Nome do Projeto
Soluções tecnológicas para obtenção de isolados proteicos sustentáveis de diferentes genótipos de arroz cultivados no RS e sua aplicação em produtos plant-based
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
05/12/2023 - 30/11/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
O arroz (Oryza sativa L.) apresenta um importante destaque econômico e social na região sul do Brasil. Na safra de 2020/2021, o estado do RS atingiu 70% da produção nacional, o que o torna a região que mais benefecia arroz, e consequentemente, que mais gera resíduos frutos deste processamento no Brasil. O farelo de arroz é um dos principais subprodutos resultantes do beneficiamento de arroz, alçando uma produção de 700 mil toneladas. O farelo de arroz apresenta interessante característica nutritiva, como elevado teor protéico, fibras, minerais, lipidios e antioxidantes. A proteína do farelo de arroz, além de ser hipoalergênica, apresenta importantes propriedades funcionais, que pode gerar uma diversidade de aplicação na indústria de alimentos. O uso das proteinas em forma de concentrado proteíco pode ser utilizado na produção de novos alimentos como na elaboração de produtos cáneos vegetais. Contudo, esta materia-prima ainda é pouco utilizada, tendo maior parte do seu destino para rações e produção de óleo, acarretando assim impactos econômicos a agroindústria. Desta forma, o reaproveitamento do farelo de arroz em produtos de alto valor agregado é uma solução sustentável para redução de custos. Além disso, o mercado de produtos a base de vegetais, substituintes da proteína animal, esta em pleno crescimento, exigindo assim o desenvolvimento de novos produtos com materias-primas diferentes a da soja, comumente utilizada. Com isso, este projeto visa um amplo estudo com proteína do farelo de arroz, de forma a obter concentrados proteícos com pelo menos 55 % de proteína e com boas propridades funcionais, e aplicá-los no desenvolvimento de produtos cárneos vegetais, como hambruger, linguiça e carne moida. Para isto contaremos com o apoio de pesquisadores de empresas de pesquisa como EMBRAPA, IRGA e EPAGRI, e de universidades públicas como UNICAMP, UFVJM e USP.

Objetivo Geral

Desenvolver alimentos a base de proteínas vegetais a partir de concentrado proteico de farelo de arroz obtido através do reaproveitamento dos resíduos do beneficiamento do arroz no RS.

