Nome do Projeto
Biodiversidade de cianobactérias e algas: Interações e impactos ambientais no RS
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
20/09/2024 - 31/12/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
O fitoplâncton é um termo artificial que agrupa diversificados organismos filogeneticamente distintos, tais como cianobactérias, cromistas, microalgas verdes e protozoários mixotróficos. Considerando um contexto de mudanças climáticas e influência de atividades antrópicas que promovem no mínimo eutrofização cultural, tem sido um desafio elucidar ou prever, por exemplo, a frequência e intensidade de florações de algas/cianobactérias nocivas. Paralelamente, todos esses organismos merecem uma maior atenção em termos de taxonomia e de ecologia teórica e aplicada. Desta forma, este projeto tem como objetivo principal: Estabelecer e monitorar estações amostrais de ambientes aquáticos ao longo da região litorânea do Rio Grande do Sul, inclusive ambientes próximos à cidade de Pelotas, para estudos de taxonomia e ecologia de microalgas (particularmente planctônicas e epifíticas), de organismos potencialmente tóxicos do Filo Cyanobacteria e microrganismos mixo- e heterotróficos. Todos os estudos se concentrarão em ambientes aquáticos do estado do Rio Grande do Sul, incluindo amostras coletadas em anos anteriores: ao longo do litoral e em lagoas costeiras. Essas amostras vêm sendo fixadas em solução de Lugol (neutra ou alcalina) e acondicionadas em frascos âmbar. Primeiramente, a abundância e a composição específica, preferencialmente, dos organismos será conduzida em microscopia óptica segundo o método de Utermöhl. Algumas espécies precisarão ser confirmadas por microscopia eletrônica de varredura. Quando possível, serão mensurados dados físicos e químicos dos ambientes aquáticos; também, para posteriores análises estatísticas (por exemplo, multivariadas), serão utilizados dados meteorológicos e hidrológicos oriundos de banco de dados. Para alguns estudos de caso, os dados de abundância e/ou biomassa fitoplanctônica serão comparados com dados ópticos obtidos com sensores orbitais ou drones. Este projeto se ajusta, pelo menos, no tema Biodiversidade e tem implicações para futuros trabalhos em Ecologia Teórica e Aplicada. Inclusos neste projeto unificado, pretende-se executar ações de ensino: Ilustração científica de cianobactérias e microalgas do sul do RS e ações de extensão: Divulgação sobre Taxonomia e Ecologia de Cianobactérias e Microalgas para Estudantes do Ensino Médio.

Objetivo Geral

Estabelecer e monitorar estações amostrais de ambientes aquáticos ao longo da região litorânea do Rio Grande do Sul, inclusive ambientes próximos à cidade de Pelotas, para estudos de taxonomia e ecologia de microalgas (particularmente planctônicas e epifíticas), de organismos potencialmente tóxicos do Filo Cyanobacteria e microrganismos mixo- e heterotróficos.

Justificativa

Em mananciais e outros ambientes dulciaquícolas, vários gêneros de cianobactérias (por exemplo, Dolichospermum, Microcystis, Nodularia, Raphidiopsis) são potencialmente produtores de toxinas, que representam sérias ameaças ao abastecimento de água potável e outras atividades humanas (Paerl, 2017; Paerl & Huisman, 2009; de Souza et al., 2018). Ao mesmo tempo, a taxonomia e a sistemática dessas cianobactérias vêm sendo constantemente revistas com o uso de técnicas de Biologia Molecular, complementadas ainda por técnicas de microscopia óptica e eletrônica e considerações ecológicas e ambientais, chamada de abordagem polifásica (Komárek, 2016).
Sob os efeitos antrópicos (poluição, eutrofização cultural) e câmbios climáticos (aquecimento global, eventos extremos), essas cianobactérias e outros organismos fitoplanctônicos podem multiplicar-se e formar as chamadas Florações de Algas (e Cianobactérias) Nocivas (FAN) (Paerl, 2017). Por exemplo, ao longo da extensa linha de costa gaúcha, geralmente, diatomáceas da zona de arrebentação como a Asterionellopsis guyunusae são fonte natural para a alimentação de zooplâncton e alevinos, portanto elas são base de cadeia alimentar (Odebrecht et al., 2014; Franco et al., 2016). Todavia, sob as mencionadas alterações climáticas e/ou influências antrópicas, certos grupos de fitoplâncton tais como os dinoflagelados e outros flagelados como haptófitas e rafidofíceas, que possuem representantes produtores de toxinas, podem tornar-se preponderantes eventualmente. Essa concentração de FAN pode representar efeitos deletérios para a fauna, inclusive impactar certos recursos pesqueiros locais, além de serem prejudiciais à saúde pública.
Contudo, é possível verificar a relação ambiental com a presença e a abundância desses organismos fitoplanctônicos e as variações que podem ocorrer em distintas escalas temporais (semanal a sazonal ou inter-anual) (Reynolds, 2006; Smayda e Reynolds, 2001; 2003). Esse tipo de estudo permite também verificar a associação entre o crescimento de fitoplâncton e outros eventos biogeoquímicos na região costeira (p. ex., praias) do Rio Grande do Sul, lagoas (Lagoa Mirim, dos Patos), banhados e mananciais de água doce. Esses estudos podem, a priori, dar subsídios para o manejo e a mitigação dos impacots causados por FAN.
Ainda que este projeto tenha ênfase em Pesquisa, é pertinente executar ações de Ensino e Extensão. Inicialmente, a confecção de um guia ilustrado de cianobactérias e microalgas é uma boa ferramenta didática para as disciplinas ministradas para Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas, especificamente aquelas que tratam de Evolução, Ecologia e Sistemática de Criptógamas ou Plantas sem semente. Como uma ação de extensão, boa parte dos resultados e informações obtidos com o presente projeto podem muito bem ser ajustados para uma linguagem mais democrática e abrangente, voltada para estudantes de Ensino Médio e público em geral de Pelotas.
Portanto, este projeto permeia o grande tema Biodiversidade, com suas variadas implicações em Taxonomia, Ecologia Teórica (Interação entre organismos e ambiente), Ecologia Aplicada (Monitoramento ambiental) e Divulgação Científica.

