Nome do Projeto
Trabalho, paisagem, patrimônio e tempo: o acervo do Inventário da Lida Campeira sob o olhar antropológico.
Ênfase
Pesquisa
Data inicial - Data final
10/11/2024 - 08/11/2026
Unidade de Origem
Coordenador Atual
Área CNPq
Ciências Humanas
Resumo
Busco dar continuidade à reflexão sobre o acervo do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC): lida campeira nas regiões de Bagé e Alto Camaquã/RS (Cód. UFPEL 2823), considerando as relações entre a imaginação criadora (ROCHA, 1995) e a disciplina dos atos cognitivos de ver, ouvir e escrever (CARDOSO DE OLIVEIRA, 2006). Este texto remete ao “Tempo Imperfeito: Uma etnografia do arquivo” (CUNHA, 2004), que problematiza as tensões entre a pesquisa em arquivos e os procedimentos antropológicos considerados distintos. Segundo a autora, o uso do arquivo, ligado à pesquisa de gabinete, caracteriza-se por práticas intransponíveis e contaminadas pela perspectiva etnocêntrica em relação ao outro, demarcando a centralidade do trabalho de campo na Antropologia.
Cunha problematiza o lugar secundário dos arquivos no fazer antropológico, evidenciando a singularidade dessa prática. O "tempo imperfeito" do arquivo contribui para a reflexão sobre o processo de pesquisa, atento à tensão epistemológica entre subjetivação e objetivação do conhecimento, ao revisitar experiências de campo registradas em diários, notas de campo, registros sonoros, fotografias, desenhos, etc. A autora remete à virada histórica da Antropologia nos EUA, nos anos 80, em que o arquivo etnográfico se integra ao trabalho de campo, refletindo as histórias da pesquisa e da disciplina.
Aqui, opera-se uma experiência da pesquisadora ao habitar o trabalho de campo e o repositório digital, evidenciando a pesquisa como processo, relativizando a noção de campo mediado pelos documentos, e oportunizando experimentações metodológicas em relação à organização, revisitação e comunicação dos dados etnográficos.
Atenta-se para a singularidade da prática arquivística na Antropologia, especialmente para o olhar do desenho sobre o acervo, remetendo à dimensão sensível das formas sociais. Essa proposição dialoga com as políticas públicas de patrimônio imaterial, reforçando os aspectos éticos e estéticos dessa experiência antropológica.
Este projeto estabelece parcerias institucionais com a UFSM e UNIPAMPA, ligadas ao INRC da Lida Campeira. Destaca-se a parceria com o Banco de Imagens e Efeitos Visuais (Biev/Navisual/PPGAS/UFRGS), coordenado por Ana Luiza Carvalho da Rocha e Cornelia Eckert, onde se inseriu, em 2023, minha proposta de pós-doutorado de desenhar o acervo da lida campeira, refletindo o uso da imagem na narrativa antropológica, conferindo-lhe um caráter híbrido e processual (ROCHA e CERVO, 2019), visando à valorização das referências culturais e às políticas públicas de patrimonialização, cidadania e respeito à diferença (Rocha e Eckert).
Por meio do desenho, amplia-se o acervo iconográfico da pesquisa, que se rearranja conforme a metodologia do INRC, para discutir patrimônio nas dimensões do trabalho, paisagem e tempo, na perspectiva da Etnografia da Duração.
Objetivo Geral
Objetivo pensar o acervo da pesquisa considerando a organização, revisitação e comunicação em outras linguagens dos dados etnográficos, de modo a problematizar as relações entre patrimônio, trabalho e ritmos temporais. A partir da perspectiva da Etnografia da Duração, encaminha-se a reflexão sobre o processo da pesquisa considerando as transformações dos modos de vida pecuários da pampa sul-rio-grandense. Atenta-se para o processo de desenhar o repositório da pesquisa de modo a complexificar as relações entre patrimônio, trabalho, tempo e lugar, bem como, considerando a transposição de linguagens, destacar as relações entre escrita e desenho. Salienta-se aqui a importância da pratica arquivística em Antropologia, como uma etapa do processo de pesquisa, de organização dos dados na construção do conhecimento.
