Nome do Projeto
DO NEOLIBERALISMO ÀS PLATAFORMAS E REDES DIGITAIS: PROCESSOS EDUCATIVOS, APRENDIZAGENS E DOCÊNCIA NAS TRAMAS DA CULTURA DIGITAL
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
03/04/2023 - 31/12/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Partindo dos Estudos Foucaultianos, da vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais em Educação e da ideia de Plataformização da Sociedade (VAN DIJCK, POELL e WAAL, 2018) como elemento de análise, este projeto de pesquisa tem por objetivo investigar os modos pelos quais a Cultura Digital, inscrita na racionalidade neoliberal e ratificada pelo crescente e constante uso de redes sociais, plataformas e aplicativos digitais, vem operando pedagogicamente, no sentido de regular as condutas e guiar as práticas cotidianas: no campo da saúde ao entretenimento, da segurança à educação. Assim, dentro do escopo teórico e metodológico, três movimentos de investigação estão previstos. No primeiro, adota-se a revisão bibliográfica de natureza exploratória, problematizando a Cultura Digital (GERE, 2008; LISTER et.al, 2009; STALDER, 2018) e a Plataformização da Sociedade como estruturas envolvidas na produção de sentidos. O segundo movimento, apoiado na análise documental, segue autores como Brown (2019), Dardot et.al (2021), Ball (2014), Foucault (1987; 2005, 2006, 2007, 2008), e explora as implicações da articulação entre “tecnologias digitais” e “racionalidade neoliberal”, sobretudo no âmbito dos processos educativos (institucionalizados ou não), cujos sinais indicam características instigadas nos sujeitos, tais como flexibilidade, adaptabilidade, mobilidade, conectividade, personalização e individualização. Essas particularidades, voláteis e efêmeras, de conduzir a vida, representam a base de um tipo de “gestão social” centrada na performance, na competitividade, na concorrência e nos incentivos às iniciativas e esforços individuais. O neoliberalismo é político, econômico, cultural e social, o que acaba ensejando valores, produzindo subjetividades e sensibilidades. O terceiro movimento, amparado nos métodos digitais (ROGERS, 2013;2015;2019; D’ANDREA, 2020) e nos estudos de caso, analisa de que forma as redes sociais, plataformas e aplicativos vêm operando pedagogicamente. Trata-se de conjeturar a existência de Pedagogias Digitais (BORTOLAZZO, 2021), ou seja, outros tipos de pedagogias que possam responder às demandas e contingências da sociedade contemporânea. As Pedagogias Digitais são pensadas para além dos processos pedagógicos, instituídos em escolas e universidades, que se utilizam de recursos tecnológicos e mídias digitais, mas o conceito está situado como expressão de um conjunto de transformações culturais – visíveis a partir do amplo uso do digital – que envolvem espaços, artefatos, mecanismos e procedimentos que vão instituindo certas práticas e, por assim dizer, também governando a conduta dos sujeitos. Na mesma vertente, outros modos de olhar e compreender a educação, a pedagogia, os processos formativos, o ensino, a aprendizagem, o currículo, a docência, etc., ganham visibilidade e entram em circulação. Portanto, questionar as controvérsias e a hierarquia de poder protagonizada pelas plataformas digitais (violação de privacidade; manipulação algorítmica; produção de fake news; acesso às informações, serviços e bens; renovadas formas de produção de conhecimento etc. ) significa assumir que aplicativos móveis e empresas como Google, Facebook, Amazon, entre outras, estão entrelaçadas às dinâmicas sociais e, por isso, vão conduzindo, interferindo e penetrando, de forma cada vez mais veemente, nas várias esferas da vida cotidiana.
Palavras-chave: Estudos Culturais; Estudos Foucaultianos; Cultura Digital; Plataformização da Sociedade; Educação; Processos Formativos; Docência.
Objetivo Geral
O projeto de pesquisa intitulado “Do Neoliberalismo às Plataformas e Redes Digitais: processos educativos, aprendizagens e docência nas tramas da Cultura Digital” tem como objetivo geral investigar os modos pelos quais a Cultura Digital, inscrita na racionalidade neoliberal e ratificada pelo crescente e constante uso de redes sociais, plataformas e aplicativos digitais, vem operando pedagogicamente, no sentido de regular as condutas e guiar as práticas cotidianas: no campo da saúde ao entretenimento, da segurança à educação.
Assim, dentro do escopo teórico e metodológico, este projeto de pesquisa foi pensado a partir de três movimentos de investigação que constituem os objetivos específicos. Eles estão descritos a seguir:
- Partindo dos Estudos Foucaultianos (FOUCAULT, 1987; 2005;2006;2007;2008) e da vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais em Educação (DERRIDA, 1995; SILVA, 2004, 2011; COSTA, SILVEIRA e SOMMER, 2004; 2005; HALL, 1997, 2011; VEIGA-NETO, 1995; 2004; 2007; 2009) problematiza-se a Cultura Digital (GERE, 2008; LISTER et.al, 2009; STALDER, 2018; GREEBER e MARTIN, 2009) e a Plataformização da Sociedade (VAN DIJCK, POELL e WAAL, 2018) como estruturas envolvidas na produção de sentidos.
- Explorar as implicações da articulação entre “tecnologias digitais” e “racionalidade neoliberal”, sobretudo no âmbito dos processos educativos (institucionalizados ou não), analisando sinais e características instigadas nos sujeitos, tais como flexibilidade, adaptabilidade, mobilidade, conectividade, personalização e individualização. Aqui, alguns autores são acionados como Brown (2019), Dardot et.al (2021), Ball (2014), Couldry e Mejias (2019), Laval (2004), entre outros
- Amparado nos métodos digitais (ROGERS, 2013;2015;2019; D’ANDREA, 2020) e nos estudos de caso, analisa-se de que forma as redes sociais, plataformas e aplicativos vêm operando pedagogicamente. Trata-se de conjeturar a existência de Pedagogias Digitais (BORTOLAZZO, 2021; 2022), ou seja, outros tipos de pedagogias que possam responder às demandas e contingências da sociedade contemporânea. Nesta mesma vertente, investiga-se as implicações pedagógicas (relação professor-aluno; transformações no acesso ao conhecimento e na produção de saberes; outros processos de aprendizagem etc.) diante dos usos das tecnologias digitais (computadores, smartphones, aplicativos, entre outros).