Metodologia

1) Coletas variáveis (semanal a bimensal) em pelo menos um manancial utilizado em abastecimento público, para a identificação de cianobactérias e fitoplâncton (microalgas); 2) Estudo taxonômico com abordagem tradicional (microscopia óptica e eletrônica) e o potencial uso de técnicas de biologia molecular; 3) Traçar comparações entre os dados de abundância derivados de microscopia com dados de sensores orbitais ou de drones (em cooperação com o prof. Felipe de Lucia Lobo, UFPel; https://wp.ufpel.edu.br/geotechidrica/) para análises quase-sinópticas da dinâmica das manchas de cianobactérias em ambientes aquáticos do município de Pelotas; 4) Aplicação de análises multivariadas, por exemplo, entre os dados bióticos e certos parâmetros ambientais, meteorológicos (precipitação, velocidade e intensidade de ventos) e hidrológicos (em cooperação com a profª. Eliana Veleda Klering, UFPel); 5) Identificação de espécies crípticas por Microscopia Eletrônica de Varredura (em cooperação com o pesquisador Pablo Santos Guimarães, ICB-FURG); 6) Construção de banco de dados biológicos (fitoplâncton e cianobactérias) coletados em ambientes aquáticos do Rio Grande do Sul; 6) Ilustração de principais gêneros/espécies de cianobactérias e microalgas de ambientes do sul do RS para compor um guia de identificação para aulas teórico-práticas; 7) Apresentação de palestras e mini-cursos para estudantes do Ensino médio, visando o aumento da divulgação científica para potenciais e futuros cientistas na área de Taxonomia e Ecologia de Criptógamas.

Indicadores, Metas e Resultados

1) Este projeto tem importância sócio-econômica inerente haja vista as implicações das cianobactérias sobre os mananciais de água doce e outros ambientes da região da Lagoa dos Patos, próximos à Pelotas e outros municípios do sul do RS. Adicionalmente, o projeto estimula a interação entre departamentos/institutos da UFPel, denotando um caráter interdisciplinar, com a potencial participação de outras áreas do conhecimento (por exemplo, Sensoriamento Remoto, Meteorologia, Ecologia); os resultados deste projeto podem ser direcionados para atividades de divulgação científica/extensão universitária, assim como explorados em potenciais ações de ensino. 2) O coordenador dispõe de dados pretéritos e quase contínuos de ambientes aquáticos do RS (litoral e de lagoas), sendo que parte desses dados serão utilizados, em breve, para a produção de artigos científicos.

Nos próximos anos (2025-2027), há a previsão de que os seguintes manuscritos sejam submetidos/publicados:
1. How have unarmored dinoflagellates assemblages been regulated (or thriving) around the northern Antarctic Peninsula? Autores: Chariane Camila Werlang (co-orientada em doutorado pelo IO-FURG), Márcio Silva de Souza, Raul Rodrigo Costa, Carlos Rafael Borges Mendes (em preparação)
2. Variação espacial e temporal da comunidade fitoplanctônica de praia dissipativa e relações com a descarga de água subterrânea: I- Cassino (como primeiro autor)
3. Variação temporal (semanal a sazonal) do fitoplâncton de praia dissipativa e relações com a descarga de água subterrânea: II- Imbé (como primeiro autor)

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
CARLOS FRANCISCO FERREIRA DE ANDRADE
CAUA DE ABREU COIMBRA
Cacinele Mariana da Rocha
DANILO GIROLDO
Elisabeth Cabral
FELIPE DE LUCIA LOBO2
Filipe Cambeiro Fatturi
JOÃO RICARDO VIEIRA IGANCI1
JULY DA COSTA NASSER
MARCIO SILVA DE SOUZA7
Ng Haig They
Pablo Santos Guimarães

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