Nome do Projeto
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE PACIENTES COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
03/06/2024 - 30/06/2027
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
A doença inflamatória intestinal (DII) compreende duas condições crônicas que afetam o trato gastrointestinal, a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU). A DII é caracterizada por episódios recorrentes de inflamação, resultando em sintomas como dor abdominal, diarreia, perda de peso e fadiga1. Embora seja considerada uma doença rara, sua prevalência tem aumentado nas últimas décadas, afetando milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo uma parcela substancial da população brasileira2. A etiologia da doença inflamatória intestinal é multifatorial e ainda não está completamente elucidada. No entanto, a nutrição parece desempenhar um papel significativo na modulação intestinal e na fisiopatologia da doença uma vez que a dieta ocidental tem sido associada ao desenvolvimento e ao agravo da doença3. Desse modo, a inflamação crônica associada à DII leva a complicações sistêmicas e a alterações na absorção de nutrientes essenciais, alterando o estado nutricional dos pacientes1. Assim, deficiências de macronutrientes, vitaminas e sais minerais são mais prevalentes nessa população devido a fatores como má absorção intestinal, aumento das necessidades metabólicas e redução da ingestão alimentar devido aos sintomas gastrointestinais1. Essas deficiências podem ter um impacto significativo na saúde dos pacientes, agravando os sintomas da DII e comprometendo o funcionamento de outros órgãos e sistemas. Desse modo, demonstra-se a importância dos aspectos nutricionais, uma vez que estão presentes tanto na etiologia como nas consequências da doença inflamatória intestinal. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo auxiliar na elucidação da etiologia das deficiências nutricionais ao avaliar o estado nutricional de pacientes com DII que são acompanhados em um serviço de saúde de nível terciário e correlacioná-los com os hábitos alimentares, estilo de vida e características da doença.

Objetivo Geral

Avaliar o estado nutricional e hábitos alimentares de pacientes com doença inflamatória intestinal que estão em acompanhamento no ambulatório de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da UFPel.

Justificativa

Apesar dos avanços na compreensão dos mecanismos subjacentes à doença inflamatória intestinal, sua etiologia continua a ser multifatorial e incompletamente elucidada. Diversos fatores, como predisposição genética, disfunções imunológicas e fatores ambientais, são considerados contribuintes para o desenvolvimento e progressão da doença. Entre esses fatores, a nutrição emergiu como um componente crítico na modulação da inflamação intestinal e na fisiopatologia da DII.
Estudos têm demonstrado que a dieta desempenha um importante papel na manifestação e gravidade da DII, com a dieta ocidental sendo associada ao aumento do risco e ao agravamento dos sintomas da doença. Além disso, a inflamação crônica associada à DII pode resultar em complicações sistêmicas, prejudicar a absorção de nutrientes essenciais e causar deficiências de macronutrientes, vitaminas e sais minerais em pacientes afetados. Essas deficiências nutricionais podem impactar negativamente a qualidade de vida, a resposta ao tratamento e potencializar a progressão da doença.

I. Impacto na qualidade de vida: deficiências nutricionais em pacientes com DII estão diretamente relacionadas à redução da qualidade de vida. A fadiga, a anemia, a perda de peso e a má absorção de nutrientes podem afetar negativamente a capacidade dos pacientes de realizar atividades de vida diárias sociais e profissionais.
II. Aumento do risco de complicações: a desnutrição em pacientes com DII está associada a um maior risco de complicações, incluindo infecções, fraturas ósseas e aumento da mortalidade. Compreender os mecanismos subjacentes a essas deficiências pode ajudar a mitigar esses riscos.
III. Desafios de tratamento: a terapia nutricional desempenha um papel essencial no tratamento de pacientes com DII. No entanto, a prescrição de dietas adequadas é complexa, dada a natureza heterogênea das DII. A pesquisa nesse campo pode ajudar a orientar os profissionais de saúde na escolha das melhores estratégias de nutrição clínica para cada paciente.
IV. Custo-efetividade: a identificação precoce de deficiências nutricionais e a intervenção adequada podem reduzir a necessidade de hospitalizações e procedimentos invasivos, resultando em economias significativas para o sistema de saúde.

