Nome do Projeto
Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Econômicos Solidários (Incubadora Tecsol)
Ênfase
Extensão
Data inicial - Data final
01/03/2024 - 31/12/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Exatas e da Terra
Eixo Temático (Principal - Afim)
Tecnologia e Produção / Trabalho
Linha de Extensão
Empreendedorismo
Resumo
As ‘incubadoras tecnológicas de cooperativas populares’ (ITCPs) são programas acadêmicos que articulam ensino, pesquisa, extensão e inovação a partir de grupos interdisciplinares de docentes e discentes, auxiliando grupos sociais a constituírem empreendimentos econômicos solidários (coletivos, associações, cooperativas; de produção, de prestação de serviços, de consumo ou de crédito), para melhorarem as vidas de seus/suas participantes, objetiva e subjetivamente. Hoje (2024), existem 43 programas em diferentes universidades e institutos federais de educação, vinculados à Rede de ITCPs. ‘Economia solidária’ compreende o conjunto dos empreendimentos econômicos – urbanos ou rurais; de produção, de serviços, de consumo ou de crédito – de caráter associativo, permanentes, multifamiliares e economicamente viáveis, nos quais seus participantes compartilham, de forma coletiva e democrática, a propriedade, o trabalho, as decisões e os resultados relativos ao empreendimento. Não há patrões, nem empregados (o trabalho assalariado, se existir, deve ser residual) e os empreendimentos estão organizados sob os princípios da autogestão (gestão democrática), da cooperação e da viabilidade econômica. ‘Tecnologias sociais’ refere-se a produtos, processos ou metodologias que podem ser livremente apropriados, replicados ou modificados, cujo objetivo é oferecer soluções para problemas concretos de agrupamentos sociais e que buscam relação com a sustentabilidade e com a emancipação social; que são desenvolvidos através da interação entre grupos organizados (comunidade, movimento social, cooperativa etc.) e pessoal acadêmico, promovendo o diálogo entre as diferentes formas de conhecimento - científico, popular, originário, artístico, filosófico etc. São exemplos de tecnologias sociais: a agroecologia, a permacultura, o software livre, a fitoterapia, o comércio justo, as moedas sociais, as técnicas artesanais, os equipamentos de fácil acesso para geração de energias renováveis etc. Na UFPel, as ITCPs estão representadas pelas atividades desenvolvidas pelo Núcleo Interdisciplinar de Tecnologias Sociais e Economia Solidária (Tecsol), vinculado à PREC pela resolução 10/2011 do COCEPE. As sucessivas edições do projeto ‘Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Econômicos Solidários’ têm sido responsáveis por desenvolver as ações, princípios e metodologias das ITCPs no âmbito da UFPel. O presente projeto apresenta-se em continuidade ao projeto ‘Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Econômicos Solidários (Incubadora Tecsol) 2022-2023, coordenado pelo Prof. Antônio Cruz, do IFISP. A equipe docente permanece a mesma e há variações em termos de equipe discente, de ações previstas e de grupos sociais atendidos. A incubação ou a pós-incubação de empreendimentos solidários pressupõe o desenvolvimento de um projeto pedagógico que envolve, de um lado, pessoal universitário (docentes e discentes da incubadora), e de outro, grupos sociais solidários, que queiram empreender (incubação) ou que queiram aperfeiçoar (pós-incubação) seus empreendimentos econômicos sob os princípios da economia solidária: autogestão (gestão democrática), cooperação e viabilidade econômica. Espera-se que, num período de dois (2) a quatro (4) anos (para grupos incubados) ou de dois (2) anos (para grupos pós-incubados), os empreendimentos alcancem condições de desenvolver autonomamente as ações e tarefas necessárias para atingirem seus objetivos próprios.

Objetivo Geral

Desenvolver a capacidade dos grupos incubados e/ou pós-incubados de alcançarem seus objetivos através do desenvolvimento de ações coletivas e processos formativos permanentes, realizados de forma autônoma, com ou sem o auxílio de outros agentes externos parceiros, melhorando seu desempenho econômico e seus resultados sociais.

