Nome do Projeto
Os imaginários poético-pedagógicos da docência em arte
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/06/2023 - 01/06/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
Este projeto tem como seu principal objetivo investigar os imaginários docentes mobilizados nas docências do/para o ensino da arte no contexto da educação básica escolar a partir de um estudo sobre a dimensão poética, política e pedagógica que envolve este fazer, indo na direção de experimentação de formas de docência que favoreçam o diálogo, a escuta e a construção coletiva de saberes. Na perspectiva de movimentar esta intenção investigativa, pretende-se gerar as seguintes ações: a) produção de um arquivo com ditos e escritos sobre a docência em arte na atualidade; b) a realização de grupos focais com docentes que atuam nas redes públicas de ensino de Pelotas (RS) e região; c) o estudo, desenvolvimento e experimentação de proposições educativas em/com/sobre o ensino da arte no contexto da educação escolar. As ações da pesquisa articulam-se com um trabalho em Rede que está sendo desenvolvido pelo Arteversa-grupo de estudo em docência em arte, ao o autor deste projeto está vinculado. A gestualidade metodológica assumida para a pesquisa tem como referência as abordagens de investigação-ação e a pesquisa baseada em arte (peba).Espera-se que ao seu final, esta pesquisa apresente subsídios que contribuam para a compreensão das formas de produção da docência em arte na atualidade e ofereça-nos subsídios para problematizar os desafios diante de nós, que nos dedicamos a complexa tarefa de formar professoras e professores nos tempo em que vivemos. Palavras-chave: Arte. Educação. Ensino. Metodologia. Formação de Professores.

Objetivo Geral

Investigar os imaginários docentes mobilizados no ensino da arte a partir de um estudo sobre a dimensão poética, política e pedagógica deste fazer na atualidade, indo na direção de experimentação de formas de docência que favoreçam o diálogo, a escuta e a construção coletiva de saberes.

Justificativa

As atividades de ensino remoto utilizadas como estratégia educacional durante os anos de 2020 e 2021, devido a interrupção das atividades educacionais presenciais em decorrência da situação de emergência sanitária vividas pelo Brasil e demais pais, colocou em “visibilidade” (FOUCAULT, 2010) um conjunto de pistas sobre as racionalidades que tem instituído as formas de docência praticadas nos diferentes contextos educativos. No ensino das artes visuais percebeu-se uma proliferação de atividades prontas que surgiam como “dicas” e ou “exemplos” sobre como “dar aula de artes à distância”.
Esses ditos foram sendo recolhidos em diferentes espaços como as redes sociais, grupos de whatsapp e sites de conteúdo educacional. Ao mesmo tempo interrogava-me porque diante de um conjunto de possibilidades e provocações artísticas – principalmente aquelas feitas por artistas desde os anos 1960 como Lygia Clark e Allan Kaprow e que desdobram-se em uma certa “coleção de exemplos” (DE DUVE, 2009) nas práticas artísticas visuais da atualidade (1) -, que favoreciam experimentações capazes de potencializar o lugar da arte nos processos educativos, voltávamo-nos aos modelos prontos? Sem nenhuma ingenuidade de minha parte, interperlava-me na tentativa de suspeitar de meu próprio olhar Parafraseando Agamben (2009,p.65), seria tal qual aquele que recebe em seu “rosto o facho de trevas que provém de seu tempo”, uma tentativa de perceber aquilo que está próximo de nós, mas que se distancia continuadamente, como um compromisso nosso com o tempo em que vivemos. Seria, portanto pensar, o que está diante de nós na formação inicial de docentes de artes visuais, mas ainda não conseguimos perceber?
Tal exercício permitiu-me compreender que aquela circulação de atividades evidenciava um certo modelo pedagógico neotecnicista de cunho pragmático que se multiplicava diante da implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A questão levou-me a estudar as formas de produção das aulas de arte - , tanto em atividades relacionadas aos Estágios no âmbito da universidade, quanto nas atividades escolares a partir das minhas visitas as escolas para supervisão das experiências de docência de estudantes em formação (2) -, que estão descritas em um diário com cenas que constituem um certo “arquivo” (FOUCAULT, 2010) de práticas que permitem observar a exterioridade de certos discursos educacionais que modelam as formas de docência de professoras e professores de arte na atualidade.
Aquele conjunto de materialidades, colocou em “visibilidade” (DELEUZE, 2005) um aspecto que envolve a constituição do pensamento docente no/para o ensino da arte e fez “emergir” (FOUCAULT, 2010), uma necessidade de compreender os imaginários de docentes que atuam como professoras(es) de arte na educação básica. Não se trata de entender uma suposta capacidade imaginativa, mas de entender de que maneiras são produzidas as formas de pensar a arte e suas pedagogias e de que maneiras as dimensões poéticas e pedagógicas dos conhecimentos artísticos têm permeado os fazeres de docentes que atuam no ensino da arte. A realização de tal estudo poderá contribuir para a compreensão dos distanciamentos e aproximações entre o que se propõe para o ensino das artes visuais na universidade e o que se movimenta nas escolas de educação básica. Não se pretende com isso, “a busca de uma suposta verdade” sobre a docência tampouco da identificação dos fracassos de uma parte ou outra, antes aquilo que me mobiliza neste projeto é a possibilidade de esboçar uma paisagem teórica-metodológica-analítica que nos permita entender de que modos se constitui essa prática denominada de “docência em arte” e que desafios estão diante de nós, que nos dedicamos a complexa tarefa de formar professoras e professores de arte neste nosso tempo de agora.
Esta pesquisa também lança-nos diante do seguinte desafio: a partir do encontro com docentes de arte em atuação nas redes públicas de ensino de Pelotas(RS) e região, das trocas e dos compartilhamentos, que percursos podemos construir para a produção de formas de docência que favoreçam o diálogo, a escuta e a construção coletiva de saberes no ensino da arte?