Desse modo, ao avaliar as prevalências de deficiência de nutrientes e vitaminas em pacientes com DII, este estudo visa preencher uma lacuna importante no conhecimento, podendo fornecer informações valiosas para a prática clínica que permitirão a implementação de intervenções nutricionais adequadas, incluindo a suplementação de nutrientes e a adoção de estratégias alimentares específicas. Além disso, a correlação entre o estado nutricional e outros fatores, como o tipo de doença e os sintomas associados, pode fornecer insights sobre os mecanismos subjacentes à DII e ajudar a personalizar ainda mais as abordagens terapêuticas. Ademais, os resultados deste estudo também podem ter impacto na formulação de diretrizes e de protocolos clínicos voltados para o manejo nutricional de pacientes com DII.

Metodologia

Será realizada uma pesquisa de campo quali-quantitativa na qual serão incluídos pacientes diagnosticados com DC e RCU e que estão em acompanhamento no ambulatório de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, sob consentimento do paciente e mediante à aprovação do estudo pelo comitê de ética em pesquisa da UFPEL. Os participantes serão convidados a participar do estudo e assinarão o TCLE após concordarem em participar e serem esclarecidos também
quanto à justificativa, procedimentos, riscos e benefícios da pesquisa, sobre a privacidade e
confidencialidade e sobre a participação voluntária na pesquisa além dos objetivos e do direito de desistirem de participar e retirarem seu consentimento a qualquer momento, ao responder o questionário pode ocorrer algum desconforto ao responder as questões de âmbito pessoal tendo o participante o direito de se recusar a responder se preferir, serão minimizados os riscos de quebra de sigilo através do treinamento constante da equipe de pesquisadores e adequado armazenamento dos dados e a Lei geral de proteção dos dados será respeitada.
A ingestão diária média de macronutrientes, vitaminas e minerais será estimada através da análise de um diário nutricional (anexo 1) preenchido pelos pacientes durante os 5 dias. Os pacientes serão orientados a registrar todos os alimentos consumidos nesse período, descrevendo o tipo de alimento e a quantidade - em gramas ou em medidas convencionais de dosagem. Além disso, os pacientes serão orientados a registrar o tempo de exposição diária à luz solar. A composição dietética será analisada através da ferramenta ADS NUTRI, disponível em http://heufpel.com.br/sistemas/login/index.php?caminho=nutricao&programa=nutricao, e com o eventual auxílio da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO 4ª edição) fornecida pelo Conselho Federal de Nutricionistas, disponível em https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf. Após a análise da ingestão diária média dos nutrientes, os dados serão tabelados e comparados com os valores de Ingestão Diária Recomendada de vitaminas, proteínas e minerais (IDR) conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em Resolução-RDC Nº 269, de 22 de setembro de 2005, disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/rdc0269_22_09_2005.html.
A prevalência de deficiências nutricionais será avaliada através da dosagem sérica de albumina, proteínas totais, ferro, ferritina, zinco, cálcio, fósforo, magnésio, sódio, potássio, vitaminas do complexo B (B6 e B12), vitamina A, vitamina C, vitamina D, vitamina E e vitamina K. Além disso, o hemograma auxiliará no diagnóstico de possíveis anemias. Estes dados serão coletados do prontuário dos pacientes. As dosagens serão comparadas com a tabela de intervalos de referência de teste de laboratório da American Board of Internal Medicine (ABIM), disponível em https://www.abim.org/Media/bfijryql/laboratory-reference-ranges.pdf.
