Nome do Projeto
Estratégias inovadoras para o controle do ciclo estral e ovulação em fêmeas bovinas
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
15/04/2024 - 31/12/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A rentabilidade dos rebanhos bovinos está relacionada com o desempenho reprodutivo. As biotécnicas de inseminação artificial e transferência de embriões (TE) têm contribuído significativamente no aumento da capacidade de obtenção de descendentes de fêmeas zootécnica/geneticamente superiores. Neste sentido, protocolos hormonais são importantes ferramentas, pois permitem a indução e/ou retomada da ciclicidade em períodos de anestro lactacional, e o planejamento e concentração dos partos em períodos favoráveis. Embora eficientes, os protocolos hormonais devem ser constantemente aprimorados de acordo com a evolução dos sistemas de produção e exigências de mercado. Nesse sentido, a presente proposta irá investigar, em três experimentos, alternativas para o uso de estrógeno em bovinos, uma vez que alguns mercados internacionais restringem o uso desse produto. Ainda, serão comparadas duas estratégias de ressincronização para diminuir o intervalo parto-concepção em vacas. No caso da TE, um estudo será conduzido para avaliar uma estratégia para melhorar o aproveitamento de receptoras por meio do estímulo do crescimento folicular e função luteal com uso de somatotrofina recombinante bovina (bST). Finalmente, para aquelas fêmeas que não serão utilizadas em reprodução, serão investigados os efeitos da imunocastração, ferramenta comercialmente disponível e que pode evitar o abate de milhares de fêmeas gestantes que emprenham acidentalmente durante o período de terminação. Portanto, o projeto irá abordar temas relevantes para o desenvolvimento de uma pecuária mais eficiente e com menor impacto ambiental.

Objetivo Geral

Objetivo geral: avançar no conhecimento do controle dos ciclos reprodutivos de fêmeas bovinas.
Objetivos específicos:
• Identificar a ação da prostaglandina E (PGE) bem como a interação com a prostaglandina F2 alfa (PGF) na ovulação em fêmeas bovinas.
• Validar um modelo de inibição da ovulação com uso de anti-inflamatório não esteroidal (AINE) e reversão com PGE.
• Avaliar os efeitos da somatotrofina recombinante bovina (bST) na função luteal e taxa de prenhez em vacas receptoras de embriões.
• Desenvolver um protocolo hormonal para aumentar o número e a qualidade de ovócitos aspirados em fêmeas bovinas de raças taurinas.
• Desenvolver um protocolo hormonal para IATF sem uso de estrógeno em vacas taurinas.
• Avaliar os efeitos metabólicos e zootécnicos da imunocastração com vacina comercial em vacas de corte.
• Comparar duas estratégias de ressincronização de vacas leiteiras.

Justificativa

Atualmente, nos protocolos hormonais em bovinos são utilizados diversos indutores de ovulação como o estradiol, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) e seus análogos, bem como a gonadotrofina coriônica humana (hCG), que diferem quanto ao custo e eficiência (D’Avila et al, 2019). Além dos compostos citados acima, há evidências de que as prostaglandinas F2α (PGF) e E2 (PGE) possuem efeito indutor da ovulação em diversas espécies como bovinos, suínos, equinos e ovinos, embora os mecanismos não tenham sido esclarecidos (Moraes et al., 2021; Vernunft et al., 2022). Portanto, novos estudos avaliando as PGs no processo ovulatório podem levar ao desenvolvimento de novos indutores de ovulação, que poderiam representar uma alternativa aos esteróides amplamente utilizados no Brasil e restritos na maioria dos mercados mundiais.
O estudo referente ao uso de bST em receptoras justifica-se pela escassez de dados consistentes na literatura e pela potencial otimização do uso de vacas receptoras de embriões (Moreira et al., 2001; Moreira et al., 2002). O melhor aproveitamento de receptoras possibilita menor intervalo parto-gestação, menor custo aos produtores, melhor remuneração aos técnicos e uso mais racional dos hormônios para o controle do ciclo estral. Além disso, a maior eficiência reprodutiva possibilita produzir mais com os mesmos recursos naturais, ou seja, a redução dos dias não produtivos possibilita menor impacto ambiental (Bó et al., 2016).
O desenvolvimento de protocolo hormonal para aumentar o número e a qualidade de ovócitos aspirados em fêmeas bovinas de raças taurinas possibilitará maior eficiência da técnica, refletindo em maior número de ovócitos obtidos com um menor número de procedimentos (Ribas et al., 2018). Portanto, o estudo é relevante por possibilitar otimização de mão de obra e menor número de manejos com os animais, otimizando a eficiência econômica da técnica.
A validação de um protocolo hormonal para IATF sem uso de estrógeno em vacas taurinas possibilitará uma alternativa em caso de restrição do uso de estrógeno, a exemplo do que ocorre em diversos países (Bó & Menchaca, 2023). Além disso, o não uso de estradiol possibilitará comercialização de bovinos para mercados ainda não alcançados.
No que se refere à contracepção em fêmeas bovinas, o estudo se justifica pelo fato de que a imunocastração é amplamente utilizada em suínos, mas seu uso em bovinos é infrequente (Ahmed et al., 2022). A validação da imunocastração, ou de dispositivos intrauterinos (DIUs) em fêmeas bovinas poderia evitar sofrimento decorrente do abate de vacas gestantes, bem como representar ganho econômico para os produtores que poderão terminar machos e fêmeas nas mesmas áreas, o que facilita o manejo, bem como obter eventuais ganhos zootécnicos devido a não manifestação de estro (Vestergaard et al., 1995).
Cabe ressaltar que toda a equipe envolvida na execução da proposta possui graduação em Medicina Veterinária. Além disso, conforme pode ser comprovado pelo currículo da equipe (links disponibilizados nos itens 3 e 4), os procedimentos descritos nos delineamentos já foram realizados em outros trabalhos publicados pelo grupo.

