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Desde o fim da Guerra Fria, o uso de satélites artificiais em órbita da Terra ganhou grande importância para a vida contemporânea. Sua relevância reside na produção e disponibilização de informações, com valor econômico e estratégico, em diferentes aplicações. Seus benefícios podem ser encontrados na área de defesa nacional, telecomunicações, prospecção de recursos naturais, meteorologia e enfrentamento de desastres (TRONCHETTI, 2013; HAYS; LUTES, 2007). Nas últimas décadas, mais de 70 países desenvolveram seus próprios programas espaciais e diversas empresas privadas na área foram criadas, como a Space X e a Blue Origin. Em 2020, a economia espacial representava uma indústria de 366 bilhões de dólares, o que certamente atrai o capital privado. Além da indústria de satélites (correspondente a 271 bilhões de dólares), já estão sendo pensadas novas formas de exploração comercial, que inclui o transporte de cargas e astronautas para o espaço, o voo suborbital, o turismo espacial e a mineração de corpos celestes (SIA, 2020). As economias emergentes também têm se engajado em atividades espaciais, como é o caso da China, Índia, Rússia, Emirados Árabes Unidos e Coreia do Sul (HAYS; LUTES, 2007). O Brasil possui uma longa tradição na exploração espacial, tendo um dos programas mais antigos do mundo. Apesar de não ter ainda uma indústria espacial pujante, possui um centro de lançamento com grande potencial, sendo uma referência na América do Sul (MOLTZ, 2015). O país tem buscado estabelecer cooperação com países como China, Índia e Estados Unidos. Neste contexto, é relevante a realização de um estudo que compare as diferentes experiências produzidas pelas novas potências espaciais e empresas do setor, de modo que possam ser exploradas as possíveis sinergias do comércio bilateral e multilateral.

O projeto caracteriza-se como "guarda-chuva" ou "integrador", que permite a integração de diversas pesquisas que orbitam a temática dos novos atores da indústria espacial internacional. Como metodologia, será adotado o estudo de caso múltiplo, englobando as iniciativas de diferentes países, de modo a produzir uma pesquisa comparativa. A pesquisa será constituída como uma análise documental e uma revisão bibliográfica, tendo como base documentos governamentais oficiais, estudos realizados por empresas de consultoria na área espacial, relatórios de think tanks e literatura especializa na área.

Os resultados esperados por este projeto referem-se à publicação de uma série de artigos acadêmicos sobre o desenvolvimento da nova indústria espacial e as possibilidades de cooperação comercial. Propõem-se como meta a ser alcançada: a) publicação de 4 (quatro) artigos acadêmicos em revistas especializadas de estrato superior “Qualis” na área da ciência política e relações internacionais, em português ou inglês, em autoria única ou em coautoria com estudantes; b) publicação de 1 (um) capítulo de livro em obra coletiva sobre a política espacial brasileira, a ser publicada pela editora Springer, na língua inglesa; c) a edição de um livro sobre introdução à política espacial, com foco em países no sul global, em português.