Nome do Projeto
Características clínicas, microbiológicas e epidemiológicas relacionadas a ocorrência de infecção por Klebsiella pneumoniae em pacientes oncológicos internados no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel)
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
01/09/2024 - 01/09/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Biológicas
Resumo
As infecções bacterianas representam ameaças significativas para pacientes com câncer, uma vez que a própria doença e os tratamentos necessários fragilizam o sistema imunológico, podendo levar a complicações com risco de morte. Na literatura científica, vários estudos evidenciam a relação das infecções por Klebsiella pneumoniae com doença oncológica, especialmente atribuída à diferentes condições clínicas e ambientais que estes pacientes se encontram. O objetivo do estudo será descrever as características clínicas, microbiológicas e epidemiológicas da ocorrência de infecção por K. pneumoniae em pacientes oncológicos internados no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel/EBSERH). O método será observacional analítico transversal e experimental. Serão coletados isolados de K. pneumoniae de pacientes hospitalizados no período de um ano. Estes serão armazenados no Laboratório de Bacteriologia e Bioensaios (LaBBio) da UFPel, onde serão caracterizados bioquimicamente e molecularmente (PCR) e classificados quanto ao seu perfil de sensibilidade aos antimicrobianos. Será estabelecida a relação clonal entre os diversos isolados através da técnica de eletroforese em gel de campo pulsado (Pulsed-field Gel Eletrophoresis - PFGE), identificando a distribuição dessas cepas na instituição hospitalar. Os isolados serão caracterizados ainda quanto a sua capacidade de formação de biofilme. Além disso, será realizada análise epidemiológica dos registros dos prontuários dos pacientes oncológicos. Destaca-se a relevância deste estudo para melhor compreensão dos determinantes da disseminação da bactéria, da condução de uma terapêutica mais eficiente, além da possibilidade de intervenções para conter a resistência aos antimicrobianos, especialmente para os pacientes oncológicos, por todas as vulnerabilidades que a doença impõe, incluindo recorrentes internações hospitalares e imunossupressão.
Objetivo Geral
Descrever as características clínicas, microbiológicas e epidemiológicas da ocorrência de infecção por Klebsiella pneumoniae em pacientes oncológicos internados no HE-UFPel.
Justificativa
É importante mencionar que a taxa de prevalência das IRAS em países em desenvolvimento como o Brasil, atinge 22,8%, o que se torna um dado expressivo quando comparado a países europeus, onde é em torno de 9%. De uma forma geral, aponta-se as internações e os tratamentos antineoplásicos prolongados, a redução da dosagem de drogas quimioterápicas, e a neutropenia induzida por quimioterapia como importantes fatores de risco para a aquisição de infecções graves, incluindo aquelas causadas por patógenos MDR (SOUZA et al., 2017; FERREIRA et al., 2017).
No Brasil, cerca de 720 mil pessoas por ano são infectadas nos hospitais, destas, 20% evoluem para óbito como decorrência das IRAS, podendo atingir 60% como causa direta, a depender da população atingida. Destaca-se a relevância deste estudo no que tange o contexto de IRAS, a melhor compreensão dos determinantes da disseminação da bactéria, da condução de uma terapêutica mais eficiente, além da possibilidade de intervenções para conter a resistência aos antimicrobianos, especialmente para os pacientes oncológicos, por todas as vulnerabilidades que a doença impõe, incluindo recorrentes internações hospitalares e imunossupressão (SANTOS et al., 2016).
Encontra-se na literatura científica vários estudos que evidenciam a relação das infecções por K. pneumoniae com a doença oncológica, especialmente atribuída à diferentes condições clínicas e ambientais que estes pacientes se encontram. Por isso, exemplifica-se este contexto com os resultados a seguir: em estudo realizado no período de setembro de 2017 a outubro de 2018 em um hospital de câncer na China, foram identificados 47 pacientes com câncer de pulmão com infecção respiratória por bactéria, dos quais 27 eram positivos para K. pneumoniae. Entre 37 cepas não duplicadas desses 27 pacientes, 19 isolados (51,4%) foram classificados como multirresistentes com alto nível de resistência a pelo menos um agente em três ou mais categorias de antibióticos, incluindo polimixina B e tigeciclina. Além disso, a avaliação do potencial de virulência usando um modelo de infecção por larvas de G. mellonella, mostrou que K. pneumoniae isolada desses pacientes exibiu um alto nível de virulência (DING, 2020). Corroborando, outro estudo comprovou a associação de bacteremia por K. pneumoniae com doença
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neoplásica de base, especialmente com neoplasias gastrointestinais (MARTÍNEZ et al., 2013). Já em uma pesquisa que buscou as características clínicas e de resistência de infecções por K. pneumoniae entre pacientes oncológicos realizado na região do Amazonas evidenciou uma alta prevalência de isolados de K. pneumoniae multidroga resistente (MDR), incluindo dois isolados resistentes à colistina e sete isolados contendo o gene blaKPC-1 (SANTOS et al., 2020).
