Nome do Projeto
Pesquisa de anticorpos anti- Trypanosoma cruzi na população do município de Canguçu, Rio Grande do Sul, Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
29/02/2024 - 28/02/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
A doença de Chagas (DC) é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A infecção tem duas fases, levando o paciente a mudanças morfológicas no trato gastrointestinal e cardíaco, sobretudo em casos crônicos. A transmissão pode ser de forma vetorial (insetos hematófagos da subfamília Triatominae), congênita, oral, sanguínea, dentre outras. O estado do Rio Grande do Sul tem histórico de alta prevalência de T. cruzi, sendo a região sul endêmica para esta doença infectoparasitária. Estudos comprovam a presença frequente de vetores na cidade de Canguçu, bem como, o fato de ser proveniente do município de Canguçu, pode normalmente eleva as chances de ser positivo para DC. Com isso, o objetivo da pesquisa é avaliar a prevalência de anticorpos anti-Trypanosomacruzinapopulação do município de Canguçu, a partir de 18 anos de idade, residentes ou não da zona rural do município que utilizam o sistema público de saúde (Unidades Básicas de Saúde, Pronto Atendimento, etc.). Será realizado o teste sorológico de ImunoensaioQuimioluminescente de Micropartículas (CMIA) para triagem e, quando este for reagente, será confirmado por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI). A execução do projeto terá duração de setembro de 2022 a março de 2024. As coletas de sangue serão precedidas pela aplicação de questionário para avaliação dos conhecimentos que os pacientes apresentam sobre a moléstia e seus vetores, sendo realizadas nas Unidades Básicas de Saúde, Pronto Atendimentos e laboratórios, naqueles pacientes que se dispuserem a participar da pesquisa. Após o teste de positividade para T. cruzi, os dados obtidos serão estatisticamente analisados. Com isso, se procurará atualizar a prevalência da sorologia humana para DC na região, o que, por sua vez, poderá servir de base para prevenção de novos casos e acompanhamento médico dos casos pré-existentes.

Objetivo Geral

Avaliar a prevalência de anticorpos anti-Trypanosomacruzinapopulação do município de Canguçu, a partir de 18 anos de idade, residentes ou não da zona rural do município, que utilizam o sistema público de saúde do município (Unidades Básicas de Saúde, Pronto Atendimento, etc.), para estimar a abrangência do problema e sua relação com possíveis fatores de risco.

Justificativa

A doença de Chagas (DC) ou Tripanossomíase Americana é uma infecção parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, adescoberta deve-se ao médico e cientista brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (PRATA et al., 2011). A doença apresenta duas fases clínicas. Na fase aguda sintomática ocorre febre, hepatomegalia, esplenomegalia, sendo que, quando a penetração do protozoário ocorre através da na conjuntiva ocular, pode haver a formação de edema bipalpebral unilateral (sinal de Romaña). No caso de T. cruzi penetrar na pele, pode desencadear uma inflamação aguda na derme e hipoderme, com a formando o chagoma de inoculação.
A fase crônica sintomática ocorre anos após a fase aguda, devido a uma grande mudança morfofisiológica nos órgãos acometidos, em geral no miocárdio (forma cardíaca), cólon e esôfago (forma digestiva), ou em ambos (forma cardiodigestiva ou mista da DC).
Na forma cardíaca, a cardiopatia leva a insuficiência cardíaca congestiva devido às múltiplas lesões e consequente diminuição das fibras musculares, juntamente a uma grande formação de tecido conjuntivo fibroso, perdendo capacidade de contração, também levando a uma baixa capacidade de circulação sanguínea. Na forma digestiva, cólon e esôfago passam a ter uma incoordenação motora, apresentando aperistalse e discinesia devido ao aumento de tamanho desses órgãos. A obstrução intestinal é normalmente uma das consequências mais comuns nos casos de megacólon (NEVES, 2016).citar artigos , pode ser de revisão.
A transmissão pode ocorrer, principalmente, de forma vetorial, congênita, oral e sanguínea (GURGEL-GONÇALVES et al., 2012; VASCONCELOS et al., 2013). Os vetores invertebrados transmissores da doença são insetos hematófagos da subfamília Triatominae (Hemiptera ordem: Triatominae sub familia: Reduviidae família), conhecidos popularmente como “barbeiros, chupões ou fincões” (LENT & WYGODZINSKY 1979).
Mundialmente, estima-se que 75 milhões de pessoas estejam sob risco de infecção, e que 6 a 7 milhões estão infectadas por T. cruzi, sendo a doença endêmica em 21 países da América Latina (WHO, 2022). No Brasil, em média, aproximadamente 4600 pessoas morreram anualmente em virtude da moléstia e seus desdobramentos entre os anos de 2008 e 2017 (DE SOUZA et al., 2021).
Na região Sul do Brasil, o estado do Rio Grande do Sul (RS), historicamente, é o que apresenta maiores problemas relacionados à DC e seus vetores, já que estudos realizados por Brandt et al., (1957); Camargo et al. (1984), Baruffa e Alcântara (1985), apontaram altas taxas de soroprevalência para a doença entre as décadas de 1950 e 1980. A partir da criação de políticas públicas como o Programa de Controle da doença de Chagas (PCDCh-RS) em 1975, e o Programa de Melhoria Habitacional para o Controle da doença de Chagas (PMHCh) em 2001, com ações voltadas principalmente à diminuição da transmissão vetorial, obteve-se grande sucesso no controle da moléstia no estado, sobretudo da espécie de maior importância na transmissão vetorial, T. infestans, contudo, há registro de 12 espécies de triatomíneos no RS (CARDOZO-DE ALMEIDA et al. 2013, 2014, JURBERG et al., 2013). Portanto, os triatomíneos seguem presentes na região sul do RS, especialmente em residências da zona rural, com destaque para T. rubrovaria, sendo este capturado em nove cidades dessa região, com destaque para Canguçu e Piratini, que apresentaram 37,8% e 28,8%, respectivamente, dos exemplares capturados em 23 municípios do extremo sul do RS (PRIOTTO et al., 2014; BIANCHI et al. 2021).
Quando foram realizadas avaliações sorológicas com o público da região sul do RS, encontrou-se elevada frequência de pacientes positivos para anticorpos anti - T. cruzi, sendo diagnosticado índice de 5% em indivíduos HIV+ de Pelotas (STAUFFERT et al., 2017), e esta mesma prevalência repetiu-se na população em tratamento de câncer do mesmo município (ROSENTHAL et al., 2016). Para a coinfecção HIV/T. cruzi, cumpre salientar que a prevalência encontrada foi 3,8 vezes mais alta do que a encontrada pelo Ministério da Saúde. Já para o estudo de ROSENTHAL et al., (2016), percebeu-se que o fato de ser proveniente do município de Canguçu, elevou as chances de ser positivo para doença de Chagas. A partir disso, diante da carência de uma abordagem sorológica específica aos indivíduos de Canguçu, juntamente à elevada presença de triatomíneos nessa localidade, torna-se imperativo o aprofundamento do conhecimento sobre a prevalência da DC nessa cidade do sul do RS.

