Nome do Projeto
A Prática da Fala Cênica
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/03/2023 - 01/08/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
O projeto unificado com ênfase em pesquisa, A Prática da Fala Cênica, está alicerçado em três eixos de ações fundamentais que o compõe: pesquisa, ensino e extensão. Cada uma com funções e diretrizes distintas que se movimentam no âmbito da investigação teórica, da experimentação prática e da transposição prático-teórica desse conhecimento à comunidade pelos alunes da Universidade Federal de Pelotas. O projeto visa promover a circulação de um conhecimento notório no campo teórico, porém pouco explorado no âmbito do rigor da prática aqui no Brasil. As leis que regem tal prática têm origem nas investigações do mestre russo Nemirovich Dântchenko e Konstantin Serguêievitch Stanislávski, porém, foi Maria Knebel, pedagoga russa, quem a sistematizou na Rússia no final da década de 30 do século passado. A Fala Cênica foi desenvolvida e aplicada como disciplina em instituições de nível superior de Interpretação Teatral na Rússia e trazida para o Brasil por Elena Constantinovna Gaissionok. A partir de setembro de 2001, a abordagem de sua pedagogia reunirá os princípios comuns que regem as quatro artes na formação do ator das escolas russas (Interpretação Teatral, Fala Cênica, Ballet clássico e o Canto lírico) para expressar os pensamentos e os sentimentos humanos. Uma metodologia que abrange leis que asseguram a educação da voz e da fala e, muito embora tenha sua gênese na área teatral, não é uma prática exclusiva para atores. Estende-se a qualquer pessoa interessada na Arte de Falar e que queira aprimorar uma fala saudável e/ou explorar suas potencialidades artísticas seja na récita de poesias, na interpretação de contos, crônicas e peças, na dublagem, na advocacia, etc. É uma prática que dá suporte à descoberta de sua personalidade artística, porém não necessariamente voltada à arte do ator. A técnica, antes de qualquer coisa, protege o aparelho fonador de patologias sob o estresse contínuo do uso mau empregado da voz. Os estudos teóricos realizados nos últimos anos pela autora do projeto no campo da retórica e oratória, alinhada à arte do ator profissional inglês no início do período moderno, se mostrou um saber limitado. Pois, que para ser apropriado, exige uma vivência de caráter prático a ser experimentado sob a tutela contínua de um tutor. Há um conhecimento que só pode ser acedido ao se atravessar um processo de aprendizagem sob a condução de um pedagogo. O alcance, portanto, a determinado conhecimento abarcando o emprego da voz e da fala e as condições para sua “justa” enunciação dependerá, de um lado, da condução de um tutor, o qual transmitirá um saber específico contribuindo para o desenvolvimento artístico do partícipe da pesquisa e, por outro lado, da dedicação do partícipe a esta pedagogia transmitida pelo pedagogo somada à prática simultânea pessoal/particular/individual do partícipe. A experimentação prática dos procedimentos pedagógicos e artísticos no campo da Fala Cênica orientará os rumos das ações de pesquisa e ensino para, posteriormente, serem realizadas as ações de extensão. Isto é, a técnica a serviço da preparação de futuros professores que trabalharão nas comunidades locais na parte da educação artística.

Objetivo Geral

Divulgar a metodologia de trabalho envolvida na prática da Fala Cênica sendo transmitida no Brasil pela pedagoga russa Elena C. Gaissionok a autora deste projeto de modo que os alunes da Universidade Federal de Pelotas possam acessá-la e estes possam abordá-la no âmbito da comunidade através de ações de extensão.

Objetivos específicos:
- Criar ações de pesquisa, ensino e extensão para tornar a metodologia sobre a educação da voz e da fala acessível no ensino formal e informal;
- dar continuidade a investigação no campo da Oratória e da Fala Cênica buscando os pontos de encontro entre os procedimentos de trabalho;
- Manter a investigação dos procedimentos envolvidos na metodologia de trabalho da professora-pedagoga Elena Gaissionok;
- Produzir uma mostra de apresentações públicas dos discentes partícipes da ação de ensino e de extensão;
- Participar de eventos acadêmicos e publicação de artigos para divulgação da técnica;