Assim, dentro do escopo teórico e metodológico, este projeto de pesquisa foi pensado a partir de três movimentos de investigação que constituem os objetivos específicos. Eles estão descritos a seguir:
- Partindo dos Estudos Foucaultianos (FOUCAULT, 1987; 2005;2006;2007;2008) e da vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais em Educação (DERRIDA, 1995; SILVA, 2004, 2011; COSTA, SILVEIRA e SOMMER, 2004; 2005; HALL, 1997, 2011; VEIGA-NETO, 1995; 2004; 2007; 2009) problematiza-se a Cultura Digital (GERE, 2008; LISTER et.al, 2009; STALDER, 2018; GREEBER e MARTIN, 2009) e a Plataformização da Sociedade (VAN DIJCK, POELL e WAAL, 2018) como estruturas envolvidas na produção de sentidos.
- Explorar as implicações da articulação entre “tecnologias digitais” e “racionalidade neoliberal”, sobretudo no âmbito dos processos educativos (institucionalizados ou não), analisando sinais e características instigadas nos sujeitos, tais como flexibilidade, adaptabilidade, mobilidade, conectividade, personalização e individualização. Aqui, alguns autores são acionados como Brown (2019), Dardot et.al (2021), Ball (2014), Couldry e Mejias (2019), Laval (2004), entre outros
- Amparado nos métodos digitais (ROGERS, 2013;2015;2019; D’ANDREA, 2020) e nos estudos de caso, analisa-se de que forma as redes sociais, plataformas e aplicativos vêm operando pedagogicamente. Trata-se de conjeturar a existência de Pedagogias Digitais (BORTOLAZZO, 2021; 2022), ou seja, outros tipos de pedagogias que possam responder às demandas e contingências da sociedade contemporânea. Nesta mesma vertente, investiga-se as implicações pedagógicas (relação professor-aluno; transformações no acesso ao conhecimento e na produção de saberes; outros processos de aprendizagem etc.) diante dos usos das tecnologias digitais (computadores, smartphones, aplicativos, entre outros).
Justificativa
Este projeto de pesquisa investiga a emergência da Cultura Digital em operação nas várias esferas da vida cotidiana, sobretudo, no campo dos processos educativos e de formação dos sujeitos. Assim, problematiza-se como as relações com as tecnologias digitais (redes sociais, plataformas e aplicativos digitais) vêm alocando, produzindo e disseminando certos tipos de saberes, assim como regulando a conduta dos sujeitos.
A importância de expressões e conceitos como Cultura Digital, Pedagogias Digitais, Neoliberalismo, Plataformização da Sociedade, entre outros, não é simplesmente uma justificativa. Considera-se tais denominações como constitutivas de saberes que pretendem, segundo Rose (1998), produzir conhecimento sobre os sujeitos e instituir modos de ser sujeito na contemporaneidade.
O horizonte teórico de movimentação do projeto está inscrito na vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais. O pós-estruturalismo rejeita a ideia de estruturas estáveis que conferem significados a partir de binarismos (preto-branco; bom-mau). Na perspectiva pós-estruturalista, os significados são instáveis, negociáveis, estão sempre em processo, e a realidade é analisada como uma construção social, histórica e subjetiva.
Haja vista certas mudanças a partir de meados do século XX, o objeto “cultura” vai adquirindo novos significados nos Estudos Culturais. Ela vai deixando de ser apenas um conjunto de valores, normas e costumes ligados a uma tradição particular ou a um território, e converte-se em um repertório de signos e símbolos difundidos globalmente. Os Estudos Culturais, nesse sentido, procuram vislumbrar o campo da cultura não como um espaço pronto, definido, com sistemas de ideias dominantes e inflexíveis, mas como um espaço de lutas e desencaixes. Inspirado em Hall (1997, p.23), “a cultura (...) não pode mais ser estudada como uma variável sem importância, secundária e dependente em relação ao que faz o mundo mover-se; tem de ser vista como algo fundamental, constitutivo, determinando tanto a forma como o caráter deste movimento, bem como a sua vida interior”. Ademais, ao abrigo do referencial teórico dos Estudos Culturais, Willians (1975) considera que a cultura é material, ou seja, o plano cultural não está circunscrito apenas a valores, comportamentos, tradições, sistemas simbólicos e relação sociais. Os produtos materiais utilizados na vida cotidiana, a exemplo da televisão, dos computadores e smartphones, representam maneiras pelas quais o mundo vem sendo experimentado. Essas materialidades constituem produtos culturais e acabam produzindo as sociedades.
Dentro de um conjunto de justificativas, é possível afirmar que redes sociais, plataformas e aplicativos digitais, de alguma forma, têm alterado as formas de comunicação, assim como os diversos modelos de negócios, a exemplo da música (Spotify), do entretenimento (NetFlix), do comércio (Amazon), do transporte (Uber, Google Maps, Waze), do turismo (Airbnb, Booking), da educação (MOOCS), etc. Redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram, os milhares aplicativos para smartphones e tablets, os canais do YouTube, a enciclopédia online Wikipédia, as plataformas e modalidades de educação à distância, entre inúmeros espaços, artefatos e dispositivos ligados ao universo digital, estimulam outras sensibilidades e maneiras de aprender, de compreender e de se relacionar com os outros e com si mesmos.
Esse debate a respeito de uma Cultura Digital como imperativa só pode ser reconhecido à luz dos recentes progressos no campo das tecnologias. O digital não se refere apenas aos efeitos e possibilidades de uma determinada tecnologia ou artefato, mas abrange formas de pensar e de desenvolver certas atividades que são incorporadas pelo uso das tecnologias. Toma-se como exemplo os aplicativos para telefones celulares e tablets, produtos para serem carregáveis e de fácil acesso. O consumo desse tipo de tecnologia se ajusta aos modos de vida flexíveis e se afina a uma espécie de mobilidade contínua. As funcionalidades carregadas por esses aparatos representam parte do kit de sobrevivência dos sujeitos que vivem sob a tutela da racionalidade neoliberal.
O neoliberalismo, de acordo com Ball (2014), é um conjunto complexo de práticas organizadas em torno de um “mercado” com penetração em quase todos os aspectos da vida, ou seja, não é apenas uma doutrina econômica ou projeto político. O neoliberalismo abrange “[…] tanto as relações materiais quanto as sociais envolvidas” (BALL, 2014, p. 25), bem como, em uma perspectiva foucaultiana de governamentalidade, envolve o “[...] governo das populações por meio da produção de seres empreendedores “dispostos”, “auto-governamentáveis” (BALL, 2014, p. 26, grifos do autor).
