Nome do Projeto
Memória e Identidade de Artistas Mulheres
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/12/2023 - 31/08/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Multidisciplinar
Resumo
Este projeto de pesquisa mira as mulheres artistas que passaram pela antiga Escola de Belas de Pelotas, instituição privada dedicada ao ensino das artes criada em 1949 em Pelotas, até sua total fusão com o Instituto de Artes da UFPEL décadas após no ano de 1973. Sabendo que as mulheres foram predominantemente a maioria dos alunos da EBA ao longo dos seus anos de existência, nos questionamos por que, invariavelmente, ao se falar sobre ela e a arte em Pelotas, são homens que surgem, especialmente seus professores? Este apagamento sofrido pelas mulheres artistas, sua invisibilização, não foi um fato local isolado, mas um negligenciamento feminino generalizado na estruturação social patriarcal ao longo da história da arte, privilegiando uma história das artes androcentrista. Esta pesquisa se dará tanto sobre acervo documental, como meio de identificar estas artistas através dos arquivos da antiga EBA, hoje em guarda no acervo do museu de arte Leopoldo Gotuzzo – MALG/UFPEL, como também, através das memórias de expressão oral das artistas e/ou seus familiares, trazer suas histórias de vida, suas poéticas artísticas, suas obras e sua visão sobre este lugar subalterno e excludente onde estiveram as artistas ao longo da história da arte, e, as consequências que acarretaram em suas vidas artísticas. Espera-se assim, construir um corpo documental de referência sobre estas artistas, e que, certamente não se esgotará nesta pesquisa, já que, pelo grande número de mulheres artistas que se sabe passaram pela EBA, em número superior a 200, ainda haverá necessidade de novos estudos e pesquisas até que se estabeleça um robusto corpo documental sobre estas artistas e suas obras, colaborando na construção de conhecimento de forma diversa do que acorreu ao longo do tempo, quando esteve ancorado em termos androcêntrico.
Objetivo Geral
Construir conhecimento e visibilizar as artistas que passaram pela antiga Escola de Belas Artes de Pelotas, ainda que tardiamente.
Difundir, através das memórias de expressão oral das artistas e/ou de seus familiares, suas vidas e obras, conhecimento negligenciado pela estruturação da história das artes em termos androcêntrico em seu tempo, oferecendo uma fonte documental não só a comunidade acadêmica, mas para a sociedade, mostrando que o negligenciamento das artistas por questões de gênero, não só inviabilizou muitas vidas artísticas, mas privou a sociedade de sua arte.
Difundir, através das memórias de expressão oral das artistas e/ou de seus familiares, suas vidas e obras, conhecimento negligenciado pela estruturação da história das artes em termos androcêntrico em seu tempo, oferecendo uma fonte documental não só a comunidade acadêmica, mas para a sociedade, mostrando que o negligenciamento das artistas por questões de gênero, não só inviabilizou muitas vidas artísticas, mas privou a sociedade de sua arte.
Justificativa
Ao prefaciar Mies , Silvia Federici fala sobre a importância do entendimento das origens da subalternização das mulheres, pois independente de tempos e sociedades, a vida planetária sempre dependeu das delas, consequentemente, todas as atividades humanas, ou seja, toda a estruturação social se constituiu e constitui a partir das mulheres, e depende, em última análise, de sua reprodução. Neste sentido, ao longo do tempo, apesar da inumeráveis e inomináveis exclusões sociais e culturais as mulheres sempre estiveram em trabalho de resistência. Esta resistência esteve bastante presente no caso das artistas latino-americanas, Andrea Giunta4 lembra por exemplo, que foi a partir dos anos 60 que o corpo feminino até então estereotipado pelos tabus na estruturação patriarcal, passou a ser intensamente investigado, e, entre os anos 60 a 80 a produção artística das artistas latino-americanas experimentaram e produziram, alterando radicalmente o aquele corpo estereotipado. Giunta (2018, p. 29) acredita que elas “foram responsáveis pela maior transformação iconográfica do século XX”. Idiossincraticamente, com suas práxis criativas e em seu tempo, as artistas da EBA estiveram