Justificativa

Após minha graduação em Interpretação Teatral, percebi que algumas lacunas em minha formação viriam a se tornar mais adiante objeto de minhas pesquisas acadêmicas e pessoais. Especialmente no que concerne o trabalho com o texto e na preparação da voz. As ferramentas disponíveis para se trabalhar com a voz e com o texto nas disciplinas da graduação, os cursos realizados no campo da voz e da fala, da palavra cantada e falada, dos encontros e relações estabelecidas com fonoaudiólogas para saber mais sobre os cuidados com a saúde da voz se apresentavam como exercícios aleatórios que, reunidos, se configuravam em brincadeiras de “acertos e erros”, mas não se firmavam como um caminho sólido e sistematizado a ser seguido.
Meus estudos no mestrado (UFRGS), no doutorado (UNICAMP) e minha pesquisa na UFPel foram um investimento na tentativa de descobrir, no início do período moderno, alguma técnica utilizada pelos atores ingleses da era Shakespeare. Na graduação na UFSM, dediquei-me à dramaturgia do bardo e, ao atuar e dirigir, surgia a insatisfação frequente: como trabalhar o texto com os atores?; como ajudá-los a preparar a voz?, como memorizar tamanha quantidade de texto?; teria existido uma gramática comum utilizada pelos atores ingleses daquele período e que desconhecemos?
A retórica e a oratória foram descobertas importantes ao longo do percurso até aqui. Estes tratados foram a base comum na educação europeia até o final do século XIX. Entretanto, a experimentação destes postulados e a tentativa de se criar uma metodologia para trabalhar com o texto de Shakespeare nos conduziu a um deserto árido. Esta gramática comum, compartilhada entre os atores, se configurava como um saber transmitido oralmente por um mestre/tutor/ator o qual conduziria o intérprete a navegar pelos enigmas submersos do texto e no emprego da voz. A educação de gerações com base nos postulados da retórica e oratória nos ajuda, significativamente, a entender teoricamente a mentalidade e a formação destes atores, mas o acesso a este conhecimento na prática é problemático. O caminho da pesquisa se orientava para a criação de mais um arranjo de tentativas de “acertos e erros” que cheguei a criticar em minha formação. Constatou-se que a pesquisa tinha chegado a uma encruzilhada.
Em meados de julho de 2021, no entanto, um curso, produzido pelo SESC-CPT, intitulado de Fala Cênica, nos chamou a atenção. Justamente por empregar estes termos que reconhecíamos como uma prática fundada na Rússia e que já tinha tido contado através dos livros na minha graduação. O curso, ministrado pela atriz e preparadora de elenco Michele Boesche, reconfigurou uma transformação nos rumos de nossa pesquisa prática. Através dele, fomos apresentados à técnica de Elena C. Gaissionok, que a então atriz divulgava como parte de sua dissertação de mestrado na USP ao cruzá-la com as técnicas trabalhadas com seu antigo mestre, o diretor teatral Antunes Filho. Boesche apresentou as leis e os princípios da pedagogia da Fala Cênica transformando de modo radical o pensamento sobre o cuidado com a estrutura física do aparelho fonador e sobre a mecânica da fala no trabalho com a palavra e com o texto. A partir daquele momento, despertou-se o interesse de entrar em contato com a pedagoga russa diretamente para conhecer na prática sua metodologia de trabalho.
A relevância do projeto unificado, portanto, está em se manter a pesquisa prática e contínua da autora do projeto com a colaboradora no projeto: Elena C. Gaissionok; oportunizar, através das ações de pesquisa e ensino a divulgação de uma pedagogia que dá base e suporte à preparação da voz orientando o desenvolvimento da qualidade na fala cênica. Os exercícios envolvidos nesta técnica de treinamento visam ampliar a percepção do uso/produção da voz e da respiração proporcionando o desenvolvimento de uma fala saudável e a oportunidade de aprimorar a interpretação artística no trabalho com o texto e a palavra artística. Isto é, uma metodologia que alicerça ou dá suporte à estrutura física para que o desenvolvimento artístico possa se estabelecer. No pulso da pedagogia de Gaissionok experimentamos a vivência de uma lógica de trabalho. Esta lógica nos atravessa e nos faz compreender na prática os procedimentos empregados e os porquês de serem estruturados em determinada ordem. Tal ordem ou sequência não deve ser negligenciada até sua internalização ou apropriação.
A pedagogia da Fala Cênica é uma prática a ser apreendida e internalizada para se conferir como uma técnica e, para que isso se efetive, portanto, é preciso suportar atravessar cada uma das etapas para que algo mais adiante possa acontecer. Uma técnica que nos instiga a descobrir o próximo desafio. No decorrer do tempo e do percurso, é possível perceber que há uma estrutura lógica que atravessa e sustenta os procedimentos pedagógicos envolvidos e que é passível de ser compreendida e apropriada; é possível perceber os motivos pelos quais a tutora procedeu e procede de determinado modo na condução de cada aula. Aprende-se que as etapas não são ultrapassadas até que o partícipe tenha conseguido realizá-la. Isto é, o tutor não avançará ao próximo desafio até que as etapas anteriores tenham sido concretizadas. A posteriori, esta condução é revisitada pelo tutor, problematizada junto com o aluno para ajudá-lo a reconhecer como se deu seu processo de aprendizagem. Desse modo, ele terá condições de (re) avaliar os procedimentos que vivenciou começando a desenvolver um processo de autonomia em seu Estudo Privado/Toalete tornando-se mais seguro dos procedimentos utilizados para que possam ser devidamente transmitidos a outras pessoas.
Indissociável da teoria e que contribui para o ator/partícipe a trabalhar por si e consigo mesmo. Reeducará a fala cotidiana até que o cérebro não precise mais pensar, pois sua musculatura responderá/funcionará, para tal, é preciso treinar ouvido e cérebro para que a prática seja apropriada e o prazer de falar se instaure através da tonificação da estrutura física interna e externa. Importante ressaltar que não é uma prática centrada nas cordas vocais como no campo da Fonoaudiologia. Nosso campo de investigação está vinculado à Interpretação. Um fonoaudiólogo não formará um intérprete teatral, assim como o Fisioterapeuta não irá formar um bailarino. A Fala Cênica consiste na união de uma técnica vocal ligada da técnica da Interpretação e que ajuda o partícipe a ampliar sua capacidade artística na Interpretação.

