Estudos realizados no Brasil e na América Latina vêm demonstrando significativa prevalência de transtornos mentais entre crianças e adolescentes brasileiros, destacando-se, entre os mais frequentes, a ansiedade e a depressão. A nível nacional, por exemplo, a prevalência, entre pessoas de 10 a 19 anos, é estimada em 17,1% (UNICEF, 2021). Ainda que os índices possam variar entre regiões, as taxas podem ser consideradas altas, e isso se estende ao Município de Pelotas, recorte espacial da presente pesquisa. A nível de políticas públicas, o Brasil dispõe do Sistema Único de Saúde - SUS que oferta cuidados em saúde mental, desde a atenção básica até a alta complexidade. Trata-se de um sistema que, no tocante à saúde mental, é composto por diversos dispositivos, cuja responsabilidade é dividida, a depender da complexidade, entre União, Estados e Municípios, voltados à prevenção e tratamento de transtornos mentais. Há serviços vinculados às redes de atendimento e programas desenvolvidos nas comunidades. Entre o público mais jovem, os programas de destaque situam-se no ambiente escolar.
Diversos fatores interagem e contribuem para as altas taxas de transtornos mentais entre crianças e adolescentes, sendo, sobretudo, de ordem subjetiva, social e econômica. Quando o enfoque recai sobre a forma como cada sujeito lida com esses fatores, em especial com as adversidades, entra-se no campo da resiliência. A resiliência é entendida como fenômeno psicológico (YUNES, 2011), presente, indistintamente, nos indivíduos e em seus sistemas relacionais (MASTEN, 2014, 2018) e costuma ser avaliada, no Brasil, por meio de instrumentos voltados a outras características e medidas de desempenho, que acabam por avaliar capacidades adjuntas, como por exemplo qualidade de vida, ao invés de analisá-la diretamente (OLIVEIRA & NAKANO, 2018).
De acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) (2021), a prevalência de transtornos mentais entre adolescentes de 10 a 19 anos no Brasil é estimada em 17,1%. Além disso, avalia-se que a ansiedade e depressão são responsáveis por quase 50% dos transtornos mentais entre adolescentes da mesma idade na América Latina e Caribe (UNICEF, 2021). No sudeste do Brasil, as taxas de prevalência de transtornos mentais, segundo critérios do DSM-IV, para crianças de 7-14 anos é de aproximadamente 12,7% (FLEITLICH-BILYK & GOODMAN, 2004). Além disso, crianças brasileiras apresentam altas taxas na Escala de Ansiedade Infantil de Spence (SCAS) comparadas a outros países do mundo (DESOUSA ET AL., 2014).
Segundo estudos, a resiliência é compreendida como um fenômeno psicológico (YUNES, 2011), presente, indistintamente, nos indivíduos e em seus sistemas relacionais (MASTEN, 2014, 2018) e costuma ser avaliada no Brasil por meio de instrumentos voltados a outras características e medidas de desempenho, que acabam por avaliar capacidades adjuntas, como por exemplo qualidade de vida, ao invés de analisá-la diretamente (OLIVEIRA & NAKANO, 2018).
Considerando esta demanda, foi conduzido um estudo piloto para uma proposta de instrumento voltado à análise da resiliência em crianças de 8 a 12 anos denominado Marcadores de Resiliência Infantil (OLIVEIRA & NAKANO, 2020); após a construção, testagem e aplicação do instrumento, os resultados promissores ressaltam a importância da observação deste fenômeno psicológico, assim como a urgência de medidas que supram a escassez instrumental para avaliação da resiliência infantil, especialmente no Brasil.
Nesse sentido, a Escala de Resiliência para Crianças (RS-10), desenvolvida por Gail Wagnild, é um instrumento de dez itens utilizado para medir a capacidade de responder de forma positiva às adversidades da vida. É uma escala que mede individualmente a resiliência em crianças de 07-12 anos e é respondida em torno de 4-5 minutos, possuindo uma linguagem de fácil entendimento para esta faixa etária (WAGNILD, 2015). Logo, a fim de utilizar a RS-10 em pesquisas sobre resiliência no Brasil, é importante realizar o processo de tradução do inglês para o português do Brasil, a adaptação transcultural e validação do constructo.