entremeadas nas dinâmicas de representação e construção social, pois a arte sempre é uma representação social, seja individual ou coletiva, carregada nas múltiplas realidades das vidas de seus artistas formadores, uma construção social e cultural provocadora e perturbadora, que reconfigura concepções estéticas e simbólicas, consequentemente, é potencialmente modificadora de construções sociais e culturais ao excitar “o outro”. E ainda que, muito poucas daquele universo artístico tenham superado as múltiplas exclusões para seguir a carreira artística, certamente todas elas, ao longo de sua passagem na EBA e posteriormente na busca de seu espaço como artistas, estiraram as amarras da estruturação social patriarcal que lhes impunha limites nas aspirações artísticas, certamente uma forma de resistência. Esta pesquisa espera trazer conhecimento sobre o universo social artístico e cultural deste grupo de mulheres artistas, que certamente é diverso daquele que sempre vem à tona na arte local e regional, fortemente ancorado em uma longa história das artes androcentrista. O negligenciamento feminino generalizado longamente ocorrido na história da arte, esta misógina perpetuação cultural, nos lembra que a vida das mulheres, ao longo do tempo histórico, foi e é de constante vigília e luta frente aos sistemáticos e constantes ataques a sua posição social, entendo que trazer conhecimento sobre esta nefasta prática social e cultural, e sobre a vida e arte daquelas que em seu tempo foram atravessadas por ela é de fundamental importância e relevância, ainda que de forma tardia, como disse.
Metodologia
A oralidade será o caminho metodológico, utilizando como fundamento o entrecruzamento entre a História Oral de vida e a temática, com a condução argumentativa do convidado, o protagonista, dono de sua história, onde a cronologia dá lugar a subjetividade de detalhes, sejam eles surpreendentes e/ou inesperados em sua trajetória de vida. Como procedimentos metodológicos a serem utilizados na História Oral nesta pesquisa, serão utilizados os ensinamentos do Núcleo de Estudos em História Oral, NEHO/USP, remetendo aos fundamentos e processos operacionais que orientarão a pesquisa, a comunidade de destino (as artistas invisibilizadas nas história das artes no Brasil), a colônia (as artistas da EBA de Pelotas) e as redes (as ouvidas, que se estabelecerão ao longo da pesquisa).
Indicadores, Metas e Resultados
Espera-se alcançar um grande número de artistas oriundas da antiga escola de belas artes e suas produções artísticas. Os resultados esperados, diante do negligenciamento histórico sofrido pelas mulheres artistas, são de revelar estas artistas, inserir suas histórias de vida através das suas memórias de expressão oral na história das artes de Pelotas e do país. Igualmente, tornar suas memórias acessíveis ao público comum, através de publicações individuais e/ou coletivas, em formato físico e/ou digital, de áudio e ou áudio/vídeo. Como indicadores, parâmetros qualitativos objetivando avaliar a condução e construção da pesquisa proposta, apontando assertiva nos caminhos tomados ou eventuais adequações necessárias, seja nas metas ou nos resultados pretendidos, entendo que o primeiro indicador seja verificar se a busca ativa pelas artistas trará resultados efetivos, como também, avaliar a escala de aceitação de participação das artistas e/ou seus familiares na pesquisa, sem alcançar estes parâmetros, a razão da própria pesquisa se desfaz.
Este projeto está diretamente vinculado à pesquisa de doutorado de Simone Pinho de Oliveira e ao mestrado de Letícia Quintana Lopes, portanto, uma tese e uma dissertação sobre o trabalho desenvolvido são os resultados mínimos a se esperar.
Este projeto está diretamente vinculado à pesquisa de doutorado de Simone Pinho de Oliveira e ao mestrado de Letícia Quintana Lopes, portanto, uma tese e uma dissertação sobre o trabalho desenvolvido são os resultados mínimos a se esperar.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
ANA MARIA LACAU DE MACEDO | |||
DANIELE BALTZ DA FONSECA | 3 | ||
DAYANNA MICHELLE CANON PEREZ | |||
DEBORA DA SILVA OLIVEIRA | |||
JULIANA NEUMANN SEIXAS | |||
KAREN VELLEDA CALDAS | 1 | ||
Leticia Quintana Lopes | |||
MURIEL BELO PEREIRA | |||
Simone Pinho de Oliveira |