Nome do Projeto
Análise de risco para a expansão da esporotricose humana na cidade do Rio de Janeiro, Brasil
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
07/08/2024 - 06/08/2028
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências da Saúde
Resumo
O objetivo deste estudo consiste em explorar relações de variáveis com a incidência de esporotricose humana na cidade do Rio de Janeiro-RJ, assim como estratificar o risco de incidência da doença pelos bairros do município. Será realizado um estudo ecológico de séries espaço-temporais e de risco. Serão feitas análises de bancos de dados envolvendo diferentes etapas e técnicas, como a busca de dados em bancos de dados oficiais, preparação e reconfiguração de variáveis para montagem de um modelo estatístico, avaliação de consistência de dados, processamento e análise de dados. Neste estudo, inicialmente será avaliada a dinâmica espaço-temporal da esporotricose em um espaço de 10 (dez) anos (2013-2023). Serão avaliadas variáveis historicamente determinantes para a esporotricose humana no município do Rio de Janeiro-RJ, e esta causalidade será quantificada através de modelagem de equações estruturais, para entender as dependências diretas entre diversas variáveis socioeconômicas, infraestruturais e ambientais, fornecendo inferências causais sobre o risco da esporotricose humana. Após as análises, com base nas quantificações das relações entre as variáveis, serão construídos modelos de risco para esporotricose no município do Rio de Janeiro, permitindo a estratificação do território municipal do Rio de Janeiro em bairros de acordo com sua vulnerabilidade à esporotricose humana. Essas informações geradas pelo estudo serão apresentadas para a vigilância epidemiológica da prefeitura municipal do Rio de Janeiro. O estudo tem potencial em providenciar uma melhor elucidação epidemiológica de uma zoonose emergente no país, sendo o município do Rio de Janeiro uma escolha consciente pelo fato de que este é o local onde a esporotricose ocorre de forma epidêmica, com uma alta incidência de transmissão zoonótica e como local de partida para o espalhamento da doença para outros Estados da federação.

Objetivo Geral

O objetivo deste estudo será a estratificação do risco da esporotricose humana no município do Rio de Janeiro com base em seus bairros, correlacionando determinantes de exposição, vulnerabilidade socioeconômica e infraestruturais nestas áreas em um período de tempo de dez anos. Esperamos que com este estudo possamos explicar de forma quantitativa quais fatores relacionados aos determinantes supracitados se interconectam e explicam a incidência da esporotricose humana. Espera-se que o estudo possa influenciar de forma positiva no controle da doença localmente, pois o mesmo tem potencial de gerar resultados que aumentem o grau de consciência da vigilância em saúde e de tomadores de decisões acerca dos fatores que mais e menos determinam sobre a ocorrência da doença em humanos, servindo de insumo para elaboração de políticas públicas e ações diretas de enfrentamento da doença.

Justificativa

A esporotricose se dá como um crescente problema de Saúde Única em todo território nacional, tendo casos relatados em todos os estados das federação com exceção de Roraima (BRASIL, 2023). No Estado do Rio de Janeiro, a doença se estabeleceu desde o início dos anos 90 e desde então uma tendência de crescimento tem sido observada, forçando o poder público local a investir esforços para sua contenção e combate (MORGADO et al., 2022; CASTRO et al., 2022).
O processo adaptativo do agente etiológico associado à equivocada noção cultural de tutela de felinos, aos aspectos climáticos e geográficos, assim como os problemas estruturais de urbanização e vulnerabilidades socioeconômicas configuram um cenário epidemiológico complexo da esporotricose que é particular da realidade brasileira (RAMÍREZ-SOTO et al., 2018; SCUARCIALUPI et al., 2021). Tal cenário necessita de estudos que entendam as dinâmicas por trás da ocorrência desta doença. A escolha pelo município do Rio de Janeiro se dá pelo seu longo histórico de enfrentamento da esporotricose e por ser um local hiperendêmico (BARROS et al., 2001; BARROS et al., 2010; BRASIL, 2023; FALCÃO et al., 2020; GREMIÃO et al., 2015; PEREIRA et al., 2014; SCHUBACH, 2004; SILVA et al., 2012).
A montagem de modelos estatísticos que explicam o comportamento de disseminação das doenças infecciosas é parte fundamental do processo de construção de uma robusta vigilância epidemiológica que compreende os variados aspectos que influenciam na incidência da doença e seus fatores de risco (SANTOS, 2019). São necessárias conexões multidisciplinares entre as produções acadêmicas da universidade pública do ramo da epidemiologia com o setor da saúde pública para que ocorram avanços na prevenção e combate das doenças emergentes (COSTA et al., 2024). Este trabalho será um esforço coletivo entre o Laboratório de Epidemiologia Veterinária da UFPel e o Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Labclin-Dermzoo) da FIOCRUZ-RJ.
Neste projeto é proposta a utilização do framework do índice de risco “Index for Risk Management” (INFORM) (THOW et al., 2024) associado com a utilização de métodos estatísticos de avaliação de relações de variáveis como possíveis fatores associados ao acometimento da esporotricose humana no Rio de Janeiro. A escolha deste protocolo se dá por ser altamente adaptativo e por ter potencial de ser uma inovadora metodologia quantitativa de avaliação de riscos para doenças zoonóticas (WINCK, 2022). O principal mérito deste estudo será a aplicação desta estrutura de organização e avaliação de dados no contexto da esporotricose humana no Rio de Janeiro, que se bem sucedida, potencialmente servirá posteriormente como modelo metodológico aplicado em estudos sobre esporotricose em outros locais e também estudos de outras doenças infecciosas em outros cenários.