Justificativa

A economia solidária é a forma mais antiga e longeva de organização econômica de grupos sociais humanos. Os povos originários se organizavam e se organizam segundo seus princípios; em todo mundo, comunidades rurais baseadas nos princípios da solidariedade e da cooperação estiveram presentes ao longo da história, mesmo quando os modos de produção dominantes eram outros (como o escravismo ou o feudalismo, por exemplo); desde o século XIX, cooperativas de trabalhadores urbanos e rurais, de produção ou de consumo, buscam construir alternativas às formas capitalistas de relações econômicas; nos países que experimentaram modelos econômicos pós-capitalistas (como na antiga União Soviética ou na China atual), as cooperativas assumiram papel de destaque nos diferentes setores e ramos da economia.
Nas regiões mais pobres do planeta – na África, no sul da Ásia, na América Latina –, as iniciativas solidárias/associativas têm contribuído para oferecer oportunidades econômicas às comunidades e grupos econômicos mais pobres. Isso foi reconhecido oficialmente pela Resolução A/77/281, de abril de 2023, da Organização das Nações Unidas, sobre a ‘Promoção do Desenvolvimento da Economia Solidária para um Desenvolvimento Sustentável’, que dialoga com o potencial desse movimento para o atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), da ONU.
Em toda a periferia do sistema capitalista – os países ‘subdesenvolvidos’ ou ‘em desenvolvimento’ – os empreendimentos econômicos solidários (ou os grupos que procuram assim se estabelecer) procuram as universidades e demais instituições de ensino superior em busca de apoio para seus projetos.
Embora claramente as universidades brasileiras venham priorizando o atendimento a outros tipos de empreendimentos econômicos – seja atendendo as demandas de pesquisa dos oligopólios e grandes empresas, seja apostando nas start-ups de inovação tecnológica –, o fato é que as instituições de ensino superior não podem mais desconsiderar a enorme demanda que os setores populares vêm apresentando, com relação ao seu acesso ao conhecimento técnico-científico, bem como às estruturas de pesquisa e de desenvolvimento de inovação presentes nas universidades, para seu empoderamento econômico. O empreendedorismo dos mais pobres passa, via de regra, pela economia solidária, e apoiá-la exige uma perspectiva diferenciada em relação às estruturas convencionais, cuja cultura está marcada pela heteronomia, pela gestão vertical e hierárquica das organizações capitalistas típicas.
As universidades públicas brasileiras, como a UFPel, têm uma dívida social para com o povo pobre e trabalhador do Brasil. Já é passada a hora de dar acesso a esses setores sociais, independentemente de ingressarem ou não na universidade, e aos conhecimentos que se produzem a partir dali, porque afinal de contas são desenvolvimentos com a contribuição do produto econômico de toda sociedade, especialmente do trabalho.

Metodologia

(A) Princípios metodológicos
- Horizontalidade e compartilhamento do processo pedagógico, entre incubadora e grupo social incubado;
- Autonomia autogestionária de parte do grupo incubado, nas questões relativas ao seu funcionamento interno;
- Dialogicidade e valorização das diferentes formas de conhecimento e das variadas experiências de vida de todas e todos os participantes do processo;
- Abordagem interdisciplinar;
- Respeito aos princípios da economia solidária por parte de todos os envolvidos;
- Planejamento e avaliação compartilhados;
- Livre adesão: incubadora e grupo social podem retirar-se do processo a qualquer momento, de forma justificada;
- Empoderamento dos grupos sociais historicamente.