Este tempo instantâneo, cambiante, efêmero e tecnológico exige um tipo de comunicação e de pedagogia que compreenda as dinâmicas sociais, e que possa dialogar com a provisoriedade do contemporâneo. Este projeto questiona a profusão de práticas culturais que vem se desenvolvendo com as tecnologias e que tem feito com que os sujeitos aprendam com a Cultura Digital. Quer dizer, é dentro dessa matriz de inteligibilidade que dispara-se a ideia de Pedagogia Digital, ou seja, um tipo de pedagogia não centrada simplesmente na utilidade e usabilidade de hardware e software, mas pensada sob uma perspectiva ampliada, aquela das telas dos telefones celulares, dos aplicativos, da convergência, da integração das linguagens, mas, sobretudo, das formas como tais mecanismos digitais têm invadido o cotidiano, moldado práticas, instituído modos de viver, de se relacionar, de construir narrativas. Dessa forma, outros processos (estratégias, abordagens, perspectivas etc.) pedagógicos precisam ser pensados, problematizados, indagados e inventados diante de uma sociedade atravessada pelo digital.
Portanto, um projeto de pesquisa que contemple e examine a temática do digital – inteligência artificial, internet das coisas, big data, algoritmos, redes sociais, plataformas de ensino on-line etc. – e os deslocamentos (alargamento, ampliação etc.) nos conceitos de pedagogia possibilitam refletir sobre as implicações das tecnologias digitais nos diversos espaços de sociabilidade.
Sinalizando uma última justificativa, vale ressaltar que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento de referência para o desenvolvimento curricular e que define, para cada etapa e nível, as aprendizagens essenciais aos alunos brasileiros da Educação Básica – trabalha com 10 competências, sendo uma delas é a da Cultura Digital. Segundo a BNCC (2017, p.474), o desenvolvimento desta competência gira em torno das aprendizagens relativas às “formas de processar, transmitir e distribuir a informação de maneira segura e confiável em diferentes artefatos digitais – tanto físicos (computadores, celulares, tablets etc.) quanto virtuais (internet, redes sociais e nuvens de dados, entre outros)”. A Cultura Digital envolve igualmente aprendizagens voltadas à “participação mais consciente e democrática por meio das tecnologias digitais” (idem, p.474).
A ideia de uma competência atrelada ao digital significa compreender e utilizar as tecnologias digitais de forma crítica, reflexiva e ética. Quer dizer, a BNCC não apenas reconhece o papel das tecnologias na vida em sociedade, mas estabelece que o estudante deve ser capaz de dominar o universo digital e fazer uso qualificado e adequado das ferramentas existentes.
A importância de expressões e conceitos como Cultura Digital, Pedagogias Digitais, Neoliberalismo, Plataformização da Sociedade, entre outros, não é simplesmente uma justificativa. Considera-se tais denominações como constitutivas de saberes que pretendem, segundo Rose (1998), produzir conhecimento sobre os sujeitos e instituir modos de ser sujeito na contemporaneidade.
O horizonte teórico de movimentação do projeto está inscrito na vertente pós-estruturalista dos Estudos Culturais. O pós-estruturalismo rejeita a ideia de estruturas estáveis que conferem significados a partir de binarismos (preto-branco; bom-mau). Na perspectiva pós-estruturalista, os significados são instáveis, negociáveis, estão sempre em processo, e a realidade é analisada como uma construção social, histórica e subjetiva.
Haja vista certas mudanças a partir de meados do século XX, o objeto “cultura” vai adquirindo novos significados nos Estudos Culturais. Ela vai deixando de ser apenas um conjunto de valores, normas e costumes ligados a uma tradição particular ou a um território, e converte-se em um repertório de signos e símbolos difundidos globalmente. Os Estudos Culturais, nesse sentido, procuram vislumbrar o campo da cultura não como um espaço pronto, definido, com sistemas de ideias dominantes e inflexíveis, mas como um espaço de lutas e desencaixes. Inspirado em Hall (1997, p.23), “a cultura (...) não pode mais ser estudada como uma variável sem importância, secundária e dependente em relação ao que faz o mundo mover-se; tem de ser vista como algo fundamental, constitutivo, determinando tanto a forma como o caráter deste movimento, bem como a sua vida interior”. Ademais, ao abrigo do referencial teórico dos Estudos Culturais, Willians (1975) considera que a cultura é material, ou seja, o plano cultural não está circunscrito apenas a valores, comportamentos, tradições, sistemas simbólicos e relação sociais. Os produtos materiais utilizados na vida cotidiana, a exemplo da televisão, dos computadores e smartphones, representam maneiras pelas quais o mundo vem sendo experimentado. Essas materialidades constituem produtos culturais e acabam produzindo as sociedades.
Dentro de um conjunto de justificativas, é possível afirmar que redes sociais, plataformas e aplicativos digitais, de alguma forma, têm alterado as formas de comunicação, assim como os diversos modelos de negócios, a exemplo da música (Spotify), do entretenimento (NetFlix), do comércio (Amazon), do transporte (Uber, Google Maps, Waze), do turismo (Airbnb, Booking), da educação (MOOCS), etc. Redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram, os milhares aplicativos para smartphones e tablets, os canais do YouTube, a enciclopédia online Wikipédia, as plataformas e modalidades de educação à distância, entre inúmeros espaços, artefatos e dispositivos ligados ao universo digital, estimulam outras sensibilidades e maneiras de aprender, de compreender e de se relacionar com os outros e com si mesmos.
Esse debate a respeito de uma Cultura Digital como imperativa só pode ser reconhecido à luz dos recentes progressos no campo das tecnologias. O digital não se refere apenas aos efeitos e possibilidades de uma determinada tecnologia ou artefato, mas abrange formas de pensar e de desenvolver certas atividades que são incorporadas pelo uso das tecnologias. Toma-se como exemplo os aplicativos para telefones celulares e tablets, produtos para serem carregáveis e de fácil acesso. O consumo desse tipo de tecnologia se ajusta aos modos de vida flexíveis e se afina a uma espécie de mobilidade contínua. As funcionalidades carregadas por esses aparatos representam parte do kit de sobrevivência dos sujeitos que vivem sob a tutela da racionalidade neoliberal.
