Nome do Projeto
PRÁTICAS DO CUIDADO DE PESSOAS COM HIPERTENSÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO RS.
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
27/12/2023 - 28/02/2025
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
No Brasil, a Unidade Básica de Saúde foi indicada pela maior parcela de pessoas (46,8%) como o estabelecimento que costumavam procurar quando precisavam de atendimento à saúde (PNS, 2019), representando APS como a porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS), e tem como seus princípios a universalidade, a acessibilidade e a coordenação do cuidado, o vínculo e a continuidade, a integralidade, a responsabilização, a humanização, a equidade e a participação social. Na estrutura do SUS, ela é a gestora dos fluxos assistenciais dentro da Rede de Saúde e pode ser caracterizada por um conjunto de ações: promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde (Brasil, 2012) através das práticas da sua equipe multiprofissional. O Ministério da Saúde (MS), por meio do programa PREVINE, monitora alguns indicadores de atenção, entre eles a aferição de pressão arterial de pessoas com hipertensão a cada seis meses. Enquanto a meta deste indicador é de 50%, no primeiro quadrimestre de 2022 o Brasil atingiu apenas 18%, desempenho igual ao do Estado do Rio Grande do Sul no mesmo quadrimestre (SISAB, 2023). Ainda, quando se compara o atendimento da HAS entre o sistema privado e o sistema público, apesar da atenção no SUS ser majoritária, serviços privados apresentam 29,1% de atendimento adequado, o que no SUS cai para menos da metade (13,4%) (Tomasi et al., 2022). Os indicadores refletem o cenário, onde a organização desse cuidado se apresenta fragmentada nas práticas das equipes de saúde, sendo realizado em grande parte por demanda espontânea, com a atenção médico-centrada (Engela, 2018), pouco se relacionando com os princípios da APS, em especial o de integralidade e coordenação do cuidado (Starfield, 2002). Para o alcance da integralidade do cuidado para pessoas com HAS é necessário que a UBS realize ações de promoção da saúde, dentro e fora dos muros do serviço, com a intenção de minimizar o efeito dos fatores de risco e rastrear novos casos na comunidade, além de ter uma estrutura adequada para isso. Também o manejo da HAS deve ser integral, com ampla participação de diferentes profissionais da saúde, uso de protocolos bem definidos e identificação de fatores de risco para doenças cardiovasculares e possíveis complicações ou causas da doença. A rede, nesse contexto, deve ser completa, com robustos fluxos de referência e contrarreferência. Tendo em vista a importância da HAS na população brasileira e os problemas encontrados na atenção a pessoas com este agravo, o presente estudo planeja caracterizar as práticas para o enfrentamento da HAS através de ações de promoção da saúde e prevenção da hipertensão. Também serão avaliadas atividades de rastreamento e diagnóstico, monitoramento e manejo da hipertensão, incluindo a avaliação de risco cardiovascular, orientações de estilo de vida, estrutura da unidade e referência a outros níveis de atenção.

Objetivo Geral

Caracterizar as práticas para o enfrentamento da hipertensão arterial sistêmica no
processo de trabalho de profissionais da Atenção Primária à Saúde de 38 municípios do
RS.

Justificativa

No Brasil, a HAS acomete 23,9% dos adultos em 2019 (Malta et al., 2022) e seu
controle exige uma série de práticas da linha de cuidados. A linha de cuidado na saúde
enfoca a prevenção, diagnóstico precoce, tratamento contínuo, controle dos fatores de
risco associados e prevenção de complicações, através de ações de vigilância e
promoção da saúde (Brasil, 2021a). Ela retrata o itinerário a ser percorrido pelo indivíduo
na RAS, seu processo completo compreende as macroatividades hipótese diagnóstica,
confirmação diagnóstica, regulação/transferência (situações nas quais o cuidado é
referenciado para outra unidade de saúde), planejamento terapêutico e prevenção
secundária (Brasil, 2020).
A APS, porta de entrada no SUS, atua como gestora dos fluxos assistenciais
dentro da Rede de Saúde e responde pela metade da procura por atendimento.
Entretanto, avaliada somente pela aferição da PA semestral em hipertensos, tanto o
Brasil como o ‘Rio Grande do Sul não alcança suas metas de cuidado, apresentando uma
LC fragmentada, com a atenção médico-centrada e por espontânea demanda (Engela et
al., 2018). Apesar de diversas diretrizes e protocolos preconizar o cuidado em detalhes,
a realidade do manejo da HAS na APS está distante do que se espera.
A promoção da saúde desempenha papel essencial no cuidado das doenças
crônicas, principalmente considerando a carga que essas doenças trazem ao SUS em
níveis mais especializados. Entretanto, a promoção da saúde não é pensada dentro da
linha de cuidado da HAS, de acordo com as definições do MS, e o enfoque das ações de
mudança de estilo de vida são muitas vezes no âmbito da prevenção de doenças e
tratamento de doenças, direcionadas a indivíduos específicos com fatores de risco
(Lopes et al., 2014; Bock et al., 2012). Ademais, muitos profissionais da APS não se
consideram qualificados para agir sobre a qualidade de vida em diversos temas como
álcool e dieta, e os registros de parâmetros como tabagismo e álcool são pouco
frequentes (Bock et al., 2012; Aira et al., 2004).
O cuidado se apresenta distante do que é recomendado desde o diagnóstico, com
as práticas errôneas de medição e de limiares de PA normal (Edward et al., 2020; Green
et al., 2022) até a tomada de decisão na troca de medicação em situação de mau controle
da PA (Weiler et al., 2014).
Frente a isso, é necessária uma avaliação minuciosa dessa linha de cuidado
verificando as possíveis dificuldades dos profissionais no enfrentamento à HAS.

Metodologia

Este estudo está aninhado ao “Projeto integrado de pesquisa, ensino e extensão
para a formação de gestores e profissionais da APS e a qualificação do cuidado de
pessoas com hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade na região sul
do Rio Grande do Sul - APSCroniSul”. Seu objetivo principal é a formação de gestores e
profissionais de saúde e a verificação dos efeitos desta formação na reorganização do
processo de trabalho das equipes da Atenção Primária das 3a, 7a e 10a CRS do RS. O
Projeto APSCroniSul conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico e é desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado da
Saúde (SES/RS) e Secretarias Municipais de Saúde.
A 3a CRS tem como município sede Pelotas é composta por 21 municípios: Amaral
Ferrador, Arroio do Padre, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí,
Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro
Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, São José
do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu. A 7a CRS é sediada em Bagé e é composta por
seis municípios: Aceguá, Bagé, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul. Já
a 10a CRS tem como sede o município de Alegrete e possui 11 municípios: Alegrete,
Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santa
Margarida do Sul, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana.

Indicadores, Metas e Resultados

O produto será um Diagnóstico Situacional da linha de cuidado da hipertensão do
conjunto dos municípios da 3a, 7a e 10a CRS. Os resultados serão divulgados diretamente
para os profissionais respondentes e gestores envolvidos no projeto, além de
compartilhamento via redes sociais do projeto “APSCroniSul”. Também será
confeccionado um artigo científico a ser submetido em periódico da área de saúde
coletiva de circulação nacional.
Os resultados poderão ser utilizados para o desenvolvimento de ações e melhorias
no processo de trabalho na APS por parte dos profissionais e gestores.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ELAINE TOMASI2
Vitória de Oliveira Ximendes

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