Metodologia

Delineamento do Estudo
Será realizado um estudo transversal da população alvo, homens e mulheres maiores de 18 anos, abarcando todas as especialidades clínicas disponíveis nos locais de consulta.
Procedimentos iniciais e amostragem
Serão realizadas reuniões com o Secretário Municipal de Saúde do município de Canguçu, com profissionais das Unidades Básicas de Saúde, Pronto Atendimentos e Laboratórios, para esclarecimentos sobre a pesquisa e sua importância, objetivando a consolidação desta colaboração. Após esta confirmação, os indivíduos maiores de idade que realizam consulta nas instituições supracitadas, serão convidados a participar da investigação, o que será permitido após aceite e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.
O processo de pesquisa e a coleta dos dados terá duração de um ano, tendo como meta alcançar um “n” de aproximadamente 200 pacientes.
Coletas das amostras e técnicas empregadas
Será coletada amostra de sangue venoso para a realização das provas sorológicas para o protozoário T. cruzi. É importante enfatizar que o sangue será coletado apenas por enfermeiros e técnicos capacitados para o desenvolvimento dessa atividade. Serão coletadas amostras de 8 ml de sangue, posteriormente colocados em tubos com gel separador e identificação própria, levados ao laboratório para centrifugação a 5000 RPM por 10 min, a partir da separação do soro dos outros elementos do sangue, colocados em geladeira (2-8°C) até serem analisados. As amostras serão divididas em alíquotas contidas em tubos de Eppendorf de 1,5 ml, ficando armazenadas em banco de amostra (soroteca) à temperatura de -20°C. Para a pesquisa de anticorpos anti-T. cruzi no soro dos indivíduos se adotará os testes sorológicos de Imunoensaio Quimioluminescente de Micropartículas (CMIA) para triagem e, quando reagente, o mesmo será confirmado por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI).
Questionário
O estudo utilizará um questionário contendo questões abertas e fechadas, sendo este, adaptado de dois questionários utilizados previamente em dois estudos publicados, o Censo Sociodemográfico Brasileiro (IBGE, 2010) e a Avaliação de Conhecimentos, Práticas e Controle da Doença de Chagas em Região Endêmica de Minas Gerais (VILLELA et al., 2009).
Serão coletadas variáveis socioeconômicas e de conhecimento sobre a doença, na tentativa de identificar fatores associados à presença da DC, como: idade, sexo, cor da pele, escolaridade, renda familiar, número de moradores na casa, local da moradia, tipo de moradia, presença de animais domésticos, conhecimentos gerais e percepções sobre a moléstia e seus vetores. Cumpre salientar que a aplicação do questionário ocorrerá apenas no ambiente de consulta do paciente.
Exame hematológico e clínico dos pacientes com sorologia positiva
A partir de eventual resultado positivo na sorologia, com a devida autorização prévia do paciente, será realizado um esfregaço sanguíneo busca de formas tripomastigotas circulantes (caracterizando parasitemia e fase aguda). Além disso, serão realizados exames clínicos por uma médica infectologista da Faculdade de Medicina da UFPel, e os pacientes receberão instruções quanto as principais alterações associadas a presença de DC e o devido tratamento quando necessário.

Indicadores, Metas e Resultados

Pretende-se ao final da investigação realizar palestras, sobre o controle e profilaxia da DC nesta localidade, bem como, possibilitar que os casos positivos para anticorpos anti- T.cruzi, sejam acompanhados clinicamente, evitando que a doença apresente desfechos mais graves. Além de disso, a partir dos resultados atingidos, espera-se poder traçar caminhos que auxiliem na prevenção de novos casos da moléstia.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANDRE LUIS BARTZ VOIGT
FRANCINE RODRIGUES PEDRA
LEDA MARGARITA CASTANO BARRIOS2
MARIA ELISABETH AIRES BERNE4
NATHIELI BIANCHIN BOTTARI2
NATÁLIA BERNE PINHEIRO2
ÍTALO FERREIRA DE LEON

Página gerada em 07/10/2024 01:54:48 (consulta levou 0.145830s)