Remetendo ao contexto local, foi realizada uma pesquisa no HE-UFPel em Pelotas, RS, Brasil, de 2017 a 2019, que buscou determinar a prevalência de culturas positivas para bactérias do grupo ESKAPE e relacionar com a ocorrência de IRAS, assim, foram relatadas 1.105 culturas positivas, sendo a bactéria K. pneumoniae a mais prevalente (40,27%, n=445), sendo a maioria em amostras de uroculturas (KERN, 2020). Estes resultados expressam a importância da ampliação de pesquisas com este micro-organismos, que também é apontado em diversas publicações como a causa comum de infecções oportunistas resistentes a antimicrobianos em pacientes hospitalizados. O conhecimento ampliado da estrutura e diversidade da população de K. pneumoniae que acometem os pacientes oncológicos hospitalizados, bem como, das características clínicas e epidemiológicas destes indivíduos será importante para a interpretação dos resultados de vigilância clínica, bem como, implementação de novas estratégias de controle deste importante patógeno.
No Brasil, cerca de 720 mil pessoas por ano são infectadas nos hospitais, destas, 20% evoluem para óbito como decorrência das IRAS, podendo atingir 60% como causa direta, a depender da população atingida. Destaca-se a relevância deste estudo no que tange o contexto de IRAS, a melhor compreensão dos determinantes da disseminação da bactéria, da condução de uma terapêutica mais eficiente, além da possibilidade de intervenções para conter a resistência aos antimicrobianos, especialmente para os pacientes oncológicos, por todas as vulnerabilidades que a doença impõe, incluindo recorrentes internações hospitalares e imunossupressão (SANTOS et al., 2016).
Encontra-se na literatura científica vários estudos que evidenciam a relação das infecções por K. pneumoniae com a doença oncológica, especialmente atribuída à diferentes condições clínicas e ambientais que estes pacientes se encontram. Por isso, exemplifica-se este contexto com os resultados a seguir: em estudo realizado no período de setembro de 2017 a outubro de 2018 em um hospital de câncer na China, foram identificados 47 pacientes com câncer de pulmão com infecção respiratória por bactéria, dos quais 27 eram positivos para K. pneumoniae. Entre 37 cepas não duplicadas desses 27 pacientes, 19 isolados (51,4%) foram classificados como multirresistentes com alto nível de resistência a pelo menos um agente em três ou mais categorias de antibióticos, incluindo polimixina B e tigeciclina. Além disso, a avaliação do potencial de virulência usando um modelo de infecção por larvas de G. mellonella, mostrou que K. pneumoniae isolada desses pacientes exibiu um alto nível de virulência (DING, 2020). Corroborando, outro estudo comprovou a associação de bacteremia por K. pneumoniae com doença
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neoplásica de base, especialmente com neoplasias gastrointestinais (MARTÍNEZ et al., 2013). Já em uma pesquisa que buscou as características clínicas e de resistência de infecções por K. pneumoniae entre pacientes oncológicos realizado na região do Amazonas evidenciou uma alta prevalência de isolados de K. pneumoniae multidroga resistente (MDR), incluindo dois isolados resistentes à colistina e sete isolados contendo o gene blaKPC-1 (SANTOS et al., 2020).