Metodologia

O projeto vislumbra tornar pública a metodologia da prática da Fala Cênica através da ação de pesquisa, ensino e extensão junto à comunidade. Duas ações acontecem simultaneamente, neste primeiro momento, embora todas elas estejam intricadas: a ação de pesquisa e a ação de ensino. A ação de pesquisa envolverá partícipes internos à UFPel e colaboradores externos dando continuidade aos estudos teóricos e práticos da autora e que serão disponibilizados através da produção de artigos científicos e participação e produção de eventos. A ação de ensino, aberta aos discentes da UFPel, será um meio de compartilhar o conhecimento produzido na ação de pesquisa que tem, há muito anos, buscado encontrar um caminho para se trabalhar com o texto no âmbito artístico da área cênica. Encontramos mais do que isso. Encontramos uma metodologia que dá suporte para potencializar a arte de falar. A ação é uma consequência e processo relevante nesta cadeia de circulação de conhecimento produzida na universidade. Os discentes terão a oportunidade de conhecer o campo da Fala Cênica e através dela aprender uma técnica que dá estrutura para se desenvolver uma fala saudável e também artística. Encontros semanais são fundamentais para se construir uma rotina de trabalho, apreensão e familiaridade com a técnica. O processo exige comprometimento para se instaurar o hábito de praticá-la com frequência para então, estar apto para começar a transmiti-la. Logo, temos um processo que agencia a investigação, a aprendizagem e a transmissão de um determinado conhecimento. A ação de extensão será realizada em instituições parceiras que sinalizaram estarem abertas à proposta de um trabalho contínuo, onde os alunes possam exercitar a prática pedagógica e onde seja possível estabelecer uma relação em longo prazo com os mesmos partícipes das ações que terão oportunidade de desenvolver sua personalidade artística.

Indicadores, Metas e Resultados

O acesso à metodologia da Fala Cênica ampliará o conhecimento no universo acadêmico sobre o trabalho com a voz, com a palavra artística e com o texto de forma sistemática. Uma técnica que dará suporte aos futuros professores para trabalharem com poesia, contos, crônicas, romances e textos dramatúrgicos, uma vez que este é um movimento importante no que tange à educação emocional e intelectual desde a tenra infância à finalização na formação no ensino Fundamental. Um caminho orientado à criação da autonomia para este professor/artista e da personalidade artística dos sujeitos associados. A meta é tornar este conhecimento acessível através de uma tutoria constante e orientada para que a técnica possa ser apreendida e o âmbito artístico desenvolvido.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALICE SILVA DE AZEVEDO
ALINE CASTAMAN15
ANNA KLUG MILECH
BRUNO NUNES HUBNER
CATARINA LEITE RASSIER
DARA FERREIRA FUCOLO
Dirlei de Azambuja Pereira2
EDUARDA GARCIA BENTO
ESTEVAN ALCÂNTARA HUCKEMBECK
Elena Constantinovna Gaissionok
GUILHERME DOS SANTOS TEDESCO
JOAO GUILHERME TREVISAN SPAGNOLLO
JORDANA DO AMARAL PIAS
KELVIN MARUM MACHADO
LARISSA THAIS PREDIGER
LUAN HENRIQUE DOS SANTOS ROCHA
MAIARA SCHELLIN PIEPER
MURILO DE FREITAS SATTE ALAM
RAFAEL DE LIMA RODRIGUES CHIQUINE
RAUHEI SANTOS DA MOTTA BONAPAZ
RODRIGO DA COSTA CARDOSO
SARA BARROS TORRES
SOFIA GOMES SEIBT
SOFIA NUNES BRAUVERES MACHADO
TALISSON NATAN TOCHTENHAGEN
THAYNA GERALDO DO NASCIMENTO CAETANO
THOMAZ VEIGA ZILET FICKERT GRACIOSE

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