferecem material para exercitar talentos de todos os níveis, desde a inauguração do intelecto jovem até o período de sua máxima maturidade. A esfera dos estudos clássicos estende-se desde os elementos da linguagem até as mais difíceis questões que emergem da pesquisa e da crítica literária. Todas as faculdades da mente são empregadas: não só as capacidades de memória, julgamento e raciocínio como também o refinamento e a imaginação ocupam-se e são aprimorados.

Metodologia

4- Metodologia
De um ponto de vista geral, o presente projeto pretende desenvolver atividades tais quais seminários, cursos e oficinas que envolvam as artes do Trivium (gramática, lógica e retórica) e do Quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia), tendo como base a literatura clássica e as ciências.
Seminários:
1-Sobre o uso do Trivium na escola: como fomentar a habilidade discursiva/argumentativa nos estudantes a partir de sua formação nas artes do Trivium (gramática, lógica e retórica)
2- Sobre o uso do Quadrivium na escola: como desenvolver a capacidade de raciocínio matemático nos estudantes a partir de sua formação no Quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia)?
Cursos:
3- Que são as ‘artes liberais’?
4- Que é o Trivium?
5- Que é o Quadrivium?
6- Da atualidade (e da necessidade) das ‘artes liberais’ em um contexto de degenerescência educacional
Oficinas:
1- Literatura clássica: como (e por que) ler os “clássicos”?
2- Mortimer Adler: “Como ler livros? O guia clássico para a leitura inteligente”
3- Leitura e debate em torno da obra “Coração das trevas”, de Joseph Conrad
4- Leitura e debate em torno da obra “A volta do parafuso”, de Henry James
5- Aritmética e música
6- Geometria e astronomia
7- Estudos dirigidos sobre os Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação Clássica e das Artes Liberais.

Indicadores, Metas e Resultados

Possibilitar conhecimento e formação de profissionais da educação básica bem como alunos dos cursos de licenciaturas e graduação em Pedagogia bem como a comunidade interessada no paradigma da Educação Clássica e das Artes Liberais como método de ensino-aprendizagem na educação básica.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
AUGUSTO GONÇALVES SOUZA
CARLOS ADRIANO FERRAZ
CRISTIAN MENDES RODRIGUES
Leonidas Barbosa de Almeida
MATTHAUS GONÇALVES ARAUJO
Miguel Marques Lima de Freitas
PAULO LISANDRO AMARAL MARQUES

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