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As enchentes ocorridas no estado do Rio Grande do Sul resultaram em grandes perdas para as comunidades, incluindo bens culturais de variadas tipologias, que se encontravam em museus, arquivos, bibliotecas, igrejas e mesmo nas casas das pessoas. O contato com a lama e água contaminada traz inúmeros problemas, inclusive para a saúde da população. Ainda assim, os valores social, histórico e artístico dos bens culturais justificam a realização do resgate e processos de recuperação e restauração. Mesmo suportes muito sensíveis, como é o caso do papel, podem ser salvos se forem empregadas técnicas e procedimentos adequados. O envolvimento de docentes, discentes e profissionais na aplicação de conhecimentos especializados da disciplina da Conservação-restauração, apoiada por outras disciplinas complementares, é um ato socialmente significativo em um contexto de muitas perdas, como o ocorrido. Além de atender a enorme demanda pela recuperação de acervos, o projeto possibilita o envolvimento dos alunos em processo de formação profissional no Curso de Graduação em Conservação e Restauração de bens culturais, os quais tem a possibilidade de realizar tratamentos em acervos em papel com problemas inusitados decorrentes da permanência das obras nos ambientes inundados. A participação das equipes no processo de resgate e recuperação dos acervos atingidos pelas enchentes implica em discussões e sensibilização sobre o impacto das mudanças climáticas no patrimônio cultural, assim como sobre como prevenção e reação diante de possíveis novas catástrofes. Trata-se, sobretudo, de preparar as pessoas para atuar nestes novos contextos ambientais e sociais que se apresentam no mundo atual. Por fim, trata-se de uma oportunidade para gerar e divulgar novos conhecimentos, na medida em que se buscam respostas para problemas nunca enfrentados antes em termos de conservação e restauração de acervos, ao menos no contexto do Brasil.

Aplica-se a metodologia da Conservação-restauração que, em síntese, realiza as etapas de diagnóstico, análise e estudos das técnicas e materiais, documentação e execução dos procedimentos de conservação e restauração. Ao final, o que se busca, é recuperar características e condições para que as obras possam novamente cumprir suas funções patrimoniais dentro da instituição detentora. A situação específica decorrente das enchentes exige ainda estudos, análise e busca de soluções para a desinfecção das obras, de maneira a garantir condições de segurança para o seu manuseio durante e após os tratamentos realizados.

As etapas a serem realizadas são as seguintes:
1) Definição de quais obras em papel poderão ser recebidas no LAPEL - Laboratório de Conservação e Restauração de Papel;
2) Transporte adequado e seguro das obras para os espaços da UFPel;
3) Revisão de bibliografia sobre os materiais e técnicas relacionados com as obras a serem tratadas, assim como sobre os processos de desinfecção.
4) Realização da documentação científica, com registros fotográficos e preenchimento de fichas de diagnóstico;
5) Realização de testes e exames;
6) Definição, escolha e aplicação de tratamentos de desinfecção:
7) Limpeza das obras;
8) Definição de tratamentos a serem executados;
9) Execução de tratamentos de conservação e restauração;
10) Elaboração de acondicionamento das obras;
11) Devolução das obras para a instituição detentora do acervo.
12) Divulgação do trabalho realizado, produção de artigos, apresentação de resultados em eventos acadêmicos.

Tem-se como meta atender às demandas de instituições detentoras de acervos no momento do resgate orientando sobre os procedimentos de emergência e posteriormente realizando a recuperação e restauração de obras em papel.
O envolvimento da equipe resultará em treinamento dos alunos para atuar junto ao patrimônio cultural com segurança nos contextos de emergência climática.
A realização de todas as etapas implica na produção e divulgação de conhecimentos para atender situações inusitadas, como a desinfecção de acervos, que podem gerar publicações.