Justificativa
A proposição de refletir sobre o acervo da pesquisa está implicada na organização do universo dos assuntos, no caso tomamos os domínios do trabalho, da paisagem e do tempo para a reflexão sobre patrimônio, considerando a perspectiva da etnografia da duração. Opera-se a lógica classificatória de domínios, da definição dos conceitos que comunicam o pensamento e a imaginação com o conhecimento acumulado.
No texto “Organização de domínios de conhecimento e os princípios Ranagathianos”, Maria Luiza Campos e Hagar Gomes (2003) reforçam a ligação entre produção de conhecimento e organização de registro, ações que se dinamizam no movimento espiral do desenvolvimento dos assuntos: “O método científico em espiral propicia a integração constante do conhecimento, do desenvolvimento de assuntos e a relação com a atividade de organização. Raganathan, assim é singular na medida em que evidencia esta dinâmica, este movimento constante e a possibilidade também de constantes modificações no universo do conhecimento e de assuntos que influenciam na organização do conhecimento” (p.156).
O acervo documental e iconográfico do Inventário é revisitado, propondo-se a partir da organização desta produção, refletir sobre o processo da pesquisa, considerando a formação de novas problemas e perspectivas, acrescentando questões com referência a utilização de outras linguagens, bem como, do compromisso ético-político da antropóloga em campo pelas ações de devolução da pesquisa acompanhando as proposições da ciência aberta (CERVO, ROCKEMBACH e ROCHA, s/d), de acessibilidade ao processo de construção da pesquisa, seus procedimentos e resultados, apontando para o caráter dialógico e espiral da construção do conhecimento.
No texto “Organização de domínios de conhecimento e os princípios Ranagathianos”, Maria Luiza Campos e Hagar Gomes (2003) reforçam a ligação entre produção de conhecimento e organização de registro, ações que se dinamizam no movimento espiral do desenvolvimento dos assuntos: “O método científico em espiral propicia a integração constante do conhecimento, do desenvolvimento de assuntos e a relação com a atividade de organização. Raganathan, assim é singular na medida em que evidencia esta dinâmica, este movimento constante e a possibilidade também de constantes modificações no universo do conhecimento e de assuntos que influenciam na organização do conhecimento” (p.156).
O acervo documental e iconográfico do Inventário é revisitado, propondo-se a partir da organização desta produção, refletir sobre o processo da pesquisa, considerando a formação de novas problemas e perspectivas, acrescentando questões com referência a utilização de outras linguagens, bem como, do compromisso ético-político da antropóloga em campo pelas ações de devolução da pesquisa acompanhando as proposições da ciência aberta (CERVO, ROCKEMBACH e ROCHA, s/d), de acessibilidade ao processo de construção da pesquisa, seus procedimentos e resultados, apontando para o caráter dialógico e espiral da construção do conhecimento.
Metodologia
A proposição de uma Antropologia das formas sensíveis configura a narrativa antropológica como imagens-texto, destacando seu caráter hibrido. Nesta perspectiva, busca-se o entendimento das conexões entre pensamento e as imagens, que figuram inseparáveis no trajeto antropológico (DURAND), evidenciando o papel da imaginação criadora na produção do conhecimento. Nesta perspectiva, conforme Rocha (|995): “Se aceitarmos que a produção de uma narrativa visual em Antropologia implica que o intelectual seja apto a operar através das formas, podemos pensar a escritura etnográfica nos termos de uma estética do imaginário, ou seja, um modo de dizer através de imagens aquilo que não pode ser aprendido de outra forma” (p.90)
Esta dinâmica de interioridade reflexiva resitua o encontro com a alteridade da antropóloga e interlocutores no lugar antropológico – estando lá e desenhando aqui o acervo da pesquisa do Inventário da lida campeira -, de modo a atentar para os processos de aprendizagem na invenção da cultura. Enfatiza-se, na referência de Wagner que esta criação está implicada com as noções de deslocamento de sentido, ações que operam na acomodação/assimilação subjetiva do pensamento da antropóloga ao contexto social e simbólico. As imagens consteladas, encontram-se estruturadas a partir da semelhança de símbolos convergentes em diferentes domínios. Neste ponto, reapresentam-se os domínios da pesquisa: paisagem, trabalho e ritmos temporais que se rearranjam para a criação/invenção do patrimônio.