Metodologia

Experimento 1: Influência da Prostaglandina E2 e F2α na Ovulação de Fêmeas Bovinas Este estudo explorará o efeito da prostaglandina E2 (PGE) e sua interação com a prostaglandina F2α (PGF) na ovulação de fêmeas bovinas. Utilizar-se-ão 60 fêmeas cíclicas não lactantes, cujo crescimento folicular será sincronizado com um protocolo hormonal. Após a identificação de um folículo dominante, as vacas serão divididas em três grupos para receberem injeções intrafoliculares de salina (controle), PGE, ou PGE+PGF. A ovulação e a vascularização folicular serão monitoradas ultrassonograficamente, e amostras de sangue serão coletadas para análise de progesterona.

Experimento 2: Reversão da Inibição da Ovulação pelo AINE com PGE Este experimento testará a capacidade da PGE de reverter a inibição da ovulação causada pelo anti-inflamatório não esteroidal (AINE) flunixina meglumina (FM) em 48 fêmeas bovinas. Após a indução de uma nova onda folicular, os animais serão alocados em três grupos: controle, FM, e FM+PGE. A ovulação será monitorada via ultrassonografia, e a eficácia da PGE em reverter a ação do AINE será avaliada, com coletas de sangue para dosagem de progesterona.

Experimento 3: Efeitos da Somatotrofina Bovina na Função Luteal e Taxa de Prenhez Este estudo investigará o impacto da somatotrofina bovina recombinante (bST) na função luteal e taxa de prenhez em 620 vacas receptoras de embriões. As vacas serão submetidas a um protocolo de sincronização de ovulações e divididas em quatro grupos, variando no tratamento com bST. A vascularização do corpo lúteo e as taxas de prenhez serão avaliadas, com coletas de sangue para análise de progesterona.

Experimento 4: Otimização da Aspiração de Ovócitos em Fêmeas Bovinas Este estudo avaliará um protocolo hormonal para melhorar a quantidade e qualidade dos ovócitos aspirados em 96 fêmeas bovinas de raças taurinas durante o verão e inverno. Os animais serão divididos em grupos controle e tratamento, com o último submetido a uma sincronização da onda folicular. A aspiração folicular será realizada, e amostras de sangue serão coletadas para dosagem de progesterona.

Experimento 5: Protocolo Hormonal para IATF sem Uso de Estrógeno em Vacas Taurinas Neste experimento, 501 vacas taurinas multíparas serão submetidas a um protocolo hormonal para inseminação artificial em tempo fixo (IATF) sem uso de estrógeno. Os animais serão divididos em três grupos, com diferentes tratamentos hormonais. Avaliações ultrassonográficas ovarianas e diagnósticos de gestação serão realizados, além de coletas de sangue para análise de progesterona.

Experimento 6: Efeitos Metabólicos e Zootécnicos de Estratégias Contraceptivas em Vacas de Corte Este estudo avaliará 261 vacas de corte em terminação, divididas em grupos controle, DIU (dispositivo intrauterino), e Bopriva (vacas imunocastradas). Os procedimentos incluirão a inserção de DIUs, administração de vacina Bopriva, e monitoramento através de pesagens mensais e ultrassonografia para avaliação de deposição de gordura e estruturas ovarianas. Coletas de sangue serão realizadas para análise hormonal e metabólica, e os abates proporcionarão dados sobre rendimento de carcaça e efeitos da imunocastração sobre o sistema reprodutivo.

Experimento 7: Ressincronização do Ciclo Estral em Vacas em Lactação Este experimento envolverá 636 vacas leiteiras da raça Holandês, divididas em dois grupos baseados no tempo após a primeira IATF pós-parto. Os grupos receberão diferentes protocolos hormonais de ressincronização visando uma segunda IATF. O acompanhamento incluirá ultrassonografia para dinâmica folicular, avaliação da perfusão sanguínea do corpo lúteo, e coleta de sangue para análise hormonal. A eficácia dos protocolos será avaliada através de diagnósticos de gestação subsequentes à segunda IATF.

