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A perspectiva das práticas pedagógicas no delineamento da proposta de pesquisa refere-se ao pressuposto de que nelas estão imbricadas condições institucionais, políticas e socioespaciais. Assim, através do reconhecimento e do deslindar de aspectos dessa complexidade pretendemos identificar impasses, resistências e demandas locais, bem como êxitos e conquistas no ensino de geografia e na formação docente. Entendemos que dar visibilidade para uma combinação de aspectos nem sempre reconhecidos, como o controle social e a gestão da educação e a estruturação do espaço urbano da cidade de Pelotas, possibilita - para além de uma referência de localização - ter acesso a um mundo vivido a ser compreendido e interpretado (Nogueira, 2020) nas escolas e salas de aula, as quais formam uma arquitetura institucional e política (Azevedo; Oliveira, 2020) em uma dimensão socioespacial. No intuito de ampliar e aprofundar o foco da pesquisa entendemos que a referida proposta se mostra relevante, uma vez que, a partir das discussões coletivas, fortalece o grupo de pesquisa GESFOP, ao qual encontram-se vinculados professores e alunos dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Geografia e Pedagogia da Universidade Federal de Pelotas. A temática abordará conceitos fundantes como práticas socioespaciais, práticas pedagógicas, políticas públicas educacionais e demais conceitos inerentes a Geografia e ensino. Destaca-se ainda que caminhada construída pelo grupo de pesquisa, ao longo dos últimos anos, trouxe elementos importantes para o nosso olhar investigador, pois trataram de identidades, constituição de lugares e territórios, definições curriculares e encaminhamentos pedagógicos. Foram processos que produziram este desdobramento na perspectiva de compreender práticas pedagógicas nas condições institucionais e políticas das escolas municipais, considerando o contexto socioespacial da cidade de Pelotas-RS. Por isso a necessidade de buscarmos maior aprofundamento diante destas questões. A escolha para trabalhar com escolas do município justifica-se pelo fato de elas priorizarem o ensino fundamental. Face às diferentes realidades que possam apresentar, desenvolveremos a pesquisa e nossa inserção nas escolas, considerando a distribuição nas regiões administrativas da respectiva cidade. Acreditamos que, reconhecer esses espaços e verificar como as escolas dos bairros estabelecem determinadas características que tangenciam relações sociais em um espaço e em um tempo, é fundamental para o atendimento dos objetivos que nos propomos. Defendemos essa percepção por entendermos que essas relações sociais configuram práticas pedagógicas que se expressam em modos de gestão, encaminhamentos de sala de aula, formas de planejamento e relações com a mantenedora.

A presente pesquisa se insere em uma perspectiva qualitativa, respondendo a questões particulares que se circunscrevem em um universo de significados os quais correspondem “a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (Minayo, 2004, p.22). No que se refere ao delineamento da pesquisa, os processos de geração de dados serão realizados através de questionário diagnóstico, entrevistas narrativas, entrevistas semiestruturadas, mapeamento da distribuição espacial das escolas municipais, análise documental, grupos focais e reuniões pedagógicas realizadas em escolas distribuídas nas regiões administrativas da cidade de Pelotas. A análise dos dados terá como referência princípios da análise de conteúdos (Bauer, 2000; Franco, 2003). Nesse sentido, partirá da definição de unidades de análise e estas, por sua vez, serão delimitadas em unidades de registro e unidades de contexto: a) As unidades de registro são temas evidenciados nos dados, referentes às dimensões socioespaciais e socioculturais; b) As unidades de contexto são o “pano de fundo” a partir do qual as informações foram elaboradas, vivenciadas ou socialmente construídas, ou seja, a unidade de contexto permitirá a contextualização das unidades de registro. Quanto aos critérios para escolha das escolas participantes, tomaremos como referência uma combinação, entre o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e o número de matrículas, dando preferência ao menor índice e ao maior número de estudantes matriculados nas escolas inseridas em cada região administrativa. Ainda, consideraremos a extensão, a diversidade territorial e a quantidade de escolas por regiões administrativas na definição do número de instituições participantes.

A partir da análise dos resultados da pesquisa, objetivamos atender a meta de estruturar um banco de dados a partir do arcabouço teórico-prático produzido ao longo da pesquisa, no intuito de subsidiar e possibilitar a ampliação de pesquisas no âmbito do GESFOP. Para tal, buscaremos organizar e disponibilizar as informações em um repositório, para que a comunidade acadêmica e escolar possa acessar e utilizar. O repositório será alimentado e disponibilizado a partir das demandas dos participantes. Como resultado esperado, almejamos articular ações pedagógicas, no intuito de contribuir para a formação continuada de professores de geografia da educação básica nas escalas municipais, tendo como referência as necessidades formativas pautadas na diversidade socioespacial e sociocultural da cidade. Para além disso, pretendemos realizar publicações em eventos e em periódicos qualificados pela Capes, acerca das discussões fomentadas, a respeito do tema desta proposta.