Nome do Projeto
A distribuição dos modificadores nos sintagmas nominais
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
10/06/2024 - 20/12/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Linguística, Letras e Artes
Resumo
O sintagma nominal (SN) é formado por uma estrutura “posicionalmente muito mais rígida do que a oração” (Perini, 2006, p. 94). No que diz respeito às relações que são estabelecidas, em português, entre o núcleo do SN e os adjetivos que aparecem nesse sintagma, existem adjetivos que ocupam posições fixas, ou seja, adjetivos que devem aparecer apenas em posição pré-nominal ou pós-nominal. (1) (a) um reles motorista (b) *um motorista reles (c) um carro vermelho (d) *um vermelho carro (e) a vitória brasileira (f) *a brasileira vitória Modificadores como “reles” precisam aparecer antepostos ao nome, já modificadores como “vermelho” e “brasileira” devem aparecer pospostos ao nome. Conforme vimos em (1b), (1d) e (1f), a alteração no posicionamento desses itens produz agramaticalidade em português. Por outro lado, há também em português modificadores cuja ordenação parece apresentar uma certa flexibilidade, como pode ser observado abaixo: (2) (a) um vestido lindo (b) um lindo vestido O adjetivo “lindo” pode aparecer anteposto ou posposto ao nome em português. A alteração no posicionamento desse modificador parece não interferir de maneira significativa na leitura do sintagma. Porém, há casos em que o posicionamento do adjetivo pode ser fundamental para a construção da interpretação do sintagma. Nos exemplos abaixo, o adjetivo “velho” pode significar que o amigo é idoso (cf. 3a) ou que a amizade é de longa data (cf. 3b): (3) (a) um amigo velho (b) um velho amigo As gramáticas tradicionais, de maneira geral, tratam como adjunto adnominal o adjetivo que caracteriza o nome sem a interferência do verbo, mas não apontam posições particulares para esses elementos no SN. Cunha e Cintra (2013, p. 275), por exemplo, mencionam apenas que, em função de adjunto adnominal, o adjetivo se refere, sem intermediário, ao substantivo e pode aparecer posposto ou anteposto. No entanto, como vimos nos contrastes em (1), essa flexibilidade na ordenação não está disponível a todos os adjetivos. Outro aspecto a ser observado com relação ao SN do português diz respeito à possibilidade de adjetivos atuarem como núcleo desses constituintes e de substantivos desempenharem o papel de modificador: (4) (a) um velho motorista (b) um jovem estudante Em (4a), “velho” atua como núcleo do sintagma nominal, e “motorista” desempenha o papel de modificador. Já em (4b), “jovem” atua como núcleo do sintagma nominal, e “estudante” desempenha o papel de modificador. Cunha e Cintra (2013, p. 216) dizem que, em função de adjunto adnominal, um substantivo pode se referir diretamente a outro substantivo, como em “uma recepção monstro”, porém os autores não apresentam uma explicação para esse fenômeno. Também não explicam a possibilidade de substantivação do adjetivo em PB, apenas admitem que “os adjetivos podem se tornar o termo nuclear do SN” (Cunha; Cintra, 2013, p. 260). Neste trabalho, faremos um levantamento da bibliografia teórica publicada sobre a distribuição dos adjetivos no sintagma nominal, com o intuito de recolher informações e conhecimentos sobre a ordenação dos adjetivos nesses sintagmas, bem como sobre a natureza sintática de tais elementos. Além disso, vamos procurar observar a possibilidade de o conhecimento da gramática de uma língua estrangeira interferir na maneira como os brasileiros posicionam os adjetivos nos sintagmas nominais.

Objetivo Geral

A presente pesquisa tem por objetivo aprofundar o entendimento sobre a ordenação dos adjetivos nos sintagmas nominais do português, através do estudo da possibilidade de o conhecimento da gramática de uma língua estrangeira (mais especificamente, o inglês) interferir na forma como os brasileiros posicionam os adjetivos nos sintagmas nominais do português.

