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Nesses sentidos, nota-se que, no modelo atual de sociedade urbana, tanto a ação como a fala humanas são frequente e intensamente permeadas por diversas etapas midiáticas. Sendo assim determinadas e regidas pelos novos dados e coordenadas sociais de percepção e interpretação de imagens visuais. O filósofo Paul Virilio (1932-2018), que se dedicou justamente a teorizar a respeito destes entremeios humanos atuais, acrescenta que: “De fato, não se pode falar hoje do desenvolvimento do audiovisual sem interrogar igualmente este desenvolvimento da imagerie virtual e sua influência sobre os comportamentos ou ainda sem anunciar também esta nova industrialização da visão, a instalação de um verdadeiro mercado da percepção sintética com o que isto supõe de questões éticas, (...) sobretudo a questão filosófica daquele desdobramento do ponto de vista, daquela divisão da percepção do ambiente entre o animado, o sujeito vivo, e o inanimado, o objeto, a máquina de visão” (VIRILIO, 2002, p. 86).
Nas produções pictóricas a serem consideradas por este projeto, o tempo prolongado do trabalho da pintura compreende feitura humana e manual detida e vagarosa, que aborda ou contrapõe, nos seus próprios termos, um amplo cenário social instaurado de imagens de aparelhos óticos, químicos e eletrônicos.
Ressalta-se ainda aqui a relevância em publicizar processos e investigações coletivas ligadas ao presente projeto por meio de ações de extensão vinculadas, como exposições e seminário inicialmente previstos, no sentido de difundir amplamente os resultados dessa pesquisa.

A partir dessa sucinta introdução ao tema da investigação, pode-se partir para a exploração dos possíveis caminhos rumo a construção a pesquisa em si, bem como verificação das hipóteses propostas - ou seja, a metodologia de pesquisa. Assim, serão desenvolvidos os trabalhos práticos propostos frente à confrontação teórica, discussão e pesquisa.
1º. Revisão bibliográfica sobre o tema a partir dos autores propostos anteriormente e de outros conhecidos, indicados e sugeridos. No intuito de abranger assim as teorias de percepção imagética nos meios cinematográfico (AUMONT, METZ, EISENSTEIN), fotográfico (VIRILIO, BARTHES, SONTAG, DUBOIS), videográfico (MACHADO) e da pintura (FISCHER, LASCH, DANTO); dos fluxos de informação urbanos (PEIXOTO); de história e teoria de arte (ARCHER, TASSINARI, DANTO). Além de textos de artistas; teorias sobre suas obras e de outros artistas.
2º. Produção concomitante e coletiva de pinturas.
3º. Discussões e debates compartilhados entre participantes do projeto, sobre percepções e constatações a partir dos desdobramentos de trabalho oriundos de suas produções em ateliê.
4º. Elaboração textual, intercalada com todas as etapas anteriores. Escritas e publicações oportunas de artigos acadêmicos partindo dessa pesquisa realizada.
Seguindo-se dessa maneira a metodologia aqui proposta, através da produção de trabalhos práticos e da pesquisa específica para estes casos, acredita-se que será possível averiguar as hipóteses inicialmente instituídas.

As construções em pintura que a presente pesquisa procura contemplar visam, de formas diversas e particulares, uma temporalidade distinta daquela dos fluxos de percepção próprios à fotografia, ao vídeo e ao cinema - considerados aqui em suas intersecções contemporâneas. Acredita-se que tal direcionamento se dá coletivamente pela busca de caminhos que não procuram se impor visualmente pelo abrupto ou pela instantaneidade - mas sim pela intensidade humana possível na sutileza e densidade através das quais a pintura possa existir e se constituir em meio aos universos de visualidade aqui apontados. Ao mesmo tempo, essas práticas pictóricas são construídas, de uma forma ou de outra, a partir de escombros visuais desses mesmos universos de imagem atuais.
Dessa maneira e nessas direções, intenciona-se então um aprofundamento de questões acerca do fazer da pintura hoje em dia, como prática presente, constante e persistente num cenário maior da área de pensamento, pesquisa e produção em artes visuais. Esses desenvolvimentos serão divulgados e ampliados por meio de ações de extensão, que deverão envolver exposições, seminário e trocas educativas sobre pintura contemporânea com o público acadêmico e geral.