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03/09/2024 - 03/09/2026

Ciências da Saúde

Brincar é um comportamento complexo e de difícil definição. Neste projeto, vamos adotar o conceito de Kishimoto (1988) que descreve o brincar como um comportamento com fim em si próprio, que surge livre, sem obrigatoriedade e exercido pelo simples prazer de brincar. Assim, a importância do brincar se dá no seu próprio processo e não nos seus benefícios futuros (Pellegrini; Smith, 1998). Os benefícios cognitivos do brincar são bem descritos na literatura e estão relacionados à capacidade de concentração, desenvolvimento da lógica e da linguagem (Bjorklund; Pellegrini, 2000). Entretanto, o confinamento físico e psicológico imposto às nossas crianças e jovens pela mudança dos tempos, seja pela tecnologia ou aumento da violência, acarreta em mudanças na forma de brincar. O brincar livre, sem regras impostas externamente, é cada vez menos frequente no dia a dia das crianças. Algumas escolas estão transformando o recreio escolar livre em um momento para intervenções pedagógicas em que os estudantes passam a realizar atividades dirigidas em um ambiente estruturado. Assim, o brincar parece perder suas principais características conceituais. Realizamos uma revisão sistemática na base PubMed, abrangendo artigos de 2000 a 2024 e focando em Clinical Trials, Meta-Analysis e Randomized Controlled Trials, com a seleção feita pelo site Rayyan usando termos como "play* and cognitive* and development", "play* and neuropsychological tests" e "play* and creativity". Foram excluídos artigos que não atendiam à população, conceito e contexto por tratarem brincar como intervenção em saúde mental, utilizar meios eletrônicos ou envolver a população idosa. Para "Play* and creativity", 44 artigos foram encontrados, dos quais 43 foram excluídos, resultando em 1 artigo incluído. Para "Play* and cognitive* and development", dos 478 artigos, 477 foram excluídos, restando 1 artigo. Para "Play* and Neuropsychological tests", dos 610 artigos, 609 foram excluídos, restando 1 artigo. Estes achados demonstram que o brincar livre tem sido pouco pesquisado e que é necessário compreender melhor as formas de pesquisar as implicações do brincar no desenvolvimento. Considerando este contexto, o objetivo deste grupo de estudos é compreender como o brincar livre afeta o desenvolvimento cognitivo, neuropsicológico e social de crianças, jovens e adultos. Para isso serão realizadas reuniões presenciais a cada quinze dias na Escola Superior de Educação Física (ESEF). Nestas reuniões serão apresentados e debatidos artigos publicados em periódicos indexados que tratam sobre a temática do brincar e desenvolvimento cognitivo, neuropsicológico e social. Ao longo dos dois anos de duração do projeto serão debatidos cerca de 30 artigos e produzidos resumos para publicação em eventos da área. Espera-se, assim, complementar o conhecimento dos participantes acerca da importância do brincar.