Nome do Projeto
ESTUDO LONGITUDINAL DE GESTANTES E RECÉM-NASCIDOS INDÍGENAS EXPOSTOS AO MERCÚRIO NA AMAZÔNIA
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/06/2023 - 31/05/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O uso crescente do mercúrio em diversas atividades antropogênicas provoca alterações significativas em seu ciclo biogeoquímico e, consequentemente, aumenta a exposição de populações humanas a este perigoso contaminante. Diante da importância deste fenômeno, o risco de adoecer devido à exposição crônica ao mercúrio tem se tornado uma preocupação crescente na agenda da saúde pública internacional. Estudos realizados em crianças da Amazônia expostas ao mercúrio desde o período pré-natal indicam a perda da capacidade cognitiva, alterações psicomotoras e retardo no desenvolvimento mental. É relevante sob o ponto de vista de saúde pública gerar evidências científicas sólidas para apoiar a luta pela defesa dos territórios tradicionais, bem como subsidiar denúncias em fóruns internacionais de direitos humanos para que as autoridades públicas tomem providências, e gerar evidências da exposição pré-natal ao mercúrio no atraso do neurodesenvolvimento de crianças indígenas. Pretende-se realizar um estudo longitudinal prospectivo em 13 aldeias Munduruku e Kayapó com gestantes e seus bebês até completarem 24 meses de idade, totalizando 250 pares de gestantes/bebês. A exposição de interesse será a concentração de mercúrio durante o período pré-natal e o desfecho principal o atraso no neurodesenvolvimento (cognitivos, motora e linguagem) de crianças indígenas.

Objetivo Geral

Avaliar os efeitos da exposição pré-natal ao mercúrio no neurodesenvolvimento de crianças indígenas que vivem em áreas de influência de garimpos de ouro na Amazônia, considerando atrasos cognitivos, problemas de coordenação motora e de linguagem.

Justificativa

O crescimento infantil é um processo biológico, de multiplicação e aumento do tamanho celular, que pode ser medido em termos de centímetros e metros ou gramas e quilos. Já o desenvolvimento caracteriza-se pela aquisição de novas habilidades – sentar-se, engatinhar, andar, segurar algo, o desenvolvimento da linguagem e, posteriormente, raciocínio, memória e aprendizado. Estudos sugerem que a nutrição no período da gestação e nos primeiros 1.000 dias de vida pode determinar efeitos, a curto, médio e longo prazo, na saúde e no bem-estar da criança até a vida adulta. Já se sabe, também, que a genética não é soberana na determinação do potencial de crescimento e desenvolvimento do indivíduo: cerca de 20% dos nossos genes são influenciados por fatores hereditários, enquanto a maior parte deles (até 80%), pode ser influenciada por fatores ambientais como: medicamentos, estresse, infecções, exercícios, nutrição e exposição a contaminantes ambientais. Confirmar que a exposição pré-natal ao mercúrio afeta o neurodesenvolvimento de crianças indígenas, ocasionando atrasos cognitivos, problemas de coordenação motora e de linguagem, reveste-se de extrema relevância uma vez que nos primeiros 1.000 dias de vida da criança cada célula do corpo está sendo formada e programada para serem utilizadas ao longo de toda a vida do ser humano.

Metodologia

Estudo longitudinal prospectivo em 13 aldeias Munduruku e Kayapó (Pará) com acompanhamento de gestantes indígenas e de seus bebês, até que eles completem 24 meses de idade, totalizando aproximadamente 250 gestantes e 250 bebês.
A exposição primária de interesse é a concentração de mercúrio durante o período pré-natal e o desfecho primário será dedicado a dimensionar os efeitos deletérios no neurodesenvolvimento infantil, examinado por avaliação clínica e aplicação de testes padronizados. Como desfechos secundários serão a ocorrência de abortamentos precoces, natimortos e óbitos fetais entre as gestantes estudadas.
Serão elegíveis para o estudo, gestantes que atenderem aos seguintes critérios de inclusão: (1) ter como residência principal uma das 13 aldeias selecionadas; e (2) ter entre 18 e 30 anos.
Os critérios de exclusão incluem: (1) diagnóstico clínico de diabetes tipo II antes da gravidez; (2) ser fumante atual; (3) ter residido fora das aldeias cenário de estudo por mais de duas semanas durante a gravidez; (4) ter idade abaixo de 18 e acima de 30 anos; e (5) ter histórico anterior de filhos com malformação congênita. Também serão excluídos os recém-nascidos cuja autorização não for obtida da mãe e/ou responsável, e também as gestantes que tenham alguma incapacidade que não permita a participação na entrevista, no exame clínico e na realização de exames complementares.

Indicadores, Metas e Resultados

Determinar as concentrações de mercúrio em gestantes indígenas selecionadas, em 3 diferentes momentos da gestação até o momento do parto por meio do uso de biomarcadores de exposição;
Determinar as concentrações de mercúrio nos recém-nascidos do grupo de gestantes indígenas selecionado no 6º, 12º, e 24º mês de vida por meio do uso de biomarcadores de exposição;
Monitorar a ocorrência de óbitos nas gestantes e recém-nascidos acompanhados ao longo do período de estudo, assim como promover a investigação da causa do óbito;
Elaborar um conjunto de orientações (plano de mitigação) para a população local a fim de reduzir o impacto da contaminação por mercúrio nas áreas afetadas. O plano de mitigação deverá ser trilíngue, elaborado nas línguas Munduruku, Kayapó e Português.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
JULIANA DOS SANTOS VAZ4
KARLA PEREIRA MACHADO
LAURA POHL COSTA

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