O neoliberalismo, de acordo com Ball (2014), é um conjunto complexo de práticas organizadas em torno de um “mercado” com penetração em quase todos os aspectos da vida, ou seja, não é apenas uma doutrina econômica ou projeto político. O neoliberalismo abrange “[…] tanto as relações materiais quanto as sociais envolvidas” (BALL, 2014, p. 25), bem como, em uma perspectiva foucaultiana de governamentalidade, envolve o “[...] governo das populações por meio da produção de seres empreendedores “dispostos”, “auto-governamentáveis” (BALL, 2014, p. 26, grifos do autor).
Este tempo instantâneo, cambiante, efêmero e tecnológico exige um tipo de comunicação e de pedagogia que compreenda as dinâmicas sociais, e que possa dialogar com a provisoriedade do contemporâneo. Este projeto questiona a profusão de práticas culturais que vem se desenvolvendo com as tecnologias e que tem feito com que os sujeitos aprendam com a Cultura Digital. Quer dizer, é dentro dessa matriz de inteligibilidade que dispara-se a ideia de Pedagogia Digital, ou seja, um tipo de pedagogia não centrada simplesmente na utilidade e usabilidade de hardware e software, mas pensada sob uma perspectiva ampliada, aquela das telas dos telefones celulares, dos aplicativos, da convergência, da integração das linguagens, mas, sobretudo, das formas como tais mecanismos digitais têm invadido o cotidiano, moldado práticas, instituído modos de viver, de se relacionar, de construir narrativas. Dessa forma, outros processos (estratégias, abordagens, perspectivas etc.) pedagógicos precisam ser pensados, problematizados, indagados e inventados diante de uma sociedade atravessada pelo digital.
Portanto, um projeto de pesquisa que contemple e examine a temática do digital – inteligência artificial, internet das coisas, big data, algoritmos, redes sociais, plataformas de ensino on-line etc. – e os deslocamentos (alargamento, ampliação etc.) nos conceitos de pedagogia possibilitam refletir sobre as implicações das tecnologias digitais nos diversos espaços de sociabilidade.
Sinalizando uma última justificativa, vale ressaltar que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento de referência para o desenvolvimento curricular e que define, para cada etapa e nível, as aprendizagens essenciais aos alunos brasileiros da Educação Básica – trabalha com 10 competências, sendo uma delas é a da Cultura Digital. Segundo a BNCC (2017, p.474), o desenvolvimento desta competência gira em torno das aprendizagens relativas às “formas de processar, transmitir e distribuir a informação de maneira segura e confiável em diferentes artefatos digitais – tanto físicos (computadores, celulares, tablets etc.) quanto virtuais (internet, redes sociais e nuvens de dados, entre outros)”. A Cultura Digital envolve igualmente aprendizagens voltadas à “participação mais consciente e democrática por meio das tecnologias digitais” (idem, p.474).
A ideia de uma competência atrelada ao digital significa compreender e utilizar as tecnologias digitais de forma crítica, reflexiva e ética. Quer dizer, a BNCC não apenas reconhece o papel das tecnologias na vida em sociedade, mas estabelece que o estudante deve ser capaz de dominar o universo digital e fazer uso qualificado e adequado das ferramentas existentes.
Metodologia
A proposta deste projeto de pesquisa é desenvolver um tipo de análise, inscrita no campo dos Estudos Foucaultianos e dos Estudos Culturais em Educação, que atribui à linguagem e à produção de subjetividades um lugar central. Para Barker (2011, p.8), a linguagem não pode ser tomada como um meio neutro para a produção de significados. “As representações e os significados culturais apresentam certa materialidade. Ou seja, estão incorporados em sons, inscrições, objetos, imagens, livros, revistas e programas de televisão”.
Imerso em um cenário marcado pelo consumo de artefatos digitais, o plano metodológico do projeto foi sistematizado de acordo com os três movimentos investigativos. Na sequência, outras atividades, de caráter prático e metodológico, também são apresentadas como parte do projeto.
No intuito de construir um percurso investigativo que envolva neoliberalismo, plataformas web, redes digitais, processos educativos, aprendizagens, docência e cultura digital, leva-se em consideração o caminho exposto por Edward Said no texto “O Mundo, o Texto e o Crítico” (2004). Said propõe um roteiro, a seguir numerado:
1) Localização do ponto de origem: conjunto de circunstâncias em que se verifica a emergência dos conceitos e de ideias;
2) Distância percorrida: caminho entre a saída do ponto de origem até outro tempo, ou seja, como os conceitos/ideias se transformaram e de que forma são apreendidos no presente;
3) O conceito incorporado: as condições de possibilidade para emergência de conceitos/ideias, assim como suas respectivas aceitações e resistências.
Transpondo o roteiro de Said (2004) para o campo metodológico, foi elaborado um possível caminho baseado nos três movimentos de investigação .
Primeiro movimento investigativo (localização do ponto de origem): problematizar a Cultura Digital (GERE, 2008; LISTER et.al, 2009; STALDER, 2018; GREEBER e MARTIN, 2009) e a Plataformização da Sociedade (VAN DIJCK, POELL e WAAL, 2018) como estruturas envolvidas na produção de sentidos. Neste primeiro movimento, o objetivo é desenvolver um estudo sobre os(as) seguintes elementos, conceitos, termos, expressões e ideias: cultura digital; tecnologias digitais; redes sociais; plataformas digitais; plataformização da sociedade; smartphones; algoritmicidade, aplicativos digitais etc. Para isso utiliza-se a revisão bibliográfica de natureza exploratória, recorrendo a livros, teses, dissertações e artigos científicos.
Para tal movimentação, parte-se da análise discursiva, compreendendo como os conceitos pertencem a uma determinada época, e não são naturais e a-históricos. Eles foram constituídos historicamente e passaram a compor a agenda social, econômica e política que institui, a cada época, determinados regimes discursivos. Segundo Foucault (2010), esses regimes seriam aquilo que define, é aquilo que estabelece o regime de verdade. Desse modo, talvez seja possível, ao utilizar tal perspectiva, compreender que o modo como os conceitos entram em operação e ganharam visibilidade faz parte de um conjunto de práticas que se desenvolvem com o uso das tecnologias digitais.
Segundo movimento investigativo (distância percorrida): explorar as implicações da articulação entre “tecnologias digitais” e “racionalidade neoliberal”, sobretudo, no âmbito dos processos educativos (institucionalizados ou não). Para tal intento, além de acionar autores como Brown (2019), Dardot et.al (2021), Ball (2014), Laval (2004), Couldry e Mejias (2019), entre outros, utiliza-se a análise documental como recurso metodológico.