Indicadores, Metas e Resultados

Indicadores Chave
Taxa de ovulação e qualidade dos ovócitos.
Taxa de prenhez e eficácia dos protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
Melhoria na função luteal e na dinâmica folicular.
Efeitos metabólicos e zootécnicos de estratégias contraceptivas.
Impacto das intervenções no rendimento de carcaça e na produção leiteira.

Metas do Projeto
Avaliar a eficácia da PGE e PGF na indução da ovulação e na melhoria da qualidade ovocitária.
Testar a capacidade da PGE de reverter a inibição da ovulação causada por AINEs, promovendo uma ovulação eficaz.
Investigar o impacto da somatotrofina bovina recombinante (bST) na função luteal e nas taxas de prenhez.
Otimizar os procedimentos de aspiração de ovócitos para aumentar a quantidade e qualidade dos mesmos, adaptando-os às variações sazonais.
Implementar um protocolo hormonal para IATF sem uso de estrógeno, visando melhorar as taxas de prenhez.
Avaliar os efeitos metabólicos e zootécnicos de estratégias contraceptivas, como dispositivos intrauterinos e imunocastração, em vacas de corte.
Desenvolver e testar protocolos de ressincronização do ciclo estral em vacas em lactação para otimizar a eficácia da IATF.

Resultados Esperados
Aumento significativo na taxa de ovulação e melhoria na qualidade dos ovócitos, resultando em taxas de prenhez superiores.
Reversão eficaz da inibição da ovulação induzida por AINEs, permitindo uma gestão reprodutiva mais flexível.
Melhoria na função luteal e aumento nas taxas de prenhez em vacas tratadas com bST, evidenciando o potencial da somatotrofina na reprodução bovina.
Maior eficiência nos procedimentos de aspiração de ovócitos, adaptados às condições sazonais, aumentando o sucesso dos programas de reprodução assistida.
Implementação bem-sucedida de um protocolo de IATF sem estrógeno, proporcionando uma alternativa segura e eficaz para a reprodução bovina.
Demonstração dos efeitos benéficos das estratégias contraceptivas sobre os parâmetros metabólicos e zootécnicos, bem como sobre o rendimento de carcaça.
Otimização da ressincronização do ciclo estral em vacas em lactação, melhorando as taxas de concepção e contribuindo para a eficiência reprodutiva.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANTONIO AROSTEGUY PEREIRA DO AMARAL
ARNALDO DINIZ VIEIRA5
BERNARDO GARZIERA GASPERIN7
BIBIANA RODRIGUES DE FREITAS
Daniela Guarchez Adamich
FABIANE PEREIRA DE MORAES
FABRÍCIO DIAS ALVES GULARTE
FERNANDO CAETANO DE OLIVEIRA
FRANCIELE SCHERDIEN BRAGA
GABRIEL LONGO RODRIGUES
GABRIEL MAGGI
GABRIEL PORTO FIORI
GUILHERME DE SOUZA AVILA
HELENA LEITES FREITAS
IGOR DOS SANTOS DA ROSA
ISADORA RODRIGUES OLIVEIRA
IURI WRAGUE MOTA
JOSE LUIZ PASSOS
JULIA NOBRE BLANK CAMOZZATO
JÉSSICA LAZZARI
LUCIANO DA COSTA OLIVEIRA
LUISA PARANHOS DA ROSA
Lucas Cardoso Azeredo
MARIA EDUARDA ITURBIDE DE SOUZA
MONIQUE TOMAZELE ROVANI
PAOLA GARCIA DA ROSA
PAULO RICARDO LOSEKANN II
PEDRO HOLZ DUMMER
RAFAEL GIANELLA MONDADORI7
RAFAELLA DA ROSA DE BARROS
RAYSSA LOPES MACHADO
RUDINEI KLAHN MUNIZ JÚNIOR
SABRINA AMALIA JAPPE
SAMIRA ALVES DE SOUZA SILVA
SERGIO FARIAS VARGAS JÚNIOR
THOMAZ LUCIA JUNIOR5
VANESSA DE AVILA SOARES
VINICIUS POUZADA LEAL
VITOR DUTRA ANTUNES DA CUNHA

Fontes Financiadoras

Sigla / NomeValorAdministrador
CNPq / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoR$ 1.500.000,00Coordenador
CAPES / Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível SuperiorR$ 10.000,00Coordenador

Plano de Aplicação de Despesas

DescriçãoValor
339036 - Outros Serviços de Terceiro - Pessoa FísicaR$ 20.000,00
339033 - Passagens de Despesas de LocomoçãoR$ 10.000,00
339030 - Material de ConsumoR$ 1.000.000,00
339018 - Auxílio Financeiro a EstudantesR$ 10.000,00
339014 - Diária Pessoa CivilR$ 10.000,00
449052 - Equipamentos e Material PermanenteR$ 460.000,00

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