(B) Etapas da metodologia
1. Formação de quadros docentes e discentes para a incubação tecnológica de empreendimentos solidários
São raras as oportunidades em que as universidades (incluída a UFPel) oferecem, em seus cursos regulares, para que se conheça e se experiencie a economia solidária e as tecnologias sociais.
O objetivo do processo de formação, realizado através de oficinas (5 ou 6, dependendo das necessidades) é propiciar aos formadores a aproximação aos conceitos-chave e à metodologia das ITCPs.
As equipes de incubação, em seu formato ideal-típico, devem articular professores, estudantes ou técnicos das seguintes áreas:
- Desenvolvimento microeconômico (preferentemente com formação numa das seguintes áreas: economia, administração, gestão pública);
- Processos grupais (preferentemente com formação numa das seguintes áreas: psicologia, pedagogia, ciências sociais);
- Tecnologias sociais (preferentemente com formação na área técnico-produtiva correspondente ao projeto microeconômico do empreendimento, por exemplo: agronomia para grupos de produtores agrícolas; design e/ou engenharia da produção para grupos de artesanato; química, engenharia de alimentos ou nutrição para grupos de produção de alimentos processados etc.);
- Regularização jurídica (preferentemente com formação na área de direito ou ciências contábeis).

2. Seleção das demandas
Os empreendimentos a serem incubados (ou pós-incubados), quando houver vagas de incubação, deverão apresentar-se para seleção de acordo com edital publicado pelo Tecsol-UFPel, a exemplo de diversos outros já realizados (ver https://wp.tecsol.ufpel.br).
A seleção é feita por metodologia específica (duas oficinas na modalidade ‘grupos operativos’) e toma como critérios: (a) o grau de vulnerabilidade econômica das pessoas do grupo; (b) seu grau de coesão social e solidariedade interna; (c) a disposição das pessoas para atuar de forma cooperativa e autogerida, compartilhando responsabilidades; (d) a viabilidade econômica da proposta inicial apresentada; (e) a diversidade social do grupo e a representatividade das categorias sociais historicamente desprivilegiadas; (f) as condições materiais para a execução do projeto (distância, acesso etc.).

3. Pré-incubação
Objetiva aproximar os coletivos envolvidos (incubadora e grupo social), permitindo a ambos o reconhecimento de suas dinâmicas e características específicas.
É composto de quatro oficinas facilitadas pela equipe da incubação, com metodologia participativa (roda de conversa), abrangendo as seguintes temáticas:
(a) o grupo candidato à seleção: proposta inicial, dinâmica interna, grau de solidariedade, atuação das lideranças, potencialidades e obstáculos;
(b) a incubadora: a equipe, sua dinâmica, a compreensão dos conceitos envolvidos, o processo de incubação;
(c) a economia solidária, as tecnologias sociais e a autogestão: contexto histórico, panorama geral, potencialidades e obstáculos;
(d) plano de incubação: prioridades, atividades a serem desenvolvidas, compromissos recíprocos, cronograma, formas de avaliação coletiva.
Duração aproximada: de 3 a 6 meses.

4. Incubação
Objetiva desenvolver os conhecimentos e ações necessárias para a viabilização econômica do empreendimento sob os princípios da economia solidária e da educação popular.
Essas atividades compreendem: reuniões, encontros, visitas técnicas, cursos, oficinas, realização compartilhada de tarefas, desenho e experimentação de soluções tecnológicas, planejamento estratégico, formas coletivas de avaliação e outras.
Entre as metodologias participativas recorrentemente utilizadas, pode-se citar (com a indicação correspondente de sua referência teórica):
- Diagnóstico rápido participativo (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit –GIZ, ou “Agência Alemã de Cooperação Internacional”);
- Educação popular de jovens e adultos na economia solidária (Paulo Freire; Lia Tiriba)
- Grupos operativos (Enrique Pichón Rivière)
- Pesquisa-ação cooperativa (Henri Desroche e Michel Thiollent)
- Adequação sociotécnica (Renato Dagnino e Henrique Novaes)
Duração: de 18 a 42 meses

5. Pós-incubação
Ações de pós-incubação objetivam desenvolver projetos específicos que melhorem a performance econômica ou social (ou ambas) de empreendimentos que já alcançaram viabilidade econômica, ou que precisam aperfeiçoar aspectos relacionados à sua gestão democrática (autogestão).
As atividades e metodologias utilizadas são as mesmas do período de incubação, mas com foco no desenvolvimento do projeto específico.