A análise documental permite problematizar a dimensão histórica e temporal com vistas à compreensão de determinado fenômeno. Isso significa analisar o processo de maturação e de transformação dos indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, subjetividades, práticas, e assim por diante (CELLARD, 2008). Tanto a pesquisa documental quanto a pesquisa bibliográfica têm o documento como objeto de estudo. Contudo, neste projeto, o conceito de documento ultrapassa o texto escrito, envolvendo, dessa maneira, outras fontes de pesquisas, a exemplo de filmes, fotografias, postagens em redes sociais, vídeos no YouTube etc. Talvez a diferença entre a pesquisa bibliográfica (primeiro movimento de investigação) e a documental seja a busca por informações em documentos que ainda não receberam tratamento científico, tais como relatórios, documentos jurídicos, reportagens de jornais e revistas, filmes, documentários, entre outras publicações.
Portanto, neste segundo movimento de investigação, além dos autores citados, tem-se como material documental a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LEI nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) o Plano Nacional de Educação (PNE), bem como programas que circundam o meio educacional e se encontram afinados às políticas neoliberais. Ball (2014) lista uma série de projetos ditos educacionais que, imbuídos de intenções “salvacionistas”, colocam em evidência empresas e instituições financeiras (Banco Mundial, OCDE etc.) que investem em programas na área da educação, a exemplo do “Todos pela Educação” e de movimentos filantrópicos similares. Empresas e programas se engendram às políticas de educação e acabam funcionando como “braços” da racionalidade neoliberal, não se limitando aos aspectos econômicos. Trata-se de um projeto de pesquisa cuja premissa é a de que a racionalidade neoliberal e o ingresso/consumo das tecnologias digitais na vida em sociedade têm transformado o universo da educação escolar, dos processos de formação dos sujeitos, das aprendizagens e da docência em um investimento individual e privatizado.
Terceiro movimento investigativo (conceito incorporado): analisar como as redes sociais, plataformas e aplicativos digitais vêm operando pedagogicamente. Trata-se de conjeturar a emergência e existência de Pedagogias Digitais (BORTOLAZZO, 2021), ou seja, outros tipos de pedagogias que possam responder às demandas e contingências da sociedade contemporânea.
Diante da expansão de práticas mediadas pelo digital, os sujeitos se encontram epistemologicamente expostos a uma racionalidade que tem nos aparatos tecnológicos uma de suas ancoragens. Episteme, seguindo a linha de entendimento de Foucault (2007), não é simplesmente uma forma de conhecimento, mas uma racionalidade que compreende um conjunto de relações, designando as condições de possibilidade a partir da filosofia, da empiria, dos saberes científicos ou não, produzidas numa dada época e apreensíveis ao conhecimento.
Este terceiro movimento se encontra amparado nos métodos digitais (ROGERS, 2013;2015;2019; D’ANDREA, 2020) e nos estudos de caso. Para Rogers (2013), os métodos digitais nos convidam a observar o redirecionamento dos mecanismos presentes nas plataformas, artefatos e aplicativos como objetos de estudo. Trata-se, sobretudo, de um processo de alfabetização digital que requer uma nova cultura de conhecimento. De forma objetiva, segundo Rogers (2013), os métodos digitais são compreendidos como prática de pesquisa (qualitativa, quantitativa ou quali/quanti), que tem como objeto os mecanismos e os dados nativos digitais. A arena investigativa dos métodos digitais é a internet e todo o ambiente online. A dinâmica dos métodos digitais está em seguir o meio (médium), já que as lógicas das redes sociais, plataformas e aplicativos digitais estão em mudanças e adaptações contínuas. Quer dizer, estudar o digital é também sinônimo de tentar compreender o transitório, o passageiro e o efêmero. Os mecanismos – sistemas de organização e extração de dados feito pelas plataformas, ou seja, os sistemas algorítmicos de personalização, recomendação, etc. –interferem, moldam e organizam a forma como os sujeitos se relacionam, se comunicam e compreendem o mundo ao redor.
É partir dos métodos digitais e de estudos de caso que se interpõe pensar nas Pedagogias Digitais enquanto espaços, artefatos e procedimentos que vão instituindo certas práticas e, por assim dizer, também governando a conduta dos sujeitos. Na mesma vertente epistemológica, outros modos de olhar e de compreender a educação, a pedagogia, os processos formativos, o ensino, a aprendizagem, o currículo, a docência, etc., entram em circulação.
Outras atividades, de caráter prático e metodológico, são parte do projeto e estão descritas a seguir: Reuniões periódicas (quinzenais) com os integrantes do Projeto de Ensino denominado “Entre Pedagogias e o Digital: deslocamentos, trajetórias e aprendizagens”; Reuniões periódicas com os integrantes do Projeto de Ensino (organizado enquanto grupo de estudo e em vias de ser cadastrado junto ao Cobalto/UFPel), prevendo o desenvolvimento de seminários e de leituras dirigidas inscritas no referencial dos Estudos Foucaultianos. O projeto, com ênfase no ensino, deverá iniciar no primeiro semestre de 2023 em parceria com o Prof. Dr. Fernando Cezar Ripe da Cruz (FAE/UFPel); A proposta é que este projeto de pesquisa se encontre vinculado a um evento que iniciou em abril de 2022 denominado de Jornadas de Estudos Culturais em Educação (JECE). As informações sobre essas Jornadas estão disponíveis em: jece.com.br; Internacionalização da pesquisa junto ao Instituto de Cultura e Sociedade (Institute for Culture and Society/ ICS) da Universidade de Western Sydney (UWS), na Austrália; O projeto de pesquisa se vincula ao Grupo de Pesquisa GPCC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículo e Contemporaneidade), e está registrado na base do CNPQ através do endereço: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9837425627547599; Integração Pesquisa e Extensão: no escopo do projeto está prevista a incorporação de uma ação de extensão já em andamento na UFPel e intitulada “Diálogos Pedagógicos: questões emergentes na educação escolar”.
Imerso em um cenário marcado pelo consumo de artefatos digitais, o plano metodológico do projeto foi sistematizado de acordo com os três movimentos investigativos. Na sequência, outras atividades, de caráter prático e metodológico, também são apresentadas como parte do projeto.
