Nome do Projeto
EMERGÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA EM FUNÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DE LUZ A CAMPO
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
19/05/2024 - 18/05/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Agrárias
Resumo
A suplementação luminosa é uma tecnologia utilizada nos cultivos agrícolas para aumentar a taxa fotossintética das plantas e a produção. Porém, a suplementação pode alterar a dinâmica populacional das plantas daninhas na lavoura. Deste modo, objetiva-se com este trabalho avaliar a influência da suplementação luminosa na dinâmica do banco de sementes de plantas daninhas e na qualidade fisiológica de sementes de soja. Para tal, serão realizados três estudos a campo na estação experimental do Centro Agropecuário da Palma/UFPEL. O primeiro estudo consiste na quantificação do fluxo de emergência de plantas daninhas em função de diferentes tempos de exposição e intensidade de radiação luminosa; o segundo estudo avaliará a produção de grãos de soja em função de tempos de exposição e intensidade de radiação luminosa; e, o terceiro estudo determinará a qualidade fisiológica de sementes de soja em função de tempos de exposição e intensidade de radiação luminosa. Os resultados promoverão conhecimento acerca do fluxo de emergência de plantas daninhas que auxiliarão no desenvolvimento de estratégias para seu controle na cultura da soja. Além disso, permitirão quantificar o incremento na produção e qualidade fisiológica de sementes de soja em função da suplementação luminosa.

Objetivo Geral

Avaliar a influência da suplementação luminosa na redução do banco de sementes de plantas daninhas e na produtividade e qualidade fisiológica de sementes de soja.

Justificativa

A soja é a principal commoditie cultivada no Brasil, anualmente são produzidos cerca de 125.549,8 milhões de toneladas safra 2021/22, em aproximadamente 41,5 milhões de hectares plantados. Nos últimos dez anos o incremento no volume de produção foi de 54%, o que fez da soja a cultura que mais se expandiu no país (CONAB 2023).
Associado ao aumento da área cultivada, o aumento na produtividade da soja também contribuiu para o Brasil ser atualmente o primeiro maior produtor mundial da cultura, seguido de Estados Unidos e Argentina (USDA 2022). A intensificação dos sistemas produtivos e o investimento no melhoramento genético visando aumento no potencial produtivo são os principais determinantes para o incremento na produtividade. Entretanto, vários fatores de origem biótica e abiótica fazem com que as cultivares modernas não alcancem seu máximo potencial produtivo.
Dentre os fatores bióticos, a competição com plantas daninhas é responsável por cerca de 37% das perdas na cultura da soja (VASCONCELOS et al., 2012; SOLTANI et al., 2017; FLECK et al., 1995). A competição ocorre quando duas ou mais plantas retiram ou utilizam os mesmos recursos para seu desenvolvimento e estes encontram-se limitados no ambiente. O nível de competição irá depender da cultura, do período em que ocorre a convivência e da espécie daninha, sendo que, espécies semelhantes terão competição mais intensa devido as suas características morfológicas e necessidades por recursos serem parecidas (AGOSTINETTO et al., 2008).
Dentre os fatores abióticos que interferem no potencial e qualidade produtiva da cultura, está a disponibilidade e qualidade de luz. A luz está ligada aos processos fisiológicos como a fotossíntese, elongação de haste principal e ramificações, expansão foliar e fixação biológica. Fatores estes que irão determinar a produção de biomassa da planta, influenciada pela porcentagem de radiação fotossinteticamente ativa e a eficiência de utilização de energia pelo processo fotossintético (CÂMARA, 2000).
Um método de aumentar a taxa destes processos é a suplementação luminosa. Esta tecnologia é comum em produção de espécies vegetais em ambientes protegidos, com a finalidade de gerar estímulos para que as plantas sejam mais eficazes nos processos de fotossíntese, aumentando a produção. Resultados positivos já foram demonstrados em tomateiro, a suplementação luminosa apresentou acréscimo no número e na massa de frutos, elevando a produtividade em 12% (PINHEIRO et al., 2016). Nos últimos anos, essa tecnologia vem sendo implementada em lavouras junto com os pivôs de irrigação, com o intuito de melhorar a eficiência dos processos fotossintéticos a campo, aumentando seu potencial produtivo de maneira sustentável (LEMES et al., 2020).
Entretanto, é uma tecnologia recente em grandes culturas, são poucos os estudos que avaliam o impacto da suplementação luminosa nas sementes e produção a campo, desta forma, visando que a suplementação de luz aplicada na cultura esta pode ser aproveitada também pelas plantas daninhas, a entrada antecipada da luz no campo antes da semeadura da cultura e/ou período pós emergência, poderá estimular a emergência de plantas daninhas, uniformizando seu fluxo, facilitando o controle das mesmas. Além do uso da iluminação para o estímulo de germinação e emergência de plantas daninhas e incremento da produção, a suplementação luminosa poderá aumentar a qualidade fisiológica das sementes.