Justificativa

O projeto justifica-se por contribuir para a descrição da gramática do português brasileiro, especialmente no que diz respeito ao posicionamento dos adjetivos nos sintagmas nominais dessa língua.
É importante destacar que o estudo de uma possível interferência do conhecimento da língua inglesa na forma como os brasileiros posicionam os adjetivos nos sintagmas nominais é relevante por procurar averiguar se há uma ampliação da competência comunicativa dos brasileiros em virtude do conhecimento de uma língua estrangeira. Em outras palavras, a pesquisa pretende verificar se conhecimento da gramática da língua inglesa é capaz de ampliar as estratégias utilizadas pelos brasileiros para a distribuição dos adjetivos nos sintagmas nominais.
A escolha da língua inglesa deve-se ao fato de que, segundo Menuzzi (1992, p.125), uma importante diferença entre as gramáticas dessas línguas encontra-se na distribuição das categorias lexicais. Em inglês, adjetivos e substantivos são categorias morfossintáticas distintas, e não há uma categoria morfossintática dos nomes; em português, por outro lado, adjetivos e substantivos não se distinguem categorialmente, pertencendo todos à categoria morfossintática dos nomes; por isso, em português, mas não em inglês, pode haver modificação adverbial não apenas com os adjetivos (como "José é mais inteligente/dedicado do que Antônio"), mas também com os substantivos (como "José é mais médico/atleta do que Antônio"). Importa verificar, portanto, se essa distinção categorial entre a língua inglesa e a língua portuguesa pode interferir no posicionamento dos modificadores em sintagmas nominais, e se essa distinção tem consequências na maneira como os brasileiros constroem os sintagmas nominais em português ao entrar em contato com a língua inglesa.
Outro aspecto a ser observado entre essas línguas diz respeito à posição canônica dos adjetivos. Enquanto em inglês os adjetivos devem aparecer antepostos ao substantivos, em português os adjetivos devem aparecer pospostos ao substantivos, embora haja alguns modificadores que podem aparecer antepostos ou pospostos ao nome em português.
Nesse sentido, a pesquisa poderá explicitar importantes relações entre as línguas em contato (Português-Inglês), relações essas possivelmente capazes de ampliar a consciência linguística dos brasileiros bilíngues, contribuindo para o aprimoramento da competência comunicativa desses falantes. Assim, a pesquisa poderia trazer subsídios interessantes para a formação dos alunos das Licenciaturas e dos Bacharelados em Letras.

Metodologia

Visando a realização deste projeto, serão considerados os seguintes aspectos:

-Pesquisa bibliográfica que terá por objetivo fazer um levantamento da referência teórica já analisada e publicada sobre a estrutura do sintagma nominal, com o intuito de recolher informações e conhecimentos sobre a organização dos elementos que formam esse constituinte, bem como sobre a natureza sintática de tais elementos.
-Coleta de dados que terá por objetivo recolher texto traduzidos, ao longo da Graduação, por estudantes do Curso de Bacharelado em Letras - Tradução - Inglês/Português. Serão coletados vinte textos dos alunos de primeiro e de segundo semestres; vinte textos de alunos do terceiro e do quarto semestres; vinte textos de alunos do quinto e do sexto semestres e 20 textos de alunos do sétimo e do oitavo semestres
- Quantificação dos dados.
-Análise dos dados, considerando a pesquisa bibliográfica feita inicialmente no projeto.

Indicadores, Metas e Resultados

As metas e os resultados do presente projeto para os 24 meses em que se desenvolverá visam à

Formação de recursos humanos:
-qualificação de docente e de alunos do Centro de Letras e Comunicação da UFPel, pela posterior oferta de disciplinas e pela realização de pesquisa sobre aspectos relacionados à sintaxe do PB;

Produção intelectual:
-produção de trabalhos que serão apresentados em, no mínimo, dois congressos;
-produção de, no mínimo, dois artigos para publicação.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
BIANCA SCHMITZ BERGMANN
MIRIAM ELISABETE FERREIRA DE LIMA
NATHAN BATISTA SALES
PAULA FERNANDA EICK CARDOSO6
ROBERTA REGO RODRIGUES2

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