No intuito de construir um percurso investigativo que envolva neoliberalismo, plataformas web, redes digitais, processos educativos, aprendizagens, docência e cultura digital, leva-se em consideração o caminho exposto por Edward Said no texto “O Mundo, o Texto e o Crítico” (2004). Said propõe um roteiro, a seguir numerado:
1) Localização do ponto de origem: conjunto de circunstâncias em que se verifica a emergência dos conceitos e de ideias;
2) Distância percorrida: caminho entre a saída do ponto de origem até outro tempo, ou seja, como os conceitos/ideias se transformaram e de que forma são apreendidos no presente;
3) O conceito incorporado: as condições de possibilidade para emergência de conceitos/ideias, assim como suas respectivas aceitações e resistências.
Transpondo o roteiro de Said (2004) para o campo metodológico, foi elaborado um possível caminho baseado nos três movimentos de investigação .
Primeiro movimento investigativo (localização do ponto de origem): problematizar a Cultura Digital (GERE, 2008; LISTER et.al, 2009; STALDER, 2018; GREEBER e MARTIN, 2009) e a Plataformização da Sociedade (VAN DIJCK, POELL e WAAL, 2018) como estruturas envolvidas na produção de sentidos. Neste primeiro movimento, o objetivo é desenvolver um estudo sobre os(as) seguintes elementos, conceitos, termos, expressões e ideias: cultura digital; tecnologias digitais; redes sociais; plataformas digitais; plataformização da sociedade; smartphones; algoritmicidade, aplicativos digitais etc. Para isso utiliza-se a revisão bibliográfica de natureza exploratória, recorrendo a livros, teses, dissertações e artigos científicos.
Para tal movimentação, parte-se da análise discursiva, compreendendo como os conceitos pertencem a uma determinada época, e não são naturais e a-históricos. Eles foram constituídos historicamente e passaram a compor a agenda social, econômica e política que institui, a cada época, determinados regimes discursivos. Segundo Foucault (2010), esses regimes seriam aquilo que define, é aquilo que estabelece o regime de verdade. Desse modo, talvez seja possível, ao utilizar tal perspectiva, compreender que o modo como os conceitos entram em operação e ganharam visibilidade faz parte de um conjunto de práticas que se desenvolvem com o uso das tecnologias digitais.
Segundo movimento investigativo (distância percorrida): explorar as implicações da articulação entre “tecnologias digitais” e “racionalidade neoliberal”, sobretudo, no âmbito dos processos educativos (institucionalizados ou não). Para tal intento, além de acionar autores como Brown (2019), Dardot et.al (2021), Ball (2014), Laval (2004), Couldry e Mejias (2019), entre outros, utiliza-se a análise documental como recurso metodológico.
A análise documental permite problematizar a dimensão histórica e temporal com vistas à compreensão de determinado fenômeno. Isso significa analisar o processo de maturação e de transformação dos indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, subjetividades, práticas, e assim por diante (CELLARD, 2008). Tanto a pesquisa documental quanto a pesquisa bibliográfica têm o documento como objeto de estudo. Contudo, neste projeto, o conceito de documento ultrapassa o texto escrito, envolvendo, dessa maneira, outras fontes de pesquisas, a exemplo de filmes, fotografias, postagens em redes sociais, vídeos no YouTube etc. Talvez a diferença entre a pesquisa bibliográfica (primeiro movimento de investigação) e a documental seja a busca por informações em documentos que ainda não receberam tratamento científico, tais como relatórios, documentos jurídicos, reportagens de jornais e revistas, filmes, documentários, entre outras publicações.
Portanto, neste segundo movimento de investigação, além dos autores citados, tem-se como material documental a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LEI nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) o Plano Nacional de Educação (PNE), bem como programas que circundam o meio educacional e se encontram afinados às políticas neoliberais. Ball (2014) lista uma série de projetos ditos educacionais que, imbuídos de intenções “salvacionistas”, colocam em evidência empresas e instituições financeiras (Banco Mundial, OCDE etc.) que investem em programas na área da educação, a exemplo do “Todos pela Educação” e de movimentos filantrópicos similares. Empresas e programas se engendram às políticas de educação e acabam funcionando como “braços” da racionalidade neoliberal, não se limitando aos aspectos econômicos. Trata-se de um projeto de pesquisa cuja premissa é a de que a racionalidade neoliberal e o ingresso/consumo das tecnologias digitais na vida em sociedade têm transformado o universo da educação escolar, dos processos de formação dos sujeitos, das aprendizagens e da docência em um investimento individual e privatizado.
Terceiro movimento investigativo (conceito incorporado): analisar como as redes sociais, plataformas e aplicativos digitais vêm operando pedagogicamente. Trata-se de conjeturar a emergência e existência de Pedagogias Digitais (BORTOLAZZO, 2021), ou seja, outros tipos de pedagogias que possam responder às demandas e contingências da sociedade contemporânea.
Diante da expansão de práticas mediadas pelo digital, os sujeitos se encontram epistemologicamente expostos a uma racionalidade que tem nos aparatos tecnológicos uma de suas ancoragens. Episteme, seguindo a linha de entendimento de Foucault (2007), não é simplesmente uma forma de conhecimento, mas uma racionalidade que compreende um conjunto de relações, designando as condições de possibilidade a partir da filosofia, da empiria, dos saberes científicos ou não, produzidas numa dada época e apreensíveis ao conhecimento.
Este terceiro movimento se encontra amparado nos métodos digitais (ROGERS, 2013;2015;2019; D’ANDREA, 2020) e nos estudos de caso. Para Rogers (2013), os métodos digitais nos convidam a observar o redirecionamento dos mecanismos presentes nas plataformas, artefatos e aplicativos como objetos de estudo. Trata-se, sobretudo, de um processo de alfabetização digital que requer uma nova cultura de conhecimento. De forma objetiva, segundo Rogers (2013), os métodos digitais são compreendidos como prática de pesquisa (qualitativa, quantitativa ou quali/quanti), que tem como objeto os mecanismos e os dados nativos digitais. A arena investigativa dos métodos digitais é a internet e todo o ambiente online. A dinâmica dos métodos digitais está em seguir o meio (médium), já que as lógicas das redes sociais, plataformas e aplicativos digitais estão em mudanças e adaptações contínuas. Quer dizer, estudar o digital é também sinônimo de tentar compreender o transitório, o passageiro e o efêmero. Os mecanismos – sistemas de organização e extração de dados feito pelas plataformas, ou seja, os sistemas algorítmicos de personalização, recomendação, etc. –interferem, moldam e organizam a forma como os sujeitos se relacionam, se comunicam e compreendem o mundo ao redor.