Remetendo ao contexto local, foi realizada uma pesquisa no HE-UFPel em Pelotas, RS, Brasil, de 2017 a 2019, que buscou determinar a prevalência de culturas positivas para bactérias do grupo ESKAPE e relacionar com a ocorrência de IRAS, assim, foram relatadas 1.105 culturas positivas, sendo a bactéria K. pneumoniae a mais prevalente (40,27%, n=445), sendo a maioria em amostras de uroculturas (KERN, 2020). Estes resultados expressam a importância da ampliação de pesquisas com este micro-organismos, que também é apontado em diversas publicações como a causa comum de infecções oportunistas resistentes a antimicrobianos em pacientes hospitalizados. O conhecimento ampliado da estrutura e diversidade da população de K. pneumoniae que acometem os pacientes oncológicos hospitalizados, bem como, das características clínicas e epidemiológicas destes indivíduos será importante para a interpretação dos resultados de vigilância clínica, bem como, implementação de novas estratégias de controle deste importante patógeno.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional analítico transversal e também experimental. Pretende-se realizar a coleta de isolados no período de agosto de um ano, ou até atingir um número de 50 amostras clínicas hospitalares de pacientes que tiverem cultura positiva para K. pneumoniae. As amostras serão coletadas no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), sendo repicadas a partir das placas de cultivo, utilizando um swab com meio de transporte Stuart, fornecido pelos pesquisadores. O material biológico do paciente será coletado conforme solicitação, protocolos e rotinas da instituição, não sendo, assim, específica para esse projeto. Após a análise e estocagem do material biológico do paciente pelo laboratório de análises clínicas do hospital, será solicitada a cedência de uma amostra repicada. Posteriormente, as amostras bacterianas já isoladas e identificadas serão recolhidas pela pesquisadora, acondicionadas dentro de caixa térmica impermeável, higienizável, contendo gelo reciclável, com termômetro (temperatura mantida entre 2 e 8ºC), e com identificação de “Risco Biológico”, e encaminhadas ao Laboratório de Bacteriologia e Bioensaios (LaBBio) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde serão realizadas as análises microbiológicas e moleculares. As cepas serão ativadas em Ágar Tríplice Soja (TSA) a 37 ± 1ºC por 48 ± 2 horas e serão inoculadas em caldo infusão cérebro-coração (BHI) com 20% de glicerol e leite desnatado a 15%, distribuídos previamente em microtubos graduados de 1,5 mL. Após a distribuição nos microtubos, estes serão mantidos por refrigeração por 5 dias, e posteriormente armazenados em freezer de -10 a - 20ºC. Destaca-se que o laboratório conta com cabine de biossegurança e as amostras serão manipuladas exclusivamente neste equipamento. Todo material descartado será autoclavado a 121ºC por 15 minutos em 1 atm de pressão. Os dados epidemiológicos sobre as infecções por K. pneumoniae deverá abranger os pacientes oncológicos internados no período de um ano que apresentarem resultados de culturas de amostras clínicas ou de vigilância positivas para K. pneumoniae a partir de um levantamento prospectivo de registros do Setor denominado Serviço de Controle das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel), sendo estes as fichas de busca ativa e os prontuários dos pacientes que atendem os critérios de inclusão. Os dados serão organizados e resultados serão expressos, primeiramente, por estatística descritiva, sendo tabulados e analisados no Programa Microsoft Excel®. Serão analisadas as seguintes variáveis: sexo, idade, comorbidades, tipo de neoplasia, tratamentos antineoplásicos realizados, unidade de coleta da cultura, antibióticos utilizados previamente e na internação atual, sítio de infecção, tempo de internação e desfecho. Os critérios de inclusão serão: estar internado em qualquer unidade do hospital no período do estudo; apresentar resultados de culturas de amostras clínicas ou de vigilância positivas para K. pneumoniae e ter diagnóstico de câncer. Serão excluídos aqueles registros que estiverem incompletos. Para realização deste estudo, o projeto será cadastrado na plataforma “Rede Pesquisa” para avaliação da Gerência de Ensino e Pesquisa do HE-UFPel e, assim, posterior obtenção de carta de anuência. Após, será cadastrado na Plataforma Brasil para avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa. Serão respeitados os princípios éticos de pesquisa, mantendo sigilo, sendo a análise em grupo e sem apresentar riscos aos sujeitos.
Para a análise experimental é dispensado o Termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), visto que a cultura bacteriana não terá identificação do paciente e nem será coletada exclusivamente para a realização da pesquisa. Constará as seguintes informações: número do prontuário, data, tipo de amostra, o antibiograma realizado pela instituição e o local de internação do paciente.Para análise, os dados serão armazenados em planilha Excel e posteriormente transferidos para pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS - IBM®) versão 23 para Windows®, para realização do cálculo das frequências de todas as variáveis do estudo. Para a análise experimental, serão realizados: teste de susceptibilidade aos antibacterianos, extração de DNA total, reação em cadeia da polimerase (PCR) para genes de resistência e virulência, formação de biofilme in vitro e eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) para todos os isolados obtidos de K. pneumoniae. os dados experimentais serão analisados usando GraphPad Prism versão 6.01 (GraphPad Inc., San Diego, CA, EUA) por ANOVA de uma via e pós-teste de Dunnett. Um valor de p<0,05 será considerado estatisticamente significativo e os resultados serão expressos como média ± desvio padrão.
