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14/06/2024 - 01/12/2026

Ciências Biológicas

Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul foi afetado por uma enchente devastadora, causada por chuvas intensas que ocorreram em poucas horas nas áreas de nascentes de rios importantes do estado. Esse evento climático impactou profundamente 461 das 497 cidades gaúchas, resultando em destruição de cidades inteiras, mortes, desaparecimentos e deslocamentos forçados de pessoas. Além disso, a enchente deixou muitas comunidades sem acesso a água potável, energia, combustíveis e alimentos. Os impactos ambientais também foram significativos. A água das enchentes, em grande volume e velocidade, carregou sedimentos e contaminantes diversos para dentro dos rios e da Laguna dos Patos, aumentando drasticamente a turbidez das águas. Ao longo do seu trajeto, a água das enchentes passou por áreas de risco, contaminando-se com resíduos de postos de combustível, fábricas de tinta, curtumes, hospitais e farmácias, entre outros. Esses contaminantes foram despejados na Laguna dos Patos, elevando o volume de água e afetando a qualidade da água na região Sul do Estado. As espécies aquáticas são diretamente impactadas por esse evento, especialmente na bacia de drenagem Patos-Mirim, onde várias espécies de peixes endêmicos, algumas ameaçadas de extinção, habitam. A contaminação das águas pode ter efeitos prejudiciais sobre os organismos aquáticos, necessitando de investigação detalhada sobre os impactos ambientais e a preservação dessas espécies. Dentre os peixes utilizados como biomodelos para estudos ambientais está o zebrafish (Danio rerio). Com um genoma completamente sequenciado, o zebrafish compartilha pelo menos 70% dos genes que codificam proteínas com os humanos, incluindo genes relacionados a doenças. Isso torna o zebrafish um modelo importante para estudos fisiológicos e patológicos, não só para outras espécies de peixes, mas também para outros vertebrados, incluindo humanos. A análise dos possíveis efeitos toxicológicos dos sedimentos carregados pelas enchentes em órgãos vitais do zebrafish é crucial para entender o impacto da contaminação na saúde dos indivíduos. Além disso, avaliar os efeitos toxicológicos nos órgãos reprodutivos, como os testículos, é essencial para compreender os impactos sobre a reprodução e a sobrevivência das próximas gerações de peixes. Isso é especialmente crítico para espécies endêmicas e ameaçadas de extinção na região sul do Rio Grande do Sul, onde populações restritas enfrentam maior risco devido à contaminação ambiental. A preservação ambiental e a implementação de medidas de conservação eficazes são imperativas diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela crescente pressão humana sobre os ecossistemas aquáticos. Estudos como os realizados com zebrafish são fundamentais para monitorar e mitigar os impactos ambientais das enchentes e garantir a sobrevivência das espécies aquáticas. A compreensão dos efeitos de eventos climáticos extremos, como a enchente de 2024, é essencial para o desenvolvimento de estratégias de preservação e recuperação dos ecossistemas afetados.