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1) No Arteversa-grupo de estudos e pesquisas em arte e docência temos investigado ao longo dos últimos anos os modos como os processos artísticos atuais ampliam as relações entre arte e educação e vida...e...e...e... em um tipo de “pedagogia do campo expandido” (LOPONTE E MOSSI, 2023). Tal entendimento decorre das pesquisas que realizamos nos últimos 16 anos, a saber: “O campo expandido da arte e da docência: aproximações, tensões, processos e práticas artísticas contemporâneas” (financiada pelo MCTIC/CNPq Nº 28/2018); Docência como campo expandido: arte contemporânea e formação estética (financiada pelo Edital MCT/CNPq 14/2013); Arte contemporânea e formação estética para a docência (financiada pelo Edital MCT/CNPq 14/2010) Arte e estética na formação docente (financiada pelo Edital MCT/CNPq 15/2007). As produções do grupo podem ser acessadas em: www.arteversa.ufrgs.br
2) Refiro-me aqui ao trabalho que desenvolvido entre os anos de 2021 e 2023 no curso de Licenciatura em Artes Visuais do Campus Curitiba II (FAP) da Universidade Estadual do Paraná, na cidade de Curitiba (PR).

Metodologia

A intencionalidade metodológica desta pesquisa foi esboçada a partir de uma gestualidade orientada pelo pensamento do filósofo francês Michel Foucault. Nos percursos pretendidos para a realização deste projeto, as ações serão vinculadas a um projeto investigativo coletivo realizado pelo Arteversa-grupo de estudo e pesquisa em docência e arte (UFRGS/CNPq) no formato de trabalho em Rede interessado no desenvolvimento de percursos educativos a partir do material atualmente disponibilizado em nosso site (https://www.ufrgs.br/arteversa/). Também são previstas articulações de parcerias em nível nacional e internacional para ampliar os debates sobre as artes e o seu ensino na Universidade Federal de Pelotas. A feitura da pesquisa envolverá também, projetos que serão cadastrados nas áreas de ensino e de extensão, na perspectiva de integração e inter-relação dos fazeres docentes da universidade. Assim, as ações serão realizadas a partir de três eixos, a saber:
Eixo teórico – neste eixo, será feita a construção de um lastro teórico-filosófico para a discussão do que tenho denominado de pensamento poético-pedagógico da docência em arte a partir de três ações: na primeira ação, pretende-se organizar um “arquivo” (FOUCAULT, 2010), sobre o ensino da arte na educação básica em um intervalo de tempo que engloba a segunda década do século XXI (2011-2020). Na segunda ação será feito um estudo das produções pedagógicas de três pesquisadoras brasileiras, a saber: Mirian Celeste Martins (Objetos Propositores e Territórios de Arte e Cultura), Tatiana Fernández (Objetos de Aprendizagem Poética e o Evento Artístico como Pedagogia) e Andrea Hofstaetter (Objetos Propositores Poéticos) para identificar princípios que permitam o desenvolvimento de proposições educativas em/com/sobre arte. E na terceira ação será feito um estudo sobre a Pesquisa Educacional Baseada em Arte (PEBA), em especial sobre a A/r/tografia, pois tal proposta encontra-se vinculada as abordagens metodológicas de investigação-ação, assim espera-se construir uma espiral de sustentação teórica-metodológica e analítica que esteja em diálogo com os fazeres da docência e que envolva a multiplicidade de vozes que constituem o eixo empírico da pesquisa.
Eixo empírico – neste eixo, será proposto a realização de grupos focais egressas e egressos do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas e que estejam atuando preferencialmente nas redes públicas de ensino da cidade de Pelotas e região, tendo como inspiração metodológica as pesquisa realizadas por Bremm (2017) e Capra (2017) (o quantitativo de pessoas envolvidas e a abrangência territorial será definida a partir das orientações do Comitê de Ética da instituição). Nessa etapa espera-se descrever um conjunto de ditos que permitam compreender as racionalidades que constituem o pensamento poético-pedagógico de egressos do curso e de que maneiras são produzidas formas de docências em arte na educação contemporânea. Para as atividades deste eixo serão utilizadas as estratégias construídas a partir do primeiro eixo e que envolvem as metodologias artísticas de investigação em educação.
Eixo analítico– cruzamento de dados dos eixos anteriores combinados com elementos advindos dos projetos de ensino e extensão, a fim de subsidiar ações e discussões na área de formação inicial e continuada de docentes de artes visuais no âmbito das licenciaturas ofertadas pela instituição, podendo envolver também, as/os estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação da área de Arte, fortalecendo os laços entre ensino, pesquisa e extensão com vistas a integração entre a graduação e a pós-graduação, além fomentar a realização de novos estudos e pesquisas.
Estes eixos complementam-se e interpenetram-se, permitindo descrever e analisar as contribuições que podem emergir de práticas pedagógicas que envolvam arte e educação que movimentam-se nos cotidianos das escolas. As ações propostas são pensadas para um interstício de 36 (trinta e seis) meses. Ao final da pesquisa espera-se apresentar um conjunto de materialidades que fomentem as atividades de docentes (por meio de objetos educacionais) e as atividades cientificas (por meio de artigos publicados em periódicos de relevância nacional e internacional).