O texto-imagem realiza esta tessitura criativa da composição a partir da unidade da representação, apresentando a convergência dos múltiplos sentidos que a imagem abarca, elementos que se rearranjam pela variação e pela ambiguidade. Por intermédio dos desenhos em constelação se evidencia o movimento e a transformação das formas diante das possibilidades de rearranjo, em uma “generalização dinâmica e afetiva da imagem” (Durand, 2001 p.60). Nestes termos, recoloca-se a pegunta sobre o que perdura na lida campeira, chave para a perspectiva da Duração. .
Esta dinâmica de interioridade reflexiva resitua o encontro com a alteridade da antropóloga e interlocutores no lugar antropológico – estando lá e desenhando aqui o acervo da pesquisa do Inventário da lida campeira -, de modo a atentar para os processos de aprendizagem na invenção da cultura. Enfatiza-se, na referência de Wagner que esta criação está implicada com as noções de deslocamento de sentido, ações que operam na acomodação/assimilação subjetiva do pensamento da antropóloga ao contexto social e simbólico. As imagens consteladas, encontram-se estruturadas a partir da semelhança de símbolos convergentes em diferentes domínios. Neste ponto, reapresentam-se os domínios da pesquisa: paisagem, trabalho e ritmos temporais que se rearranjam para a criação/invenção do patrimônio.
O texto-imagem realiza esta tessitura criativa da composição a partir da unidade da representação, apresentando a convergência dos múltiplos sentidos que a imagem abarca, elementos que se rearranjam pela variação e pela ambiguidade. Por intermédio dos desenhos em constelação se evidencia o movimento e a transformação das formas diante das possibilidades de rearranjo, em uma “generalização dinâmica e afetiva da imagem” (Durand, 2001 p.60). Nestes termos, recoloca-se a pegunta sobre o que perdura na lida campeira, chave para a perspectiva da Duração. .
Indicadores, Metas e Resultados
- Atualizar e Incrementar a divulgação do blog wp.ufpel.edu.br/lida campeira/, considerando a constituição de parcerias institucionais e devolutiva aos interlocutores;
- Em continuidade da parceria com o repositório digital do Banco de Imagens e Efeitos Visuais/NAVISUAL/PPGAS/UFRGS, organizado a partir do software livre Tainacan, disponibilizar o acervo da pesquisa para o estabelecimento de uma rede pesquisa, bem como, para os interlocutores e publico em geral;
- Ampliar o acervo da pesquisa a partir de desenhos e outras linguagens que convergem para o tema da lida campeira na pampa sul-sul;
- Incrementar ações de ensino, pesquisa e extensão de devolução da pesquisa;
- Realização de oficinas junto aos alunos do Bacharelado em Antropologia e PPGANT, aos pesquisadores vinculados ao GEEUR e ao projeto de pesquisa do INRC: lida campeira nas regiões de Bagé e do Alto Camaquã, com relação a prática arquivista em Antropologia, a constituição de coleções/ repositórios virtuais / Tainacan.
- Em continuidade da parceria com o repositório digital do Banco de Imagens e Efeitos Visuais/NAVISUAL/PPGAS/UFRGS, organizado a partir do software livre Tainacan, disponibilizar o acervo da pesquisa para o estabelecimento de uma rede pesquisa, bem como, para os interlocutores e publico em geral;
- Ampliar o acervo da pesquisa a partir de desenhos e outras linguagens que convergem para o tema da lida campeira na pampa sul-sul;
- Incrementar ações de ensino, pesquisa e extensão de devolução da pesquisa;
- Realização de oficinas junto aos alunos do Bacharelado em Antropologia e PPGANT, aos pesquisadores vinculados ao GEEUR e ao projeto de pesquisa do INRC: lida campeira nas regiões de Bagé e do Alto Camaquã, com relação a prática arquivista em Antropologia, a constituição de coleções/ repositórios virtuais / Tainacan.
Equipe do Projeto
Nome | CH Semanal | Data inicial | Data final |
---|---|---|---|
Ana Luiza Carvalho da Rocha | |||
DANIEL VAZ LIMA | |||
FLAVIA MARIA SILVA RIETH | 11 | ||
Gabriela Pecantet Siqueira | |||
JOÃO MANSUR NETO | |||
MARCIANO SANCA | |||
MÔNICA RENATA SCHMIDT PEGORARO | |||
PATRÍCIA SANTOS DA ROSA | |||
VAGNER BARRETO RODRIGUES |