Para a análise experimental é dispensado o Termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), visto que a cultura bacteriana não terá identificação do paciente e nem será coletada exclusivamente para a realização da pesquisa. Constará as seguintes informações: número do prontuário, data, tipo de amostra, o antibiograma realizado pela instituição e o local de internação do paciente.Para análise, os dados serão armazenados em planilha Excel e posteriormente transferidos para pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS - IBM®) versão 23 para Windows®, para realização do cálculo das frequências de todas as variáveis do estudo. Para a análise experimental, serão realizados: teste de susceptibilidade aos antibacterianos, extração de DNA total, reação em cadeia da polimerase (PCR) para genes de resistência e virulência, formação de biofilme in vitro e eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) para todos os isolados obtidos de K. pneumoniae. os dados experimentais serão analisados usando GraphPad Prism versão 6.01 (GraphPad Inc., San Diego, CA, EUA) por ANOVA de uma via e pós-teste de Dunnett. Um valor de p<0,05 será considerado estatisticamente significativo e os resultados serão expressos como média ± desvio padrão.
Indicadores, Metas e Resultados
Espera-se que por meio da identificação das características da infecção por K. pneumoniae em pacientes oncológicos, seja possível adequar estratégias para a prevenção da infecção e do contágio. Além disso, este estudo torna-se uma ferramenta para a gestão deste hospital, mais especificamente para o Serviço de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde, através da identificação do perfil desta bactéria especialmente no que tange a resistência aos antimicrobianos, podendo alterar normas de conduta junto à comissão de controle em infecção hospitalar (CCIH) e profissionais de saúde.
Também objetiva-se estabelecer um banco de bactérias da espécie K. pneumoniae obtidos de amostras hospitalares, caracterizados bioquimicamente e molecularmente e que serão classificados quanto ao seu perfil de sensibilidade/resistência aos carbapenêmicos a às polimixinas. Será estabelecida a relação clonal entre os diversos isolados através da técnica de eletroforese em gel de campo pulsado (Pulsed-field Gel Eletrophoresis - PFGE), identificando-se a distribuição dessas cepas na instituição hospitalar.
Ainda se menciona que os resultados desta pesquisa serão inéditos, visto a ausência de publicações na literatura científica que abordem tais características das infecções por esse patógeno na cidade de Pelotas. Este projeto possibilitará a divulgação dos dados por meio de publicações científicas em periódicos da área, apresentações de trabalhos e palestras em simpósios, seminários e congressos científicos, formação de estudantes, além de ser utilizado como tese para obtenção do título de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia da UFPel da estudante Mariana Fonseca Laroque. Por fim, será realizada uma devolutiva dos resultados obtidos por meio desta pesquisa ao Hospital Escola através de palestra a quem interessar.
Também objetiva-se estabelecer um banco de bactérias da espécie K. pneumoniae obtidos de amostras hospitalares, caracterizados bioquimicamente e molecularmente e que serão classificados quanto ao seu perfil de sensibilidade/resistência aos carbapenêmicos a às polimixinas. Será estabelecida a relação clonal entre os diversos isolados através da técnica de eletroforese em gel de campo pulsado (Pulsed-field Gel Eletrophoresis - PFGE), identificando-se a distribuição dessas cepas na instituição hospitalar.
Ainda se menciona que os resultados desta pesquisa serão inéditos, visto a ausência de publicações na literatura científica que abordem tais características das infecções por esse patógeno na cidade de Pelotas. Este projeto possibilitará a divulgação dos dados por meio de publicações científicas em periódicos da área, apresentações de trabalhos e palestras em simpósios, seminários e congressos científicos, formação de estudantes, além de ser utilizado como tese para obtenção do título de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia da UFPel da estudante Mariana Fonseca Laroque. Por fim, será realizada uma devolutiva dos resultados obtidos por meio desta pesquisa ao Hospital Escola através de palestra a quem interessar.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
DAIANE DRAWANZ HARTWIG | 2 | ||
DÉBORAH TROTA FARIAS DE ALBERNAZ | |||
MARIANA FONSECA LAROQUE | |||
SUZANE OLACHEA ALLEND |