Indicadores, Metas e Resultados

Metas
1- Construção de um arquivo sobre o ensino da arte na atualidade.
2- Desenvolvimento de proposições educativas em/com/sobre arte para o ensino da arte no contexto escolar.
3 Experimentação de proposições educativas em/com/sobre arte para o ensino da arte no contexto escolar em grupos focais com egressas e egressos do curso de Licenciatura em Artes Visuais da UFPel.
4-Produção de conteúdo voltado para docentes no site Arteversa (www.arteversa.ufrgs.br), nas seções “Coleções de artistas” e “Textos para abrir uma conversa em arte e educação” e consolidação de parceria entre UFPel e UFRGS.
5- Construir parcerias com instituições estaduais, nacionais e internacionais para amplificação das ações desenvolvidas com a pesquisa e suas interfaces com as áreas de ensino e extensão.
6- Produzir textos para serem publicados em periódicos, livros e textos em Anais de eventos a partir dos dados produzidos com a pesquisa com vistas a qualificação das práticas e políticas de formação de docentes de artes visuais e ensino de arte na educação básica.

Indicadores
1- Fazer um levantamento de Teses e Dissertações sobre o ensino da arte na educação básica realizadas na segunda década do século XXI (2011-2021).
2 - Fazer um levantamento de artigos sobre o ensino da arte na educação básica publicados na segunda década do século XXI (2011-2021) em periódico que estejam nas faixas A1 e A2 cuja concentração estejam assentadas nas áreas de Educação e Artes.
3 - Elaboração de proposições educativas em/com/sobre arte para o ensino da arte no contexto escolar.
4 - Produzir conteúdo voltado para docentes no site Arteversa (www.arteversa.ufrgs.br), nas seções “Coleções de artistas” e “Textos para abrir uma conversa em arte e educação” enquanto estratégia de consolidação de parceria entre UFPel e UFRGS.
5 - Estabelecer parcerias de nível nacional e internacional para o fortalecimento das discussões sobre a formação de professoras e professores de arte por meio do encontro com pesquisadoras, pesquisadores, grupos de pesquisa e instituições .
6 - Contribuição com as políticas de formação de docentes para o ensino da arte em nível local (O Centro de Artes e a UFPel), em nível regional (a rede estadual de ensino) e em nível nacional (as políticas curriculares para a educação básica e a formação de professores).

Resultados esperados
Ao final da pesquisa espera-se ser possível:
1- Apresentar um panorama de aspectos sobre a docência em arte na atualidade a fim de subsidiar a elaboração de práticas e propostas a nível local (no Colegiado de Licenciatura em Artes Visuais, no Centro de Artes e na UFPel), regional (na rede estadual de ensino) e a nível nacional (nas políticas curriculares e nas políticas de formação de professores).
2 - A disponibilização de materialidades que fomentem as atividades de docentes por meio de proposições educativas.
3 - A produção de conteúdo voltado para docentes no site Arteversa (www.arteversa.ufrgs.br), nas seções “Coleções de artistas” e “Textos para abrir uma conversa em arte e educação”.
4 - A divulgação científica (por meio de artigos publicados em periódicos de relevância nacional e internacional).
5 – A construção de parcerias em nível local, regional, nacional e internacional.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CAROLINE LEAL BONILHA
DANIEL BRUNO MOMOLI
LISLAINE SIRSI CANSI
LUCIANA GRUPPELLI LOPONTE
MARIANA COSTA GONCALVES
OSÉIAS NINO DA SILVA
PEDRO IVO BRAMÉ

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