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Com base no estudo global de doenças de 2017, as doenças não-comunicáveis (NCDs), ou seja, as que não são diretamente transmissíveis de pessoa a pessoa como doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, câncer e desordens neurológicas são responsáveis por 73,4% do total de mortes registradas em 195 países e territórios.(1) No Brasil, as NCDs representam um problema de saúde de similar magnitude correspondendo a 75% das causas de morte.(2) Paralelamente, uma transição epidemiológica tem sido observada caracterizada por um aumento nos anos de vida ajustados por incapacidade decorrentes das NCDs, do inglês, Disability-Adjusted Life Years (DALYs). No período de 1990-2019 a tendência de alterações no número de DALYS em diferentes faixas etárias foi direcionada por algumas doenças e injúrias tais como, doença cardíaca isquêmica, diabetes, infarto, doença renal crônica, câncer de pulmão e perda da audição relacionada à idade. Além dessas, a síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV/SIDA), desordens musculoesqueléticas, dores nas costas e desordens depressivas foram descritas a partir da adolescência se estendendo à idade adulta, embora a SIDA tenha diminuído após 2004 com a instituição do tratamento antirretroviral.(3) A partir de uma revisão sistemática sobre associações entre NCDs e status socioeconômico foi apontado que 3/4 de todas as mortes por NCDs ocorrem em países de baixa e média renda. (4) Mortes prematuras entre 30-69 anos devido a NCDs afetam indivíduos de baixa renda e educação, os quais são mais expostos a fatores de risco e tem acesso reduzido a informação e a serviços de saúde, o que contribui para a desigualdade social. Os cinco fatores de risco para NCDs mais prevalentes descritos no relatório global de 2017 foram: aumento de pressão sistólica, fumo, aumento da glicemia de jejum, aumento do índice de massa corporal e gestação curta para peso ao nascer. Além disso, uso abusivo de álcool, uso de substâncias e aumento de lipoproteína de baixa densidade (LDL) mostraram um aumento pronunciado com o desenvolvimentos socioeconômico dos países . (5) Neste contexto, fundamenta-se o atual projeto com o objetivo de estudar diferentes fatores de risco modificáveis ou não modificáveis e suas interações com doenças crônicas não comunicáveis (NCDs), em adultos acompanhados em diferentes períodos ao longo do ciclo vital através de estudos de coortes.
1. Collaborators GBDCoD. Global, regional, and national age-sex-specific mortality for 282 causes of death in 195 countries and territories, 1980-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1736-88.
2. Malta DC, Duncan BB, Schmidt MI, Teixeira R, Ribeiro ALP, Felisbino-Mendes MS, et al. Trends in mortality due to non-communicable diseases in the Brazilian adult population: national and subnational estimates and projections for 2030. Popul Health Metr. 2020;18(Suppl 1):16.
3. Diseases GBD, Injuries C. Global burden of 369 diseases and injuries in 204 countries and territories, 1990-2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet. 2020;396(10258):1204-22.
4. Williams J, Allen L, Wickramasinghe K, Mikkelsen B, Roberts N, Townsend N. A systematic review of associations between non-communicable diseases and socioeconomic status within low- and lower-middle-income countries. J Glob Health. 2018;8(2):020409.
5. Collaborators GBDRF. Global, regional, and national comparative risk assessment of 84 behavioural, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of risks for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1923-94.

Serão utilizados dados baseados em acompanhamentos de coortes de nascimento do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGE) da Universidade Federal de Pelotas, bem como, em coortes de pacientes acometidos de doenças crônicas e atendidos em serviços hospitalares com os quais forem estabelecidas colaborações em pesquisa.
Os subprojetos vinculados a essa proposta serão acompanhados dos respectivos pareceres de aprovação dados pelos comitês de ética para coleta dos dados e execução dos estudos propostos.
Realizar a análise quantitativa de marcadores biológicos através de diferentes técnicas no laboratório do PPGE, localizado no Centro de Pesquisas Amílcar Gigante/UFPEL, ou em laboratórios/serviços médicos hospitalares com os quais tenham se estabelecidos colaborações.
Identificar através de questionários padronizados e, quando necessário validados, os fatores de risco demográficos, socioeconômicos, comportamentais e ambientais associados às DCNTs.
Analisar os dados através do programa estatístico STATA versão 1.5 tendo como ponto de partida a hipótese proposta e a escolha da análise estatística que melhor permite o alcance da resposta, entre esses testes, análises de regressão linear ou logística, testes paramétricos e não-paramétricos para comparação de grupos.

Indicadores: Produção de trabalhos científicos no formato de resumos, apresentações orais em congressos e publicações de artigos científicos.
Metas: 1) Dar oportunidade a estudantes de diferentes cursos de graduação e pós-graduação da área da saúde e afins adquirir e aprimorar seus conhecimentos sobre novas técnicas de análises quantitativas de marcadores biológicos envolvidos no mecanismo de doenças crônicas complexas, ou seja, DCNTs. 2) Redação e publicação de artigos científicos 3) participação em eventos científicos
Resultados esperados: Contribuir para o conhecimento científico que vise planejar e alcançar melhorias na prevenção, na qualidade de vida e na sobrevida dos indivíduos afetados por DCNTs, sabidamente um grande desafio aos gestores públicos responsáveis pelos cuidados da saúde da população neste século.