Metodologia

ESTUDO I - Quantificação do fluxo de emergência de plantas daninhas em função de diferentes tempos de exposição e intensidade de radiação luminosa.

A primeira dessecação da área será realizada com glifosato (2,0 L p.c./ ha-1) + 2,4-D (1,0 L p.c./ ha-1) + Cletodim (0,5 L p.c./ ha-1), 30 dias antes da semeadura da cultura, que será realizada na primeira dezena de novembro. A aplicação sequencial ocorrerá imediatamente após a semeadura com glufosinato de amônio (2,0 L p.c. ha-1). As dessecações serão realizadas com pulverizador costal elétrico, pressurizado com CO2. A barra utilizada mede dois metros, com quatro ponteiras tipo leque, altura de aplicação de 0,5 metros do solo e a vazão média das ponteiras será calibrado para 130 L/ha-1.
A semeadura da cultura da soja será realizada no sistema de semeadura direta (SSD), com semeadora mecanizada modelo SHM 17 com sete linhas de semeadura e espaçamento de 0,45m. A cultivar de soja utilizada será a 65I65RSF IPRO (BMX COMPACTA), grupo de maturação 6.5, densidade de semeadura 14 sementes por metro linear. A adubação e as correções serão realizadas conforme a indicação para a cultura.
Os refletores serão instalados à distância de dois metros entre repetições e 15 metros de distância entre os tratamentos, evitando a sobreposição de luz, e dois metros de altura, a contar do nível do solo. Os refletores serão ativados e desativados através de central pré-programada e temporizador. Através de fotômetro será realizada a quantificação da intensidade de radiação no dossel da cultura e no solo.
O experimento será conduzido em delineamento completamente casualizados, com duas repetições. Os tratamentos serão os tempos de suplementação de luz, 0, 15, 30 e 60 minutos. Em cada repetição será utilizado refletor de LED modelo COB LED FULL SPECTRUM UT02, potência de 100 watts com abrangência de luz vermelha emitindo um espectro de luz entre 630 e 660 nm, e luz azul, com espectro de luz entre 430 e 460 nm.
A suplementação de luz será aplicada após a semeadura durante período de 21 dias. O monitoramento da emergência das plantas daninhas será realizado a cada três dias durante o mesmo período. A área de cada unidade experimental será dividida em quatro quadrantes de 0,50x0,50m (0,25 m²) onde será realizada a contagem de todas as plantas daninhas emergidas. As plantas daninhas serão consideradas emergidas quando atingirem no mínimo um centímetro de parte aérea desenvolvida, sendo identificadas e marcadas conforme sua espécie no momento das avaliações.
O fluxo de emergência de plantas daninhas será determinado através do índice de velocidade de emergência (IVE) dado pela equação:
IVE= (N1/D1+ N2/D2+... + Nn/Dn)
onde IVE corresponde ao índice de velocidade de emergência; N1 é o número de plântulas emergidas na primeira contagem; D1 – número de dias para a primeira contagem; Nn - número de plântulas emergidas na última contagem e Dn - número de dias da última contagem (CARVALHO et al., 2012).
Serão analisadas outras variáveis de parâmetros fitossociológicos propostos por Mueller-Dombos e Ellenberg (1974), como: densidade, frequência, abundância, número de indivíduos por espécie e número de parcelas que contêm a espécie. Para realização dos cálculos serão utilizadas as seguintes formulas:
Frequência (Fre) = Nº de parcelas que contêm a espécie/Nº total de parcelas utilizadas
Densidade (Den) = Nº total de indivíduos utilizados/Área total da amostra (0,25) m2
Abundância (Abu) = Nº total de indivíduos por espécie/Nº total de parcelas que contem a espécie
Os resultados obtidos serão submetidos à análise de variância (p≤0,05). Em caso de significância estatística, as médias dos tratamentos serão comparadas pelo teste de Duncan (p≤0,05).