A obtenção das medidas antropométricas será realizada no momento da consulta de rotina dos pacientes. Será calculado o índice de massa corporal (IMC) através do peso e altura, além da aferição da circunferência abdominal e circunferência da panturrilha. Ainda na consulta, será aplicado um questionário (anexo 2) que visa coletar as informações de estilo de vida, como tipo de dieta (carnívora, vegetariana ou vegana), presença de acompanhamento nutricional, prática de atividade física regular, fumo, etilismo; características da doença como tipo de doença (DC ou RCU), tempo desde o diagnóstico, nível de atividade, sintomas, cirurgias do TGI e medicamentos em uso.
A avaliação de sarcopenia será feita através dos critérios do consenso Asian Working Group for Sarcopenia (AWGS) de 2019. Para a avaliação da massa muscular esquelética será utilizada a equação preditiva de Gonzalez et al., que considera os parâmetros: circunferência da panturrilha, sexo, raça e idade (10.1002/jpen.1605). A força muscular será medida utilizando um dinamômetro digital da marca JAMAR®. Para esse exame o paciente permanecerá sentado, com o braço examinado (que segura o aparelho) junto ao corpo, cotovelo flexionado em posição de 90°, com a mão em posição neutra; o outro braço deverá ficar apoiado relaxado sobre a coxa e o indivíduo deve ser instruído a apertar o dinamômetro com a máxima força possível. Serão realizados testes com as duas mãos, de forma alternada, em três repetições para cada. Ao final, a maior das 6 medidas encontradas será utilizada. Para identificação da dinapenia serão considerados os valores de 29,7kg para homens e 16,2kg para mulheres, os quais representam 2,5 desvios padrão abaixo da média das medidas de força de preensão palmar da população de referência (Bielemann, 2016) .
Para o critério de baixo desempenho físico será realizado o teste de levantar da cadeira 5 vezes em até 12 segundos.
A análise da influência da dieta e do nível de atividade da doença no estado nutricional será avaliada por meio de testes estatísticos apropriados, através do software de análise estatística SPSS 22.0. A análise da relação entre estado nutricional e as variáveis coletadas (características da doença, acompanhamento nutricional, sintomas, estilo de vida e complicações associadas) será realizada através da análise univariada e, posteriormente, através da análise multivariada das características que apresentarem nível de associação significativo, também por meio do software SPSS 22.0. Valores de p <0.05 serão considerados estatisticamente significativos.
O presente trabalho será submetido ao Comite de ética e pesquisa da UFPel. Dentre os possíveis riscos, o participante poderá sentir-se desconfortável e considerar ter sua privacidade invadida ao fornecer dados pessoais e/ou relacionados ao seu estado de saúde atual. A fim de minimizá-los, o pesquisador explicará verbalmente os objetivos da pesquisa e deixará o participante livre para a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, informando que este poderá se retirar a qualquer momento do estudo sem quaisquer prejuízos. Os riscos relacionados à quebra de sigilo do paciente são mínimos, sendo isso assegurado pelo treinamento constante da equipe de coleta quanto ao armazenamento de informações confidenciais. A equipe cumprirá com a Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018), protegendo os dados pessoais coletados nesse estudo, garantindo que estes sejam utilizados apenas para fins de pesquisa. O participante terá o beneficio de receber uma avaliação detalhada e aprofundada a respeito do seu estado nutricional, recebendo orientações práticas dos benefícios associados a alimentação adequada. Além disso, através dos dados obtidos, espera-se que seja possível traçar estratégias eficazes para combater os problemas relacionadas a nutrição neste grupo de pacientes.








Indicadores, Metas e Resultados

avaliação nutricional dos pacientes e otimizar terapeutica nutricional associado ao trabalho multidisciplinar com a equipe de nutrição

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
DANIELA MUNOZ NOGUEIRA
ELZA CRISTINA MIRANDA DA CUNHA BUENO4
GEORGE FURTADO DE BORBA
SILVANA PAIVA ORLANDI2

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