Justificativa

O arroz (Oryza sativa L.) se destaca por ser um alimento básico para mais de 60% da população mundial (World Rice Production, 2021). Sendo assim um dos cereais mais cultivado no mundo, com grande destaque do ponto de vista econômico e social (Tong et al., 2019). Neste contexto, o Brasil se destaca por ser o 10º produtor e consumidor, e 9º exportador mundial de arroz. A principal região produtora de arroz está localizada no sul do país. O RS registrou a quarta maior produção de arroz da história em 2020/2021, se responsabilizando por 70% da produção nacional e alcançando 8,5 milhões de toneladas (Mordor Intelligence, 2022).
O RS é o estado que mais produz e beneficia arroz no Brasil, e por consequência é o maior gerador de resíduos sólidos resultantes do processamento de arroz. Os principais subprodutos originados são a casca do arroz, o farelo do arroz e os grãos quebrados. Estes resíduos apresentam um grande problema as indústrias devido as dificuldades associadas à correta destinação e aos custos. O farelo de arroz representa um volume de 9% obtido no beneficiamento de arroz no RS, o que representa mais de 700 mil toneladas de matéria-prima subutilizada, pois apenas parte dela é destinada para ração animal ou a produção de óleo. No contexto global, este volume sobe para 11%, o que equivale a 84 milhões de toneladas de farelo de arroz produzido anualmente (Rappe et al., 2021). Contudo, a medida que a comunidade científica direciona as pesquisas para o aproveitamento de subprodutos agroindustriais como o farelo de arroz, outras aplicações vão tomando espaço como na produção de suplementos, fertilizantes, meios de cultura, antioxidantes e proteínas (Bodie et al., 2019).
Desta forma, o reaproveitamento de resíduos, como o farelo de arroz, é uma solução sustentável, pois contribui para a redução nos impactos econômicos decorrentes da sua produção. Além disso, o emprego do farelo de arroz em outros processos alimentares pode agregar valor à cadeia produtiva, gerando potenciais impactos sociais e oportunidade para o desenvolvimento da agroindústria local. Atualmente, o setor do arroz gera mais de 30 mil empregos diretos e cerca de 200 municípios do RS dependem dessa cultura, sendo assim um mercado atrativo para o desenvolvimento de novos produtos à base de arroz, que possam ainda mais contribuir para a expansão deste setor.
O farelo apresenta cerca de 4 a 11% do total do grão de arroz (Oliveira et al., 2021) e apresenta uma composição rica em proteínas, fibras, lipídios, compostos funcionais como tocoferóis e tocotrienóis. O conteúdo de proteína bruta do farelo varia entre 10 a 16%, sendo superior à proteína do trigo e do milho (Gong et al., 2021). Estes teores podem variar devido à variedade e aspectos agronômicos como tipo de solo, clima, qualidade da matéria prima utilizada e processo de beneficiamento. A qualidade das proteínas do farelo de arroz apresenta propriedades funcionais comparáveis a caseína. As proteínas do farelo de arroz consistem nas frações de albumina, globulina, glutelina e prolamina. A albumina apresenta elevado valor biológico e digestibilidade (Rappe et al., 2021). Estas proteínas na forma de concentrados podem ser incorporados a produtos de alto valor agregado, apresentando assim excelente potencial na indústria de alimentos. Além do elevado valor nutricional, estas proteínas são hipoalergênicas, o que a tornam atrativas para sua inserção em produtos alimentícios destinado a pessoas alérgicas (Tran et al., 2019).
Assim, este projeto visa o estudo do uso do resíduo do arroz para obtenção de proteínas vegetais, através da obtenção do concentrado proteico pelo processo pH shift e da proteína texturizada pelo processo de extrusão, e sua aplicação em produtos plant-based em um tempo de 24 meses (Figura 1). Assim será possível promover nova fonte proteica para suprir a demanda de alimentos e oferecer uma alternativa análoga a de origem animal. Para isso será utilizado o farelo de arroz, como meio de aproveitamento sustentável de um subproduto do processamento do arroz e desenvolvido um estudo de otimização da extração da proteína do farelo de arroz para alcançar os melhores rendimentos, propriedades tecnológicas e digestibilidade. Além disso, será realizado um mapeamento das proteínas por técnica de proteômica para a identificação das proteínas. Inicialmente se objetiva a produção mínima de 50 kg de concentrado proteico para aplicação na produção da proteína texturizada. Para o desenvolvimento da proteína texturizada será realizada a otimização do processo de extrusão para obter o melhor padrão de qualidade. Ao obter uma proteína texturizada com condições ótimas será possível sua incorporação em um produto cárneo vegetal.
Desta forma, o objetivo deste projeto propõe avaliar o potencial proteico do farelo de arroz, aplicar estratégias para a obtenção do concentrado proteico e da proteína texturizada, e sua utilização em um produto plant-based. Para o desenvolvimento deste projeto contaremos com uma ampla equipe de pesquisadores qualificados e experientes na inovação em C&T de alimentos, incluindo pesquisadores, professores, pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos e iniciantes científicos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Pesquisadores de outros centros de pesquisa como EMPRAPA, EPAGRI e IRGA, e unidades acadêmicas como da Universidade de Campinas (UNICAMP) e Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) também apoiam este projeto.