É partir dos métodos digitais e de estudos de caso que se interpõe pensar nas Pedagogias Digitais enquanto espaços, artefatos e procedimentos que vão instituindo certas práticas e, por assim dizer, também governando a conduta dos sujeitos. Na mesma vertente epistemológica, outros modos de olhar e de compreender a educação, a pedagogia, os processos formativos, o ensino, a aprendizagem, o currículo, a docência, etc., entram em circulação.
Outras atividades, de caráter prático e metodológico, são parte do projeto e estão descritas a seguir: Reuniões periódicas (quinzenais) com os integrantes do Projeto de Ensino denominado “Entre Pedagogias e o Digital: deslocamentos, trajetórias e aprendizagens”; Reuniões periódicas com os integrantes do Projeto de Ensino (organizado enquanto grupo de estudo e em vias de ser cadastrado junto ao Cobalto/UFPel), prevendo o desenvolvimento de seminários e de leituras dirigidas inscritas no referencial dos Estudos Foucaultianos. O projeto, com ênfase no ensino, deverá iniciar no primeiro semestre de 2023 em parceria com o Prof. Dr. Fernando Cezar Ripe da Cruz (FAE/UFPel); A proposta é que este projeto de pesquisa se encontre vinculado a um evento que iniciou em abril de 2022 denominado de Jornadas de Estudos Culturais em Educação (JECE). As informações sobre essas Jornadas estão disponíveis em: jece.com.br; Internacionalização da pesquisa junto ao Instituto de Cultura e Sociedade (Institute for Culture and Society/ ICS) da Universidade de Western Sydney (UWS), na Austrália; O projeto de pesquisa se vincula ao Grupo de Pesquisa GPCC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículo e Contemporaneidade), e está registrado na base do CNPQ através do endereço: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9837425627547599; Integração Pesquisa e Extensão: no escopo do projeto está prevista a incorporação de uma ação de extensão já em andamento na UFPel e intitulada “Diálogos Pedagógicos: questões emergentes na educação escolar”.
Indicadores, Metas e Resultados
Entende-se que os indicadores são elementos importantes que competem à produção, divulgação e comunicação das pesquisas. Dessa forma, com o objetivo de mensurar os resultados, relatórios parciais de acompanhamento e de desempenho, quando solicitados, serão fornecidos. Considera-se, assim, os seguintes indicadores, metas, expectativas de resultado e métricas descritos a seguir:
1) Primeiro Movimento de Investigação: problematizar a Cultura Digital e a Plataformização da Sociedade como estruturas envolvidas na produção de sentidos.
Meta 1: produzir e publicar estudos sobre a emergência da Cultura Digital operando nas várias esferas da vida cotidiana, sobretudo, no campo dos processos educativos e de formação dos sujeitos.
Meta 2: problematizar – inicialmente, junto aos grupos de estudo e, depois, pensando estratégias de expansão – como as relações com as tecnologias digitais vêm disseminando certos tipos de saberes, assim como regulando a conduta dos sujeitos.
Meta 3: desenvolver e ampliar os estudos sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que diz respeito ao papel da competência denominada Cultura Digital.
Prazo: até o final do projeto
Resultados esperados:
Meta 1: publicação de artigos científicos e capítulos de livros.
Meta2: apresentações em eventos acadêmicos
Meta 3: a ideia é a de que o relatório sobre BNCC e Cultura Digital possa ser transformado em material didático destinado aos professores da educação básica.
Métricas: número de publicações produzidas pelo coordenador do projeto ou pelo grupo de pesquisadores; impacto de diversidade do portfólio de publicações e contagem de visualizações por publicação.
2)Segundo Movimento de Investigação: explorar as implicações da articulação entre “tecnologias digitais” e “racionalidade neoliberal”, particularmente, no âmbito dos processos educativos (institucionalizados ou não).
Meta 1: mapear os documentos normativos da Educação Brasileira, tais como LDB, BNCC, PNE, entre outros, com o intuito de produzir e divulgar relatórios em eventos acadêmicos, com vistas a analisar em que medida o digital se encontra incutido nos programas educacionais.
Meta 2: listar e inventariar, a partir de análise documental, os vários projetos ditos educacionais, financiados por empresas e instituições (Banco Mundial, OCDE etc.) que investem em programas na área da educação, se engendram às políticas e acabam funcionando como “braços” da racionalidade neoliberal.
Meta 3: alocar a temática “docência, racionalidade neoliberal e cultura digital” em ações de extensão, sobretudo, aquelas voltadas à formação inicial e continuada de professores.
Prazo: até o final do projeto
Resultados esperados:
Meta 1: produção de relatório e posterior apresentação em eventos acadêmicos; transformação do relatório em material de consulta para toda a comunidade acadêmica.
Meta2: produzir estudos de caso e análise documental; apresentar resultados em eventos acadêmicos; publicar resultados em periódicos científicos
Meta 3: a ideia é trazer a temática para ações e eventos de extensão, a exemplo do já citado “Diálogos Pedagógicos: questões emergentes na educação escolar”.
Métricas: número de participantes nos eventos de extensão; feedback do público das ações de extensão; impacto da temática na comunidade acadêmica; proeminência do tópico para a universidade e para a comunidade em geral;
3)Terceiro Movimento de Investigação: examinar quais são os recursos e as estratégias utilizadas por redes sociais, plataformas e aplicativos digitais, no sentido de operar pedagogicamente. Trata-se de conjeturar a emergência de Pedagogias Digitais.
Meta 1: publicar pesquisas teórico-empíricas sobre métodos digitais, contemplando as principais abordagens, os instrumentos para coleta e análise de dados e as indicações das melhores práticas de pesquisa com redes sociais, plataformas e aplicativos digitais.
Meta 2: utilizar de estudos de caso, a partir de redes sociais (Instagram, Twitter, Facebook etc.), plataformas web (Amazon, Google, Microsoft etc.) e aplicativos digitais (Uber, Waze, iFood, AirBnb, WhatsApp etc.) e produzir um compilado sobre Pedagogias Digitais.
Prazo: até o final do projeto
Resultados esperados:
Meta 1: publicação de artigos em periódicos científicos e capítulos de livros; proposição de uma disciplina a nível de graduação ou pós-graduação sobre métodos digitais .
Meta2: apresentar resultados em eventos acadêmicos; publicação de livro; apresentação da pesquisa junto ao JECE (Jornada de Estudos Culturais em Educação).