Indicadores, Metas e Resultados

Considrando que os processos de incubação e pós-incubação duram, em média, de 2 a 4 anos, os indicadores, metas e resultados são previstos para serem alcançados dentro desses tempos cronológicos.

(a) Indicadores
Serão avaliados os seguintes indicadores, ao longo do projeto:
- número de pessoal docente e discente envolvido;
- número e frequência de reuniões da incubadora;
- recursos captados;
- número e formato de atividades formativas dirigidas às equipes de incubação;
- número de empreendimentos incubados ou pós-incubados;
- número de associados aos empreendimentos incubados ou pós-incubados;
- variação das operações econômicas dos empreendimentos, em termos de negócios realizados, volume financeiro de operações, receita líquida dos empreendimentos, renda de seus associados, variação patrimonial dos empreendimentos;
- número, frequência e formato de atividades pedagógicas desenvolvidas;
- percepção de bem-estar coletivo e individual por parte dos participantes dos empreendimentos;
- percepção de efetividade e de eficácia dos associados aos empreendimentos em relação às ações desenvolvidas pelas equipes de incubação.

(b) Metas
- ampliar em 20% o número de docentes e de discentes envolvidos no projeto;
- realizar ao menos 60 reuniões de avaliação e planejamento da equipe do projeto;
- captar ao menos R$ 200 mil reais para realização de atividades ligadas ao projeto;
- realizar ao menos 12 oficinas formativas dirigidas à equipe da incubadora;
- desenvolver ao menos 6 projetos de incubação e/ou pós-incubação;
- atingir ao menos 120 participantes relacionados aos empreendimentos;
- ampliar em ao menos 10% os resultados econômicos dos empreendimentos, considerando o conjunto dos indicadores citados acima (variação das operações econômicas dos empreendimentos, em termos de negócios realizados, volume financeiro de operações, receita líquida dos empreendimentos, renda de seus associados, variação patrimonial dos empreendimentos);
- realizar ao menos 180 atividades formativas com os empreendimentos econômicos, considerando uma média de ao menos duas (2) atividades por mês com cada empreendimento, nos períodos letivos da UFPel;
- alcançar pelos menos 70% de respostas positivas (‘meu empreendimento melhorou’ e ‘minha vida melhorou’) na percepção de bem-estar dos participantes dos empreendimentos, ao final do projeto;
- alcançar pelo menos 70% de respostas positivas (‘a incubação foi importante’; a ‘incubação contribuiu para melhorar nosso empreendimento’) na percepção de efetividade e de eficácia dos associados aos empreendimentos em relação às ações desenvolvidas pelas equipes de incubação.

(c) Resultados
Espera-se que, ao seu final, o projeto tenha alcançado os seguintes resultados:
- os empreendimentos atendidos tenham alcançado viabilidade econômica, melhorias da participação nos processos decisórios internos e aumento de autonomia em relação a atores externos;
- a economia solidária e as tecnologias sociais tenham aumentado sua visibilidade como áreas de pesquisa e extensão no âmbito interno da UFPel;
- as metas indicadas acima tenham sido alcançadas.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ALEXANDRE DE PAULI BANDEIRA
ANA LUIZA VITALLI SILVA
ANTONIO CARLOS MARTINS DA CRUZ18
BEATRIZ DA SILVA CORDEIRO
DÉBORA DE SOUZA SIMÕES8
HENRIQUE ANDRADE FURTADO DE MENDONCA19
JOSE RICARDO KREUTZ3
JOÃO EDUARDO BRANCO DE MELO
KETRYN RICHTER
LARISSA MEDIANEIRA BOLZAN5
LAÍS VARGAS RAMM
MARCELA SIMÕES SILVA
MARIA EDUARDA TAVARES DUTRA
PAULA GEORDANA HAHN
RENATO FABRICIO DE ANDRADE WALDEMARIN8
VITÓRIA ALVES E ALVES
YASMIN ARROYO MACHADO

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