Metodologia

Obtenção do concentrado proteico
Para obtenção do concentrado proteico será promovido a precipitação proteica em pH ácido da farinha desengordurada conforme descrito por Salcedo-Chávez et al. (2002). Se realizará centrifugação, lavagem e secagem do precipitado como descrito na Figura 4. Espera-se obter aproximadamente 55 % de proteínas em base seca.
Solubilidade das proteínas
A solubilidade da proteína (%) em água será determinada de acordo com Liu et al. (1992). O teor de nitrogênio será determinado pelo método Kjeldahl e o teor de proteína obtido pela multiplicação do fator de conversão 6,25 (AACC, 1995).
Capacidade de formação de espuma
A capacidade de formação de espuma será obtida de acordo com o método descrito por Guillerme, Loisel, Bertrand, and Popineau (1993).
Proteômica
A extração das proteínas totais será realizada utilizando Plant Total Protein Extraction Kit (Sigma Aldrich) que consiste na adição de solução metanólica contendo inibidor de tripsina e reagente de extração, e quantificadas pelo método fluorimétrico utilizando uma curva-padrão de peptídeos de acordo com Pierce Quantitative Fluorometric Peptide Assay kit (Thermo Scientific). A digestão e guanidinação será realizada utilizando In-solution tryptic digestion and guanidinatiom kit (Thermo Scientific). As amostras serão injetadas em sistema de nano-cromatografia em fase líquida, modelo NCS-3500RS, marca Thermo Scientific acoplado a um espectrômetro de massas, modelo Impact II (analisador Q-ToF), marca Bruker Daltonics (Isaacson et al., 2006).
Digestibilidade da proteína
A análise de digestibilidade “in vitro” será realizada conforme o procedimento descrito por Sandoval-Sicairos et al. (2021).
Produção da proteína texturizada
Para a produção da proteína texturizada será utilizado como ingrediente o concentrado proteico obtido com características tecnológicas ótimas. A proteína texturizada será obtida através do processo de extrusão de baixa e alta umidade conforme descrito por Schmiele et al. (2015). Será utilizado uma extrusora de dupla rosca corrotacional encaixado (ZSK 30 - Werner Pfleiderer Corp). A amostra extrusada a baixa umidade será processada a umidade de condicionamento de 23%, temperatura de 1a e de 2a zona de 60 e 80ºC, respectivamente, 3a e 4a zona de 110°C, vazão de alimentação de 9kg h-1, velocidade de rosca de 300rpm e matriz circular com dois orifícios de 2,6mm cada um. A extrusão à alta umidade será processada à umidade de condicionamento de 60%, temperatura de 1a e 2a zona de 50 e 70ºC, respectivamente, de 3a e 4a zona de 90°C, vazão de alimentação de 12kg h-1, velocidade de rosca de 300rpm e matriz retangular com abertura de 7,5mm de altura, 33,5mm de largura e 45cm de comprimento. Serão aplicados analises de qualidade para avaliação da cor, sabor e textura da proteína texturizada.
Elaboração do produto plant-based
Para a produção do produto plant-based será aplicado a proteína texturizada obtida com melhores características tecnológicas e funcionais. Serão analisadas as propriedades tecnológicas e sensoriais do produto cárneo vegetal. Os produtos cárneos vegetais serão elaborados com mistura dos ingredientes como água, proteína de arroz, e condimentos.





Indicadores, Metas e Resultados

Na fase inicial deste projeto espera-se obter um rendimento da proteína extraída, com pelo menos 55 % de conteúdo proteíco. Bem como um concentrado proteico com qualidade tecnológicas e funcionais interessantes para uma posterior uso no desenvolvimento de produtos alimentícios carneos vegetais. Além disso, espera-se obter uma proteína texturizada com características fisico-quimicas e tecnológicas como de textura, cor, pH, CAA adequadas para sua inserção em hamburguer, carne moida e linguiça. Espera-se que os produtos finais obtidos apresentem propriedades tecnológicas e sensoriais adequadas, alcançando pelo menos 70% de aceitabilidade pelos consumidores.
O processo para obtenção dos isolados proteicos encontram-se em TRL3 e pretende-se ao final do projeto atingir o TRL6. Por fim, esses resultados apontarão para o grande potencial de reaproveitamento de resíduos como o farelo de arroz principalmente no que diz respeito a sua aplicação em novos produtos vegetais. Além de promover o desenvolvimento da região através da criação de novos empregos, renda e sustentabilidade.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BETINA BUENO PERES
BRENDA DANNENBERG KASTER
Larissa Alves Rodrigues
LÁZARO DA COSTA CORREA CANIZARES
MARIA ANTONIA FAGUNDES DE LEON
MAURICIO DE OLIVEIRA20
RUAN BERNARDY
SILVIA NAIANE JAPPE
Silvia Leticia Rivero Meza

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