Métricas: número de publicações produzidas pelo coordenador do projeto ou pelo grupo de pesquisadores; número de citações; impacto de adesão a outras pesquisas; impacto de internacionalização; impacto das colaborações; contagem de visualizações por publicação.
Outras metas do projeto envolvem:
•Fomentar o diálogo entre as pesquisas acadêmicas e os discentes universitários, refletindo sobre as possibilidades de uma docência mais afinada às demandas da sociedade contemporânea.
·Instigar o debate sobre questões emergentes na educação escolar, convidando os docentes e futuros docentes a uma compreensão mais significativa e diversa sobre as práticas pedagógicas
·Melhorar a qualidade da formação docente inicial e continuada
·Consolidar uma rede de pesquisadores praticantes dos Estudos Foucaultianos e dos Estudos Culturais em Educação
·Organização e participação em seminários (nacionais e internacionais) e eventos acadêmicos
1) Primeiro Movimento de Investigação: problematizar a Cultura Digital e a Plataformização da Sociedade como estruturas envolvidas na produção de sentidos.
Meta 1: produzir e publicar estudos sobre a emergência da Cultura Digital operando nas várias esferas da vida cotidiana, sobretudo, no campo dos processos educativos e de formação dos sujeitos.
Meta 2: problematizar – inicialmente, junto aos grupos de estudo e, depois, pensando estratégias de expansão – como as relações com as tecnologias digitais vêm disseminando certos tipos de saberes, assim como regulando a conduta dos sujeitos.
Meta 3: desenvolver e ampliar os estudos sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que diz respeito ao papel da competência denominada Cultura Digital.
Prazo: até o final do projeto
Resultados esperados:
Meta 1: publicação de artigos científicos e capítulos de livros.
Meta2: apresentações em eventos acadêmicos
Meta 3: a ideia é a de que o relatório sobre BNCC e Cultura Digital possa ser transformado em material didático destinado aos professores da educação básica.
Métricas: número de publicações produzidas pelo coordenador do projeto ou pelo grupo de pesquisadores; impacto de diversidade do portfólio de publicações e contagem de visualizações por publicação.
2)Segundo Movimento de Investigação: explorar as implicações da articulação entre “tecnologias digitais” e “racionalidade neoliberal”, particularmente, no âmbito dos processos educativos (institucionalizados ou não).
Meta 1: mapear os documentos normativos da Educação Brasileira, tais como LDB, BNCC, PNE, entre outros, com o intuito de produzir e divulgar relatórios em eventos acadêmicos, com vistas a analisar em que medida o digital se encontra incutido nos programas educacionais.
Meta 2: listar e inventariar, a partir de análise documental, os vários projetos ditos educacionais, financiados por empresas e instituições (Banco Mundial, OCDE etc.) que investem em programas na área da educação, se engendram às políticas e acabam funcionando como “braços” da racionalidade neoliberal.
Meta 3: alocar a temática “docência, racionalidade neoliberal e cultura digital” em ações de extensão, sobretudo, aquelas voltadas à formação inicial e continuada de professores.
Prazo: até o final do projeto
Resultados esperados:
Meta 1: produção de relatório e posterior apresentação em eventos acadêmicos; transformação do relatório em material de consulta para toda a comunidade acadêmica.
Meta2: produzir estudos de caso e análise documental; apresentar resultados em eventos acadêmicos; publicar resultados em periódicos científicos
Meta 3: a ideia é trazer a temática para ações e eventos de extensão, a exemplo do já citado “Diálogos Pedagógicos: questões emergentes na educação escolar”.
Métricas: número de participantes nos eventos de extensão; feedback do público das ações de extensão; impacto da temática na comunidade acadêmica; proeminência do tópico para a universidade e para a comunidade em geral;
3)Terceiro Movimento de Investigação: examinar quais são os recursos e as estratégias utilizadas por redes sociais, plataformas e aplicativos digitais, no sentido de operar pedagogicamente. Trata-se de conjeturar a emergência de Pedagogias Digitais.
Meta 1: publicar pesquisas teórico-empíricas sobre métodos digitais, contemplando as principais abordagens, os instrumentos para coleta e análise de dados e as indicações das melhores práticas de pesquisa com redes sociais, plataformas e aplicativos digitais.
Meta 2: utilizar de estudos de caso, a partir de redes sociais (Instagram, Twitter, Facebook etc.), plataformas web (Amazon, Google, Microsoft etc.) e aplicativos digitais (Uber, Waze, iFood, AirBnb, WhatsApp etc.) e produzir um compilado sobre Pedagogias Digitais.
Prazo: até o final do projeto
Resultados esperados:
Meta 1: publicação de artigos em periódicos científicos e capítulos de livros; proposição de uma disciplina a nível de graduação ou pós-graduação sobre métodos digitais .
Meta2: apresentar resultados em eventos acadêmicos; publicação de livro; apresentação da pesquisa junto ao JECE (Jornada de Estudos Culturais em Educação).
Métricas: número de publicações produzidas pelo coordenador do projeto ou pelo grupo de pesquisadores; número de citações; impacto de adesão a outras pesquisas; impacto de internacionalização; impacto das colaborações; contagem de visualizações por publicação.
Outras metas do projeto envolvem:
•Fomentar o diálogo entre as pesquisas acadêmicas e os discentes universitários, refletindo sobre as possibilidades de uma docência mais afinada às demandas da sociedade contemporânea.
·Instigar o debate sobre questões emergentes na educação escolar, convidando os docentes e futuros docentes a uma compreensão mais significativa e diversa sobre as práticas pedagógicas
·Melhorar a qualidade da formação docente inicial e continuada
·Consolidar uma rede de pesquisadores praticantes dos Estudos Foucaultianos e dos Estudos Culturais em Educação
·Organização e participação em seminários (nacionais e internacionais) e eventos acadêmicos
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
DEISY JAQUES RIBEIRO | |||
DENISE MACEDO ZILIOTTO | |||
Eloenes Lima da Silva | |||
FERNANDO CEZAR RIPE DA CRUZ | |||
FRANCISCO ROBLEDO DE LIRA | |||
ISIS FERREIRA BRAGA | |||
Isabela Dutra Corrêa da Silva | |||
JULIA GUIMARÃES NEVES | 2 | ||
Larissa Pinto Martins | |||
Marcelo Marin Alves | |||
NELSON DE OLIVEIRA SIMÕES | |||
RAFAEL GUTERRES ORTIZ | |||
SANDRO FACCIN BORTOLAZZO | 10 |