ESTUDO II - Avaliação da produção de sementes de soja em função de tempos de exposição e intensidade de radiação luminosa.

A semeadura, instalação, condução e manejo de luz deste experimento serão as mesmas descritas no estudo I. Neste estudo, a suplementação de luz será aplicada a partir do estádio fenológico V4 até o estádio fenológico R7. Ao atingirem o ponto de colheita, serão coletadas cinco amostras de cada tratamento, cada amostra será formada por 10 plantas que serão trilhadas manualmente e será realizada a análise de componentes de rendimento de cada planta coletada.
O primeiro componente será estatura de planta, medida com auxílio de fita métrica, do ápice à base da planta. Posteriormente, serão contabilizados o número de legumes por planta; número de sementes; peso de mil sementes, realizado conforme as Regras de Análise de Sementes (Brasil, 2009); e teste retenção de peneiras, para avaliar o tamanho das sementes. As peneiras utilizadas para avaliação serão: furo redondo 8,5; 8; 7,5; 7; 6,5; 6; 5,5; 5; furo obliquo 4x22 para retirada de meio grão e impurezas.
Os resultados obtidos serão submetidos à análise de variância (p≤0,05). Caso constatar significância estatística, as médias dos tratamentos serão comparadas pelo teste de Duncan (p≤0,05).

ESTUDO III - Determinação da qualidade fisiológica de sementes de soja em função de tempos de exposição e intensidade de radiação luminosa.

Neste estudo será avaliado a qualidade fisiológica das sementes de soja oriundas do experimento conduzido no estudo II.
As análises de qualidade fisiológica de sementes serão realizadas através do teste de germinação em substrato rolo de papel (RP), utilizando 400 sementes, divididas em oito repetições de 50 sementes cada, dispostas de forma aleatória no substrato. As mesmas serão distribuídas em papel Germitest® contendo três folhas de papel na base da amostra e uma folha como cobertura, já umedecidas com água destilada sendo a quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o peso do papel seco. Posteriormente, as amostras serão enroladas e colocadas na câmara de germinação a temperatura variada entre 20 e 30 ºC e fotoperíodo de 24 horas, por 192 horas (BRASIL, 2009).
O vigor das sementes será avaliado por teste de envelhecimento acelerado. Para o teste serão distribuídas 250 sementes sobre tela de alumínio acomodadas em gerbox, com medidas de 11x11x3,5 centímetros, contendo no fundo do recipiente 40ml de água destilada. As caixas gerbox serão fechadas e colocadas em câmara tipo BOD com controle de temperatura há 41ºC, por período de 48 horas. Após este processo, as sementes serão submetidas ao teste de germinação em rolo de papel, conforme descrito anteriormente e a avaliação de plântulas normais será realizada no quinto e no sétimo dia após a semeadura.
Os resultados obtidos serão submetidos à análise de variância (p≤0,05). Caso constatar significância estatística, as médias dos tratamentos serão comparadas pelo teste de Duncan (p≤0,05).

Indicadores, Metas e Resultados

Gerar informações acerca do fluxo de emergência de plantas daninhas na cultura da soja, quando submetidas a diferentes tempos e espectro de suplementação de luz.
Entender os princípios do fluxo de emergência de plantas daninhas quando submetidos a diferentes condições de luz e os fatores agronômicos envolvidos nesses processos.
Desenvolver estratégias que permitam uniformizar a época do fluxo de emergência de plantas daninhas na cultura da soja.
Aperfeiçoamento técnico-científico dos alunos de pós-graduação e graduação da Universidade Federal de Pelotas, na área de ecofisiologia de plantas daninhas.
Produção bibliográfica, na forma de artigos, resumos e comunicados técnicos, visando à utilização destes pela comunidade científica, acadêmica e assistência técnica.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DIRCEU AGOSTINETTO2
FERNANDO MAURÍCIO BIN
JOÃO GUILHERME MÜLLER
SIDNEI DEUNER1
WILIAM SCAGLIONI LANGE

Página gerada em 18/10/2024 00:20:21 (consulta levou 0.091283s)