Metodologia

Será realizado um estudo ecológico de séries espaço-temporais e de risco. Serão feitas análises de bancos de dados envolvendo diferentes etapas e técnicas, como a busca de dados em bancos de dados oficiais, preparação e reconfiguração de variáveis para montagem de um modelo estatístico, avaliação de consistência de dados, processamento e análise de dados. Neste estudo, inicialmente será avaliada a dinâmica espaço-temporal da esporotricose em um espaço de 10 (dez) anos (2013-2023). Serão avaliadas variáveis historicamente determinantes para a esporotricose humana no município do Rio de Janeiro-RJ, e esta causalidade será quantificada através de modelagem de equações estruturais, para entender as dependências diretas entre diversas variáveis socioeconômicas, infraestruturais e ambientais, fornecendo inferências causais sobre o risco da esporotricose humana.
Após as análises, com base nas quantificações das relações entre as variáveis, serão construídos modelos de risco para esporotricose no município do Rio de Janeiro, permitindo a estratificação do território municipal do Rio de Janeiro em bairros de acordo com sua vulnerabilidade à esporotricose humana. Essas informações geradas pelo estudo serão apresentadas para a vigilância epidemiológica da prefeitura municipal do Rio de Janeiro.

Após as análises, com base nas quantificações das relações entre as variáveis, serão
construídos modelos de risco para esporotricose no município do Rio de Janeiro, permitindo
a estratificação do território municipal do Rio de Janeiro em bairros de acordo com sua
vulnerabilidade à esporotricose humana. Essas informações geradas pelo estudo serão
apresentadas para a vigilância epidemiológica da prefeitura municipal do Rio de Janeiro.

Indicadores, Metas e Resultados

Considerando a expansão da esporotricose no território Rio de Janeiro durante as últimas três décadas, este estudo tem potencial de esclarecer como os riscos associados a esta doença afetam a população e o território que hoje é considerado endêmico para esta doença. A compreensão destes riscos é fundamental para que políticas públicas em torno do problema sejam propostas e implementadas, tanto a nível local quanto nacional, visto que a esporotricose expandiu-se para todas as regiões do Brasil, assim como preocupa autoridades internacionais de saúde. Portanto, ferramentas que consideram características e determinantes locais, bem como extratos populacionais negligenciados pelo governo com suas próprias características, podem destacar mais claramente as barreiras ao controle de doenças, resultando em uma prevenção primária e secundária mais eficaz. Esta abordagem no contexto do Rio de Janeiro é de suma importância para o melhor entendimento de como que a doença se estabeleceu de forma tão eficiente neste território, sendo esta compreensão potencialmente benéfica para uma análise contextual a nível nacional.
É importante destacar que o projeto pretende utilizar técnicas de estratificação geográfica de risco, uma ferramenta prática para sistemas de vigilância que tem ganhado notoriedade na área da saúde, por conta de sua aplicabilidade para a tomada de decisões tanto por profissionais de saúde quanto pelos serviços de vigilância que estes trabalhadores compõem. A escolha da metodologia se deve ao fato de que ela é fácil de ser alimentada com novos dados secundários gerados rotineiramente por sistemas públicos de informação e acessíveis livremente, é fácil de aplicar e adaptar ao serviço de vigilância do SUS e pode ser adaptada para outras realidades. Quanto mais informações forem adicionadas ao modelo proposto, mais sensível ele se tornará, contribuindo assim para o fortalecimento do serviço de vigilância do município. Além disso, após o desenvolvimento do projeto, as informações serão disponibilizadas aos profissionais e gestores de saúde da atenção básica municipal por meio de policy briefs.
Considerando o exposto, espera-se que esta análise sirva como suporte para a organização e elaboração de estratégias de combate e prevenção da esporotricose no município do Rio de Janeiro, auxiliando principalmente a equipe de vigilância em saúde no que tange a prevenção primária da doença no município.

Equipe do Projeto

NomeCH SemanalData inicialData final
ANGELITA DOS REIS GOMES2
FABIO RAPHAEL PASCOTI BRUHN2
GLENIO AGUIAR GONCALVES2
VITOR CAMPOS ASSUMPÇÃO DE AMARANTE

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